Griffon barbudo

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O griffon barbudo é uma raça de cão brasileira que atualmente corre sério risco de extinção,[1] possui uma versão menor conhecida por barbudinho. Ainda não é reconhecida por nenhuma entidade cinófila devido à falta de um criador interessado em organizar a criação em busca do desenvolvimento e reconhecimento desta raça que é um patrimônio genético brasileiro.[1] A maioria dos cães desta raça pertencem a pessoas desligadas do mundo cinófilo, que a utilizam para companhia, pastoreio de gado e ovelhas e principalmente para a caça de susbsistência.

Griffon barbudo
Griffon barbudo
Nome original Griffon barbudo
Outros nomes Barbudo
Barbudinho
Barbudo caçador
Barbudo gaúcho
Barba de Arame
Barbicha
Grifon
Griffon gaúcho
Javalizeiro
Capivareiro
Uruguaio
País de origem Brasil
Características

História editar

 
 
 
1983, sul do Brasil: Griffon barbudo com uma capivara abatida à margem do rio.

Há três hipóteses para seu surgimento, a primeira é levantada pelo médico veterinário Edo Cécere de Carvalho, e diz que na década de 30, cães de tipo griffon eram muito comuns no Uruguai,[1] e acredita-se que estes cães frequentemente atravessavam a fronteira com o Brasil auxiliando peões a tocar o gado, e já em território brasileiro teriam na campanha gaúcha aleatoriamente cruzado com cães das raças ovelheiro gaúcho e perdigueiro gaúcho,[1] seus descendentes geravam excelentes cães pastores de bois e ovelhas e principalmente cães de caça a paca, a capivara,[1] ao tatu[2] e ao javali, com isto foram muito apreciados e difundidos no sul do Estado do Rio Grande do Sul, gerando uma nova raça de cão brasileira,[1]

É sábido que esta raça também teria chegado aos estados de Santa Catarina e posteriormente ao Paraná e ao Uruguai, provavelmente isto teria ocorrido devido a boa fama da raça na atividade de caça, o que contribuiu que tenha chegado a estes dois outros estados e também ao país de onde vieram os ancestrais da raça.

Outra hipótese é defendida pelo cinófilo Milton Almeida, ex-presidente do Rio Grande Cassino Kennel Clube, ele se baseia apenas nas características fenotipicas e comportamentais do barbudo, ele acredita que os possíveis ancestrais do barbudo são as raças schnauzer, old english sheepdog e airedale terrier.[2] Segundo ele, a aparência, o pelo duro com textura de "arame" grosso e a cor preta ou cinza desse cão remetem ao schnauzer, já os cães de cores baio, cinza, dourado e branco de maneira sólida, e os bicolores de preto e branco e tricolores de preto, castanho e branco e mais o instinto de caça e de pastoreio são evidências da presença de genes de outras raças.[2] A densidade da pelagem crespa, a estrutura física e o instinto de pastoreio, segundo Milton provavelmente vem do old english sheepdog, e a habilidade para a caça e o temperamento genioso são heranças do airedale terrier.[2]

Uma terceira hipótese tem um contexto histórico e fenotipico mais provável que a segunda, devido a sua semelhança física e comportamental com três raças portuguesas. Ressalta-se que estas três raças portuguesas tem pelagem de textura semelhante à do barbudo caçador.

Estas raças foram trazidas ao Brasil durante a época colonial, por isso o barbudo caçador pode perfeitamente descender das raças barbado da Ilha Terceira, herdando deste o primeiro nome, o que é comum entre as raças caninas geradas naturalmente a partir de outras, e o cão da cão da Serra de Aire, estas raças foram trazidas para auxiliar os colonos portugueses nas atividades rurais no interior do Brasil. E o cão d'água português possivelmente também contribuiu com seus genes na formação do barbudo, esta raça também veio nas caravelas, utilizada pelos marinheiros e pescadores portugueses para atividades relacionadas ao mar, como por exemplo levar recados presos à coleira entre embarcações, deste último o barbudo herdou o gosto nato pelo ambiente aquático.

Apesar de nenhuma hipótese ser comprovada, o mais provável é que uma mescla das hipóteses ter gerado o griffon barbudo caçador.

Nomenclatura editar

o griffon barbudo é conhecido por diversos nomes, dependendo do município onde existam exemplares, barbudo[1] ou barbudo caçador são os nomes mais comuns, barbudinho é como são chamados os exemplares da variedade pequena,[1][2] mas a raça também é conhecida por barba de arame, barbicha,[2] griffon, griffon gaúcho, griffon barbudo, barbudo gaúcho, barbudo caçador, javalizeiro, capivareiro, e por serem mais comuns nos municípios localizados na fronteira com o Uruguai, também são chamados de uruguaio.

Aparência editar

 
Filhote.

Os griffons barbudos tem porte médio a grande, com altura na cernelha variando entre 55 a 65 cm,[2] e são robustos, pesando entre 30 e 40 kg,[carece de fontes?] já sua versão menor, como o próprio nome sugere, são de pequeno porte, pesando entrem 5 e 12 kg,[carece de fontes?] a maioria possui pelagem predominantemente cinza, mas várias outras cores estão presentes na raça, como o preto, branco, cobre, castanho e amarelo em várias tonalidades, do amarelo claro passando pelo dourado até o amarelo escuro, e em várias combinações, sendo muitos bicolores e alguns tricolores, e também há os de cor sólida.[1][2] O pêlo é de arame, bastante grosso e em maior quantidade no maxilar e focinho,[1] com comprimento variando entre dois e seis centímetros, para manter a higiene é necessário a tosa para os que vivem dentro das residências, já para os que vivem no campo não é necessário, a pelagem grossa e abundante protege o cão das intempéries. As orelhas são dobradas, pendentes e de tamanho médio.[2]

Temperamento e aptidões editar

São cães com grande aptidão para a caça, excelentes cães de companhia, alegres, brincalhões e um tanto quanto geniosos.[2]

Como cão de companhia editar

Devido a seu porte e sua beleza, são usados como cães de companhia, são cães dóceis com seres humanos, mas com instinto de guarda nos exemplares grandes e de alarme nos pequenos.

Como cão pastor editar

Com menos intensidade hoje em dia nesse tipo de prática, mas antigamente eram usados como pastores de gado e ovelhas, sendo os de tamanho grande mais aptos aos rebanhos de gado, e os pequenos aos de ovinos. Há cerca de trinta anos várias estâncias da campanha gaúcha tinham pelo menos um barbudo trabalhando como cão pastor, mas com o tempo foram sendo substituídos por raças especializadas no pastoreio,[2] como o ovelheiro gaúcho.

Como cão de caça editar

 
Fêmea tosada.

A sua principal aptidão é a caça, principalmente de tatu,[2] paca, capivara,[1] e javali, onde tem excelente destaque, com muita coragem e grande resistência física para longas caçadas, sua principal característica nas caçadas é a tenacidade com que procuram, perseguem e atacam a caça, sendo considerados assim, cães muito completos, porque ao contrário da maioria das raças de caça, que apenas procuram acuar com latidos a caça para que o caçador possa abatê-la, o barbudo procura atacá-la para ele mesmo abater a caça,[2] mesmo que sejam grandes, pois são cães de muita coragem, e nesta tarefa geralmente atuam em duplas, trios ou até mais cães:.[2] Movimentam-se com muita destreza em terrenos de difícil circulação como charcos, grotas e cursos d'água, devido a serem excelentes nadadores são uma das melhores raças para a caça da capivara e outros animais de ambientes onde se encontra água em abundância. Apesar de serem geniosos, vivem tranquilamente em matilha, se forem acostumados a viver desta maneira desde a infância.

Risco de extinção editar

A raça Griffon hoje sofre sério risco de extinção, segunda a médica veterinária Lisiane dos Santos Horstmann, de Santana do Livramento, há cerca de 20 anos, 10% dos cães atendidos em sua clínica eram da raça griffon barbudo, atualmente não passam de 2%.[2]

Segundo o médico veterinário, Edo Césere de Carvalho, do município de Dom Pedrito, há 10 anos cerca de 5% dos cães atendidos por ele eram da raça griffon barbudo, e de um ano para cá não viu mais nenhum.[2]

Porém griffons barbudos ainda podem ser vistos perambulando pelas áreas urbanas e rurais do interior do Sul do Brasil, a maioria são cães sem dono, e alguns são de poucos caçadores da região. Cerca de 20% dos 250 cães de rua recolhidos mensalmente em Bagé são barbudos ou mestiços de barbudos, esta é a estimativa do Núcleo Bageense de Proteção dos Animais São Francisco de Assis. A maioria são mestiços de barbudo com outras raças, mas ainda é possível encontrar exemplares puros, que reúnem todas as características fisicas do barbudo.[2] Este cão deve chegar nos próximos anos a extinção, devido a falta de alguém interessado em trabalhar pelo resgate e oficialização da raça, e pelas castrações promovidas pelos centro de controle de zoonoses e outras organizações não governamentais da região, que não distinguem barbudos dos cães sem raça definida no momento da castração.

Ver também editar

Outras raças brasileiras:


Referências

  1. a b c d e f g h i j k * (em português) Cães & Cia, Brasil: Editora Forix, 2004, mensal, Edição nº 296, ISSN 1413-3040, reportagem na seção Animal In, Barbudo e Barbudinho: Brasileiros com risco de extinção.
  2. a b c d e f g h i j k l m n o p q * (em português) Cães & Cia, Brasil: Editora Forix, 2011, mensal, Edição nº 380, ISSN 1413-3040, reportagem Especial: raças brasileiras sem criação organizada.