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Luciano Carneiro
Nascimento 9 de outubro de 1926
Ceará
Morte 22 de dezembro de 1959
Rio de Janeiro
Nacionalidade brasileiro
Ocupação Fotojornalista, fotógrafo, repórter
Principais interesses Política nacional e internacional, temas gerais do Brasil e do mundo, aviação.

Luciano Carneiro Nascimento 9 de outubro 1926 Rio de Janeiro Morte 22 de dezembro de 1959 (33 anos) Rio de Janeiro Nacionalidade brasileiro Ocupação Fotojornalista, fotógrafo, repórter. Principais interesses Política nacional e internacional, aviação, temas gerais do Brasil e do mundo.

[[Imagem:|miniatura||Retrato de Luciano Carneiro. Autor desconhecido, arquivo da família. José Luciano Mota Carneiro (Ceará, 9 de outubro de 1926Rio de Janeiro, 22 de dezembro de 1959) foi um fotojornalista brasileiro. Luciano Mota Carneiro foi um dos fotojornalistas mais atuantes de seu tempo. Estudante de Direito na Universidade Federal do Ceará, iniciou sua carreira como jornalista no Correio do Ceará e O Unitário, periódicos que integravam os Diários Associados. Piloto com brevê pelo Aeroclube do Ceará, foi responsável pela reportagem e fotografia aérea de Fortaleza e suas praias, publicadas na primeira página do Correio do Ceará de 04 de março de 1949, em matéria que daria o nome de batismo à Praia do Futuro. Sendo esta uma de suas primeiras marcas registradas no excepcional currículo de reportagens que construiria ao longo de sua carreira, Luciano Carneiro deixou sua cidade natal ainda muito jovem, aos 22 anos, transferindo-se para o Rio de Janeiro em 1948, onde passou a trabalhar na revista O Cruzeiro (revista), inicialmente como repórter e, em seguida, escrevendo e fotografando. Atuou, ao longo da década de 1950, como o principal correspondente internacional da publicação, realizando reportagens sobre a Guerra da Coreia, a vida no Japão e na Rússia, a África deAlbert Schweitzer, o Egito de Nasser, a Iugoslávia de Josip Broz Tito, e a [[Revolução Cubana] de Fidel em 1959.

Durante a Guerra da Coreia, em 1951, Carneiro foi dos únicos repórteres sul-americanos. Graças a seu treinamento como paraquedista, saltou, ao lado do exército americano, sobre as linhas norte-coreanas e chinesas além do Paralelo 38 N, linha que até hoje divide as duas Coreias. Os registros fotográficos da população civil e da destruição causada pela guerra revelam o engajamento de Luciano Carneiro com o drama humano próprio de cenários como este, em especial nos retratos de idosos, mulheres e crianças afetados e deslocados pelo conflito.

Além das coberturas internacionais, realizou matérias no Brasil sobre jangadeiros, posseiros, a seca no Nordeste, a herança do cangaço, as lutas estudantis, entre outras, e diversas matérias de caráter bastante autoral reunidas na seção “Do arquivo de um correspondente estrangeiro”, em que publicava matérias ilustradas com fotografias e textos de sua autoria, normalmente em duas páginas. Nessa seção, ficam claras suas influências e modelos associados à fotografia humanista do pós-guerra.

No final dos anos 1940 e início dos anos 1950, O Cruzeiro fez uma consistente inflexão em direção a um fotojornalismo mais humanista e engajado. Essa mudança foi concretizada por fotógrafos como José Medeiros, Flávio Damm, Luiz Carlos Barreto, Henri Ballot, Eugênio Silva e o próprio Carneiro, que passaram a integrar a equipe da revista, trazendo para as fotorreportagens maior ênfase na objetividade e no caráter documental e jornalístico.

Na mesma época, na Europa, fotógrafos como Henri Cartier-Bresson, Robert Capa e David Seymour formaram a agência Magnum. O objetivo era garantir maior autonomia e liberdade para seus trabalhos de documentação fotográfica. Outros fotógrafos, como Robert Doisneau e Willy Ronis, desenvolveram uma abordagem dos temas do cotidiano voltada para o registro do homem comum, trabalhando nas revistas ilustradas, que retomavam seu papel de grandes veículos de comunicação. Nos Estados Unidos, a revista Life abria espaço para ensaios fotográficos de caráter autoral, tais como as matérias “Nurse Midwife” e “Country Doctor”, do fotógrafo W. Eugene Smith. Foi sob essas influências que os fotógrafos da nova geração que passou a atuar na revista O Cruzeiro no período revolucionaram o fotojornalismo brasileiro.

Luciano Carneiro foi um dos principais expoentes dessa nova geração. Suas matérias contrastavam com as de David Nasser, outra estrela de O Cruzeiro, que também assinava uma seção de duas páginas na revista. Nasser era o expoente maior de uma escola de jornalismo com viés claramente sensacionalista, à qual Luciano Carneiro se opunha frontalmente, em especial na escolha dos temas e na maneira direta e objetiva de abordá-los com imagens e textos de sua autoria.

Este embate colocava, de um lado, aqueles que buscavam uma visão mais interpretativa dos fatos e, portanto, mais passível de alinhamento com os interesses ideológicos do veículo de informação e de seus dirigentes. Do outro lado, ficavam os comprometidos com uma postura mais idealista, que acreditavam que mostrar e documentar o fato de forma direta e objetiva poderia influenciar a opinião pública e até mesmo as políticas públicas, buscando, dessa maneira, colocar o veículo de informação a serviço dessa visão de mundo.

A trajetória de Luciano Carneiro foi interrompida abruptamente em dezembro de 1959. Morreu em um acidente de avião quando retornava de um trabalho singelo em Brasília: fotografar o primeiro baile de debutantes da nova capital, às vésperas da inauguração. Piloto, repórter, fotógrafo, correspondente de guerra, Luciano Carneiro sempre pareceu orientar sua fotografia pela máxima de Robert Capa: “Se suas imagens não ficaram boas, é porque você não se aproximou o suficiente de seu assunto”.

Luciano Carneiro foi, ao lado de Rachel de Queiroz e Luiz Carlos Barreto, parte do elenco de jornalistas, fotógrafos e intelectuais cearenses que ajudaram a construir este grande veículo de comunicação de abrangência nacional e internacional que foi a revista O Cruzeiro. O Instituto Moreira Salles vem ao longo dos últimos anos dedicando-se à pesquisa sobre o fotojornalismo no Brasil, principalmente a partir da produção dos fotógrafos que atuaram na revista O Cruzeiro, integrante dos Diários Associados, organização fundada por Assis Chateaubriand.