Arte no Escuro é uma banda brasileira de rock pós-punk e rock gótico, fundada em 1985 em Brasilia.[1][2]

Arte no Escuro
Arte no Escuro
Informação geral
Origem Brasília (DF)
País  Brasil
Gênero(s) pós-punk, rock alternativo, rock gótico, new wave music, dream pop
Período em atividade 1985-1988

2017- Atualmente (banda cover)

Gravadora(s) EMI-Odeon
Integrantes Integrantes originais por ordem de adesão:

Pedro Hiena (baixo)

Paulo Coelho (guitarra)

Adriano Lívio (bateria)

Marielle Loyola (voz)

Ex-integrantes Lui (voz)
Página oficial facebook.com/artenoescurooficial/

História editar

Início editar

O Arte no Escuro foi formado em Brasilia em abril de 1985[3] por Pedro Hiena (baixo e letras), Paulo Coelho (guitarra), Luiz "Lui" Antônio Alves (vocal e letras) e Adriano Lívio (bateria). Pedro Hiena e Paulo Coelho formaram o núcleo inicial da banda e passaram a buscar novos membros para assumir os vocais e a bateria. Logo chegaram a Lui, amigo da turma que já havia tido experiências em outras bandas, e que foi imortalizado pela sua estampa na capa do segundo disco d'Os Paralamas do Sucesso, O Passo do Lui, de 1984. Após testes com alguns bateristas, Adriano Lívio se junta ao trio, completando a banda.

Pode-se afirmar que a trajetória do grupo configura um "passo além" rumo a uma sonoridade que não mais se via como herdeira de tradições brasileiras, como outras bandas de sua época, mas como uma legítima encarnação pós-punk e cariz gótico e intimista[4], com forte influência do rock britânico do inicio da década de 80.

Após a estreia em um show na cidade satélite do Gama, no Distrito Federal, a banda se apresenta em um cenário conhecido no circuito da Turma da Colina, as famosas festas no ateliê do Departamento de Arquitetura da Universidade de Brasília (UnB), por onde passaram várias bandas[3]. A apresentação ficou marcada por uma performance do vocalista Lui que, enquanto cantava "Beije-me Cowboy" canção que fala sobre o submundo brasiliense com cenas de prostituição e suicídio[4], despeja um recipiente de tinta negra sobre si em uma performance dramática cuja cena até hoje é comentada por aqueles que presenciaram o show. Surpresa e frisson na platéia. No dia seguinte, os comentários nas rodinhas da capital era da estréia de fogo da banda[3]. Musicalmente, a banda já iniciava com uma maturidade invejável, mas os anos seguintes provariam que havia muito ainda a realizar[4].

Sobre a música "Beije-me Cowboy", há quem afirme que o seu nome correto seria "Beije-me Call Boy", o que faz mais sentido com a temática da letra, de autoria de Lui. Meses após a apresentação na UnB, Lui deixa a banda em fevereiro de 1986, quando mudou-se para o Rio de Janeiro onde continuaria o seu trabalho como artista plástico[3] dando lugar à jovem Marielle Loyola, então recém-saída da banda Escola de Escândalos, onde fazia os vocais de suporte[4].

Segunda Fase editar

Com a nova vocalista, o Arte no Escuro – que dividia uma sala de ensaios com o grupo Finis Africae – grava sua primeira demo[3]. O talento, a presença e o estilo da nova vocalista, serviram como grande diferencial naquele momento de efervescência musical[4] do rock de Brasília, que estava entrando em seu auge com bandas como Capital Inicial, Legião Urbana e Plebe Rude se estabelecendo no cenário musical do país, porém todas com vocais masculinos. Assim, as rádios passaram a executar algumas músicas da fita de demonstração do grupo, notadamente "Beije-me Cowboy" e "Na Noite", tanto em rádios de Brasília como na rádio Fluminense FM, de Niterói, dedicada ao rock e à divulgação das novas bandas brasileiras.

O som cheio de climas, vocais sussurrados, baixos melódicos e guitarras intimistas levou a banda rapidamente a despertar interesse das gravadoras, ávidas por encontrar novas “Legiões Urbanas”[3]. As letras também carregavam em sutilezas, repleta de metáforas e fugindo do lugar-comum dos rocks de protesto. “Nada é verdade absoluta, cada pessoa entende uma coisa”, declarou em uma entrevista Pedro Hiena, autor da maioria das letras[3].

Em 1987, o Arte no Escuro foi contratado pela EMI ODEON, a mesma gravadora de bandas como Os Paralamas do Sucesso, Legião Urbana e Plebe Rude, e lançariam em 1988 o LP homônimo intitulado "Arte no Escuro"[2], com 8 faixas, incluindo os grandes clássicos da banda como "Beije-me Cowboy", "Na Noite" e "Vencidos", que seria um álbum com evidentes mostras do impacto musical e do apelo visual do grupo. No encarte do disco, o crítico musical Tom Leão assim se refere à banda:

"E seguindo um conceito dentro do seu estilo, o ARTE NO ESCURO passeia com suas letras por temas abstratos, sombrios, melancólicos, românticos, quase que como num filme expressionista. A música flui perfeita dentro desse clima. E a voz da cantora Marielle é sublime. Ela vaga por entre as músicas criando climas que vão do hipnótico ao emocional. Em Beije-me Cowboy ela cria uma atmosfera erótico-masoquista super forte, e nas outras faixas mantém sempre o ar emocional, junto com a guitarra de Paulo Coelho, o baixo de Pedro Hiena e a bateria de Adriano. Somados, voz e instrumentos, eles formam o corpo e a alma do ARTE NO ESCURO. Mas além dos quatro integrantes a banda teve a participação de Lui (o mesmo do Passo), co-autor de quatro letras das oito músicas que compõem esse elepê de estréia."[5]

Ironicamente, comenta-se (no livro Dias de Luta: O rock e o Brasil dos anos 80[6], por exemplo) que o Escola de Escândalos, banda que dispensou Marielle, foi preterida pela gravadora, que preferiu apostar justamente em sua nova e instigante banda[4]. A produção do disco foi dividida entre Gutje Woortmann, à época baterista da banda Plebe Rude, e Mayrton Bahia, sendo as faixas mais executadas "Beije-me Cowboy" e "As Rosas".

Após o lançamento do LP em 1988, Marielle funda a banda Volkana, produzindo um som no estilo heavy metal e thrash metal, mudando-se para São Paulo[4]. As divergências musicais e as desavenças daí decorrentes levaram à saída do baterista, Adriano Lívio, e do guitarrista, Paulo Coelho, o que causou o fim da banda em meados de 1988, depois de 4 anos de sua formação e menos de um ano após o lançamento do disco. Pesou também na dissolução do grupo a rescisão contratual pela gravadora EMI ODEON, ocorrida meses antes na esteira da deterioração econômica do país, depois de diversos planos fracassados para estabilização da inflação.

Discografia editar

Álbuns de estúdio editar

  • Arte no Escuro (LP vinil, 1988, EMI-ODEON)
1 Beije-Me Cowboy 3:22
2 Na Noite 2:37
3 Celebrações 3:18
4 Entre Aves De Rapina 3:37
5 Vencidos 4:20
6 Boró 3:06
7 No Fim 4:03
8 As Rosas 3:52

Compilações editar

  • Pop Rock: Para Sempre (CD vários artistas, 2001, EMI Music).
  • Dicoteca Básica Vol. 1: Pop Rock Nacional dos Anos 80 (CD vários artistas, 2003, EMI Music).

Referências

  1. Ferreira, Cid Vale (30 de maio de 2016). «Página pessoal Facebook.». Consultado em 24 de dezembro de 2022 
  2. a b Arte No Escuro - Arte No Escuro, consultado em 24 de dezembro de 2022 .
  3. a b c d e f g Rock, Programa De (22 de novembro de 2011). «programa de rock: Marielle e a Escola de Escândalo». programa de rock. Consultado em 16 de março de 2023 
  4. a b c d e f g «Revista Carcasse - Arte no Escuro». web.archive.org. 23 de fevereiro de 2016. Consultado em 17 de março de 2023 
  5. Encarte do LP "Arte no Escuro". EMI-ODEON, 1988.
  6. Alexandre, Ricardo (2002). Dias de Luta: O rock e o Brasil dos anos 80. [S.l.]: Arquipelago Editorial Ltda. ISBN 9788560171415