Ana Lascaris (em italiano: Anna e em francês: Anne; Tende, novembro de 1487 – julho de 1554)[1] foi uma nobre francesa que possuía títulos na Itália e na França. Ela foi suo jure condessa de Tende e Ventimiglia, além de senhora de Nébousan pelo seu primeiro casamento com Luís de Clermont, e condessa de Villars pelo seu segundo casamento com Renato de Saboia.

Ana
Senhora de Nébousan e Clermont-Lodève
Condessa de Villars
Ana Lascaris
Ana num detalhe de uma pintura do século XVIII preservada na comuna de Limone Piemonte.
Condessa de Tende e Ventimiglia
Marquesa de Marro
Senhora de Prela, Villeneuve e Menton
Reinado 13 de agosto de 1509 – julho de 1554
Antecessor(a) João Antônio II de Lascaris
Sucessor(a) Cláudio de Saboia
 
Nascimento novembro de 1487
  Tende, Condado de Tende (atualmente nos Alpes Marítimos, França)
Morte julho de 1554 (66 anos)
Sepultado em Igreja Colegiada de Nossa Senhora da Assunção de Tende
Cônjuge Luís de Clermont
Renato de Saboia
Descendência Cláudio de Saboia
Madalena de Saboia
Honorato II de Saboia
Isabel de Saboia
Margarida de Saboia
Casa Lascaris/Ventimiglia (por nascimento)
Clermont (por casamento)
Saboia (por casamento)
Pai João Antônio II de Lascaris
Mãe Isabel d'Anglure

Família editar

Ana foi a única filha de João Antônio II de Lascaris, conde de Tende e Ventimiglia e senhor de Menton, e de Isabel d'Anglure.[2]

Os seus avós paternos foram Honorato Lascaris, conde de Tende e Magarida de Caretto. Os seus avós maternos foram Saladino d'Anglure, visconde de Estoges e Joana de Neuchâtel, viscondessa de Blaigny.

Biografia editar

Com apenas 11 anos, em 10 de fevereiro de 1498, ela se casou com Luís de Clermont, filho de Tristão Guilherme, senhor de Clermont-Lodève e de Catarina de Amboise. Ele morreu em data anterior à setembro de 1501, e os dois não tiveram filhos.

Meses mais tarde, os habitantes da cidade de Tende juraram lealdade à Ana por outorga, datada de 29 de maio de 1498. [1]

Em 28 de janeiro de 1502, Ana casou-se com Renato, governador de Nice e Provença, filho ilegítimo de Filipe II, Duque de Saboia e de sua amante, Libera Portoneria. O seu pai, João Antônio, deu a maior parte de suas terras como dote para a filha, e o contrato de casamento estipulava que Renato assumisse o nome e os brasões da família dos condes de Tende. [3] Ele era meio-irmão de Luísa de Saboia, Duquesa de Nemours, mãe do rei Francisco I de França e de Margarida de Angolema, rainha de Navarra.

Eles tiveram cinco filhos, três meninas e dois meninos.

Com a morte de seu pai em 13 de agosto de 1509 sem herdeiros do sexo masculino, a condessa herdou os seus títulos e terras,[4] tornando-se assim: condessa de Tende e Ventimiglia, marquesa de Marro, senhora de Prelà, Villeneuve e de Menton.[3]

 
Selo da condessa.

A condessa Ana foi primeira dama de Luísa de Saboia, meia-irmã do marido, em Amboise, onde passava muito tempo.[5]

Frequentar a corte permitiu que Ana entrasse em contato e estabelecesse amizades com as principais famílias francesas. Esses relacionamentos provaram ser importantes quando a condessa se viu administrando a política de casamento de seus cinco filhos.[5]

Após a morte de Renato, em 31 de março de 1525, a condessa, conforme previsto no testamento do marido, assumiu a regência e a tutela dos filhos. As estratégias nupciais constituíam a principal ocupação da condessa, determinada a estreitar os laços com a aristocracia francesa para fortalecer o prestígio que seu estado havia adquirido no reinado de Francisco I. Desse jeito, Ana conseguiu assim estabelecer sólidos laços de sangue entre os Saboia-Lascaris e influentes famílias como Foix, Montmorency, e de Luxemburgo. No entanto, a necessidade de dotar as filhas de substanciais dotes implicou um considerável empenho financeiro, que por mais de uma vez obrigou-a a vender de alguns feudos. A já precária situação financeira foi agravada pelo pesado desembolso incorrido pela condessa por ocasião do resgate dos filhos de Francisco I, prisioneiros do imperador Carlos V após a batalha de Pavia, em 1525, e libertados em 1530, mediante o pagamento de uma enorme recompensa.[5]

Tendo se retirado para a residência de Villeneuve, perto de Nice, onde havia estabelecido uma suntuosa corte também frequentada pelo rei da França, a condessa continuou a política pró-francesa e anti-saboiana do marido, orientando também seu filho Cláudio na mesma direção.[5]

Em 1515, Luciano I de Mônaco comprou os direitos feudais sob a cidade de Menton da família de Ana, deste jeito, levando a cidade, como um todo, a fazer parte da soberania de Mônaco até a época da Revolução Francesa.

Ana faleceu em julho de 1554, com cerca de 66 anos de idade, e foi enterrada na Igreja Colegiada de Nossa Senhora da Assunção de Tende, nos Alpes Marítimos. [6] [7]

Descendência editar

  • Cláudio de Saboia (27 de março de 1507 – 23 de abril de 1566), conde de Tende, governador da Provença e grande senescal da Provença. Foi marido de Maria de Chabannes, com quem teve três filhos, e depois se casou Francisca de Foix, com quem teve dois filhos;
  • Madalena de Saboia (1510 – 1586), foi Première dame d'honneur da rainha Isabel da Áustria. Foi esposa de Anne de Montmorency, marechal e condestável da França, com quem teve vários filhos;
  • Honorato II de Saboia (m. 20 de setembro de 1511), conde e marquês de Villars, além de marechal e almirante da França. Foi casado com Joana de Foix, viscondessa de Castillon, com quem teve apenas uma filha, Henriqueta;
  • Isabel de Saboia (m. após setembro de 1552), esposa de Renato de Batarnay, barão de Bouchage e d'Anthon. É ancestral da duquesa Henriqueta Catarina de Joyeuse;
  • Margarida de Saboia (m. 15 ou 20 de julho de 1591), casada com Antônio de Luxemburgo, conde de Brienne e de Ligny, com quem teve cinco filhos.

Referências

Ligações externas editar