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A origem do epíteto “francesinha” editar

Desde há mais de 70 anos, entre os habitantes da cidade do Porto, está patente um facto notório e de conhecimento geral que é a sanduíche variação [1] da sanduíche francesa “croque-monsieur” ser a sanduíche mista quente e esta ter passado a ser mais conhecida pelo epíteto “francesinha” devido à sua origem francesa. A palavra francesinha já se usava como epíteto da sanduíche mista quente no período entre as duas guerras mundiais, quando esta sanduíche recebia uma preparação mais elaborada em que se fundia mais queijo sobre a fatia superior de pão e se fazia um recheio mais rico e variado para além do fiambre e queijo tradicionais; por isso a sua ligação com a receita da sanduíche francesa se tornava mais vincada utilizando o epíteto "francesinha". A palavra palavra francesinha no uso prático e corrente é um adjectivo diminutivo formado no grau superlativo absoluto analítico, cujo sentido é “muito francesa”, e possue o mesmo sentido de significado que o grau superlativo absoluto sintético do adjectivo “francesa” com a forma “francesíssima[2] [3].

„sanduíche francesinha“, emulada do „croque-monsieur“

Igualmente é um facto notório, logo de conhecimento geral pela maioria da população da cidade do Porto que a sanduíche francesinha até bem pouco tempo atrás era uma sanduíche servida praticamente apenas em cafés e snack-bares [4] e não em restaurantes. Assim como ainda hoje é de conhecimento geral entre a população portuense que, quando uma sanduíche passa a ser servida como prato de restaurante por ter a sua preparação mais elaborada com mais ingredientes, por uso e costume convencionado tacitamente, esta é referida sempre na ementa do restaurante como “especial”. É o caso, e.g., da sanduíche cachorro-quente que se designa cachorro quente “especial” nas ementas dos restaurantes da cidade do Porto. Assim, por causa dessa referenciação convencionada tacitamente pelo uso, a sanduíche francesinha foi sempre citada com a designação “especial” na lista de comidas exibida na montra do extinto restaurante “A Regaleira” (à Rua do Bonjardim, n.º 87), onde se fazia a preparação da sanduíche francesinha “especial” com um molho picante[5], cuja receita era um segredo muito bem guardado. Mesmo em frente do restaurante “A Regaleira” ou seja do outro lado da rua do Bonjardim, n.º 116 existia a porta de um “snack-bar”, localizado nas traseiras e anexas ao Café “A Brasileira” (Porto), estabelecimento fundado em 1903. Neste snack-bar do café A Brasileira também se servia ao balcão a sanduíche francesinha, sem a designação “especial”, dado tratar-se da sanduíche francesinha, cuja preparação era simples e rápida. Esta sanduíche francesinha obviamente sempre foi servida com queijo derretido em abundância de acordo com o seu paradigma francês o “croque-monsieur”.

sanduíche mista quente “francesinha” original

Já em finais do Século XX, por mero oportunismo mercantil, certos restaurantes e alguns cafés que serviam a referida sanduíche francesinha dita “especial” por causa do molho picante, decidiram desvincular o epíteto “francesinha” da palavra sanduíche e abstecer-se de mencionar a qualificação “especial” relativo ao molho picante. Na sequência dessas omissões propositadas, apareceram várias publicações na internet, com descrições muito fantasiosas sobre a origem da sanduíche francesinha. Apesar de todas essas fantasias escritas sobre a sanduíche francesinha nos diversos meios de comunicação social, cada artigo assim escrito e publicado manteve sempre uma referência comum ao paradigma francês o “croque-monsieur”.

sanduíche francesinha dita „especial“, devido ao seu molho picante

Entretanto, deve ser aqui esclarecido que não constitui qualquer originalidade acrescentar recheios à sanduíche francesinha seja ela “especial” ou não, visto que este facto é próprio da preparação original atribuída ao alimento ligeiro chamado sanduíche (sandwich), feito segundo o seu inventor John Montagu, 4th Earl of Sandwich já no Século 18 (Vide secção “história” do artigo sanduíche). Essa invenção tão antiga explica certos escritos fantasiosos de que a sanduíche francesinha teria sido “inventada” no Porto ainda no princípio do Século XIX, quando ocorreu a ocupação do Porto pelas tropas francesas de Napoleão Bonaparte.

A corroborar a origem muito francesa ou francesíssima da sanduíche mista quente, de onde vem o epíteto “francesinha” utilizado na cidade do Porto, há ainda um facto notório que se reporta à cidade de São Paulo (Brasil) relativo a quem vivia naquela cidade brasileira ao longo dos anos 60 do século passado: nos preçários da maoria dos bares e cafés existentes no centro da cidade de São Paulo constava quase sempre o item, sanduíche misto quente (tipo francês) e depois o preço em cruzeiros. A referência “tipo francês” entre parênteses significava que o seu paradigma francês nada mais era do que o citado “croque-monsieur”. A designação sanduíche misto quente aqui invocada não é uma tese ou opinião, mas o registo escrito tardio de um facto notório, logo de conhecimento geral, considerando que, na cidade de São Paulo de então, os proprietários dos bares e cafés em maioria eram portugueses oriundos do Norte de Portugal.[6]

A palavra “francesinha” hoje em dia é mais usada como se fosse um substantivo, todavia será sempre o epíteto dado há mais de 70 anos pelo povo do Porto à sanduíche mista quente para distinguir a sua origem francesa. E quando a palavra “francesinha” é usada como um substantivo no sentido de uma sanduíche com molho picante, ela deve ser entendida sempre como uma sanduíche francesinha “especial[7]. O resto são fantasias e mitologia urbana sem fundamento.[8]

A história do nome „sanduíche“ e sua etimologia editar

A palavra „sanduíche“ foi aportuguesada do inglês „sandwich“, em conformidade com a ortografia introduzida pelas modificações de 1931 ao regime ortográfico do Acordo Ortográfico entre a Academia das Ciências de Lisboa e a Academia Brasileira de Letra. O termo inglês „sandwich“ quando utilizado em gastronomia é um epónimo, visto que foi tomado do topónimo „Sandwich“ constante do título nobiliárquico do diplomata britânico John Montagu, 4.º conde de Sandwich (1718-1792), porque este tinha o hábito de comer à mesa de jogo para não o interromper, fatias sobrepostas de pão em que se metiam de permeio fatias de carne assada ou outros alimentos frios semelhantes. Esse hábito alimentar tão invulgar na época fez com que o termo „sandwich“ se tornasse um epónimo de origem toponímica atribuído a esse tipo de alimento, cujo uso está atestado na literatura inglesa desde o ano 1760. O vocábulo inglês „sandwich“ remonta ao inglês antigo Sandwic que é formado com sand, areia + wic, também do Inglês antigo wīc; a terminação -wich é muito usada em toponónimos e provém do grego antigo oîkos através do latim vīcus. O termo latino vīcus na construção da palavra „sandwich“ significa conforme a sua origem „aldeia“ ou „povoação“ (casas habitadas), de modo que „sandwich“ literalmente significa „aldeia“ ou „povoação“ situada no meio da areia ou junto a um areal. O topónimo válido como topónimo originário do tipo de alimento „fast food“ designado hoje em português como „sanduíche“ é a cidade „Sandwich“ em Kent, sudeste da Inglaterra, perto do estreito de Dover: um dos Cinque Ports. No caso particular da cidade de „Sandwich“, a terminação do topónimo em -wich vem do anglo-saxão -wīc, e significa uma residência ou local fortificado onde o comércio ocorre; logo, a sua significação mais original é "cidade de mercado em solo arenoso". [9] Apesar de a origem inglesa ser comum e o seu aportuguesamento ter sido formado com igual ortografia desde 1931, a palavra „sanduíche“ não tem o mesmo género de uso comum em ambas variantes do português. Assim, no português europeu ela é exclusivamente do género feminino, enquanto no português brasileiro ela é exclusivamente do género masculino. Para se qualificar ou realçar a significação da palavra „sanduíche“ com algum atributo é sempre necessário atender a concordância de género em cada uma das variantes da língua portuguesa, por isso se deve ter em conta que os atributos no português europeu também são aempre do género feminino, por exemplo, na frase „sanduíche mista quente“, enquanto, no português brasileiro esta mesma frase deve ser construída sempre no género masculino „sanduíche misto quente“. Ainda deve ser evitado e excluído de uso corrente a forma „sandes“ muito empregada no português europeu por se tratar de uma corruptela. A forma „sanduba“ é um jargão inútil usado na gíria popu-lar do português brasileiro. A forma „sande“ todavia é uma excepção, por se tratar de uma forma contraída da palavra „sanduíche“ e usada com frequência no português europeu, onde forma o plu-ral „sandes“, cujo emprego não se confunde com a corruptela „sandes“, dado que esta corruptela é empregada erroneamente como se tratasse de uma palavra no singular.

Episódio fantasioso logo à entrada do Século XXI editar

O entendimento popular é o atrás referido [7], ainda que exista um episódio muito divulgado pela web em anos muito recentes, que envolve o nome de um certo Daniel David da Silva, natural de Terras do Bouro e antigo sócio do restaurante A Regaleira dizendo que este teria “inventado” em 1953, não só um molho picante de francesinha como também dado o próprio nome francesinha a propósito das mulheres francesas. Mais recentemente, há quem contrarie essa alusão dizendo "catraias francesas" [8]. Pretende-se com tal argumentação invocar a titularidade da suposta invenção 60 anos depois da sua ocorrência sem fazer qualquer prova tempestiva do facto. Tudo isso são extravagâncias publicitárias utilizadas principalmente pelo jornalista Alfredo Texeira do JN publicadas no jornal lisboeta DN do dia 20 de Novembro de 2010 dentro do artigo publicitárioFrancesinha nasceu para as mulheres”, sem citar fontes de confiança. Repare-se ainda que o artigo no DN é uma matéria jornalística paga por patrocinadores. Há no próprio texto divulgado contradições bem explícitas como por exemplo: o presumível inventor tomou como modelo base para a sua criação a sanduíche francesa “croque-monsieur” e deu ao prato próprio de restaurante pretensamente criado por ele um adjectivo diminutivo “singular” construído no grau superlativo absoluto analítico para homenagear as mulheres francesas em geral. Isto não faz qualquer sentido, pois a palavra “francesinha” no singular não se coaduna com o adjectivo francesas no plural. As pessoas mais velhas do que 60 anos residentes na cidade do Porto sabem que o restaurante A Regaleira era um estabelecimento careiro e a sua sala era exígua com poucas mesas (vide a imagem que ilustra o citado artigo). Desse modo era impossível haver comensais repetitivos e muito menos difundir-se algo em particular para o exterior a partir daquele estabelecimento, dado o facto de ser um restaurante careiro e assim afugentava de imediato os possíveis clientes, quando estes viam os seus preços exagerados na lista de comidas exibida na montra existente à sua porta. E não só da sanduíche francesinha “especial”, mas também de outros pratos ali apresentados. O epíteto francesinha em uso nos cafés e snack-bares do Porto jamais poderia ter sido difundido a partir de um lugar tão acanhado e tão pouco frequentado.

Rolemã x Rolimã editar

O usuário Teuto-brasileiro pede desculpas por dizer isto, mas há alguém que está a confundir tudo e já provocou uma grande salsada. Queiram, por favor, permitir fazer aqui um esclarecimento, visto que qualquer corruptela mesmo que seja muito usada na linguagem corrente nada tem a ver com alterações de grafia impostas por reforma ortográfica relativa a algum Acordo Ortográfico.

Ao examinar-se o conteúdo do pdf indicado acima não se mostra entre os ditos académicos ou doutores alguém que seja filólogo e profissionalmente tenha dissertado sobre a formação do nome “carrinho de rolimã” ou ainda entre os tais académicos e doutores exista alguém que tenha feito um estudo semântico em que se tivesse investigado a origem (étimo) da forma “rolimã”, procurando determinar as causas e circunstâncias do seu processo evolutivo.

É muito estranho que o motor de buscas do google tenha dado ZERO respostas à consulta feita sobre a locução “carrinho de rolemã”. Por experiência própria, o usuário pode dizer que até o motor de buscas do extinto AltaVista, quando existia dava centenas de respostas à consulta sobre o tema “carrinho de rolemã”. Agora, em pleno Século XXI, alguém vir dizer que o motor de buscas do google deu ZERO respostas é esquecer-se de que o uso da corruptela “rolimã” se tornou “viral”, tal como uma “fake news”, desde o princípio do Século XXI, e o título do artigo enciclopédico "carrinho de rolimã" é o resultado disso.

O que está em causa aqui é o verdadeiro sentido e significado da forma “rolimã” com a distinção técnica do seu étimo “rolemã, já que esta forma é uma corruptela e a única a fazer parte do título do artigo, não obstante ser dado logo no início do artigo uma alternativa nominal “carrinho de rolamentos”, faltando apenas a sua distinção técnica “de esferas”, dado que o componente dos carrinhos foi sempre o rolamento de esferas “usado”.

Até ao ponto em que se consegue retroceder no tempo, e verificar-se que a forma “rolemã” é o único aportuguesamento da locução francesa “roulement à billes”, cujo uso se pode atestar desde meados dos anos 1940, por isso este uso já está consagrado tanto no português brasileiro como no português europeu. A forma aportuguesada “rolemã” não pode ser substituída pela forma corrupta “rolimã”, mesmo que esta já esteja integrada no título do artigo da wikipedia “carrinho de rolimã”.

A forma corrupta “rolimã” para constar como elemento constitutivo do título “carrinho de rolimã” deveria antes de tudo ser justificada com um estudo semântico em que se tivesse investigado a origem (étimo) da forma corrupta, procurando determinar as causas e circunstâncias do seu processo evolutivo para se chegar à forma “rolimã” e comprovar-se que não é uma forma corrupta.

Apesar de existir essa lacuna, o estudo pode ser dispensado, quando se entende que o “parecer” de algum “etimologista” ou “fonólogo” só tornaria mais verosímil algo que já é muito evidente neste caso: as causas que levaram à formação da corruptela “rolimã” são somente de ordem fonética. A eufonia encontrada na sua pronúncia só foi conseguida à custa da metafonia do fonema vogal “e” em “i” por iliteracia de quem insiste em usá-la. Além disso, a opinião de um “gramático” também é dispensável na medida em que salta à vista ao examinar-se a forma “rolimã” que ela não é um “neologismo”, nem mesmo por metonímia (vide: Neologismo, Corruptela e Metonímia).

A forma “rolimã” não é neologismo, sobretudo porque é uma forma errada de se pronunciar e escrever o seu presumível étimo“rolemã” e ainda tendo em consideração que o fonema vogal “i” de permeio indica que a sua origem não é directa da locução francesa “roulement à billes”, e por sua vez a forma “rolemã” indica que o seu aportuguesamento foi feito em meados dos anos 1940, enquanto a forma corrupta “rolimã” só apareceu agregada ao termo carrinho em finais do Século XX.

Esta antecedência no tempo comprova que a forma “rolimã” é apenas uma corrupção fonética da palavra “rolemã”, cujo uso na linguagem corrente tinha uma precedência de muitos anos sobre a corruptela, tanto no português brasileiro como no português europeu.

A precedência da palavra “rolemã” no tempo resulta do seu registo de entrada em vários dicionários técnicos como sinónimo utilizável em lugar da locução “rolamento de esferas pendulares”, o que permite obter-se traduções técnicas em português partindo de várias outras línguas estrangeiras. E ao contrário disso, a forma “rolimâ” não consta de qualquer dicionário técnico e caso se faça uma busca no “Corpus do Português” nada se encontrará antes do Século XXI.

Esta particularidade de ser uma forma intraduzível significa que a corruptela “rolimã” não é uma forma equivalente para se fazer qualquer retroversão ou tradução em outros idiomas, todavia estas traduções sempre puderam ser feitas com a palavra “rolemã”, nomeadamente: em alemão, Kugellager (n); em inglês, ball-bearing; em francês, além do conhecido, roulement (m) à billes, também palier (m) à billes; em italiano, cuscinetto (m) a sfere; em espanhol: cojinete (m) de bolas, rodamiento (m) de bolas, e ainda a forma empregada no castelhano da América do Sul (Argentina, Paraguai e Uruguai): rulemán (m).

Todos estes constrangimentos de tradução determinam que a forma “rolimã” nunca poderá ter equivalência por tradução com o nome sueco, Kullager, que é a forma original do nome dado pelo inventor dos rolamentos de esferas, o engenheiro sueco, fundador da SKF, Sven Gustaf Wingqvist, e constante da sua patente de invenção registada em 1906. O nome sueco Kullager é traduzível em português pelo seu próprio significado “rolamento de esferas pendulares”, mas também pode ser traduzido em português empregando a palavra “rolemã”, que é a redução do francês “roulement à billes”.

A forma corrupta “rolimã” não tem a menor hipótese de vir directo do termo francês roulement (formada com o radical do verbo francês rouler [= rolar] + o sufixo francês -ment = sufixação -mento em português). Quem aportuguesou originalmente o termo francês “roulement” tinha a noção exacta da fonética francesa, por isso criou a terminação -mã (man) em português e logicamente também sabia que o radical roule- correspondia ao verbo rouler (= rolar em português), logo nunca criaria um situação de metafonia do fonema vogal “e” em “i”. Por coerência, a terminação do radical em –e conforme fonética francesa é uma vogal muda, logo ao aportuguesá-la esta nunca daria uma metafonia em “i” [10] pelas regras convencionais de aportuguesamento.

O nome francês “roulement à billes” entrou na língua portuguesa através da documentação aduaneira, em particular, facturas comerciais emitidas pelos exportadores estrangeiros, as quais precisavam de ser certificadas por agentes diplomáticos, em funções nas respectivas secções comerciais de embaixadas ou consulados do país de destino (então Brasil ou Portugal junto com as suas antigas Províncias Ultramarinas), quando se fazia a importação de rolamentos. Logo, não é de se estranhar que se tenha feito uso da designação francesa “roulement à billes”, ao longo do Século XX, e esta tenha entrado no português pelo francês que era a língua oficial usada pela diplomacia entre todos os países.

Aqui também se torna necessário esclarecer-se que o atributo “de esferas” relativo ao rolamento estabelece um significado muito próprio para se fazer a sua distinção técnica, porque há outros tipos de rolamentos, mas o único tipo de rolamento que interessa neste caso é o utilizável na construção de “carrinhos de rolemã”, o qual corresponde ao mecanismo do “rolamento de esferas” e ainda com mais exactidão técnica “rolamento de esferas pendulares” ou simplesmente “rolemã”. O carrinho de rolemã nada tem a ver com os artefactos aparatosos utilizados nos eventos chamados “soapbox derby” realizados nos Estados Unidos e Canadá desde 1967. Na montagem de um “carrinho de rolemã” não entram rodízios [11] ou mancais, mas somente rolamentos de esferas “usados”, visto que se trata de um brinquedo construído pela rapaziada.

Tendo em conta tudo quanto foi aqui atrás expendido, o usuário Teuto-brasileiro vem pedir autorização para que seja introduzido algures no artigo uma explicação “técnica” enciclopédica sobre o “rolemã” e o seu desvio nominal “rolimã”, preferencialmente logo no início do artigo.

Etimologia editar

Descrição etimológica e fonética da designação rolemã/rolimã

O vocábulo rolemã é um termo técnico utilizado em mecânica desde os anos 1940, o qual designa o rolamento de esferas que tem a forma de dois anéis coaxiais entre os quais são colocadas esferas, levemente lubrificadas e mantidas espaçadas entre si num movimento pendular dentro do encaixe porta-esferas.

A forma escrita rolimã é uma corruptela do vocábulo rolemã, a qual tem sido usada agregada ao substantivo diminutivo carrinho para designar uma espécie de carrinho de brinquedo construído por garotos desde há décadas, cujas rodas consistem em rolamentos de esferas, as quais atribuem à corruptela rolimã a mesma noção de significado do termo técnico rolemã atrás definido.

ORIGEM DO TERMO TÉCNICO ROLEMÃ:

O termo rolemã provém da expressão francesa “roulement à billes[12] , a qual foi introduzida no português através do seu uso explícito em documentos aduaneiros, em particular, facturas comerciais emitidas pelos exportadores estrangeiros, as quais precisavam ser certificadas por agentes diplomáticos, em funções nas respectivas secções comerciais de embaixadas ou consulados do país de destino: Brasil ou Portugal (então junto com as suas Províncias Ultramarinas), quando se fazia a exportação/importação de rolamentos de esferas.[13] Desde há décadas, a certificação de facturas comerciais vem sendo substituída pelo Certificado de Origem [14] emitido no âmbito de certos acordos comerciais multilaterais, entre os quais, ALALC, EFTA, CEE.

 
roulement à billes

A expressão técnica francesa “roulement à billes” era empregada nesse tipo de documentação aduaneira, devido ao facto de que a língua oficial usada pela diplomacia havia sido a língua francesa. Há outras palavras que entraram igualmente no português pela mesma via, por exemplo, “pistão” do francês “piston” (êmbolo, em português / Kolben, em alemão / plunger, em inglês / stantuffo, em italiano / émbolo, em espanhol) que é uma peça componente do motor à explosão de combustão interna utilizado em veículos automóveis.

O atributo “à billes” (de esferas) usa-se para qualificar tecnicamente o substantivo francês “roulement” e assim distingui-lo de outros tipos de rolamentos (cónicos, de agulhas, etc), contudo o tipo de rolamento que interessa neste caso é apenas o rolamento utilizável na construção de “carrinhos de rolemã”, correspondente ao mecanismo chamado “rolamento de esferas”, que se distingue com mais precisão técnica quando designado “rolamento de esferas pendulares” ou simplesmente “rolemã”.

 
Crianças com carrinho de rolemã, em disputa numa corrida ladeira abaixo

O termo técnico “rolemã” aportuguesado do francês “roulement” entrou na linguagem corrente do português brasileiro durante a década dos anos 1940, empregado com mais frequência então para designar rolamentos de esferas “usados”, particularmente, partes componentes e integrantes de motores e máquinas, como por exemplo: rolemã integrado em motor eléctrico [15]; motor de máquina de costura com rolemã integrado motor de máquina de costura com rolemã integrado [16]; rodas de equipamentos industriais [17]; “rolemã do pinhão” (Pinhão (engrenagem) [18].

Actualmente o termo técnico rolemã continua ainda a ser muito utilizado agregado à palavra carrinho para formar a locução substantiva "carrinho de rolemã". Por exemplo, em eventos: [19] [20] ou ainda denominação dada por certos fabricantes do mesmo brinquedo [21].

DEFINIÇÃO E EXPLICAÇÃO DO TERMO TÉCNICO FRANCÊS:

O vocábulo “rolemã” em português foi adaptado por redução da expressão francesa “roulement à billes”, [22], que significarolamento de esferas pendulares. O termo “rolemã” em português foi formado apenas com o vocábulo “roulement”, cujo étimo é o radical roule- do verbo francês rouler [= rolar] + o sufixo -ment (equivalente ao sufixo português -mento). Em francês, o fonema vogal -e do radical francês roule- nesta posição é uma vogal átona. O radical roule- ao aportuguesar-se tomou a forma escrita “role”, mantendo o fonema vogal -e original e o sufixo ment, cuja pronúncia em francês é “-man”, razão por que a sua transcrição tomou em português a forma escrita -. Por coerência de transcrição fonética do termo francês “roulement”, não é possível que a vogal muda -e se transforme no fonema vogal -i, em português, visto que esta não sofre metafonia em que a vogal átona e [23] se modifique para se tornar sonora no português brasileiro, contudo esta vogal -e mantém a sua atonia na fonética do português europeu.

Os rolamentos de esferas são rolamentos em que os próprios corpos rolantes consistem em esferas (bolinhas). O tipo mais comum é o rolamento rígido de esferas, destinado a cargas moderadas em máquinas de pequeno e médio porte. Os rolamentos de esferas existem desde a antiguidade, mas o rolamento de esferas moderno foi desenvolvido em conexão com o avanço da bicicleta no final do século XIX. O rolamento de esferas na forma que conhecemos hoje é frequentemente atribuído a Leonardo da Vinci, embora os rolamentos de esferas de madeira já fossem usados pelos romanos, por exemplo, para fundações de estátuas que deveriam ser giradas. Os rolamentos, nesses casos, tinham a forma de rolamentos axiais e esferas de madeira. Em sua forma moderna, o rolamento de esferas começou a se desenvolver fortemente durante a segunda metade do século XIX, mas a primeira patente do rolamento de esferas foi proposta por Philip Vaughan [24] de Carmarthen (País de Gales) em 1794. Outra patente foi depositada em 3 de agosto de 1869 por Jules Suriray[25], um mecânico de bicicletas parisiense, que usou esses rolamentos na bicicleta que venceu a primeira edição da corrida Paris-Rouen em novembro de 1869. No início, era usado principalmente com porta-esferas de deslizamento para baixa carga, como bicicletas e carruagens puxadas por cavalos.

A locução francesa “roulement à billes” corresponde por tradução ao termo técnico sueco, Kullager[26], que é a designação dada pelo inventor do Rolamento autorregulado de esferas radiais de vários rolos, e fundador da sociedade SKF, o engenheiro sueco Sven Wingquist, à sua invenção constante da sua patente de invenção registada em 1906. O termo técnico sueco Kullager é sempre traduzível em português pelo seu próprio significado literal “rolamento de esferas pendulares” (pendular é o movimento vai-e-vem livre das esferas), mas também se traduz em português utilizando o termo técnico “rolemã”, que é a redução aportuguesada da locução francesa “roulement à billes”.

USO IMPRÓPRIO DA FORMA ESCRITA ROLIMÃ:

Um dos primeiros registos escritos da corruptela “rolimã” de que se tem notícia na imprensa brasileira apareceu num anúncio inserido no Jornal do Brasil (RJ), domingo, 26 de Julho de 1953 [27]. Por ser uma publicação tempestivamente muito posterior à generalização do aportuguesamento “rolemã” nos anos 1940, e ainda quando este anúncio antigo é juntado com as menções carinho de rolimã aparecidas só muito recentemente ou seja apenas desde 1993 através de buscas que podem feitas no Corpus do Português: [28] revelam que a forma escrita “rolimã” é uma corruptela do termo técnico “rolemã”, e não uma forma escrita variante por aportuguesamento directo da própria palavra francesa “roulement”. A articulação da forma fonética errada “rolimã” reduzida a escrito em lugar do termo rolemã é uma corruptela própria de Montes Claros (MG) e da Bahia. Esta corruptela só teve divulgação nacional por causa da sua utilização em comunicações feitas por professores de educação física oriundos daquela região nos seminários e congressos promovidos pelo SESC-SP a partir de 1993. Note-se ainda que os revisores de texto do Jornal do Brasil (RJ) deixaram passar a corruptela e não corrigiram a grafia utilizada no texto do anúncio, porque a responsabilidade pelo texto dos anúncios é sempre do respectivo anunciante.

Desde finais dos anos 1990 tem sido usado com frequência na linguagem corrente do português brasileiro a forma escrita errada “rolimã” em lugar do termo técnico apropriado “rolemã[29]. Este uso é feito com muita impropriedade, tendo em conta tal como já se disse atrás, o termo técnico “rolemã” [30], [31] é o aportuguesamento tirado por redução da locução francesa “roulement à billes” (rolamento de esferas pendulares), enquanto a forma escrita “rolimã” reproduz um erro de metafonia ao se pronunciar o termo técnico “rolemã”. Ainda se deve considerar que o termo técnico “rolemã” pertence à terminologia afecta ao ramo industrial da Mecânica (partes de máquinas), de modo que a forma rolimã não é uma opção nominativa à disposição de quem aplica o rolamento de esferas usado no brinquedo construído pelos garotos, desde há mais de 7 décadas, designado carrinho de rolemã.

 
Wikcionário


Referências

  1. Russo, Susan. The Encyclopedia of Sandwiches. [S.l.: s.n.]  - Editora Quirk Books, 2011 - ISBN 1594744386, 9781594744389 - Croque-Monsieur, pág. 58 (variações: Croque-Madame, pág. 60 - Croque-Monsieur with béchamel Sauce, pág. 60 - Francesinha, pág. 60)
  2. Estas duas formas construtivas estão definidas aqui na norma culta[1]
  3. A sua formação gramatical é semelhante ao superlativo "obrigadíssimo"[2]
  4. snack-bar in Dicionário infopédia da Língua Portuguesa [em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2020. [consult. 2020-07-11 09:20:40]. Disponível na Internet: https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/snack-bar
  5. É o grande segredo de quem prepara hoje a francesinha do tipo "especial"https://lifestyle.sapo.pt/sabores/receitas/molho-de-francesinha  Em falta ou vazio |título= (ajuda)
  6. «Histoire et recette du croque-monsieur traditionnel». Autour de la Gastronomie, Blog. Consultado em 6 de julho de 2016. Traditionnellement, le « croque » est un sandwich fait avec du jambon et du fromage (comté ou emmental), le tout entre deux tranches de pain de mie saisi à la poêle ou au four. 
  7. a b Jornal Público (26 de Abril de 2011). «EUA: Francesinha entre as dez melhores sanduíches do mundo». Consultado em 27 de Abril de 2011 
  8. a b Excluindo a alusão fantasiosa às “catraias” francesas, feita quase 70 anos depois, empregando um inconcebível plural para explicar um singular que é o nome “francesinha”, o entrevistado Júlio Couto propôs na época, início dos anos 1950, ao Daniel da Silva a palavra “francesinha”, epíteto já então muito conhecido da sanduíche mista quente, para a variação da sanduíche francesa “croque-monsieur” feita com um molho picante. Este molho era a única inovação introduzida na feitura da sanduíche mista quente adaptada para consumo exclusivo no restaurante A Regaleira. O termo baptizar não significa criar um novo nome, logo o epíteto não foi inventado nessa época, visto que ele já era conhecido muito antes do alegado baptismo da variação com molho picante. [3]
  9. Eilert Ekwall, The Concise Oxford Dictionary of English Place-names, p.404.[4]
  10. Fonética: ʀulmɑ̃ [5]
  11. 2. Rodízio [6]
  12. Definição em francês no wiktionnaire[7]
  13. Certificação de faturas comerciais por meio de visto consular[8]
  14. Certificado de origem[9]
  15. Menção “rolemã” em anúncio para se vender motor eléctrico de 5 H.P. inserido no Jornal do Brasil (RJ) publicado no domingo, dia 12 de Março de 1944 [10]
  16. Motor eléctrico de 5 HP com rolemã – no texto de anúncio inserido no Jornal do Brasil, publicado no Sábado, dia 21 de Maio de 1944 [11]
  17. Venda de bens penhorados: secador rotativo grande montado sobre suportes de madeira com rolemans – publicado no jornal Correio Paulistano (SP) – Domingo, dia 16 de Dezembro de 1945 [12]
  18. Menção da locução “rolemã do pinhão” no texto do “Jornal de Notícias” (SP) publicado aos 12 de Junho de 1946 [13]
  19. Realiza-se nos tempos atuais uma corrida com brinquedo carrinho de rolemã em Campos (RJ) [14]
  20. Dia dos carrinhos de rolemã[15]
  21. Carrinho de rolemã no Elo7[16]
  22. Vide definição 6. roulement à billes, locução francesa constante do wiktionnaire[17]
  23. Pronúncia conforme fonética do português europeu: ʀulmɑ̃ portugues/roulement#roulement%20%C3%A0%20billes
  24. Biografia de Philip Vaugh, Carmarthen (País de Gales) [18]
  25. A invenção de Jules Pierre Suriray [19]
  26. [20]
  27. A grafia rolimã publicada em jornal[21]
  28. [22]
  29. Vide o verbete rolemã no wikcionário[23]
  30. Dictionary of Technical Terms (Dicionário Técnico), Armin H. Keller, publicado pela ITS - International Textile Service Limited, Zürich / Suíça, 1965. Fonte do termo técnico empregado nesta página. Não é acessível para consulta on-line, apenas informação bibliográfica: ITS Textile Guide by Armin H Keller Vol. 2: Textile Dictionary in 6 Languages [24]
  31. O termo técnico rolemã pode sempre ser retrovertido em inglês por ball-bearing[25]


Teuto-brasileiro (discussão) 12h43min de 19 de outubro de 2020 (UTC)