The National Anthem (Black Mirror)

Episódio de Black Mirror

"The National Anthem" é o primeiro episódio da primeira temporada da série antológica de ficção científica britânica Black Mirror. O episódio foi escrito pelo criador da série Charlie Brooker e dirigido por Otto Bathurst; foi ao ar pela primeira vez no Channel 4 em 4 de dezembro de 2011.

"The National Anthem"
1.º episódio da 1.ª temporada de Black Mirror
The National Anthem (Black Mirror)
O primeiro-ministro (Rory Kinnear, à esquerda) perplexo após assistir um vídeo da princesa Susannah sequestrada (Lydia Wilson). Para seu resgate, os sequestradores exigem que ele tenha relações sexuais com um porco.
Informação geral
Direção Otto Bathurst
Escritor(es) Charlie Brooker
Duração 44 minutos
Transmissão original 4 de dezembro de 2011
Convidados
  • Rory Kinnear como Michael Callow
  • Lindsay Duncan como Alex Cairns
  • Donald Sumpter como Julian Hereford
  • Tom Goodman-Hill como Tom Blice
  • Anna Wilson-Jones como Jane Callow
  • Lydia Wilson como Princesa Susannah
  • Patrick Kennedy como Superintendente Walker
  • Alastair Mackenzie como Martin
  • Alex Macqueen como Agente Especial Callett
  • Jay Simpson como Rod Senseless
  • Helen Fospero como Lucinda Towne
  • Sophie Kennedy Clark como Lauren
  • Andrew Knott como Brian
  • Allen Leech como Pike
  • Sophie Wu como Jamie
  • Rakie Ayola como Shelly
  • Justin Edwards como Jon
  • Jeany Spark como Camilla
  • Jonathan Forbes como Browne
  • Shazad Latif como Mehdi Raboud
Cronologia
"Fifteen Million Merits"
Lista de episódios

No episódio, o primeiro-ministro britânico (Rory Kinnear) desperta de manhã para ser informado pelo Ministro do Interior (Lindsay Duncan) que a Princesa Susannah (Lydia Wilson), um membro muito amado da Família Real, foi sequestrada e será assassinada caso o primeiro-ministro se recuse a ter relações sexuais com um porco na televisão nacional.

Enredo editar

O episódio começa com o primeiro-ministro britânico Michael Callow (Rory Kinnear) sendo informado de que a Princesa Susannah (Lydia Wilson), um membro querido da Família Real e duquesa de Beaumont, é sequestrada. Para o seu resgate, o primeiro-ministro deve ter relações sexuais com um porco ao vivo na televisão nacional, o sequestrador também faz uma lista com especificações técnicas para evitar que a transmissão seja falsificada. Callow se opõe fortemente ao cumprimento das condições e faz todos os esforços para pegar o sequestrador antes do prazo estipulado. Ele também manda que a notícia não se torne pública, mas o vídeo pedindo o resgate foi postado no YouTube e, apesar de ter ficado online por apenas nove minutos, foi baixado e republicado por grande parte do público. Embora os meios de comunicação britânicos tenham sido advertidos pelo governo para não reportar a história para impedir que o caso chegasse até a imprensa estrangeira, ecos da história são feitos. Depois disto, a imprensa britânica fica sem escolha, mas começa a retransmiti-las. A resposta inicial da população é um sentimento de simpatia em relação a Callow, com a maioria do público acreditando que ele não vai atender ao pedido. Simultaneamente, vários internautas do Twitter começam a usar a hashtag #Snoutrage.

Quando o governo britânico recebe o vídeo, uma das assessoras do primeiro-ministro, Alex Cairns (Lindsay Duncan), tenta criar um vídeo falso para ser retransmitido (usando alta tecnologia para colocar a cabeça do primeiro-ministro no corpo de um ator substituto para ter relações com o animal). O sequestrador acaba descobrindo a farsa e envia um dedo da Princesa Susannah para uma agência de informação do Reino Unido como resposta. Quando a história vem à tona imediatamente a opinião pública começa a se voltar contra Callow: agora mais obrigado a ir em frente com o pedido de resgate o sequestrador. Isto leva o ministro a ordenar uma operação de resgate imediata no edifício onde Susannah supostamente estava sendo mantida refém, ignorando o tempo de observação recomendado. É revelado que o edifício era uma cilada e uma repórter acaba sendo ferida durante a operação, fazendo Callow perder ainda mais apoio.

Depois de ter sido informado de que o seu partido, o público e a Família Real estão exigindo que ele atenda ao pedido de resgate e sabendo que nem ele nem sua família teriam proteção contra repercussões caso ele se recusasse, Callow realiza o ato ao vivo diante de uma platéia global. Isso cria um sentimento de repulsa em todos os telespectadores, mas ainda assim as pessoas continuavam assistindo. A princesa, em seguida, é encontrada ilesa cambaleando na rua, o dedo pertencia ao sequestrador. Também é revelado que ela foi libertada do cárcere um pouco antes do término do prazo, mas isso passou despercebido pois todo mundo estava distraído com a transmissão televisiva. Em seguida, é descoberto que o vencedor do Prêmio Turner Prize, Carlton Bloom, foi quem havia planejado tudo, com a intenção de fazer algo artístico demostrando como poderia criar um ato de grande importância sob os narizes de todo mundo, enquanto eles estavam "em qualquer lugar, assistindo TV " e ignorando o mundo real. Bloom cometeu suicídio enquanto a transmissão ao vivo estava acontecendo, e é decidido que nenhum detalhe sobre a libertação antecipada da princesa fosse divulgado, nem mesmo para Callow.

Um ano depois do evento, a imagem política de Callow manteve-se intacta e ganhou mais aprovação entre a população devido a sua disposição de sacrificar a sua dignidade. A Princesa Susannah se recuperou do sequestro e está esperando uma criança, enquanto o público geral tornou-se ciente de que Bloom foi o responsável por ter organizado todo o incidente. Embora a reputação de Callow tenha crescido aos olhos do público, é mostrado que a relação com a sua esposa (Anna Wilson-Jones) não sobreviveu ao caso — um ano após o incidente, ela é vista fazendo uma aparição pública com ele, mas é totalmente fria com ele em privado.

Produção editar

Brooker revelou durante uma entrevista que outros animais além do porco foram considerados para o ato sexual que Callow é forçado a realizar: ele disse: "Nós pensamos em todo o quintal", e até consideramos "uma roda gigante de queijo", mas escolhi um porco como "você precisava de algo que encalhe a linha entre cômico e nojento". Ele afirmou que o enredo do episódio foi inspirado pela controvérsia de Gordon Brown, chamando um membro do público de "um fanático" após falar com ela, e também os Fabulous Furry Freak Brothers onde, como ele se lembra, "um chefe de polícia queria fazer sexo com um porco".[1]

Durante outra entrevista, Brooker disse que ele e Konnie Huq, sua esposa, estavam no set de filmagens assistindo a cena onde Callow faz sexo com o porco. Ele afirma de forma divertida que Bathurst não fez nenhum "corte", e, ao invés disso, deixou Kinnear continuar a se aproximar do porco colocando a mão nas costas do animal, até que Kinnear disse: "Eu não vou mais longe ...".[2]

Recepção da crítica editar

O The A.V. Club avaliou o episódio com um A, escrevendo: "A genialidade de Black Mirror está em como sutilmente se constrói, fazendo questão de sempre questionar a loucura da premissa ou qualquer história menor. Cada reviravolta parece orgânico, cada decisão é racional. O sequestrador, é claro, mais que necessariamente tem que falhar. A imprensa inicialmente se esforça com a forma de relatar com sensibilidade tal história insana, mas sua mão é forçada pelos meios de comunicação social e pelo poder inefável da internet".[3] O The Telegraph classificou o episódio com quatro de cinco estrelas comentando: "Território novo, de fato, é uma ideia demente e brilhante, a sátira é tão audaciosa que me deixou gritando de boca aberta, um pouco parecido como aquele pobre porco".[4] O The Independent também comentou: "Este drama cuidadosamente elaborado é compacto e envolvente, a medida em que a tensão vai aumentando em graus com o tempo se movendo cada vez mais perto para o término do prazo para atender às demandas do sequestrador. Ele vem como sendo anti-Twitter, mas também serve como um conto de alerta sobre o poder da "mente coletiva" que é a mídia social.[5] O The Guardin escreveu: "Para o olho inexperiente, o primeiro [episódio de Black Mirror], National Anthem, parece uma suspeitosa sátira política - e muito superior - ao invés de uma visão de ficção-científica do poder da tecnologia para distorcer o mundo. Todos os aparelhos parecem muito familiares e o voyeurismo muito crível: há mais distopia num episódio de Spooks".[6]

Referências

  1. Benedictus, Leo (21 de setembro de 2015). «Charlie Brooker on Cameron and #piggate: 'I'd have been screaming it into traffic if I'd known'». The Guardian (em inglês). ISSN 0261-3077 
  2. Jonze, Compiled by Tim (19 de outubro de 2016). «Charlie Brooker: 'Someone threatened to smuggle a rifle through customs and kill me'». The Guardian (em inglês). ISSN 0261-3077 
  3. «Black Mirror: "The National Anthem"». 12 de novembro de 2013 
  4. «Black Mirror: The National Anthem, Channel 4, review». Telegraph.co.uk (em inglês) 
  5. «Review of Black Mirror - The National Anthem». The Independent. Consultado em 17 de setembro de 2017. Arquivado do original em 8 de dezembro de 2015 
  6. Crace, John (4 de dezembro de 2011). «TV review: Black Mirror; Mark Zuckerberg: Inside Facebook; and The Party's Over: How the West Went Bust». The Guardian (em inglês). ISSN 0261-3077 

Ligações externas editar