Bigeneridade

identidade não-binária de gênero que inclui pelo menos dois gêneros

Bigeneridade ou gênero duplo, no contexto social e não genético, é uma identidade de gênero que inclui qualquer uma das várias identidades de gênero e comportamentos. Alguns indivíduos bigêneros expressam duas personalidades distintas, uma feminina e outra masculina; outros consideram que eles se identificam como possuindo dois gêneros simultaneamente. É reconhecido pela Associação Americana de Psicologia como um subconjunto do grupo transgênero.

Uma pesquisa realizada em 1999 pelo Departamento de Saúde Pública de São Francisco observou que, entre a comunidade transgênero, menos de 3% daquelas pessoas que foram designadas homens ao nascer e menos de 8% das que foram designadas mulheres no nascimento identificam-se como bigêneras.[1]

Descrição editar

Uma identidade de gênero bigênera tem sido descrita como variando ao longo do tempo entre dois extremos. Esses períodos podem ser desde a algumas horas a alguns anos e não há limite para o número de vezes que pode mudar.[2] Um estudante da Universidade do Missouri, Kansas, descreveu essa alternância, dizendo

Identificar-se como bigênero é tipicamente entendido como o indivíduo que se identifica como masculino e também feminino e/ou se move entre as expressões de gênero masculina e feminina com pouco meio termo. Isso é diferente de a pessoa se identificar como gênero-fluido, que é quem alterna entre quaisquer identidades de gênero fixo e pode experimentar toda uma gama ou espectro de identidades ao longo do tempo.[4]

Teorias editar

Em 2012, os pesquisadores Vilayanur S. Ramachandran e Laura K. Case teorizaram que a alternância de estados de gênero em pessoas bigêneras não é apenas explicada pela natureza socialmente construída de gênero. Indivíduos relataram que as mudanças no gênero são tipicamente involuntárias e ocorrem quando o indivíduo prefere permanecer no outro gênero. No estudo, mais da metade das pessoas estudadas relataram ter experiências de membro fantasma ― como experimentar ereções fantasmas quando o próprio corpo não tinha um pênis. Aqueles que relataram sentir membros fantasmas as avaliou como moderado em força (uma média de 2,9 em uma escala de 5 pontos). O estudo também revelou um grande número de pessoas bigêneras como portadoras de transtorno bipolar (9 de 32). Além disso, a destreza de ambas as mãos (ambidestria) ocorreu a uma taxa maior em respondentes bigêneros.[5]

Bandeiras editar

Não há uma bandeira oficial para bigênero, mas há pelo menos quatro versões mais conhecidas, destacadas abaixo.

Ver também editar

Referências

  1. Clements, Kristen (18 de fevereiro de 1999). «The Transgender Community Health Project» [O Projeto de Saúde Comunitária para Transgêneros]. HIV InSite (em inglês). Consultado em 30 de outubro de 2021. Arquivado do original em 11 de fevereiro de 2021 
  2. Jackson-Edwards, Phoebe (31 de outubro de 2014). «It hit me that I was two genders: Bizarre life of bi-gender Ryan (or Ria)» [Ocorreu-me que eu tinha dois gêneros : A bizarra vida do bigênero Ryan (ou Ria)]. Mirror.co.uk (em inglês). Consultado em 30 de outubro de 2021. Cópia arquivada em 7 de março de 2021 
  3. Schulman, Michael (9 de janeiro de 2013). «Generation LGBTQIA» [Geração LGBTQIA] (PDF). www.oakland.edu (em inglês). The New York Times. Consultado em 30 de outubro de 2021. Arquivado do original (PDF) em 28 de março de 2021 
  4. Roxie, Marilyn (1 de julho de 2011). «How do you know if you're genderfluid or just bigender?» [Como saber se você é gênero-fluido ou apenas bigênero?]. Genderqueer and Non-Binary Identities (em inglês). Consultado em 30 de outubro de 2021. Cópia arquivada em 10 de abril de 2021 
  5. Case, Laura K.; Ramachandran, Vilayanur S. (2012). «Alternating gender incongruity: A new neuropsychiatric syndrome providing insight into the dynamic plasticity of brain-sex» [Incongruência de gênero alternado: uma nova síndrome neuropsiquiátrica que fornece uma visão sobre a plasticidade dinâmica do cérebro-sexo] 5ª ed. Medical Hypotheses (em inglês). 78: 626–631. PMID 22364652. doi:10.1016/j.mehy.2012.01.041 

Ligações externas editar