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A Bíblia contém muitas referências à escravidão, prática comum na antiguidade.[1] A Bíblia retrata situações que envolvem escravos Antigo Testamento.[2] Há também referências à escravidão no Novo Testamento, pois o Cristianismo surge em um contexto no qual a economia está baseada em trabalho escravo.[3]

Antigo Testamento editar

No Antigo Testamento, os donos de escravos geralmente eram homens ricos e influentes.[4] Eles incluíam credores que escravizavam camponeses pobres incapazes de saldar suas dívidas, homens abastados que compravam as filhas de outros israelitas e as usavam como concubinas, e israelitas que adquiriam escravos estrangeiros para trabalharem de forma permanente em suas propriedades.[5] Muitos dos patriarcas bíblicos como Abraão, Isaque e Jacó possuiam escravos.[6]

Novo Testamento editar

A crençã estabelecida pelos cristãos é a de que escravo é espiritualmente igual ao seu senhor, mas deve obedecê-lo no plano material. A rebeldia e a desobediência do escravo no mundo físico são vistas como atitudes pecaminosas, representando uma rejeição à ordem social estabelecida por Deus.[7]

Epístolas Paulinas editar

 Ver artigo principal: Epístolas paulinas
 
Gravura de George du Maurier representando Paulo de Tarso e Onésimo, na prisão

Nas epístolas paulistas, é reforçada a ideia de que o escravo deve amar e obedecer ao seu senhor; e que o senhor deve cuidar do bem-estar físico do escravo.[7] Para Paulo, as circunstâncias sociais vigentes são vistas como aceitáveis e o apóstolo não apresenta uma visão detalhada sobre a escravidão no Cristianismo nascente.[8]

As epístolas de 1 Timóteo[nota 1] e Tito[nota 2] dão conselhos aos escravos, mas não aos seus senhores, embora houvesse cristãos nas comunidades que possuíam servos. O autor das epístolas pastorais não se preocupou com o comportamento dos senhores ou incluiu conselhos a eles em orientações gerais para homens mais velhos e chefes de família, focando na manutenção da ordem e harmonia no lar e na igreja. Assim, não destacou expectativas ou críticas que os escravos cristãos poderiam ter sobre o poder de seus donos.[9]

Em I Coríntios 7:20–21, Paulo incentiva os escravos a não se pertubarem por sua escravidão, mas depois oferece uma exceção a esse princípio, incentivando os escravos a aproveitarem as oportunidades de alforria.[10]

20 Cada um na vocação em que foi chamado, nela permaneça.21 Foste chamado, sendo escravo? não te dê cuidado; mas se podes ainda tornar-te livre, antes aproveita-te. ─ Tradução Brasileira da Bíblia

Em Efésios 6:5–6, Paulo apresenta um mandamento aos escravos, a fim de que "obedeçam" seus a mestres. A passagem está inserida no contexto da subordinação social típica do Império Romano. Naquela época, os escravos não eram vistos como pessoas com direitos. Embora houvesse formas de alforria, que ao longo dos séculos permitiram que alguns escravos alcançassem posições de destaque, a maioria continuava sem direitos sociais.[8]

Em Colossenses 3:22, o autor da carta exorta os escravos a serem obedientes e dedicados aos seus donos.[11]

22 Escravos, obedeçam em tudo a seus senhores terrenos, não somente para agradar os homens quando eles estão observando, mas com sinceridade de coração, pelo fato de vocês temerem ao Senhor. ─ Nova Versão Internacional

Filemon editar

 Ver artigo principal: Onésimo de Bizâncio

Ver também editar

Notas

  1. "Todos os que estão sob o jugo da escravidão devem considerar seus senhores como dignos de todo o respeito, para que o nome de Deus e o nosso ensino não sejam blasfemados". - Timóteo 6:1 (Nova Versão Internacional)
  2. "Ensine os escravos a se submeterem em tudo a seus senhores, a procurarem agradá-los, a não serem respondões e a não roubá-los, mas a mostrarem que são inteiramente dignos de confiança, para que assim tornem atraente, em tudo, o ensino de Deus, nosso Salvador". - Tito 2:9-10 (Nova Versão Internacional)

Referências

  1. Gasda 2013, p. 189.
  2. Gasda 2013, p. 193-194.
  3. Gasda 2013, p. 198.
  4. Hezser 2005, p. 288.
  5. Hezser 2005, p. 288-289.
  6. Hezser 2005, p. 286.
  7. a b Souza 2010, p. 43.
  8. a b Santos 2023, p. 77.
  9. Glancy 2002, p. 146.
  10. Glancy 2002, p. 68, 96.
  11. Glancy 2002, p. 140.

Bibliografia editar

Ligações externas editar