Yeda Brown
Yeda Brown (Bagé, 1945) é uma vedette e atriz brasileira que ganhou notoriedade na Espanha, durante as décadas de 1970 e 1980, por ser uma das primeiras mulheres transexuais com visibilidade na mídia. Foi considerada uma das musas de Salvador Dalí e da Transição Espanhola.[1][2][3][4]
Biografia
editarBrown nasceu em 1945 no município de Bagé, no estado de Rio Grande do Sul. Filha de um oficial do exército brasileiro que a obrigou a fazer o serviço militar, se mudou para o Rio de Janeiro em 1967.[1]
Antes de residir na Espanha a partir de 1975 Yeda Brown tinha trabalhado como vedette nos cabarés parisinos Carrousel e Madame Arthur.[3] Ela se estabeleceu em Barcelona e participou de um show no Salão Noturno de Barcelona. Por ter sido submetido a uma cirurgia de mudança de sexo em Bruxelas, chamou a atenção da imprensa e apareceu em revistas como Diez minutos ou Papillón, que se concentrava na técnica cirúrgica que era uma novidade na Espanha.[2]
Entre 1977 e 1978 ela continuou sua carreira artística de sucesso em vários teatros e teatros espanhóis, sendo a primeira figura em muitos espetáculos e compartilhando a conta com personagens como Paco España.[4] Ao mesmo tempo, ela combinou sua carreira de vedette com aparições em filmes. Ela apareceu em El transexual (1977) pelo diretor José Jara, o primeiro filme que mistura documentário e ficção sobre o tema da transexualidade no cinema espanhol, no qual ela se limitou a dar seu testemunho.[5] No ano seguinte realizou um papel secundário em Rostos de Juan Ignacio Galván e protagonizada por Carmen Sevilla e Bárbara Rei. Em 1979 faz um breve aparecimento em História de S de Francisco Lara Polop.[2] Além do cinema, Yeda foi capa de revistas eróticas da época, como Party, Pill, Garbo, Clímax ou Lib.[3]
Na década de 1980 seus aparecimentos em imprensa eram mínimas, ainda que sua carreira em cabarés e teatros continuou. Desde 1989 residiu em Benidorm, onde foi a figura principal de importantes salas do município alicantino. Em 1996 foi agredida por um aposentado de Extremadura que foi a um de seus shows, que mordeu seu seio enquanto Yeda apertava seu peito contra o rosto do agressor como parte do espectáculo.[2][6]
Na década de 1990 Yeda era regular em programas de televisão e talk shows noturnos sobre transexualidade em programas como Parle vosté, rua vosté, Querida Carmen, El programa de Ana, Aqui se discute ou Esta noche cruzamos el Mississippi.[2]
Em 2012, Yeda Brown voltou para seu país natal, e em 2016, graças à colaboração do Núcleo de Prática Jurídica da FACHA, conseguiu que o Estado brasileiro reconhecesse sua identidade de gênero em sua Carteira de Identidade.[2][7] Este processo foi narrado no documentário Yeda Brown - Efeito Borboleta.[8][9]
Filmografia
editar- El transexual (1977)
- Rostos (1978)
- História de S (1979)
- Yeda Brown - Efeito Borboleta (2017)
Referências
- ↑ a b Fernandes, Rita (16 de abril de 2017). «Mudança de sexo: cirurgias clandestinas na ditadura» [Cambio de sexo: cirugías clandestinas en la dictadura]. Colabora. Consultado em 25 de dezembro de 2020
- ↑ a b c d e f Vegas, Valeria (2020). Libérate: la cultura LGTBQ que abrió camino en España (em espanhol). [S.l.: s.n.] pp. 359–362. ISBN 978-84-121428-8-4
- ↑ a b c Feenstra, Pietsie; Sánchez-Biosca, Vicente (20 de agosto de 2014). Le cinéma espagnol: Histoire et culture (em francês). [S.l.]: Armand Colin. ISBN 978-2-200-29514-1
- ↑ a b «Estreno del musical "Pecar en Madrid"». El País (em espanhol). 12 de julho de 1979. ISSN 1134-6582. Consultado em 25 de dezembro de 2020
- ↑ Filmoteca de Andalucía (março de 2018). «El transexual» (PDF). filmotecadeandalucia.es. Consultado em 26 de dezembro de 2020
- ↑ Jaime (26 de setembro de 1996). «PRUEBA DE LA VERDAD». El País (em espanhol). ISSN 1134-6582. Consultado em 25 de dezembro de 2020
- ↑ «TRANSEXUALIDADE E DIREITOS UNIVERSAIS FACHA - BOTAFOGO». eventos.facha.edu.br. Consultado em 25 de dezembro de 2020
- ↑ «O documentário "Yeda Brown - Efeito Borboleta" vence a 10ª edição do Concurso Sílvio Tendler de Vídeos». www.revistafatorbrasil.com.br. 9 de dezembro de 2017. Consultado em 25 de dezembro de 2020
- ↑ «Professor da Universidade de Miami discute transexualidade em faculdade no Rio». Extra Online. 14 de abril de 2017. Consultado em 25 de dezembro de 2020
Ligações externas
editar- Yeda Brown. no IMDb.