Acatisia
Acatisia (do grego antigo ακαθίζειν , transl. kathízein "incapaz de sentar") é uma síndrome psicomotora que se manifesta pela impossibilidade de estar parado. Caracteriza-se pela inquietação, ansiedade, formigamento (parestesia), agitação e vontade de mover-se todo o tempo. É frequentemente causada pelo consumo de antipsicóticos.[1]
Sinais e sintomas
editarA síndrome pode variar de um leve senso de desassossego ou ansiedade a uma total incapacidade de se manter parado, acompanhado de uma grande ansiedade e disforia severa (que se manifesta como uma enorme sensação de terror), tremedeira e transtornos musculares (principalmente no pescoço e boca - com a sensação de "morder pra dentro"). A condição é difícil para o paciente descrever e é frequentemente diagnosticada erroneamente.
Quando diagnosticada incorretamente, principalmente se for confundida com piora psicose, mais antipsicóticos podem ser receitados, o que resulta na piora dos sintomas.
A acatisia possui semelhanças com a SPI (sindrome das pernas inquietas).
Causas
editarA acatisia pode ser efeito adverso dos neurolépticos, especialmente antipsicóticos de primeira geração como Haloperidol e Clorpromazina, e não deve ser confundida com manifestações motoras ligadas à ansiedade. Ironicamente interromper bruscamente o uso do antipsicótico frequentemente agrava a acatisia e a ansiedade. Também pode ser causado por inibidores seletivos da recaptação da serotonina, metoclopramida, reserpina, mal de Parkinson e esquizofrenia não tratada. Também pode ocorrer ao interromper os antipsicóticos. Acredita-se que o mecanismo subjacente envolva ativação de receptores de dopamina. [2]
Também pode estar associado a um quadro de confusão mental (delirium) e menos frequentemente a um antagonista dos canais de cálcio ou a um antibiótico.[3]
Tratamento
editarQuando a causa é por uma medicação psiquiátrica pode-se trocar por outra medicação similar, por exemplo, trocar o haloperidol por um antipsicótico atípico de nova geração como olanzapina ou risperidona ou reduzir a dose da medicação original. Outra opção é acrescentar um sedante como uma benzodiazepina como lorazepam ou anticolinérgico como benztropina.[4]
Estudos mostram que betabloqueadores, benzodiazepínicos (principalmente o clonazepam), e anticolinérgicos são eficazes para controlar temporariamente os movimentos involuntários, sendo os betabloqueadores de ação central os mais eficazes no tratamento causado por antipsicóticos.[5]
Complexo de vitamina B e suplementos de ferro também estão indicados quando estão deficientes.[6]
Medicamentos opioides podem ser os necessários para pacientes refratários, e que não respondem aos outros tratamentos.
Referências
- ↑ Forcen, FE; Matsoukas, K; Alici, Y (February 2016). "Antipsychotic-induced akathisia in delirium: A systematic review". Palliative & Supportive Care (Review). 14 (1): 77–84. doi:10.1017/S1478951515000784. PMC 5516628. PMID 26087817.
- ↑ Lohr, JB; Eidt, CA; Abdulrazzaq Alfaraj, A; Soliman, MA (December 2015). "The clinical challenges of akathisia". CNS Spectrums (Review). 20 Suppl 1: 1–14, quiz 15–6. doi:10.1017/S1092852915000838. PMID 26683525.
- ↑ Poyurovsky M, Weizman A (June 2020). "Treatment of Antipsychotic-Induced Akathisia: Role of Serotonin 5-HT2a Receptor Antagonists". Drugs (Review). 80 (9): 871–882. doi:10.1007/s40265-020-01312-0. PMID 32385739.
- ↑ Bratti IM, Kane JM, Marder SR (November 2007). "Chronic restlessness with antipsychotics". Am J Psychiatry. 164 (11): 1648–54. doi:10.1176/appi.ajp.2007.07071150. PMID 17974927.
- ↑ LIMA, Adriano Resende; BACALTCHUK, Josué and FERRAZ, Marcos PT. Tratamento farmacológico de acatisia induzida por antipsicóticos. Rev. Bras. Psiquiatr. [online]. 2001, vol.23, n.2 [cited 2010-09-09], pp. 110-116 . Available from: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-44462001000200010&lng=en&nrm=iso>. ISSN 1516-4446. doi: 10.1590/S1516-44462001000200010.
- ↑ Laoutidis, ZG; Luckhaus, C (May 2014). "5-HT2A receptor antagonists for the treatment of neuroleptic-induced akathisia: a systematic review and meta-analysis". The International Journal of Neuropsychopharmacology (Review). 17 (5): 823–32. doi:10.1017/S1461145713001417. PMID 24286228.