Margarida Lopes de Almeida

declamadora e escultora brasileira

Margarida Lopes de Almeida, também conhecida como Margarida Lopes e Margarida Fortunata de Almeida,[1] (Rio de Janeiro, 7 de abril de 1896 - Rio de Janeiro, 20 de junho de 1983)[2] foi uma declamadora, poetisa e escultora brasileira. Era considerada uma declamadora exímia, fundadora da nova escola de declamação no Brasil, sendo conhecida no país como "A Moça que Apregoa Versos" e a "Arquimilionária da Poesia".[3] Era filha da escritora, romancista e abolicionista Júlia Lopes de Almeida, e do poeta Filinto de Almeida, e irmã do também poeta Afonso Lopes de Almeida e de Albano Lopes de Almeida.[4]

Margarida Lopes de Almeida
Margarida Lopes de Almeida
Nascimento 7 de abril de 1896
Rio de Janeiro, DF
Morte 1979 (83 anos)
Causa da morte Insuficiência respirátoria aguda
Nacionalidade brasileira
Progenitores Mãe: Júlia Lopes de Almeida
Pai: Filinto de Almeida
Ocupação declamadora
poetisa
escultora

Biografia editar

Margarida nasceu a 7 de abril de 1896,[5] na rua Aprazível do bairro de Santa Teresa, da cidade do Rio de Janeiro, filha da romancista Júlia Lopes de Almeida e do poeta Filinto de Almeida, fundadores da Academia Brasileira de Letras.[6] Estudou na escola de Paula Macedo, no mesmo bairro, também ela escritora sob o pseudônimo Lia de Santa Clara. Nascida numa família muito ligada às artes, desde a infância que esteve em contacto com a poesia, sendo visitas frequentes da família nomes como Olavo Bilac, Raimundo Correia, Alberto de Oliveira, João do Rio, e Artur de Azevedo.[4]

Morreu em 1979, no Hospital da Ordem do Carmo, vítima de uma insuficiência respiratória aguda.[7]

Declamação editar

Apresentou-se ao público ainda em criança, declamando poemas durante uma conferência, e participando com frequência nos saraus literários do salão do Jornal do Commercio, e na Escola Nacional de Belas-Artes.[4]

Foi a primeira artista a se apresentar ao público para fazer um espetáculo unicamente de declamação, estreando no Rio de Janeiro em 1921.[8]

Era considerada declamadora exímia,[9] fundadora da nova escola de declamação no Brasil.[10]

Escultura editar

 
Busto em bronze de Júlia Lopes de Almeida, em Lisboa, executado por Margarida em 1939.

Entre outros trabalhos, Margarida Lopes de Almeida é autora do busto de Júlia Lopes de Almeida, executado em 1939 em bronze sobre pedestal de pedra, oferecido pelas mulheres brasileiras às portuguesas, inaugurado em 28 de março de 1953 no Jardim Gomes Amorim, localizado na Praceta da Avenida António José de Almeida, em Lisboa, Portugal,[11], escultura homónima era exposta no Passeio Público do Rio de Janeiro[12]; e da escultura em bronze "Creoula", de 1940, parte do acervo do Museu Nacional de Belas Artes.[13]

Passagens por Portugal editar

Em 1927, esteve no Funchal, na ilha da Madeira, onde deu um recital no Teatro Arriaga, atual Teatro Municipal Baltazar Dias.[14]

 
Placa no Teatro Municipal Baltazar Dias homenageando Margarida Lopes de Almeida aquando da sua passagem pelo Funchal em abril de 1934.

Em dezembro de 1933, referida como insigne diseur e escultora brasileira, chegou a Lisboa, a bordo do vapor Bagé, em trânsito para Paris.[15]

A 22 de abril de 1934, chegou ao Funchal, a bordo do vapor Madrid, vinda de Lisboa e a caminho de Paris, ficando hospedada no Savoy Hotel.[8] Realizou dois recitais no Teatro Municipal, com interpretações de poetas portugueses, brasileiros, espanhóis e franceses,[14] tendo, no intervalo do segundo recital, sido descerrada uma lápide comemorativa comemorando a sua passagem pelo Teatro Municipal, com discurso do então governador civil do Funchal, António Caldeira Coelho.[16]

Em 7 de abril de 1946, voltou a passar pelo Funchal, a bordo do Serpa Pinto, vinda de Lisboa em missão especial do Ministério das Relações Exteriores do Brasil.[17]

Chegou novamente no Funchal, a 2 de novembro de 1952, a bordo do navio Vera Cruz, partindo para Lisboa no Serpa Pinto a 9 do mesmo mês. Aí atua no Teatro São Luís, antes de seguir em tourné pela Europa.[3][18]

Em abril de 1961 actuou no Teatro D. Maria II, em Lisboa, vinda de uma tourné por Angola e Moçambique [19]

Homenagens editar

O escultor franco-polonês Paul Landowski usou as mãos da poeta Margarida Lopes de Almeida como modelo para as mãos da estátua do Cristo Redentor, inaugurada dia 12 de outubro de 1931 no Rio de Janeiro.[20]


Em 19 de fevereiro de 1934, foi agraciada em Portugal com o grau de Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada.[21][22] Em março do mesmo ano, foi descerrada uma placa em mármore no salão nobre do Teatro Municipal Baltazar Dias, em sua homenagem e comemorando a sua passagem pelo Funchal.[16]

Referências

  1. Cultural, Instituto Itaú. «Margarida Lopes de Almeida». Enciclopédia Itaú Cultural. Consultado em 17 de junho de 2020 
  2. Macêdo, Nicoli Braga (1 de janeiro de 2023). «Uma Singularidade Plural: Margarida Lopes de Almeida (1896-1983)». I Encontro de Jovens Investigadores de História e Cultura Luso-Brasileira. Consultado em 3 de maio de 2023 
  3. a b «Vem à Madeira a eminente declamadora Margarida Lopes de Almeida» (PDF). Diário de Notícias (Madeira), ARBPM. 9 de setembro de 1952. Consultado em 17 de junho de 2020 
  4. a b c Dicionário mulheres do Brasil. [S.l.]: Jorge Zahar Editor. 2000. p. 727. ISBN 9788537802151 
  5. Anuário. [S.l.]: Academia de Letras do Estado do Rio de Janeiro. 1997. p. 126 
  6. Diniz, Anamaria. (2017). O itinerário pioneiro do urbanista Attilio Corrêa Lima. São Paulo: Paco Editorial. p. 149. OCLC 1108572614 
  7. «Guia Legal». www.oguialegal.com. Consultado em 17 de junho de 2020 
  8. a b «A grande declamadora brasileira, D. Margarida Lopes de Almeida» (PDF). Diário de Notícias (Madeira), ARBPM. 6 de maio de 1934. Consultado em 17 de junho de 2020 
  9. 50 anos de literatura: perfil das patronas. [S.l.]: Instítuto Estadual do Livro. 1993. p. 51 
  10. Mulheres do Brasil: (pensamento e ação). [S.l.]: Editôra H. Galeno. 1971. p. 692 
  11. «Diretorio de contactos - Informações e Serviços». informacoeseservicos.lisboa.pt. Consultado em 17 de junho de 2020 
  12. Macêdo, Nicoli Braga (1 de janeiro de 2023). «Uma Singularidade Plural: Margarida Lopes de Almeida (1896-1983)». I Encontro de Jovens Investigadores de História e Cultura Luso-Brasileira. Consultado em 3 de maio de 2023 
  13. «Creoula - Margarida Lopes De Almeida». Google Arts & Culture (em inglês). Consultado em 17 de junho de 2020 
  14. a b «D. Margarida Lopes de Almeida» (PDF). Diário de Notícias (Madeira), ARBPM. 22 de abril de 1934. Consultado em 17 de junho de 2020 
  15. «Margarida Lopes de Almeida» (PDF). Diário de Notícias (Madeira), ARBPM. 22 de dezembro de 1933. Consultado em 17 de junho de 2020 
  16. a b «D. Margarida Lopes de Almeida realisa hoje no Teatro Arriaga o seu segundo recital» (PDF). Diário de Notícias (Madeira), ARBPM. 3 de maio de 1934. Consultado em 17 de junho de 2020 
  17. «Margarida Lopes de Almeida está hoje de passagem no Funchal» (PDF). Diário de Notícias (Madeira), ARBPM. 7 de abril de 1946. Consultado em 17 de junho de 2020 
  18. «Margarida Lopes de Almeida» (PDF). Diário de Notícias (Madeira), ARBPM. 7 de novembro de 1952. Consultado em 17 de junho de 2020 
  19. «Margarida Lopes de Almeida deu em Lisboa um brilhante recital» (PDF). Diário de Notícias (Madeira), ARBPM. 6 de abril de 1961. Consultado em 17 de junho de 2020 
  20. «7 curiosidades sobre o Cristo Redentor». Revista Azul. 11 de julho de 2020. Consultado em 11 de março de 2021 
  21. «Telegramas de Portugal» (PDF). Diário de Notícias (Madeira), ARBPM. 22 de fevereiro de 1934. Consultado em 17 de junho de 2020 
  22. «Entidades Estrangeiras Agraciadas com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Margarida Lopes de Almeida". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 10 de setembro de 2020