A. J. Renner

político brasileiro

Antônio Jacob Renner, mais conhecido como A. J. Renner (Feliz, 7 de maio de 1884Porto Alegre, 27 de dezembro de 1966) foi um empresário e político brasileiro e o fundador da Lojas Renner, uma das maiores redes varejistas gaúchas de vestuário. Foi um dos maiores empresários do Rio Grande do Sul.

A.J. Renner
Nome completo Antônio Jacob Renner
Nascimento 7 de maio de 1884
Feliz, Rio Grande do Sul
Morte 27 de dezembro de 1966 (82 anos)
Porto Alegre, Rio Grande do Sul
Nacionalidade Brasileiro
Ocupação empresario

Defendia teses nacionalistas e desenvolvimentistas na concepção de um Estado enquanto sujeito organizador da sociedade, sob a justificativa ideológica do interesse geral acima de anarquias individuais. Assim, A. J. Renner pugnou pelo fortalecimento da indústria, pelo aperfeiçoamento das condições infraestruturais do País, pela racionalização da produção e pela melhoria das condições de vida das populações operárias e urbanas. Ao mesmo tempo, defendia a liberdade de mercado e recuo da intervenção estatal, insistindo na necessidade de racionalização e enxugamento da administração pública. O objetivo de A. J. Renner era promover a integração nacional, o desenvolvimento econômico e a justiça social. Criticava o capitalismo liberal e o comunismo.

Foi ideólogo da representação profissional nos parlamentos e seu membro, integrando conselhos técnicos, liderando associações de classe e desenvolvendo ação militante em favor dos interesses empresarias, como propagandista da indústria.[1]

Biografia editar

Neto de imigrantes alemães, o avô materno foi capitão do Exército Imperial e voluntário na Guerra dos Farrapos. Era filho de Jacob Renner e Clara Fetter.[1] Fixado em Alto Feliz por volta de 1882, o casal abriu no vilarejo uma padaria, que ficou conhecida pelas rosquinhas. O pai era agricultor, e complementava a renda familiar comercializando e consertando máquinas de costura, ou vendendo instrumentos musicais. A. J. Renner nasceu em 1884, e aos dois anos seus pais se mudaram para Montenegro, onde estudou em escola pública e nos estabelecimentos paroquiais particulares.[1] Aos doze anos já trabalhava nas oficinas da refinaria de banha paterna. Aos quatorze, mudou-se para Porto Alegre, onde trabalhou inicialmente como aprendiz e depois como artífice na joalheria Foernges, aprendendo a dominar o ofício de ourives.[1]

Em 1903, com 19 anos retornou para São Sebastião do Caí e, com auxílio paterno, abriu uma ourivesaria.[1] No ano seguinte casou-se com Mathilde Trein, uma das herdeiras da empresa Cristiano J. Trein & Cia., que dominava o comércio de São Sebastião do Caí, comércio este bastante intenso por causa do porto fluvial da cidade, que distribuía as mercadorias vindas de Porto Alegre e escoava a produção da colônia alemã, fazendo o transporte em lombo de burros por trilhas rudimentares.[2]

Após o casamento, deixou o ofício de ourives e iniciou sua atividade empresarial, com o sogro Franz Trein, numa casa comercial na cidade de São Leopoldo.[3] Ingressou como sócio na empresa, com o trabalho de caixeiro-viajante.[1]

Com a inauguração da estrada de ferro, o transporte animal tornou-se obsoleto, mas Renner já havia percebido as necessidades dos colonos em matéria de vestuário.[2]

Em 1911, aos vinte e sete anos, participou da fundação de uma pequena tecelagem, empresa organizada por Christian Trein e Frederico Mentz,[nota 1] que se chamou Frederico Engel & Cia.[1] Um ano depois passou a produzir capas para chuva, inspiradas nos ponchos utilizados pelos gaúchos em campanha, que se tornaram famosas em todo o estado por serem abrigadas e impermeáveis.[2][1] A empresa instalou-se inicialmente num galpão de madeira utilizado para pouso de tropeiros, e o capital investido foi pequeno para a época (54 contos de réis).[2][1] O primeiro ano não obteve bons resultados, consumindo o capital inicial e desanimando os investidores. Renner, tendo depositado ali suas esperanças e economias, propôs seu nome para a direção na reunião dos acionistas que decidiria o futuro da tecelagem.[1] Surgia assim, em 2 de fevereiro de 1912, a A. J. Renner & Cia.[1]

Em 1914 a fábrica iniciou sua instalação na capital, buscando mais proximidade com o consumidor e a matéria-prima. Em 1917, a empresa mudou sua sede definitivamente para Porto Alegre, no bairro Navegantes, buscando maiores oportunidades de crescimento.[2]

Os primeiros tempos foram de muitas dificuldades de cunho técnico (fios importados de baixa qualidade e equipamentos rudimentares) e também financeiras, devido ao pouco capital disponível. Entretanto, a restrição de importações durante a Primeira Guerra Mundial representou um grande aumento de vendas, tendo a fábrica, neste período, passado a trabalhar em três turnos para atender a demanda.[2]

No final da década de 1920, a empresa era a maior indústria de fiação e tecelagem do Rio Grande do Sul, passando a produzir, além das capas de lã, trajes para homens. Seu slogan era "Roupas Renner: a Boa Roupa Ponto por Ponto".[2]

A fabricação de ternos masculinos, até então, era praticamente monopolizada por alfaiates. Com a fabricação em escala industrial, a demanda por este produto passou a ser prontamente atendida, além dos custos serem menores.[2]

Sua empresa ainda foi a responsável pela introdução da técnica da fiação penteada, que permitia a produção de casimiras semelhantes, na qualidade, às casimiras inglesas. Em 1933 iniciou a fiação e tecelagem do linho, estendendo a sua produção para todo o território nacional. Introduziu um sistema vertical de produção, único no país, que compreendia desde a produção do linho e da lã até a confecção e comercialização da roupa.[2]

Envolveu-se com a organização dos sindicatos patronais, tendo sido presidente do Centro das Indústrias do Rio Grande do Sul.[1] Foi eleito, em eleição indireta, deputado estadual, representante classista dos empregados, em 1935. Depois de conflitos políticos, desiludido, renunciou ao cargo em 20 de abril de 1937.[1]

Também foi pioneiro na instituição de serviços para atender a seus funcionários e seus familiares: cooperativa de crédito, cooperativa de consumo, creche e atendimento à saúde.

Participou como capitalista na fundação de outras empresas, tais como as Tintas Renner, com 30%, junto a sua irmã Olga e seus sobrinhos. E com outros sócios em outras empresas, surgindo assim um verdadeiro império industrial e comercial, formado por Lojas Renner, Banco Renner, Tintas Renner e fábrica de tecidos, fábrica de porcelanas, fábrica de feltros, de calçados, de máquinas de costura.[2]

Financiou durante muitos anos o programa informativo Correspondente Renner na Rádio Guaíba de Porto Alegre e o Grêmio Esportivo Renner. Foi também fundador do primeiro Rotary Club em Porto Alegre, do Clube Leopoldina Juvenil e do Porto Alegre Country Club, onde praticava golfe todas as semanas.

Foi pai de seis filhos e avô de catorze netos, os quais continuaram a sua obra em empreendimentos nas mais diversas áreas da economia.

Seu corpo está sepultado na área central Cemitério Evangélico de Porto Alegre junto a outros membros de sua família.

Notas

  1. Outros sócios foram: Adolfo e Carlos Oderich, Frederico Engel, Reinaldo Selbach, João Elias Nabinger, F. J. Michaelsen, Felipe Ritter, Frederico Mueller e Rudolf Kallembach.

Ver também editar

Referências

  1. a b c d e f g h i j k l m RENNER, A. J. A. J. Renner: discursos e artigos (1931/1952); org. por Gunter Axt. – Porto Alegre: Assembléia Legislativa do Estado do RS/CORAG, 2000. 300p..
  2. a b c d e f g h i j SCHEMES, Claudia. Pedro Adams Filho: empreendedorismo, indústria calçadista e emancipação de Novo Hamburgo. PUCRS. Porto Alegre, 2006.
  3. HASS, Ani Maria Schiphorst (1971). Dissertação de Mestrado – Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), ed. O empresariado industrial do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: [s.n.]