Retrato de Caspar David Friedrich, por Gerhard von kügelgen (c. 1810-20)
O Caminhante Sobre o Mar de Nuvens (1818). 94,8 X 74,8 cm, Kunsthalle Hamburg. Essa famosa pintura, conhecida por retratar o espírito do Romantismo, foi descrita pelo escritor John Lewis Gaddis como uma obra que destaca a insignificância do indivíduo diante da extensa paisagem, e que não se é possível saber se ele tem uma expressão de horror ou de entusiasmo, ou ambos juntos.[1]

Caspar David Friedrich (5 de Setembro, 1774 – 7 de Maio, 1840) foi um pintor alemão do século XIX, geralmente considerado o mais importante do Romantismo na Alemanha.[2] Sua obra é conhecida pela fase das paisagens alegóricas, cuja principal característica era retratar figuras silhuetadas que contemplavam céus escuros, ou névoas matinais, árvores estéries ou ruínas góticas.

Nascido na cidade Swedish Pomerian de Greifswald, onde começou seus estudos artísticos quando jovem, seu principal interesse como artista era a contemplação da natureza, e é freqüente seus trabalhos simbólicos e anti-clássicos buscarem uma réplica emocional e subjetiva do mundo natural: a obra de Friedrich se caracteriza em colocar o Homem como algo inferior quando em meio a perspectiva das grandes paisagens, reduzindo as figuras numa escala que, de acordo com o historiador de arte Christopher John Murray, "[dirige] o olhar do espectador para sua dimensão metafísica."[3] Friedrich concluiu seus estudos em Copenhagen até 1798, antes de se estabelecer em Dresden. Chegou num período em que a Europa inteira - num crescente desencanto com a sociedade materialista - dava cada vez mais uma nova valorização à espiritualidade, e essa mudança ideológica foi bastante aproveitada por artistas como JMW Turner (1775-1851), John Constable (1776-1837) e pelo próprio Friedrich, que procuravam retratar a natureza como "uma criação divina, sendo colocada contra o artíficio da civilização humana".[2]

Suas obras lhe trouxeram notoriedade no início de sua carreira: contemporâneos como o escultor francês David d'Angers (1788-1856) o consideravam como um homem que havia descoberto "a tragédia da paisagem".[4] Contudo, seus trabalhos sofreram uma grande desvalorização quando ele se aproximou de seus últimos anos, morrendo na obscuridade e, segundo as palavras do historiador de arte Philip Miller, "meio louco".[5] Como a Alemanha avançou em modernização no final do século XIX e, consecutivamente, um novo sentido de urgência caracterizou a arte do país, as representações que Friedrich fazia acerca da quietude começaram a ser vistas como um produto da era passada. Já o século XX, no entanto, trouxe consigo uma apreciação nova de sua obra, que se iniciou com uma exposição de trinta e duas de suas pinturas e esculturas em Berlim, no ano de 1906.

Na década de 1920, suas pinturas eram descobertas por expressionistas, e nas décadas de 1930 e 1940 começaram a ser descobertas por surrealistas e existencialistas que freqüentemente se inspiravam em sua obra. A ascensão do Nazismo no início dos anos de 1930 testemunhou um ressurgimento da popularidade de Friedrich, mas essa popularidade acabou resultando em um grande declínio, quando suas pinturas foram, por associação com o movimento nazi, erroneamente interpretadas como um aspecto nacionalista.[6] Mas foi em fins da década de 70 que Friedrich recupera sua reputação como um ícone do Movimento Romântico Alemão e um pintor de importância internacional.[2]

  1. Gaddis, John Lewis. The Landscape of History: How Historians Map the Past. Oxford: Oxford University Press, 2004. 1. ISBN 0-1950-6652-9
  2. a b c Vaughan (1980), p. 65 Erro de citação: Código <ref> inválido; o nome "vaughan" é definido mais de uma vez com conteúdos diferentes
  3. Murray, p. 338
  4. Quando David fazia uma viagem à Dresden em 1834; citado por Vaughan (2004), 295
  5. Miller, Philip B. "Anxiety and Abstraction: Kleist and Brentano on Caspar David Friedrich". Art Journal, Volume 33, No. 3, Primavera de 1974. p.205–210
  6. Forster-Hahn, Françoise. "Recent Scholarship on Caspar David Friedrich". The Art Bulletin, Volume 58, No. 1, Março de 1976, p. 113–116