Tupinologia
Tupinologia é o estudo da língua e literatura tupis. Diz-se tupinólogo quem se dedica a esse ramo do conhecimento.[1] Conforme Eduardo Navarro, a tupinologia teve início com a obra O Tupi na Geografia Nacional (1901), de Teodoro Sampaio.[2]
Língua tupi
editarA língua tupi era a língua mais falada no litoral brasileiro no século XVI, época da chegada dos portugueses ao Brasil. Os portugueses a aprenderam para se comunicar com os indígenas. Foi a língua mais falada no Brasil durante os séculos XVI e XVII, inclusive pelos escravos africanos, só vindo a perder essa primazia no século XVIII, com o aumento da imigração portuguesa por causa da descoberta de ouro em Minas Gerais e quando o uso da língua tupi foi proibido pelo marquês de Pombal em 1758.[3]
Literatura tupi
editarA língua tupi foi usada como instrumento de catequese pelos jesuítas de 1549 a 1759. Durante esse período, os missionários aprenderam a língua e organizaram as primeiras gramáticas, vocabulários e catecismos na língua. Dentro da literatura brasileira incipiente, nasceram, assim, os primeiros escritos na língua tupi (até então, a língua, embora falada pelos índios, não possuía representação escrita).[3]
Tópicos de tupinologia
editar- momentos da língua tupi
- perfil da língua tupi
- processos de composição e derivação
- fonética histórica tupi-portuguesa
- empréstimos tupínicos no português do Brasil[4]
História
editarNo século XVI, o tupi se tornou matéria obrigatória para os jesuítas no Brasil. Entre os tupinólogos desse século, destacou-se o padre jesuíta José de Anchieta, com o seu "Arte de gramática da língua mais usada na costa do Brasil" (1595), a primeira gramática da língua tupi. Em 1621, a "Arte da língua brasílica", do padre Luís Figueira, se tornou a obra utilizada no ensino da língua no país. No século XVIII a língua tupi antiga deixou de ser falada, ao ser suplantada pela língua portuguesa e, ao mesmo tempo, se transformar na língua geral. Em 1935, o ensino da língua começou a ser ministrado na Universidade de São Paulo por Plínio Ayrosa, exemplo este que passou a ser seguido por outras universidades brasileiras. Em 1938, Plínio publicou o "Vocabulário na língua brasílica", obra de um jesuíta desconhecido do século XVI: a obra revelou o léxico do tupi antigo, até então praticamente desconhecido.
Ao longo do século XX, destacaram-se os trabalhos dos tupinólogos Lemos Barbosa (da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro), Frederico Edelweiss (da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal da Bahia) e Aryon Rodrigues (da Universidade Estadual de Campinas). A partir da década de 1960, o estruturalismo começou a influenciar o ensino das línguas indígenas do Brasil: com isso, o ensino do tupi antigo foi cedendo espaço ao ensino de língua indígenas vivas. No início do século XXI vem se destacando o trabalho de Eduardo de Almeida Navarro (da Universidade de São Paulo).[5]
Ver também
editarReferências
- ↑ http://www.dicionarioweb.com.br/tupinologia.html
- ↑ Navarro, Eduardo de Almeida (23 de julho de 2021). «Os nomes de origem indígena dos municípios paulistas: uma classificação». Estudos Linguísticos (São Paulo. 1978) (2): 733–752. ISSN 1413-0939. doi:10.21165/el.v50i2.2865. Consultado em 7 de setembro de 2023
- ↑ a b NAVARRO, E. A. Dicionário de tupi antigo: a língua indígena clássica do Brasil. São Paulo. Global. 2013. 620 p.
- ↑ «Cópia arquivada». Consultado em 27 de maio de 2019. Arquivado do original em 26 de janeiro de 2019
- ↑ NAVARRO, E. A. Dicionário de tupi antigo: a língua indígena clássica do Brasil. São Paulo. Global. 2013. p. XVII-XIX.