3.ª Região Militar
A 3ª Região Militar (3ª RM) é uma das doze regiões militares do Exército Brasileiro, sediada em Porto Alegre e com jurisdição sobre o Rio Grande do Sul. Subordinada ao Comando Militar do Sul, tem responsabilidades administrativas e logísticas em território gaúcho. Até 1944–1953 seus comandantes tiveram também autoridade sobre as unidades combatentes no Rio Grande do Sul, onde estava concentrada a força do Exército.
3a Região Militar | |
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Brasão | |
País | Brasil |
Corporação | Exército Brasileiro |
Subordinação | Comando Militar do Sul |
Denominação | Região Dom Diogo de Sousa |
Sigla | 3ª RM |
Aniversários | 12 de Julho de 1919 |
Logística | |
Efetivo | 4 400 (2017)[1] |
Comando | |
Comandante | Gen Div Anysio Luiz Crespo Alves Negrão[2] |
Sede | |
Sede | Porto Alegre - Rio Grande do Sul |
Página oficial | Página oficial |
Organização
editarA 3ª RM é o grande comando territorial de apoio logístico e administrativo no Rio Grande do Sul. É subordinado ao Comando Militar do Sul, cujos comandos operacionais no estado são a 3ª e 6ª Divisões de Exército. Ela comandava organizações em 13 municípios em 2017,[1] com instalações de saúde, instrução e logística.[3][4] Entre outras atividades, ela é responsável pela mobilização,[5] contabilidade de imóveis[6] e suprimento. A região conta com a maior unidade logística do Exército, o 3º Batalhão de Suprimento. De sua sede na Região Metropolitana de Porto Alegre, ele abastece guarnições diretamente ou através de quatro batalhões logísticos no interior, respectivamente em Bagé, Santa Maria, Santiago e Alegrete. O transporte é em viaturas próprias através das rodovias, mas sua sede tem também conexões ferroviárias aos destinos.[7][8]
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História
editarCom essa numeração, a 3ª Região Militar surgiu em 1919, mas sua história oficial é traçada até 1807, com a criação da Capitania de São Pedro do Rio Grande do Sul.[9] Formações responsáveis pelo Rio Grande do Sul existiram antes de 1919: o Comando das Armas da Província do Rio Grande do Sul, no Império,[10] o 6º Distrito Militar, de 1891,[11] 12ª Região de Inspeção Permanente, de 1908,[12] e 7ª Região Militar, de 1915.[13]
Originalmente os comandos da 3ª RM e 3ª Divisão de Infantaria (DI) eram exercidos pelo mesmo oficial, que tinha também autoridade sobre as três divisões de cavalaria no estado.[14] Os maiores efetivos militares eram concentrados no Rio Grande do Sul desde o Império. Na República Velha, oscilavam entre um quarto e um terço do efetivo nacional. Os oficiais eram social e politicamente valorizados no estado, e vários comandantes da 3ª RM galgaram o Ministério da Guerra.[15] Muitos oficiais eram gaúchos, e mesmo os de outros estados frequentemente casavam com gaúchas.[16] A Brigada Militar, “exército estadual” do governo gaúcho, era altamente militarizada e foi transformada em reserva para o Exército.[17]
Na Revolução de 1930 o comando regional estava com o general Gil de Almeida, fiel ao governo federal, mas sua liderança estava fragmentada. Os revolucionários conseguiram dominar o quartel-general, prender o general e derrotar ou incorporar suas tropas no estado.[18] Em 1937 o presidente Getúlio Vargas posicionou no comando o general Daltro Filho como parte de suas articulações contra o governador gaúcho Flores da Cunha. Em outubro, Daltro Filho apresentou a Flores um decreto presidencial de federalização da Brigada Militar. O governador aceitou e renunciou. Daltro Filho foi nomeado interventor, governando o estado até 1938.[19]
O comando da divisão de infantaria foi separado da 3ª RM em 1944, e das divisões de cavalaria no ano seguinte. Todos esses comandos foram subordinados à Zona Militar Sul, precursora do Comando Militar do Sul, instalada em Porto Alegre em 1953. As atribuições restantes do comandante da 3ª RM eram de apoio. As unidades combatentes ainda subordinadas eram as que estavam fora das divisões.[14] Em 1960 a região ainda comandava dois batalhões de carros de combate leves e um grupo de artilharia antiaérea; em 1980, nenhuma unidade combatente.[20]
Notas
- ↑ Não diretamente subordinado, mas apenas vinculado ao comando regional.
Referências
- ↑ a b Nascimento, Nei Leiria do (2017). Transformações territoriais decorrentes da realocação de organizações militares no município de Alegrete/RS (PDF) (Mestrado em Geografia). Santa Maria: UFSM. Consultado em 18 de outubro de 2022. p. 47 e 78.
- ↑ «Comandante da 3ª RM». Visitado em 6 de maio de 2024
- ↑ a b «Subordinação». 3ª RM. Consultado em 19 de novembro de 2022
- ↑ a b «Quartéis». 3ª RM. Consultado em 19 de novembro de 2022
- ↑ Ferraz, Ronnie Anderson Gaúna (2013). GeoMob - contribuições para a mobilização nacional (PDF) (Mestrado em Geomática). Santa Maria: UFSM. Consultado em 19 de novembro de 2022
- ↑ Salazar, João Diogo Farias (2013). A aplicação dos critérios e procedimentos de inclusão do ativo imobilizado ao patrimônio de uma organização militar do Exército (PDF) (Graduação em Ciências Contábeis). Porto Alegre: UFRGS. Consultado em 19 de novembro de 2022. p. 16.
- ↑ Marques, Juliano Appel (2011). Análise da atividade logística de transportes na cadeia de suprimento da 3ª Região Militar (PDF) (Bacharelado em Administração). Porto Alegre: UFRGS. Consultado em 19 de novembro de 2022
- ↑ Pires, Leonardo Iran Acevedo (2006). Proposta de um sistema de informações para gerenciamento de transporte no 3º Batalhão de Suprimento do Exército Brasileiro (PDF) (Bacharelado em Administração). Porto Alegre: UFRGS. Consultado em 19 de novembro de 2022
- ↑ «História». 3ª RM. Consultado em 19 de novembro de 2022
- ↑ Bento, Cláudio Moreira (1989). O Exército na Proclamação da República (PDF). Rio de Janeiro: SENAI. p. 18.
- ↑ BRASIL, Decreto nº 431, de 2 de Julho de 1891. Divide em sete districtos militares o territorio da Republica e extingue os logares de commandante de armas e de brigada.
- ↑ BRASIL, Lei nº 1.860, de 1908. Regula o alistamento e sorteio militar e reorganiza o Exercito.
- ↑ BRASIL, Decreto 11.497, de 23 de fevereiro de 1915. Faz a remodelação do Exercito Nacional.
- ↑ a b Bento, Cláudio Moreira; Giorgis, Luiz Ernani Caminha (1995). História da 3a Região Militar 1889 -1953 (PDF) 2ª ed. Porto Alegre: AHIMTB. p. 233 e 299-300.
- ↑ Fausto, Boris (1995). História do Brasil 2ª ed. São Paulo: Editora da USP; FDE. p. 269.
- ↑ McCann, Frank (2009). Soldados da Pátria: história do Exército Brasileiro, 1889–1937. Traduzido por Motta, Laura Pereira. Rio de Janeiro e São Paulo: Biblioteca do Exército e Companhia das Letras. p. 499-500.
- ↑ Karnikowski, Romeu Machado (2010). De exército estadual à polícia-militar: o papel dos oficiais na 'policialização' da Brigada Militar (1892-1988) (PDF) (Doutorado em Sociologia). Porto Alegre: UFRGS. Consultado em 19 de novembro de 2022. p. 230.
- ↑ Franco, André Luiz dos Santos (2010). As armas de outubro: militares e políticos no movimento belicista de 1930 no sul do Brasil (PDF) (Mestrado em História). Curitiba: UFPR. Consultado em 20 de novembro de 2022
- ↑ Santos, Rodrigo Luís dos (2018). «Dissidências e continuidades no Partido Republicano Liberal no Rio Grande do sul (considerações a partir da análise dos diretórios municipais de São Leopoldo e Novo Hamburgo)» (PDF). Tempos Históricos. 22 (1). Consultado em 20 de novembro de 2022. p. 436.
- ↑ Pedrosa, Fernando Velôzo Gomes (2018). Modernização e reestruturação do Exército brasileiro (1960-1980) (Doutorado em História). Rio de Janeiro: UFRJ. Consultado em 28 de dezembro de 2020. p. 290 e 294.