Usuário(a):Beatriz.sartori/Testes

Há bactérias que são resistentes à coloração, mas que uma vez coradas vão resistir fortemente à descoloração, mesmo por ácidos fortes diluídos e álcool absoluto. Às bactérias que possuem esta propriedade dizemos que são ácido-álcool resistentes, (BAAR) (géneros Mycobacterium e Nocardia). Esta característica é devida ao elevado teor de lípidos estruturais (ex. ácido micólico) na parede celular destas bactérias, que provoca uma grande hidrofobicidade, dificultando a ação dos mordentes e diferenciadores de corantes aquosos.

A técnica de Ziehl-Neelsen evidencia esta ácido-álcool resistência. Entretanto, a álcool- ácido resistência é variável entre as espécies e implica em uma alteração na técnica. No caso do Mycobacterium tuberculosis a técnica segue o seguinte protocolo:

  1. Confeccionar o esfregaço seguindo as técnicas atuais de biossegurança[1];
  2. Cobrir a lâmina com fucsina fenicada 0,3%(o mordente é o ácido fénico);
  3. Aquecer a lâmina até à emissão de vapores (é importante não deixar ferver);
  4. Aguardar 3 minutos e repetir o processo de aquecer a lâmina outras 3 vezes;
  5. Lavar com água corrente;
  6. Cobrir a lâmina com álcool-ácido 3% até descorar totalmente o esfregaço;
  7. Lavar com água corrente;
  8. Cobrir a lâmina com azul de metileno durante 1 minuto;
  9. Lavar com água corrente;
  10. Secar;
  11. Observar em imersão.

No caso do Mycobacterium leprae a técnica segue o seguinte protocolo:

  1. Confeccionar o esfregaço seguindo as técnicas atuais de biossegurança;[2]
  2. Cobrir a lâmina por 20 minutos com fucsina fenicada 1% (o mordente é o ácido fénico);
  3. Lavar com água corrente;
  4. Cobrir a lâmina com álcool-ácido 1% até descorar totalmente o esfregaço;
  5. Lavar com água corrente;
  6. Cobrir a lâmina com azul de metileno 0,3% durante 5 minutos;
  7. Lavar com água corrente;
  8. Secar;
  9. Observar em imersão.

A fucsina fenicada, atuando a quente, vai corar todas as células bacterianas e outras estruturas presentes no esfregaço de vermelho (o calor vai derreter os lípidos de membrana, tornando-a permeável). O ácido diluído em álcool aplicados vão descorar todas as bactérias exceto as ácido-álcool resistentes, que permanecem coradas de vermelho pela fucsina. Assim, ao serem observadas após coloração e contraste, com azul de metileno, encontraremos as bactérias:

  • Ácido-álcool resistentes: coradas de vermelho.
  • Não ácido-álcool resistentes: coradas de azul.
  1. «Manual de Recomendacoes e Controle da Ttuberculose no Brasil 2ª ed — Ministério da Saúde» (PDF). www.gov.br. Consultado em 27 de outubro de 2023 
  2. Ministério da Saúde do Brasil (2010). «Guia de procedimentos técnicos: Baciloscopia em Hanseníase.» (PDF). Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde. ISBN 978-85-334-1678-9. Consultado em 27 de outubro de 2023