Nota: Para a fabricante Taiwanesa, veja ADATA.

Adata (em grego: Ἃδατα) ou Al-Ḥadath al-Ḥamrā (árabe para "Hadata, a Vermelha") foi uma cidade e fortaleza próxima dos montes Tauro (no atual sudeste da Turquia), que desempenhou um importante papel nas guerras bizantino-árabes.

Adata
Hadata

Zona de fronteira bizantino-árabe no sudeste da Ásia Menor, com as principais fortalezas
Localização atual
Adata está localizado em: Turquia
Adata
Localização de Adata na Turquia
Coordenadas 37° 42′ 25″ N, 37° 27′ 36″ L
País  Turquia
Dados históricos
Fundação Antes do século VII
Abandono Após 1436

Localização

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A cidade estava localizada a cerca de 1000 metros de altitude no sopé sudeste da faixa Tauro-Antitauro, próximo do curso superior do rio Aksu no distrito de Gölbaşı. Sua localização exata foi perdida, e tem sido variadamente identificada com locais ao norte ou sul do lago Inekli.[1][2]

História

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Adata tornou-se importante no começo da Idade Média devido sua posição: estava numa zona de fronteira fortificada, o Alauacim, que separou os califados Omíada e Abássida do Império Bizantino. Estava a sudoeste do importante passo de Hadata/Adata (darbe al-Hadate) que levou ao longo do Tauro para a Anatólia bizantina, mas estava também situada entre as duas grandes fortalezas fronteiriças de Marache/Germaniceia (moderna Kahramanmaraş) e Malátia/Melitene, e controlou a passagem do norte da Mesopotâmia à Armênia Ocidental. Como tal, tornou-se a principal base para as frequentes invasões muçulmanas em territórios bizantinos, e foi frequentemente alvejada pelos bizantinos.[1][3]

Foi conquistada pelos árabes sob Habibe ibne Maslama durante o reinado do califa Omar (r. 634–644) e tornou-se base às invasões anuais lançadas contra a Anatólia bizantina sob o Moáuia I (r. 661–680). Os bizantinos reclamaram a cidade nos anos 750, mas não a recuperaram permanentemente. Em 778, o general bizantino Miguel Lacanodraco saqueou a cidade, mas foi imediatamente reconstruída pelo califa Almadi (r. 775–785). Almadi renomeou-a al-Mahdiya ou al-Muhammadiya nesta ocasião, mas estes nomes não pegaram.[2][4] O sucessor de Almadi, Alhadi (r. 785–786), ainda repovoou a cidade com pessoas da região circundante, mas no inverno de 786, inundações causaram pesados danos aos muros da cidade, que foi reconstruída às pressas de tijolos secos ao sol. O estratego bizantino dos armeníacos, Nicéforo, soube disso e destruiu a cidade, incendiando-a.[1][5]

Foi completamente reconstruída, refortificada e guarnecida por Harune Arraxide (r. 786–809), que a transformou uma das cidades mais importantes no Alauacim. É nesta forma que a cidade é melhor conhecida em fontes literárias: foi protegida pela fortaleza de Uaidabe (Uhaydab - "Pequena Corcunda"), construída sobre uma colina, enquanto a cidade em si foi supostamente tão grande quanto Marache.[2] Adata continuou a servir os abássidas como uma base para raides além-fronteira, mas os bizantinos também atacaram-na várias vezes, saqueando-a em 841 e 879.[6] A região em torno da cidade, sobretudo o passo, foram cenário de confrontos frequentes e sangrentos, na medida em que os árabes teriam renomeado-o darb al-salāma ("passo da paz") em uma tentativa, como a Enciclopédia do Islã comenta, "exorcizar o destino fatal que parece estar ligado a ela." Em 949/950, os bizantinos sob Leão Focas, o Jovem sitiaram a cidade e arrasaram-na junto de suas fortificações. Foi reconstruída pelo emir hamadânida Ceife Adaulá (r. 945–967) em 954, apenas para cair novamente para os bizantinos sob Nicéforo Focas em 957.[1][2][7] Os bizantinos sitiaram e arrasaram a cidade, mas por 970 foi reconstruída e tornou-se o centro de um pequeno tema bizantino.[8]

Depois, a cidade caiu na obscuridade. Foi capturada pelos turcos em 1150, e mais tarde pelo Reino Armênio da Cilícia. Sob os armênios tornou-se uma base para os raides deles aos Estados muçulmanos circundantes até 1272, quando o sultão mameluco Baibars (r. 1260–1277), saqueou-a, massacrou seus habitantes e a incendiou. A cidade continuou a existir por um tempo, rebatizada "Göynük" *(A queimada") pelos turcos e armênios e Alhan pelos curdos locais. É mencionada pela última vez em 1436, quando o sultão mameluco Barsbay (r. 1422–1438) usou-a como sua base para uma campanha contra o bei turco de Dulcadir.[1][2]

Bispos ortodoxos siríaco de Adata

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Adata foi um centro importante para a Igreja Ortodoxa Siríaca, que manteve uma diocese centrada em Adata do século VIII ao século XII. Quatorze bispos jacobitas de Adata entre os séculos VIII-XI são mencionados na lista de Miguel, o Sírio.[9]

Referências

  1. a b c d e Ory 1986, p. 19–20.
  2. a b c d e Houtsma 1987, p. 187.
  3. Kaegi 1995, p. 240.
  4. Treadgold 1997, p. 369.
  5. Treadgold 1997, p. 419.
  6. Treadgold 1997, p. 443, 458.
  7. Treadgold 1997, p. 489, 492–493.
  8. Oikonomides 1972, p. 359.
  9. Miguel, o Sírio 1924, p. III.451–482; 499.

Bibliografia

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  • Miguel, o Sírio (1924). Jean-Baptiste Chabot, ed. Chronique de Michel le Syrien, Patriarche Jacobite d'Antiche (1166-1199). Éditée pour la première fois et traduite en francais I-IV. Paris: Culture et Civilization 
  • Houtsma, Martijn Theodoor (1987). «Al-Ḥadath». E.J. Brill's first encyclopaedia of Islam, 1913–1936, Volume III. Leida: BRILL. ISBN 90-04-08265-4 
  • Kaegi, Walter Emil (1995). Byzantium and the early Islamic conquests. Cambridge: Cambridge University Press. ISBN 0-5214-8455-3 
  • Oikonomides, Nicolas (1972). Les Listes de Préséance Byzantines des IXe et Xe Siècles. Paris: Editions du Centre National de la Recherche Scientifique 
  • Ory, S. (1986). «al-Ḥadath». The Encyclopedia of Islam, New Edition, Volume III: H–Iram. Leida e Nova Iorque: BRILL. ISBN 90-04-09419-9 
  • Treadgold, Warren (1997). A History of the Byzantine State and Society (em inglês). Stanford, Califórnia: Stanford University Press. ISBN 0-8047-2630-2