O cômputo designou na Idade Média o conjunto de operações e conceitos usados para fazer contas, calcular, comparar ou contar e em particular a contagem dos ciclos do tempo astronómico, datas e intervalos entre datas.

O computo designou o conjunto das aprendizagens e cálculos com numerais, a prática aritmética, o uso de quadro de datas e o domínio de técnicas para esses cálculos, o conhecimento de fenómenos astronómicos, a explicação e fundamentação teológica de toda a informação[1].

O termo cômputo derivou da palavra - computus ou compotus do latim tardio [2] - e tornou-se uma das matérias do estudo das disciplinas universitárias de artes liberais do quadrivio, associada à aritmética e à astronomia, mas já no tempo de Carlos Magno aparece como uma das disciplinas da da educação escolar de mosteiros e escolas de catedrais.[3].

O cômputo ficou também associado a instrumentos de cálculo como o ábaco e também podia ser praticado usando os dedos das mãos, o que ficou conhecido como cômputo manual ou arte manual.

No âmbito do ensino eclesiástico medieval desenvolve-se uma forma nova do cômputo que vai formar um estudo particular próprio, o cômputo pascal que reúne todo o sistema de cálculo usado para determinar o dia do domingo de Páscoa e de todas as festas móveis.

Referências

  1. Computus é um termo que se reporta a uma ideia de cálculo alargada, que integra a aprendizagem dos numerais, a prática aritmética, o uso de quadros de datas, o domínio de técnicas para cálculo dessas mesmas datas, o conhecimento sobre alguns fenómenos astronómicos, a explicação e fundamentação teológica de toda a informação e uma ideia de ordem do cosmos que é, simultaneamente, matemática e teológica. Computus designa, também, parte do currículo monástico e, por extensão, pode reportar-se a um conjunto de argumenta ou reflexões escritas sobre o cálculo.” in Maria Coutinho {{citar artigo |título=De computo de Rábano Mauro. O texto e as iluminuras do Santa Cruz 8 e do Alc 426|url=https://doi.org/10.4000/medievalista.301), cit. STEVENS, Wesley – “Rabani Mogontiacensis Episcopi De computo”, Corpus christianorum continuatio mediaevalis 44, Turnhout: Brepols, 1979, p. 167.
  2. Em 1488 aparece na língua portuguesa com a grafia - conpoto -. Ver João Malaca Casteleiro e outros (coord.) (2022). Dicionário da Língua Portuguesa Medieval. [S.l.]: Ediorial Caminho .
  3. "O termo cômputo não designa somente, na Idade Média, o conjunto dos processos que permitem fixar antecipadamente a data da Páscoa; inclui um certo número de conhecimentos hoje associados à ciência astronómica. Computus equivalia à expressão ciência dos tempos" / "Le terme de comput ne désigne pas seulement, au Moyen Age, l’ensemble des procédés permettant de fixer à l’avance la date de Pâques; il englobe un certain nombre de conaissances qui relèvent aujourd’hui de la science astronomique. Computus équivailait à l’expression ratio temporum” (in CORDOLIANI, Alfred (1942). Les Traités de comput ecclésiastique de 525 a 990. Nogent-le-Rotrou: Daupeley-Gouverneur. p. 51 ).

Wenceslao Segura González. «Nuestro Calendario. Una explicación científica, simple y completa del calendario lunisolar eclesiástico» (pdf) (em espanhol). p. 33. Consultado em 6 de agosto de 2014