Vitálio (mestre dos soldados)

Vitálio (em latim: Vitalius) foi um oficial bizantino do século VI, ativo no reinado do imperador Justiniano (r. 527–565) no Reino Ostrogótico por ocasião do conflito com o Império Bizantino.

Vitálio
Nacionalidade Império Bizantino
Ocupação Oficial

Vitálio aparece pela primeira vez na primavera ou verão de 539, quando estava na Venécia. Na ocasião, os hérulos, que estavam retornando da Itália para Constantinopla após a reconvocação de Narses, encontraram-no e deixaram com ele Visando e seus apoiantes. É possível, como sugerido pelos autores da Prosopografia, que Vitálio já fosse mestre dos soldados da Ilíria e que adquiriu o posto em 538/9 em sucessão de Justino. No começo de 540, quando Belisário sitiou Ravena, partiu para ajudá-lo com exército da Dalmácia e montou guarda na margem norte do rio Pó, para evitar que suprimentos chegassem aos godos em Ravena por aquela rota; a margem sul foi vigiada por Magno. Num golpe de sorte, o nível do rio baixou e capturaram muitos barcos com cereais e outros suprimentos da Ligúria. Mais tarde, a medida que o cerco avançou, recebeu ordens para ir à Venécia e capturar quantos sítios fosse possível.[1]

Após a queda de Ravena e o retorno de Belisário para Constantinopla, Vitálio permaneceu na Venécia. Estava lá com um grande exército que incluía muitos hérulos em 540/1 e foi o único comandante a agir contra o rei Ildibaldo (r. 540–541) e tentar parar o ressurgimento do Reino Ostrogótico. Arriscou batalhar, ao lado de Visando e Teodimundo, perto de Tarbésio, mas foi derrotado por Ildibaldo com pesadas baixas e fugiu.[2] Após Tótila (r. 541–552) tornar-se rei, Vitálio e outros oficiais se encontraram em Ravena para decidir o curso de ação. Decidiram capturar Verona e então mover-se contra Tótila em Ticino. A tentativa de capturar Verona foi um fracasso, pois os bizantinos deixaram passar a oportunidade de entrar na cidade, que estava aberta para eles por conta de uma traição, e foram obrigados a retroceder em direção a Favência. No caminho, Tótila encontrou-os e os derrotou esmagadoramente e eles foram obrigados a se abrigar nas cidades da região.[3]

Em 544, Vitálio retornou para o Oriente, deixando para trás as tropas ilírias. Sob ordens do imperador, acompanhou Belisário à Trácia onde recrutaram aproximados quatro mil soldados antes de ir para Salona com intuito de velejar para Ravena e continuar a guerra de lá; foi Vitálio que persuadiu Belisário a fazer dela sua base. Provavelmente velejaram para Pula e então para Ravena. Ao chegarem na Itália, Vitálio recebeu ordens de marchar à Emília com suas tropas ilírias e Torismundo para tentar capturar alguns sítios lá. Aceitou a rendição de vários fortes próximos de Bonônia, mas então permaneceu inativo em Bonônia. Nesse momento, as tropas ilírias sob seu comando, que serviram na Itália por muito tempo e deveriam receber altos pagamentos, souberam que a Ilíria estava sob ataque dos hunos e escolheram desertar e retornar para casa. Ciente disso, Tótila enviou um exército para Bonônia para capturar Vitálio e os outros, mas foram emboscados e obrigados a fugir. É possível que Vitálio e Torismundo retornaram para Ravena depois disso, mas Procópio de Cesareia, a principal fonte do conflito, não faz menção a ele.[4]

Referências

  1. Martindale 1992, p. 1380.
  2. Martindale 1992, p. 1380-1381.
  3. Martindale 1992, p. 336; 1381.
  4. Martindale 1992, p. 1381.

Bibliografia

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  • Martindale, John R.; Jones, Arnold Hugh Martin; Morris, John (1992). «Vitalius 1». The Prosopography of the Later Roman Empire - Volume III, AD 527–641. Cambrígia e Nova Iorque: Imprensa da Universidade de Cambrígia. ISBN 0-521-20160-8