Usuário(a):Elisabeth Carreira/Testes

Braz Burity
Nome completo Joaquim Madureira Nunes Borges de Carvalho
Nascimento 3 de fevereiro de 1874
Lisboa
Nacionalidade português
Morte 19 de setembro de 1954 (80 anos)
Porto
Ocupação jornalista, crítico de teatro e de belas artes

Joaquim Madureira Nunes Borges de Carvalho, mais conhecido pelo pseudónimo Braz Burity (Lisboa, 3 de fevereiro de 1874 - Porto, 19 de setembro de 1954), foi um jornalista e crítico de teatro e de belas artes português.

A república editar

Homem do seu tempo, Joaquim Madureira bateu-se ardentemente durante a juventude pelos ideais republicanos, aspirando à justiça social e ao desenvolvimento do país, vedados pela ineficácia de uma monarquia desacreditada e agonizante. Implantada a república, após a fase que designa por “uma aleluia de quimeras românticas” , passa rapidamente à dolorosa constatação da improbabilidade de ver postos em prática os seus ideais “pelas leviandades que se foram cometendo, pelos erros crassos... com que dia a dia a administração republicana vem documentando a falência intelectual dos seus estadistas sem preparo” . Entre as muitas fações republicanas, posiciona-se, contra os antigos camaradas do Partido Republicano, ao lado de Machado Santos, o homem que, segundo João Medina, fundou a república, mas que depois “nunca se sentiu bem dentro dela e não parou de conspirar contra os democráticos” . Em 1918, frustrado com o andamento da república, faz uma incursão no sidonismo, que lhe vale novas antipatias dos velhos camaradas, sendo eleito como deputado nas listas do Partido Nacional Republicano, partido fundado em torno da candidatura de Sidónio Pais às eleições legislativas, senatoriais e presidenciais. Assassinado Sidónio, retira-se definitivamente da atividade política, embrenhando-se a partir daí na crítica das belas artes, à medida que as críticas demolidoras de toda uma vida devotada à verdade vêm recaindo, de ricochete, sobre si próprio, conduzindo-o à marginalização. O golpe de misericórdia chega em 1935, quando é demitido pelo Estado Novo do cargo que o sustenta, no Tribunal do Comércio, supostamente por motivos políticos - vivendo a partir de aí do apoio de familiares.

A crítica editar

Intelectual notável, Joaquim Madureira dedicou-se com paixão à crítica teatral, numa época em que o teatro ocupava o centro da vida social e cultural do país, tendo contribuído de forma notável para a dignificação da crítica teatral e para o conhecimento futuro do movimento teatral lisboeta da época através da publicação de, entre outros, o compêndio de críticas teatrais Impressões de Teatro (Cartas a um provinciano & notas sobre o joelho. Toda a sua atividade crítica (social, teatral e artística) foi pautada por alguns princípios a que era escrupulosamente fiel: a pesquisa, tão consolidada quanto possível, a isenção, a originalidade e, acima de tudo, a verdade . Os seus princípios, aliados a uma cultura sólida e a uma escrita sedutora e provocadora, fluente e vigorosa, irónica e muito pessoal, valeram-lhe grande popularidade e consideração, tendo sido figura de relevo nos principais periódicos do país. Tanto no teatro (sua grande paixão), como na política, a sua implacável exigência e a absoluta frontalidade, que justificava como amor à verdade, foram-lhe entretanto granjeando um número crescente de inimigos, até deixar de ter quem o publicasse.

Obras editar

1893 À Gandaia Coimbra: Typ. Operária. 1894 Insolência: crítica irreverente da política e das letras Coimbra: Typ. Operária. 1903 “Ferreira da Silva”, in O Grande Elias (semanário ilustrado, literário e teatral), Ano I – nº 10, 371271903. 1904 “A Actriz Virgínia”, in Serões (revista mensal ilustrada) IV, nº 24, Dez. 1904. Lisboa. 1905 Impressões de Teatro (Cartas a um provinciano & notas sobre o joelho) Lisboa: Ferreira & Oliveira, Lda. 1905a Italia Vitaliani – Carlo Duse: notas artísticas e biográficas Lisboa: Ferreira & Oliveira, Lda. 1909 Caras amigas (gente limpa) Lisboa: Antiga Casa Bertrand. 1911 Caras lavadas: Machado Santos (depoimento de um cúmplice recente) Lisboa: Lamas & Franklin Editores. 1912 Na “Fermosa estrivaria”: Notas d’um diário subversivo.

       Lisboa: Livraria Clássica Editora de A. M. Teixeira & Cª.

1915 A forja da lei – a Assembleia Constituinte em notas a lápis Coimbra: F. França Amado Editor. 1916 Os Burros: folhas quinzenais de crítica solta aos usos, costumes, à política, às letras, às artes, à v ida da gente portuguesa (4 folhetos, Dez. 1915 e Jan. 1916)

       Lisboa: António Evaristo.

1917 “O culto de Fialho” in: BARRADAS, António & SAAVEDRA, Alberto, Fialho de Almeida: in Memoriam, pp. 56-63. Porto: Renascença Portuguesa. 1920 Catálogo da exposição de pintura de Artur Loureiro – Notas artístico-biográficas de Braz Burity. Lisboa: SNBA. 1924 Zilda, O Lodo e Á La Fé Lisboa: Imp. Libanio da Silva 1925 Painéis, bonecos e mamarrachos (cobras e lagartos sobre as malas-artes em Portugal) Porto: Companhia Portuguesa Editora, Lda. 1930 As desvirtuosas malfeitorias Lisboa: Livraria Clássica Editora. 1931 Ídolos, homens & bestas - Depoimentos e impressões sobre as gentes e as coisas da Terra Portuguesa. 2 opúsculos: I. Fialho de Almeida. II. Columbano-Figueiredo & Cª. Limitada. Ilustrações de Abel Salazar. Porto: Edição de Maranus. 1940 Duas cartas ao Dr. Nunes Valente Porto. 1941 “Saibam quantos”... In: Exposição de pintura, pastel e desenho de Alberto Ayres de Gouvêa, pp.23-40. Porto: Salão Silva Porto. 1949 Vero e devoto milagre de Santa Eva Todor, cheia de graça e de talento: Porto, Imprensa Portuguesa.

Referências