Adelir Antônio de Carli

Sacerdote brasileiro
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Adelir Antônio de Carli, mais conhecido como Padre do Balão (Pelotas, 8 de fevereiro de 1967Oceano Atlântico, 20 de abril de 2008),[1][2][3][4] foi um sacerdote católico brasileiro e ativista pelos direitos humanos, falecido após um acidente durante um voo que realizava amarrado a balões cheios de gás hélio. Adelir, um paraquedista experiente, fez o exercício com o objetivo de arrecadar dinheiro para financiar uma área de descanso espiritual para caminhoneiros na cidade portuária de Paranaguá, no estado do Paraná.[5]

Adelir Antônio de Carli
Presbítero da Igreja Católica
Adelir Antônio de Carli
Adelir em data desconhecida.
Atividade eclesiástica
Diocese Diocese de Paranaguá
Serviço pastoral Paróquia São Cristóvão
Mandato 2004-2008
Ordenação e nomeação
Ordenação presbiteral agosto de 2003
Paranaguá, PR, Brasil
por Dom Frei João Alves dos Santos, OFMCap
Dados pessoais
Nascimento Pelotas, RS, Brasil
8 de fevereiro de 1967
Morte Oceano Atlântico
20 de abril de 2008 (41 anos)
Nacionalidade brasileiro
Categoria:Igreja Católica
Categoria:Hierarquia católica
Projeto Catolicismo

Vida pregressa

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Adelir Antônio de Carli nasceu em Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil, em 8 de fevereiro de 1967. Ainda pequeno, presenciou a separação dos pais (Aurélio de Carli e Salete Gundalin), indo viver com a mãe no Paraguai. Aos 15 anos de idade, após o falecimento da mãe por câncer na garganta, Adelir de Carli retornou ao Brasil, reaproximando-se do pai (que, na época, estava vivendo em Eldorado, Mato Grosso do Sul). Tornou-se borracheiro com ele, mas não gostou do trabalho. Logo em seguida, tornou-se frentista num posto de gasolina de um tio. Além de trabalhar no posto, pintava toalhas como fonte de renda extra.[1][2]

Posteriormente, estudou no seminário em Paranaguá, no estado do Paraná. Após ordenado, começou a atuar como padre na pequena cidade de Ampére, no sudoeste do estado.[1][2]

Ativismo pelos direitos humanos

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Em 2006, como padre na diocese de Paranaguá, ficou conhecido ao denunciar a violação dos direitos humanos contra moradores de rua, torturados por agentes da segurança pública desta cidade.[6][7][8][9][10] Tais denúncias resultaram na prisão de quatro guardas municipais e do secretário municipal de segurança pública,[11] enquanto que outros três guardas ficaram foragidos.[12]

Voos com balões de gás

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Mapa que mostra o caminho do voo de balão de Adelir de Carli. No ponto vermelho, o local de partida. Na linha vermelha, o trajeto esperado do voo. No triângulo vermelho, o local onde foi feito o último contato por rádio. Na cruz vermelha, o local onde o corpo foi encontrado.

Tentativas anteriores de voos com balões

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O objetivo do sacerdote era quebrar o recorde de voo de 19 horas em balões de gás hélio e alcançar um novo recorde mundial. Sua primeira tentativa foi em 13 de janeiro de 2008, durante a qual Adelir completou com sucesso um voo de quatro horas da cidade de Ampére, no estado do Paraná, até San Antonio, na província de Misiones, Argentina, percorrendo uma distância total de 25 quilômetros.[13][14] Usando 600 balões, o sacerdote voou a uma altitude de 5.300 metros.[14]

Última tentativa, desaparecimento e morte

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Adelir realizou seu derradeiro voo com balões para arrecadar fundos para a Pastoral Rodoviária, um projeto de prestação de serviços a caminhoneiros que trafegavam na região do Porto de Paranaguá. O projeto previa a evangelização de caminhoneiros que trafegavam pela BR-277 e a criação de um espaço, com mais de 100 quartos, para os trabalhadores.[1][2]

Em 20 de abril de 2008, após decolar em uma cadeira presa a 1.000 balões, Adelir conseguiu atingir uma altitude de 6.000 metros antes de perder o contato com as autoridades. As condições climáticas desfavoráveis e a falta de planejamento técnico para o voo o teriam desviado de sua suposta rota para Dourados[15][16][17], no Mato Grosso do Sul, e o levaram à costa do estado de Santa Catarina.

O equipamento de voo de Carli incluía um paraquedas, capacete, roupas impermeáveis, dispositivo GPS, telefone celular, telefone por satélite, coletes salva-vidas, traje de vôo térmico de alumínio e pelo menos cinco dias de alimentação e água potável. Seu treinamento para a proeza incluiu cursos de sobrevivência na selva e alpinismo, mas aparentemente não incluiu instruções sobre o uso de seu dispositivo de navegação GPS. No dia 20 de abril, o último contato do padre com a Polícia Militar aconteceu durante a noite, quando ele estava a cerca de 25 quilômetros do município de São Francisco do Sul, em Santa Catarina. O padre ligou de seu celular para pedir ajuda para operar o seu aparelho de GPS e determinar suas coordenadas e para pedir que entrassem em contato com as autoridades. Ele também informou que a bateria de seu celular estava acabando. Dois dias após o voo, um comandante do Corpo de Bombeiros de Penha (SC) avaliou em 80% as chances do padre desaparecido ainda estar vivo.[14]

A Marinha e a Aeronáutica realizaram as buscas no litoral de Santa Catarina, tendo encontrado apenas pedaços de alguns dos balões do padre.[18][19] A Aeronáutica oficialmente encerrou as buscas depois de mais de 72 horas.[20] A procura prosseguiu sendo feita pela Marinha, pelos bombeiros e por um avião particular alugado pela família.[21] No dia 29 de maio, a Marinha também desistiu das buscas, alegando que as chances de encontrar o padre ainda vivo no oceano eram "muito remotas".[22]

Em 4 de julho de 2008, a metade inferior de seu corpo foi encontrada pelo navio rebocador Anna Gabriela, que prestava serviços a Petrobras. O corpo do padre estava flutuando em alto mar, a cerca de 100 km do município de Macaé, no litoral do Rio de Janeiro, e foi inicialmente identificado pelas roupas. Adelir caiu no litoral de Santa Catarina e, possivelmente, morreu por hipotermia. Durante o tempo desaparecido, foi levado por correntes marítimas até o litoral do estado do Rio de Janeiro.[23] Em 29 de julho de 2008, testes de DNA feitos pelo Instituto Médico Legal confirmaram que o corpo era do sacerdote. A comparação foi feita com amostras de DNA do irmão do padre.[24] O sepultamento ocorreu na cidade de Ampére, no Paraná, local onde Adelir de Carli começou seu ofício de padre (e onde algumas fontes fiáveis atribuem incorretamente como seu local de nascimento).[1][2]

Prêmio Darwin

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Em 2008, Adelir de Carli recebeu o Prêmio Darwin, "concedido" a pessoas que sofreram mortes causadas por erros absurdos. Entretanto, o site do prêmio declarou:

"O padre Antônio estava corajosamente arrecadando dinheiro para uma causa nobre. O Darwin Awards saúda esses heroicos pioneiros em voos de balão!"[25]

Ver também

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Referências

  1. a b c d e «Sob os balões, quem foi Adelir de Carli?». NÓS, HUMANOS. Consultado em 5 de maio de 2023 
  2. a b c d e «Adelir desafiou a própria vida. E a perdeu». Tribuna do Interior. 14 de outubro de 2020. Consultado em 6 de maio de 2023 
  3. «Missa relembra e homenageia padre que morreu há dez anos ao voar com balões». Banda B. 20 de abril de 2018. Consultado em 5 de maio de 2023 
  4. «Morte do "padre baloeiro" completa dez anos». Diário Popular. 20 de abril de 2018. Consultado em 4 de março de 2024 
  5. Lehman, Stan (22 de abril de 2008). «Searchers look for Brazil priest carried away by balloons». Associated Press. Consultado em 3 de setembro de 2020. Arquivado do original em 26 de abril de 2008 
  6. «Audiência pública vai discutir violência contra moradores de rua no Paraná». www.agenciabrasil.gov.br 
  7. «Padre apresenta documentos que comprovam maus-tratos a moradores de rua em Paranaguá». www.agenciabrasil.gov.br 
  8. «Denúncias sobre tortura de moradores de rua serão comunicadas à ONU e à OEA». www.agenciabrasil.gov.br 
  9. «OAB considera grave denúncia de tortura de moradores de rua em Paranaguá». www.agenciabrasil.gov.br 
  10. «Ainda estão foragidos três acusados de tortura no litoral do Paraná». www.agenciabrasil.gov.br 
  11. «Direitos Humanos - Padre apresenta documentos que comprovam maus-tratos a moradores de rua em Paranaguá». Consultado em 29 de Dezembro de 2010 
  12. «Título ainda não informado (favor adicionar)». www.aenoticias.pr.gov.br [ligação inativa]
  13. «'Flying' priest's balloons found». BBC News (em inglês). 23 de abril de 2008. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  14. a b c «Priest On Party Balloon Flight Missing». CBS News (em inglês). 22 de abril de 2008. Consultado em 3 de setembro de 2020. Arquivado do original em 27 de abril de 2008 
  15. «Voo do 'Padre do balão' completa 15 anos: relembre o caso». Estado de Minas. 20 de abril de 2023. Consultado em 21 de abril de 2023 
  16. «Voo trágico do "Padre do Balão" completa 15 anos; relembre história». Metrópoles. 20 de abril de 2023. Consultado em 21 de abril de 2023 
  17. «Caso do 'Padre do Balão' completa 15 anos; relembre aventura com desfecho trágico». MSN/Estadão. 20 de abril de 2023. Consultado em 21 de abril de 2023 
  18. «Equipes encontram fragmentos de balões e mantêm buscas a padre em SC». Folha de S. Paulo. 21 de abril de 2008. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  19. «Marinha prossegue busca a padre desaparecido no litoral de SC». Folha de S. Paulo. 21 de abril de 2008. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  20. «Família de padre desaparecido aluga avião para reforçar buscas». G1. 24 de agosto de 2008. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  21. «Marinha e bombeiros mantêm buscas por padre desaparecido». G1. 25 de abril de 2008. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  22. «Brazil ends search for ballooning priest» (em inglês). Special Broadcasting Service. 29 de abril de 2008. Consultado em 3 de setembro de 2020. Arquivado do original em 29 de abril de 2008 
  23. «Exame de DNA confirma que corpo encontrado em Macaé é do padre Adelir, que desapareceu quando voava com balões». Extra. 29 de julho de 2008. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  24. «DNA irá comprovar se corpo encontrado é do padre Adelir». jc.uol.com.br. Consultado em 7 de julho de 2008. Arquivado do original em 9 de julho de 2008 
  25. «2008 Darwin Awards». Darwin Awards (em inglês). 2008. Consultado em 29 de novembro de 2019