Zenilton
José Nilton Veras, mais conhecido pelo apelido Zenilton (Afogados da Ingazeira, 14 de fevereiro de 1939), é um cantor, compositor e sanfoneiro pernambucano, que ganhou fama pelo teor humorístico de suas letras, recebendo o título de "rei do duplo sentido".[1][2]
Zenilton | |
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Informação geral | |
Nome completo | José Nilton Veras |
Também conhecido(a) como | Rei do Duplo Sentido |
Nascimento | 14 de fevereiro de 1939 (85 anos) |
Origem | Afogados da Ingazeira |
País | Brasil |
Gênero(s) | baião, xote, toada, marcha, forró de duplo sentido |
Instrumento(s) | acordeão |
Período em atividade | 1960 – atualmente |
Gravou 42 LPs,[3] com cerca de 650 músicas, registrada por selos como Copacabana, Chantecler e CBS.[1]
Biografia
editarZenilton nasceu José Nilton Veras, em 14 de fevereiro de 1939, na cidade de Afogados da Ingazeira, Pernambuco, sendo criado em Salgueiro.
Ainda criança começou a gostar de música e, aos 14 anos, começou a aprender a tocar acordeão, almejando um futuro como músico profissional. Seu pai, que era dentista do Exército, foi contra, apesar de fazer rolo em sanfona de oito baixos, por achar que ele deveria focar nos estudos.[4][5]
Em 1958, pegou um caminhão em Salgueiro e em 18 dias chegou em São Paulo. "Veio a ideia de arrumar dois caras, um pra zabumba, e outro triângulo. Fui pra Praça da Sé. Levava um balaio, enchia o balaio inteiro, três vezes por semana". Um português lhe viu tocando nesta praça e pediu aulas de sanfona, tendo Zenilton passado a dormir em um quarto nos fundos do seu bar e a trabalhar para ele de dia. O europeu voltou ao seu país e Zenilton comprou o bar. "E fui comprando outros. Cheguei a ter 14 bares pequenos, tipo lanchonete. Daí fui conhecendo os músicos, o povo do rádio começou a me convidar e acabei abraçando a carreira".[4]
Em uma festa numa fazenda, Rancho Alegre (Bahia), apresentou as principais músicas de Luiz Gonzaga, que ainda ia cantar na mesma ocasião. O Rei do Baião lhe deu um carão, dizendo que Zenilton estragara seu show, recomendando-lhe achar seu próprio estilo. Foi aconselhando também por Raul Seixas, a gravar coisas engraçadas, quando então gravou "Capim Canela". No ano seguinte, sendo tocado nas principais rádios, cantou na mesma fazenda e foi parabenizado por Gonzagão.[4][1]
Seu primeiro álbum, Fofocando, foi gravado em 1967 pela gravadora Chantecler, e já trazia letras bem humoradas.[6] Usando da cacofonia ao longo da carreira, virou referência da música nordestina de duplo sentido.
Com seus trocadilhos, escapou da censura vigente na época do regime militar.[7]
No auge, participou de eventos ao lado de artistas igualmente consagrados: Ângela Maria, Altemar Dutra, Vicente Celestino, Nelson Gonçalves, Raul Gil. Tocou no Clube do Bolinha e na Venezuela.[1]
Na década de 1990, a banda de rock Raimundos gravou algumas de suas canções, como "O pão da minha prima", "Tá querendo desquitar" e "Rio das pedras". Zenilton fez shows e gravou com o grupo, como no programa Domingo Legal, em parceria chamada de Forrocore.[4][8][9][10] Em 2014, no álbum "Cantigas de Roda", a banda brasiliense incluiu "O gato da Rosinha", outro sucesso de Zenilton.
Em 1997, foi diplomado Cidadão de Aracaju. Nesta cidade, acumula participações no festival Forró Caju, algumas vezes junto com Dominguinhos.[2][11][12][13][14]
Em 2015, fez sucesso nas redes sociais uma música sua de protesto: "Os ladrões da Petrobrás".[4]
Tendo morado em Portugal alguns anos, onde exerceu influência em Quim Barreiros,[15] voltou ao Brasil, passando em São Paulo e retornando em seguida para Salgueiro.[4]
É crítico das atuais bandas de "forró", observando falta de originalidade e apontando ainda que forró é a festa, não um ritmo. "A música continua sendo o baião, xote, a toada. Apareceram estas bandas da vida e vieram com esta história de forró".[4][16]
Discografia
editar- 1970 - Forró Pra Frente
- 1975 - Mulata Danada
- 1976 - Parece Mas Não É
- 1978 - Zenilton
- 1979 - Não Vá Atrás de Conversa
- 1980 - Meu Casamento
- 1981 - Cachimbo da Mulher
- 1982 - O GriLo Dela
- 1983 - O Danado Dela
- 1984 - Rola Fogo-Pagô
- 1985 - Forró Meio a Meio
- 1986 - Comilho Cru
- 1987 - Eu Vou Botar o Saco Pra Dentro
- 1988 - Educa o Branco, Educa o Preto
- 1989 - Quando Eu Ia Ela Voltava, Quando Ela Voltava Eu Ia
- 1989 - Eu Vou Pedir o Quati
- 2007 - Acabou-se Tudo
- 2008 - Zenilton - Arquivo de Sucessos
- 2008 - Zenilton e Seus Sucessos
Referências
- ↑ a b c d Andrade, Emanuel (22 de setembro de 2015). «Rei das músicas de duplo sentido, Zenilton está de volta a Salgueiro e faz "desomenagem" ao caso Petrobras». JC. Consultado em 28 de fevereiro de 2023
- ↑ a b «Zenilton é alegria em duplo sentido no Forró Caju». www.aracaju.se.gov.br. 22 de junho de 2008. Consultado em 28 de fevereiro de 2023
- ↑ «Zenilton é alegria em duplo sentido no Forró Caju [entrevista]». www.aracaju.se.gov.br. 22 de junho de 2008. Consultado em 1 de março de 2023
- ↑ a b c d e f g TELES, JOSÉ (20 de junho de 2017). «Zenilton Voltou para Salgueiro e Agora Faz Forró de Protesto». JC. Consultado em 28 de fevereiro de 2023
- ↑ Zenilton – Educa o branco, educa o preto. Forró em Vinil. 29-2-2008.
- ↑ Zenilton – Fofocando. Forró em Vinil. 10-8-2009.
- ↑ Zenilton – Comilho Cru. Forró em Vinil. 6-12-2007.
- ↑ Rótulo de "forró-core" atrapalhava mais que ajudava, diz Raimundos, Portal Terra, 2012, consultado em 28 de fevereiro de 2023
- ↑ ANSELMO SOBRINHO, Jorge Alexandre Fernandes. Entre a sanfona e a guitarra: hibridismos e identidades no rock'n'roll e heavy metal nacionais dos anos 90. 2013. 127 f., il. Dissertação (Mestrado em História)—Universidade de Brasília, Brasília, 2013. Disponível em: https://repositorio.unb.br/handle/10482/13459.
- ↑ Autran, Tomaz. «Folha de S.Paulo - Raimundos querem implodir São Paulo - 10/11/1996». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 1 de março de 2023.
Zenilton, o guru musical dos rapazes, e Rios, uma dançarina de axé music, colocam lenha na fogueira sonora da banda brasiliense.
- ↑ «Público fiel comparece ao show de Dominguinhos». www.aracaju.se.gov.br. 23 de junho de 2008. Consultado em 1 de março de 2023
- ↑ «Dominguinhos sobe ao palco no Forró Caju 2005». www.aracaju.se.gov.br. Consultado em 1 de março de 2023
- ↑ «Zenilton é a última atração do palco Gerson Filho». Infonet. 27 de junho de 2005. Consultado em 1 de março de 2023
- ↑ «Zenilton abre última noite do Forró Caju». www.institutomarcelodeda.com.br. 30 de junho de 2002. Consultado em 1 de março de 2023
- ↑ «Sobre mim - Quim Barreiros». quimbarreiros.pt. Consultado em 1 de março de 2023
- ↑ «Zenilton declara sua sergipanidade». Infonet. 28 de junho de 2004. Consultado em 1 de março de 2023
Ligações externas
editar- Zenilton & Sua História - DOCUMENTÁRIO (2017), canal FABIANO VERAS, YouTube.
- Zenilton no Instagram
- Zenilton - Tema, YouTube