Aero Willys é um automóvel sedan que foi fabricado pela Willys-Overland do Brasil, de 1960 a 1971. Projetado pela montadora desde 1958, teve seu lançamento em 25 de março de 1960.[1]

Aero Willys
Visão geral
Nomes
alternativos
Itamaraty
Produção Estados Unidos 19521955
Brasil 19601971
Fabricante Willys Overland
Modelo
Classe compacto, esportivo
Carroceria Sedan
Designer Philip Wright
Brooks Stevens
Ficha técnica
Motor 2.6L Willys l6
Layout FR

Desenvolvimento editar

O Aero Willys herdou o projeto americano que foi desativado por insucesso. Lá as versões desse automóvel eram conhecidas como Aero-Ace, Aero-Eagle, Aero-Wing e Bermuda, este último um coupê, todos fabricados pela Willys-Overland dos EUA, com os componentes mecânicos do Jeep Willys.[2]

 
Aero Willys, projeto brasileiro

O ferramental veio para o Brasil e a Willys começou a produzir automóveis, mas apenas os modelos 4 portas. Toda a linha Aero foi concebida sobre a plataforma do Jeep, como sua suspensão, direção e freios a tambor nas quatro rodas. Eram carros duros, com uma linha arredondada, típica do início dos anos 50, que representavam à época a única opção para quem não desejasse o Simca Chambord e precisasse de um automóvel maior que os Volkswagen, DKW e Dauphine. Seu motor é de seis cilindros em linha, com a incomum característica de contar com a válvula de admissão situada no cabeçote e a válvula de escapamento no bloco. Ele foi utilizado no Jeep e seus derivados, como a Rural e o Maverick, este fabricado pela Ford a partir de 1973.[3]

Em 1961, a diretoria da Willys tomou a decisão de inovar completamente o Aero Willys e torná-lo um carro inteiramente novo, com estilo próprio e linha inédita no catálogo internacional.

O início da fabricação deu-se em outubro de 1962 e sua primeira aparição foi em Paris, no mais famoso Salão do Automóvel do mundo. Com 110 cavalos, concepção e estilos novos, foi o primeiro carro inteiramente concebido na América Latina.[4][5]

Itamaraty editar

 
Aero Willys Itamaraty Executivo, em 1967

Em 1966 foi lançado Itamaraty, como a versão mais sofisticada do Aero Willys 2600.[6] O nome faz referência ao edifício sede do Ministério das Relações Exteriores, em alusão à sofisticação e o glamour da diplomacia brasileira. O modelo trazia mais cromados, nova grade dianteira e lanternas. O interior contava com painel de jacarandá maciço, substituído por por uma imitação de plástico pela Ford, bancos de couro e rádio. Na parte mecânica, ganhava um motor de 3 litros e 132 cv (140 cv na gestão Ford).[7]

O modelo serviu de base para a primeira limusine brasileira, o Willys Itamaraty Executivo. A ideia foi do presidente da Willys, o engenheiro William Max Pearce. O desenho foi feito pelo catalão José Maria Ramis Melquizo, do departamento de estilo da marca.

O objetivo, deixado claro no nome, era atender a presidência da República. Em 1967, o primeiro modelo foi entregue ao então Presidente da República Castelo Branco. Produzido artesanalmente junto com a Karmann-Ghia, o Executivo tinha dois modelos: o Standard, menos luxuoso, oferecia cinco lugares atrás, três no banco traseiro e dois em pequenos bancos retráteis, rádio, toca-fitas de cartucho, ar-condicionado e uma pequena placa destinada ao nome do dono. O Executivo Especial tinha quatro lugares atrás, cedendo um do banco traseiro para um console central com gravador de voz Sony, barbeador, toca-fitas de cartucho, compartimento para guardar as fitas, comando das luzes internas e acendedor de cigarros. Foram produzidas 27 unidades, duas delas protótipos. Sua produção foi encerrada em 13 de agosto de 1969.[8]

Em 1968, a Willys foi comprada pela Ford, que aos poucos foi fundindo o Aero Willys com o Ford Galaxie. Houve uma tentativa de adaptação do motor V8 do Galaxie no Aero. Um dos engenheiros testou o desempenho do automóvel na estrada para Santos, mas a falta de estabilidade e a deficiência de frenagem do carro no trecho em descida e cheio de curvas encerrou o episódio. Em 1971, a Ford anunciou que aquele seria o último ano de fabricação do automóvel, devido à queda nas vendas. Em 1972 foram comercializados os últimos Aero e Itamaraty, sendo seu motor utilizado como base do Maverick, em 1973.[9][10]

Ver também editar

Referências

  1. «Clássicos: Aero Willys, o primeiro carro desenvolvido no Brasil». Quatro Rodas. Consultado em 20 de março de 2024 
  2. Garcia, Fernando (5 de junho de 2022). «Aero Willys, a trajetória do primeiro carro desenvolvido no Brasil». Portal iG. Consultado em 20 de março de 2024 
  3. «Aero-Willys Conheça a história do Aero-Willys, um dos carros nacionais mais sofisticados dos anos 60. / SorocabaMotors». www.sorocabamotors.com.br. Consultado em 20 de março de 2024 
  4. Brasil, Retornar (6 de outubro de 2022). «Aero Willys: conheça este ícone dos anos 60 - Retornar». Retornar - Transformando Vidas. Consultado em 20 de março de 2024 
  5. «Ultimate Pecs - Ficha técnica Aero Willys 2600». Consultado em 20 de março de 2024 
  6. Bitu, Felipe (Outubro de 2018). «Honorável servidor». Quatro Rodas 
  7. «Clássicos: Willys Itamaraty, o carro de presidentes e magnatas». Quatro Rodas. Consultado em 20 de março de 2024 
  8. A, Editoria (21 de janeiro de 2022). «Willys Itamaraty Executivo: a limusine brasileira». Maxicar. Consultado em 20 de março de 2024 
  9. automotorbatista. «FORD MAVERICK – A VERDADE | Automotor Batista». Consultado em 20 de março de 2024 
  10. «Ford Maverick 50 anos: relembre a história do icônico muscle car nacional». Jornal do Carro - Estadão. 3 de junho de 2023. Consultado em 20 de março de 2024 

Ligações externas editar

 
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