Como ler uma infocaixa de taxonomiaCobra

Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Reptilia
Ordem: Serpentes
Família: Colubridae
Género: Liophis
Espécie: L. miliaris
Nome binomial
Liophis miliaris
(Linnaeus, 1758)

A cobra-lisa (Liophis miliaris) é uma serpente semi-aquática da família dos colubrídeos, encontrada na América do Sul, principalmente no cerrado e na mata atlântica. Possui corpo verde lustroso, escamas orladas de preto e partes inferiores amarelas. Essa espécie se alimenta especialmente de anfíbios. Também é conhecida pelos nomes de cobra-d'água, jararaca-do-tabuleiro e trairaboia.

Essa espécie se encontra na Lista Vermelha da Bahia, ou seja, atualmente, está em risco de extinção nesse estado.[1]

Liophis miliaris foi primeiramente descrita por Linnaeus ("pai da taxonomia moderna"), no ano de 1758,[2] tendo esse nome sido aplicado mais recentemente às populações brasileiras dessa espécie e adjacentes por Gans, em 1964.

Características editar

É uma serpente que apresenta porte mediano, geralmente não ultrapassando 1 metro, sendo que 17 a 21% corresponde a sua cauda. Possui aspecto úmido, devido ao intenso brilho de suas escamas, as quais contam com bordas negras. Seu ventre pode ter cor branca ou amarela.[3]

Durante o desenvolvimento sua coloração varia: serpentes jovens portam um colar nucal claro que desaparece progressivamente, não sendo visto em indivíduos adultos.[3]

Distribuição geográfica editar

O nível de abrangência da espécie Liophis miliaris se estende pelo sul do Brasil (habitando os biomas do Cerrado e a Mata Atlântica), Paraguai, Uruguai e nordeste da Argentina.[2] Esse ser pertence à família Colubridae, a qual compreende o maior grupo de serpentes viventes, tendo sido descritas mais de 1700 espécies. Estão espalhadas por todos os continentes, com exceção do Antártico. Há ocorrência dos colubrídeos em praticamente todos os ambientes e substratos, excetuando-se o marinho.

Alimentação editar

Por ser encontrada em locais próximos a regiões com água, possui uma grande variedade de presas, entre elas encontram-se principalmente pequenos peixes e anfíbios. Realizando a caça em lagoas e rios, geralmente pela manhã.

Reprodução editar

A reprodução dessa serpente no território brasileiro foi estudada em quatro populações de regiões diferentes: Mata Atlântica do sul da Bahia, Mata Atlântica do litoral de São Paulo, Domínio Atlântico do interior de São Paulo e Domínio Atlântico do interior do Paraná. Em todas elas as fêmeas se apresentaram maiores que os machos. Os adultos e recém-nascidos na Mata Atlântica do sul da Bahia foram menores que nas demais localidades. Nessa região, a qual possui pouca variação climática, as fêmeas apresentaram um ciclo reprodutivo contínuo, nas outras regiões esse foi sazonal e dependente do aumento da precipitação e temperatura. O seu ciclo espermatogênico foi contínuo em todos os lugares. A fecundidade foi semelhante em todas as áreas e aumentava com o tamanho corporal da fêmea, portanto a Liophis miliaris contém um ciclo reprodutivo mais sensível aos fatores ambientais, como variação climática, do que outras espécies já estudadas.[4]

Albinismo editar

No ano de 2009, um exemplar de L. miliaris totalmente albino foi encontrado num fragmento da Floresta Atlântica, aproximadamente a 0,5 km da Reserva Privada do Patrimônio Natural (RPPN), no município de Itamarati de Minas, Minas Gerais. O indivíduo era uma fêmea, com comprimento de cauda de 121 mm. A falta de pigmentação na pele, os olhos avermelhados e a língua de tom rosado caracterizaram esse ser como um albino total. A parte distal de suas escamas apresentaram uma cor amarela mais escura. A espécie foi fotografada, coletada e depositada na coleção da Universidade Federal de Viçosa, sob catálogo número MZUFV 1785. Esse foi o primeiro registro de albinismo dessa serpente.[5]

Liophis miliaris intermedius, um erro taxonômico editar

No ano de 1991, Liophis miliaris intermedius foi classificada por Henle e Ehrl, entretanto eles cometeram um equívoco. Foi descoberto mais tarde por Dixon e Tipton, através de diversas comparações da composição corporal que essa espécie na verdade era Liophis reginae.[6]

Referências editar

  1. «Répteis DO ESTADO DA BAHIA - Lista vermelha da Bahia». www.listavermelhabahia.org.br. Consultado em 17 de maio de 2018 
  2. a b Dixon, James R. (1983). «Taxonomic Status of the South American Snakes Liophis miliaris, L. amazonicus, L. chrysostomus, L. mossoroensis and L. purpurans (Colubridae: Serpentes)». Copeia. 1983 (3): 791–802. doi:10.2307/1444348 
  3. a b Borges-Martins, M.; Alves, M.L.M.; Araujo, M.L. de; Oliveira, R.B. de & Anés, A.C. 2007. Répteis p. 292-315. In: Becker, F.G.; R.A. Ramos & L.A. Moura (orgs.) Biodiversidade: Regiões da Lagoa do Casamento e dos Butiazais de Tapes, Planície Costeira do Rio Grande do Sul. Ministério do Meio Ambiente, Brasília. 385 p
  4. Pizzatto, Lígia; Marques, Otavio A. V. (1 de março de 2006). «Interpopulational variation in sexual dimorphism, reproductive output, and parasitism of Liophis miliaris (Colubridae) in the Atlantic forest of Brazil». Amphibia-Reptilia (em inglês). 27 (1): 37–46. ISSN 1568-5381. doi:10.1163/156853806776052128 
  5. Aguiar da Silva, Fabiano; Lopes de Assis, Clodoaldo; Marques Quintela, Fernando (31 de maio de 2010). «Albinism in a Liophis miliaris (Linnaeus, 1758)(Serpentes: Dipsadidae) from Minas Gerais State, southern Brazil» (PDF). Herpetology Notes (em inglês) 
  6. Dixon, James R.; Tipton, Bob L. (março de 2003). «Liophis miliaris intermedius (Henle and Ehrl, 1991) Is Actually Liophis reginae (Serpentes: Colubridae)». Journal of Herpetology (em inglês). 37 (1): 191–191. ISSN 0022-1511. doi:10.1670/0022-1511(2003)037[0191:lmihae]2.0.co;2 
  Este artigo sobre serpentes, integrado ao projeto de herpetologia, é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.


 
O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Giubs99/Testes