António Baptista

jornalista, dramaturgo e escritor açoriano

António Baptista (Horta, 16 de dezembro de 1865Capelo, ilha do Faial, 22 de julho de 1927) foi um jornalista, autor dramático e ator, considerado como um dos mais prolíficos autores teatrais açorianos. Destacou-se no campo da dinamização cultural, como ator e no campo do jornalismo local, sendo uma das principais figuras do panorama cultural açoriano das primeiras décadas do século XX.[1][2][3][4]

António Baptista
António Baptista
Nascimento 16 de dezembro de 1865
Horta
Morte 22 de julho de 1927 (61 anos)
Capelo
Cidadania Portugal, Reino de Portugal
Ocupação jornalista, escritor, ator

Biografia editar

Depois de ter frequentado o ensino secundário na cidade da Horta, dedicou-se ao jornalismo e à escrita. Partiu para Lisboa, onde residiu alguns anos e trabalhou como jornalista. Nesse período frequentou os círculos intelectuais liboetas, com destaque para os ligados ao teatro.[1]

Regressou à Horta, onde se manteve ligado ao jornalismo local e se revelou um dos mais prolíficos autores teatrais açorianos. Também se revelou bom ator, tendo fundado e dirigido uma companhia amadora que levou muitas das suas peças à cena no Faial e no Pico.[1]

A sua produção dramática contribuiu para animar a vida teatral da Horta nas décadas iniciais do século XX, escrevendo dramas, comédias e revistas especificamente destinadas a serem localmente representadas. Destas peças deixou publicadas mais de uma dezena.[1]

Como jornalista, e particularmente como diretor e editor de periódicos, marcou profundamente o jornalismo açoriano em geral e o faialense em especial, dirigindo, entre 1899 e a sua morte, mais de 15 periódicos. Entre estes periódicos merecem destaque as 3ª e a 4ª séries (1906-1909) de O Faialense, jornal de que era proprietário e em cuja tipografia editou boa parte da sua obra. Como jornalista destacou-se no combate político e como polemista. Como escritor, cultivou uma elegante prosa literária, publicando, para além das suas peças teatrais, alguns contos.

Em conjunto com o jornalista micaelense Raposo de Oliveira, mas com recurso a múltiplos colaboradores, escreveu e publicou em Lisboa o Álbum Açoriano,[5] uma edição de luxo com grande recurso à ilustração e com cuidado grafismo, saída em fascículos, que preparou para comemorar a visita do rei D. Carlos I aos Açores, ocorrida em julho de 1901. A obra divulga a vida económica, cultural e social açoriana, além de uma abordagem ligeira à história das ilhas, ainda considerada um fonte informativa relevante sobre o arquipélago nessa época.[1]

Ou das suas outras relevantes é o livro A Verdade Vence, que teve segunda edição em 1994 no âmbito das comemorações do centenário da autonomia açoriana.[6] A obra é apaixonada visão crítica do segundo movimento autonomista açoriano da década de 1920, especialmente sobre as questões do independentismo e dos limites autonómicos, centrada sobre o relato da visita dos intelectuais portugueses que em 1924 fizeram um périplo pelas ilhas dos Açores, a convite de José Bruno Tavares Carreiro, diretor do Correio dos Açores e uma figura cimeira do movimento autonomista.[1]

Obras publicadas editar

Para além de vasta colaboração dispersa por periódicos açorianos e de Lisboa e Porto, é autor de cerca de 30 monografias, entre as quais:

  • Último Amor (peça em 3 actos). Ponta Delgada, Typ. Ruy Morais, 1913.
  • Álbum Açoriano, Lisboa, Tip. Anuário Comercial, 1903.
  • A Verdade Vence. Horta, Tip. O Faialense, 1924 (com 2ª ed. 1994, Ponta Delgada, com prefácio de Urbano Bettencourt).

Referências editar

  1. a b c d e f «Baptista, António» na Enciclopédia Açoriana.
  2. Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, vol. 3, p. 37. Lisboa, Publ. Europa-América, 1994.
  3. Urbano Bettencourt, António Baptista. Jornalista, escritor in Baptista, A., A Verdade Vence, 2ª ed., pp. 5-11. Ponta Delgada, Jornal da Cultura, 1994.
  4. Carlos Lobão (ed.), As Lapas : Antologia de Contos e Autores Portugueses, pp. 139-142. Horta, Câmara Municipal da Horta, 1988.
  5. Centro do Conhecimento dos Açores: Álbum Açoriano (edição digital).
  6. 2.ª edição de A Verdade vence.