Em matemática, na área de teoria aditiva dos números, o Teorema de Erdős–Fuchs é um teorema sobre o número de formas que um número pode ser representado como a soma de dois elementos de um determinado conjunto, afirmando que a ordem média desse número não pode ser muito próximo de uma função linear.
Seja um conjunto infinito de números naturais, e escreva para sua função de representação, que denota o número de formas de escrever num número natural como a soma de elementos de (levando ordem em consideração). Consideramos então a função de representação acumulada
que conta (também levando ordem em consideração) o número de soluções para , onde . O teorema então diz que, para qualquer , a relação
não pode ser satisfeita; isto é, nenhum satisfaz a estimativa acima.
O teorema de Erdős–Fuchs possui uma história interessante de precedentes e generalizações. Em 1915, G. H. Hardy[1] já sabia que no caso da sequência dos quadrados perfeitos tem-se
Esta estimativa é um pouco melhor do que a descrita por Erdős–Fuchs, contudo, pelo preço de uma pequena perda de precisão, P. Erdős e W. H. J. Fuchs atingiram completa generalidade em seu resultado (pelo menos para o caso ). Outra razão pela qual este resultado é tão célebre pode ser devido ao fato de que, em 1941, P. Erdős e P. Turán[2] conjecturaram que, sujeito às mesmas hipóteses que as do teorema enunciado, a relação
não poderia ser válida. Este fato manteve-se sem demonstração até 1956, quando Erdős e Fuchs obtiveram seu teorema, que é ainda mais forte que as estimativas previamente conjecturadas.
Este teorema foi estendido em diversas direções diferentes. Em 1980, A. Sárközy[3] considerou duas sequências que estão "perto" em algum sentido. Ele provou o seguinte:
Teorema (Sárközy, 1980).Se e são dois subconjuntos infinitos dos números naturais com , então nunca é válido, para nenhuma constante.
Em 1990, H. L. Montgomery e R. C. Vaughan[4] conseguiram remover o termo com log do lado direito do enunciado original de Erdős–Fuchs, mostrando que
nunca é válido. Em 2004, G. Horváth[5] estendeu ambos estes resultados, provando o seguinte:
Teorema (Horváth, 2004). Se e são subconjuntos infinitos dos números naturais com e , então nunca é válido, para nenhuma constante .
A generalização natural do Teorema de Erdős–Fuchs, para , é sabida ser válida, e também com a mesma força da versão de Montgomery–Vaughan. Com efeito, M. Tang[6] mostrou em 2009 que, nas condições do teorema original de Erdős–Fuchs, para todo a relação
nunca é válida. Em outra direção, em 2002, G. Horváth[7] deu uma generalização precisa para o resultado de 1980 de Sárközy, mostrando que
Teorema (Horváth, 2002) Se () são (pelo menos dois) subconjuntos infinitos dos números naturais satisfazendo as seguintes estimativas:
Ainda outra direção na qual o teorema de Erdős–Fuchs pode ser melhorado é considerando aproximações para diferentes de para algum . Em 1963, P. T. Bateman, E. E. Kohlbecker and J. P. Tull[8] mostraram uma versão um pouco mais forte do seguinte:
Teorema (Bateman–Kohlbecker–Tull, 1963). Seja uma função de variação lenta que é ou convexa ou côncava de certo ponto em diante. Então, nas condições do teorema original de Erdős–Fuchs, a estimativanunca é válida, ondeseé limitada, e caso contrário.
No final do artigo em questão, é observado que é possível estender o método usado para provar o teorema acima no sentido de obter resultados considerando com , mas tais resultados são considerados pouco definitivos.