Álvaro Arnaldo d'Almeida Correia de Lemos foi um locutor e produtor de rádio. Nasceu em Lisboa, a 16 de dezembro de 1929 e faleceu em Ponta Delgada na Ilha de São Miguel - Açores, a 28 de novembro de 2013.[1]

Primeiros passos editar

Álvaro de Lemos nasceu na Rua da Rosa (Bairro Alto) e era filho de uma cantadeira de fados, Cecília Rocha d'Almeida e de um marinheiro, Luís Correia de Lemos, perdeu a mãe quando tinha apenas dois anos, passando a ser educado pelos avós, Henriqueta de Lima Correia de Lemos e Arnaldo Corrêa de Lemos. Aos quatro anos de idade já dizia versos aos microfones da Rádio Graça.

No Natal de 1937, estreou-se como ator na revista-fantasia O Preto Mazalipatão, interpretada por crianças, que esteve em cena no Éden Teatro, em Lisboa, durante três meses, sob orientação do ator Eugénio Salvador. Devido ao grande sucesso, o espetáculo esteve em cena no Teatro da Trindade, durante mais um mês. Do elenco fazia também parte os artistas Milú, Manuel Paião e Maria José (mãe de Rita Ribeiro).

Ainda no teatro, trabalhou ao lado de grandes nomes como Maria Matos, Assis Pacheco e Álvaro Benamor.[2]

Desempenhou funções em várias estações de rádio dos Emissores Associados de Lisboa, altura em que fez dois cursos de locução e um de teatro.[3]

Início da carreira na Rádio editar

Com 14 anos, Álvaro de Lemos foi convidado para trabalhar no Clube Radiofónico de Portugal e, dois anos mais tarde, começou a apresentar os programas de variedades daquela emissora, sendo na altura o mais novo locutor português.

Posteriormente passou pelos microfones da Rádio Renascença, onde fazia a locução dos concertos semanais da Banda Sinfónica da Guarda Nacional Republicana.

Nesta estação participou ainda numa radionovela.

Em 1958 foi repórter no sensacional e polémico programa A Invasão dos Marcianos.[4]

Rádio Clube de Moçambique editar

Em 1960, Álvaro de Lemos recebeu duas propostas de trabalho, sendo a primeira da parte do Rádio Clube Português, e a outra do Rádio Clube de Moçambique. Na altura, o locutor optou por ir para a estação de Moçambique, onde ocupou o cargo de chefe de locutores durante 15 anos. Participou também na rubrica Teatro em Sua Casa, dirigida por Sara Pinto Coelho (mãe de Carlos Pinto Coelho).

Regresso a Lisboa editar

Em 1974, após o 25 de Abril, Álvaro de Lemos regressou a Lisboa e, depois de uma breve passagem pela Rádio Graça, ingressou nos quadros da Radiodifusão Portuguesa (atual RTP), quando foi nacionalizada.[4]

RDP/Açores editar

Dois anos depois de ter regressado a Portugal, Álvaro de Lemos recebeu uma proposta de trabalho para integrar os quadros da RDP/Açores (atual RTP Açores), a qual aceitou.

Nos Açores exerceu a função de realizador até ao dia 16 de dezembro de 2000, data em que se reformou, continuando no entanto ligado à rádio, nomeadamente através da participação em programas de grande audiência como Programa da Manhã; Manhãs de Sábado, realizado por Mário Jorge Pacheco; e O Teu Programa, destinado ao público infantil e apresentado com Rosa Margarida.[1]

Outras colaborações editar

Álvaro de Lemos colaborou com a RTP Açores no programa infantil semanal Finalmente Sábado, onde era tratado como "avô Fajeca". Colaborou ainda na série televisiva O Barco e o Sonho (1989), realizada por José Medeiros.

Embora aposentado, continuou a colaborar com a Antena 1 da RTP nos Açores, através da crónica semanal de sábado "Uma no Cravo, outra na Ferradura", publicada igualmente no jornal Correio dos Açores. Na mesma habitualmente se despedia dos ouvintes e dos leitores com um "Adeusinho, até sábado".

Morte editar

Álvaro de Lemos faleceu em Ponta Delgada, ilha de São Miguel, Açores, na noite de 28 de novembro de 2013, vítima de problemas cardíacos.


Referências

  1. a b «Grande Entrevista Açores». rtp.pt. Consultado em 10 de setembro de 2013 
  2. «Morre voz marcante da Antena 1 Açores». rtp.pt. Consultado em 29 de novembro de 2013 
  3. Vasco Pernes (2013). Gente Franca (Antena 1 – Açores, 02/06/2013)
  4. a b Bicudo, Pedro (2010). Grande Entrevista – Álvaro de Lemos (RTP Açores, 22/12/2010)