Tropo

uso de linguagem figurativa – via palavra, frase ou até uma imagem – para efeito artístico
 Nota: Para o argumento que visa demonstrar a necessidade de suspensão do juízo, veja Tropo (filosofia).

Um tropo (do grego τρόπος, transl. trópos, 'direção', 'giro', do verbo trépo, "girar"), é uma figura de linguagem ou da retórica onde ocorre uma mudança de significado, seja interna (em nível do pensamento) ou externa (em nível da palavra). No primeiro caso e quando ocorre apenas uma associação de ideias, dá-se o nome de perífrase; se a associação de ideias é de caráter comparativo, produz-se uma metáfora, que é o tropo por excelência.

Polímnia, musa da retórica e do canto sagrado.

A retórica clássica, segundo Lausberg, somente classifica como tropos a sinédoque, a antonomásia, a ênfase, a lítotes ("atenuação"), a hipérbole, a metonímia, a metáfora, a perífrase, a ironia e a metalepse (um tipo raro de metonímia). Os tropos são, portanto, fruto de associações mentais que levam à mudança de sentido das palavras; assim, a palavra "chama" também simboliza a paixão amorosa, numa relação metafórica.

Em princípio, diremos que há um tropo, em uma parte do discurso, quando a expressão que ocorre não se refere ao seu significado usual, mas a outro, indicado ou não pelo termo adequado. No caso de haver dupla indicação de sentido, pelo termo trópico e pelo termo não trópico (como em "este homem é uma besta"), o tropo é "in pæsentia"; quando o termo trópico sozinho transmite a informação relevante ("olha a besta de maiô na praia, à direita"), o tropo é "in absentia".

Na música da Grécia Antiga, indicava a altura baseada na oitava média das vozes e que dava forma ao elemento principal da estrutura musical. Na música medieval, significava a ampliação do canto litúrgico através da inserção de textos curtos que facilitavam a memorização da música e que deram origem ao drama musical a partir do século IX.

Divisões editar

Na retórica clássica, segundo Heinrich Lausberg,[1] os tropos são classificados em:

  • Alegoria - forma de representação indireta em que se emprega uma coisa (ou pessoa, animal, objeto, etc) como signo de outra coisa.
  • Catacrese - alteração do sentido próprio de uma palavra ou expressão, estendendo-se a sua significação
  • Metáfora - figura de estilo baseada na analogia ou na substituição
  • Sinédoque - figura que consiste em tomar a parte pelo todo ou o todo pela parte
  • Metonímia - emprego de um termo por outro, dada a semelhança entre o primeiro e o segundo
  • Antonomásia - substituição de um nome próprio por um substantivo comum ou por uma perífrase que enuncia uma qualidade essencial
  • Eufemismo - figura de estilo que consiste em atenuar a expressão de fatos ou ideias consideradas desagradáveis
  • Hipérbole - expressão exagerada de uma ideia ou de uma realidade com o propósito de enfatizá-la
  • Lítotes - substituição de uma expressão muito dura pela negação do seu contrário, com o propósito de atenuá-la (correspondendo a um eufemismo) ou enfatizá-la (correspondendo à ironia)
  • Ironia - consiste dar a entender o contrário do que se diz.
  • Perífrase - consiste em designar um objeto de forma indireta, especificando determinadas características desse objeto

Tropos narrativos editar

A partir de sua definição como figura de linguagem para transmitir um conceito ao leitor, o termo "tropo" também é utilizado para descrever os conceitos recorrentes utilizados em narrativas fictícias, também designadas como "clichês" quando se repetem ao ponto de se tornarem previsíveis.[2][3]

Ver também editar

Referências

Bibliografia editar

  • LAUSBERG, Heinrich. Linguística Românica (trad.). Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 198

Ligações externas editar

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