Beijo fraternal socialista

O beijo fraternal socialista ou abraço fraternal socialista é uma forma especial de saudação entre os estadistas de países comunistas. Este ato demonstra a ligação especial que existe entre os estados socialistas.[1]

Grafite de 1990 no Muro de Berlim chamado Meu Deus, Ajuda-me a Sobreviver a Este Amor Mortal

O beijo fraternal socialista consiste em um abraço, combinado com uma série de três beijos em bochechas alternadas.[2] Em casos raros, quando os dois líderes, consideram-se excepcionalmente próximos, os beijos eram dados na boca, ao invés de nas bochechas.

O abraço fraterno socialista consiste em uma série de três abraços apertados, alternando entre os lados esquerdo e direito do corpo, sem beijos.[3] Esta saudação modificada foi adotada pelos líderes comunistas na Ásia, que não tem uma tradição de beijar as bochechas como saudação. Durante a Guerra Fria, líderes comunistas na Ásia consentiam em receber beijos de europeus e cubanos, mas eles mesmos omitiam o beijo.

Desde o fim do comunismo na Europa Oriental, o beijo fraternal socialista desapareceu. No entanto, o abraço fraternal socialista continua a ser trocado entre líderes comunistas na Ásia. Além disso, Cuba também adotou a forma asiática do ritual.[4][5]

História

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Este ritual originou-se na prática européia de beijar as bochechas como uma saudação entre os membros da família ou amigos próximos. Ele também seria associado com o Beijo Fraternal Ortodoxo Oriental — ou Beijo de Páscoa,[6] que, entrincheirado nos ritos da Igreja Ortodoxa, carregava uma força de expressão substancial e assim fazia parte da vida cotidiana da região.

Como um símbolo de igualdade, fraternidade e solidariedade, o beijo fraternal socialista era uma expressão de pathos e entusiasmo dentro do emergente movimento operário entre meados e finais do século XIX. Nos anos que seguiram à Revolução de Outubro e à subsequente Internacional Comunista, uma ritualização do gesto, até então espontâneo, tornou-se uma saudação oficial entre camaradas comunistas. O reforço simbólico do sentimento de camaradagem também obteve sucesso pelo fato de muitos comunistas e socialistas terem de fazer viagens longas, árduas e perigosas para a isolada Rússia bolchevique. Dessa forma, a tão experimentada solidariedade internacional se expressava na forma de abraços e beijos tempestuosos.

Com a expansão do comunismo após a Segunda Guerra Mundial, a União Soviética não estava mais isolada como o único país comunista. O beijo fraternal socialista tornou-se uma saudação ritualizada entre os líderes dos países comunistas. A saudação também foi adotada pelos dirigentes socialistas do Terceiro Mundo,[7][8] bem como os líderes de movimentos de libertação alinhados com os socialistas, como a Organização de Libertação da Palestina e o Congresso Nacional Africano.[9][10]

Kremlinologia

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Alguns kremlinologistas que estudam a URSS prestam muita atenção para determinar as ocasiões em que o abraço fraternal era trocado entre os líderes comunistas. A omissão do abraço costumeiro é tomada para indicar um nível mais baixo de relações entre os dois países.[11]

Por exemplo, após a ruptura sino-soviética, os chineses recusavam-se a abraçar suas contrapartes soviéticas ou a tratá-las como "camaradas".[11] Mesmo com a normalização das relações em 1989, os chineses continuaram a omitir o abraço fraterno ao saudar os líderes soviéticos, ao mesmo tempo em que trocavam o abraço fraterno com líderes de outros países comunistas.[12] Isso foi feito para enfatizar que as relações sino-soviéticas não estavam retornando ao nível que estavam na década de 1950, antes da ruptura; o protocolo chinês insistia especificamente em "apertos de mão, sem abraços".[13]

Devido ao seu significado simbólico, os líderes comunistas muitas vezes trocavam o abraço fraterno, mesmo que existissem divergências sérias, para evitar passar a impressão ao público de que as relações estavam tensas. Por exemplo, embora a China e o Vietnã contestem a soberania das Ilhas Spratly, os líderes chineses e vietnamitas continuam a trocar o abraço fraternal socialista.

Beijos na bochecha

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O beijo fraternal socialista não deve ser confundido com os beijos na bochecha costumeiros entre líderes mundiais. Por exemplo, é tradicional para o presidente da França cumprimentar líderes mundiais beijando-os nas duas faces.[14][15] Este não é um beijo fraternal socialista, porque há apenas dois beijos, e ele não carrega nenhum significado ideológico. Na França é praticado por presidentes gaulistas, bem como pelos socialistas.

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O beijo fraternal se tornou famoso por meio de Erich Honecker e Leonid Brejnev, que foram fotografados realizando o ritual. A fotografia tornou-se famosa e posteriormente foi transformada em um grafite no Muro de Berlim chamado Meu Deus, Ajuda-me a Sobreviver a Este Amor Mortal.

Referências

  1. «Photos: A History of Lip-Locking in Russia, Home of the "Socialist Fraternal Kiss"» 
  2. «Romania Cool Toward Gorbachev's First Visit» 
  3. Chinese Premier Li Keqiang begins Vietnam visit. Reuters. 13 de outubro de 2013. Consultado em 11 de dezembro de 2018 
  4. «Chinese President Xi Jinping awarded Cuba's Jose Marti Medal» 
  5. «Castro brothers' China complex» 
  6. «The Politics of the Kiss» 
  7. SYND 28 3 77 RUSSIAN PRESIDENT PODGORNY GREETED BY PRESIDENT KAUNDA. AP Archive. 24 de julho de 2015 
  8. Venezuelan president Hugo Chavez meets Chinese President Jiang Zemin. AP Archive. 21 de julho de 2015 
  9. «Yasser Arafat & Deng Xiaoping» 
  10. «Muammar Gaddafi» 
  11. a b «Summit Stumper: Will Deng Hug Gorbachev?» 
  12. «Daily Report: People's Republic of China». United States Foreign Broadcast Information Service 
  13. Radchenko, Sergey (2014). Unwanted visionaries: the Soviet failure in Asia at the end of the Cold War. [S.l.: s.n.] ISBN 9780199938773 
  14. Arrivée en France du président Hu Jintao no YouTube
  15. «Sarkozy and Merkel inject new life into alliance» 

Ligações externas

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