Capela de Santa Bárbara do Pitangui

Bem tombado pela Coordenação do Patrimônio Cultural do Estado do Paraná na cidade de Ponta Grossa

Capela de Santa Bárbara do Pitangui, também conhecida apenas por Capela de Santa Bárbara é um pequeno templo situado em Ponta Grossa e que por seu valor histórico e cultural foi tombada como patrimônio cultural do Paraná em 10 de outubro de 2000 [1]

Capela de Santa Bárbara do Pitangui
Capela de Santa Bárbara do Pitangui
Tipo igreja
Geografia
Coordenadas 25° 2' 33.826" S 50° 4' 13.697" O
Mapa
Localização Ponta Grossa - Brasil
Patrimônio bem tombado pela CPC-PR

História editar

Em 1710, a Companhia de Jesus com permissão do capitão-mor Pedro Taques de Moraes, construiu na Fazenda do Pitangui, um oratório em honra à Santa Bárbara. Com o falecimento de Pedro Taques de Moraes em 1713, seu filho José Góis de Moraes, fez a doação da Sesmaria do Itaiacoca, também denominada Fazenda Pitangui para a Companhia de Jesus em agosto de 1727.[2] Em 1729 o Padre Nicolau Rodrigues França, da casa das Missões de Paranaguá, aí missionou conforme consta dos assentos da Catedral de Curitiba. Logo após a instalação, os padres teriam substituído o oratório por uma capela construída por José Tavares de Serqueira, dedicada à Santa Bárbara do Pitangui. Paralelamente aos serviços religiosos os jesuítas estabeleceram uma fazenda de criação, a Fazenda Pitangui, e aí permaneceram até 1759, quando foram expulsos pelo Marquês de Pombal.

Construção editar

 
A Região dos Campos Gerais em 1820, quando da visita de Debret ao sul do Brasil

Os religiosos da Companhia de Jesus povoaram as Sesmarias de gado e escravos movimentando suas fazendas. A estrada do Continente Sul que ligava São Paulo ao Rio Grande do Sul, de Jaguariaíva para o sul, vinha em direção ao rio Pitangui, passando pela sesmaria dos padres da Companhia de Jesus. Os jesuítas do Pitangui, vendo o crescente movimento dos tropeiros e viandantes, apressaram-se na construção de uma capela e a dedicaram à Santa Barbara, para onde iam todos os moradores das fazendas vizinhas receber os sacramentos.

Com a expulsão dos jesuítas, efetuada por ordem do Marquês de Pombal, de Portugal e das suas colônias, confiscando todos os seus bens e os enexando à Coroa Portuguesa, dentre estes à Capela de Santa Bárbara, cessaram todos os ofícios religiosos que eventualmente eram realizados ali, e os escravos foram alforriados e passaram a viver na ociosidade, de acordo com o que consta no arquivo Paroquial de Castro.[3] A partir deste ano a capela e a Fazenda Pitangui passaram a ser geridas pelos carmelitas da Fazenda Capão Alto. Em 1772 estes se retiraram do Paraná temerosos que lhes acontecesse o mesmo que houve aos jesuítas.

A Capela editar

Capela de Santa Bárbara é uma edificação simples, com traços que dão nítida idéia da vida e religiosidade da época. De pau a pique e reboco, coberta com telhas trazidas de Paranaguá em lombo de burro, foi construída com o dinheiro doado por Ana Siqueira de Mendonça, viúva de Domingos Teixeira de Azevedo, do Cambijú, para pagar uma promessa à Santa Bárbara.

Localizada à margem esquerda do riacho São Miguel, afluente do rio Pitangui, a capela foi toda construída com material existente em maior quantidade na região – arenito furnas, assentada sobre um grande bloco do mesmo material.

 
Parede interna (já restaurada) da Capela de Santa Bárbara onde aparece fragmento da parede original datada de 1729

Suas paredes são bastantes espessas, tendo a frente voltada para o Sul por onde subiam-se alguns degraus de pedra já bastante gastos pelo uso. O interior era muito simples, paredes nuas, com uma única janela no lado esquerdo do altar. Desse lado, havia um pequeno púlpito de madeira, com uma pequena escada. Sobre o altar encontrava-se a imagem em argila da Santa. Esta tinha sobre a fronte uma coroa de prata com algumas pedras coloridas. Existiam duas pias batismais de madeira, um turíbulo de bronze e um pequeno sino, pesando aproximadamente dez quilos.

Havia apenas uma porta de entrada voltada para o sul. Sobre esta porta teria existido uma placa de madeira com inscrições a fogo, destruída pela ação do tempo, e que foi substituída em parte, por um papel datilografado com os seguintes dizeres copiados do original:

"Em 1707 passou pelos Campos Gerais uma Missão Científica composta de Jesuítas, que como em todas as demais fazendas fundaram uma pequena Igreja.
Padres:
Antônio da Cruz, 1707 - Tomás de Aquino, 1716 - Vitor Antônio, 1717 - Manoel Amaro, 1720 - João Gomes, 1725 - Antônio da Cruz, 1732 - Estanislau Cardoso, 1735 - Francisco Gomes, 1739 - Manoel Rodrigues, 1740 - Antônio da Cruz, 1741 - Caetano Dias, 1743 - Lourenço de Almeida, 1748 - Manoel Martins, 1751 - Cristóvão da Costa, 1752
É conclusivo que da presente relação quase todos os reitores nos campos da Fazenda do Pitangui, aqui estiveram e celebraram Missa”.

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O cemitério editar

Enterravam-se os mortos no pequeno cemitério ao lado da Capela Santa Bárbara. A existência de um cemitério na Fazenda, explicaria a aparição de ossadas quando da restauração feita no local em meados da década de 1970, quando os mesmo foram encontrados sob o assoalho apodrecido, o que seria um cemitério das famílias que foram proprietárias da fazenda. No cemitério da capela, estão enterrados todos os primitivos povoadores de Ponta Grossa.

O tombamento e as obras de restauração editar

Com o passar dos anos e a sucessiva transferência da referida propriedade a obra foi sendo esquecida, chegando quase a ruína total. Hoje, a Capela de Santa Bárbara do Pitangui representa, simbolicamente, o início de todo processo de ocupação, de formação do povo da cultura típica dos Campos Gerais. Em abril de 2003, foram concluídas as obras de restauração da Capela e retomada sua visitação pública.

Localização editar

O acesso ao local se dá pela rodovia Arichernes Gobbo (deve-se virar à esquerda, após passar o viaduto sobre o pátio da ALL, em direção ao núcleo habitacional Dal Col).Após percorridos 2 km , deve-se virar à direita, passando por baixo de um viaduto da linha férrea. Deve-se seguir em frente por mais 5 km e virar à esquerda, percorrendo mais 2 km até uma porteira. Coordenadas geográficas: 25°02'34.0"S 50°04'13.6"W

Referências