Altamira Pereira Valadares, mais conhecida como Capitã Altamira (Batatais, 15 de julho de 1910 - Março de 2004), foi uma militar e enfermeira brasileira.

1ª Tenente Enfermeira Altamira Pereira Valadares
Nascimento 15 de julho de 1910
Batatais São Paulo
Morte 01 de março de 2004 (93 anos)
Batatais, São Paulo
Nacionalidade brasileira
Progenitores Mãe: Maria Carolina Pereira
Pai: José Pereira Junior
Ocupação Enfermeira, Militar
Serviço militar
Patente Primeiro-Tenente (Póstumo)

História editar

Antes da II Guerra Mundial editar

Filha de José Pereira Júnior e Maria Carolina Pereira, Altamira nasceu em Batatais, interior de São Paulo em 15 de julho de 1910.

Como Enfermeira foi diplomada pela Escola Ana Néri e, antes de ir a guerra, teve 14 anos de experiência no exercício desta profissão, trabalhando no Quadro Especial do Ministério de Educação e Saúde. Possuía, ainda, o diploma do Curso Complementar de Guerra, pela Cruz Vermelha Brasileira e o Diploma do Curso de Emergência de Enfermeiras da Reserva do Exército (CEERE).

II Guerra Mundial editar

Partiu para a II Guerra Mundial em 4 de agosto de 1944, com o 2º Grupo da FEB (Força Expedicionária Brasileira), indo para o Front Italiano. Na Guerra, teve atuação constante, e serviu nos seguintes Hospitais de Sangue Norte-Americanos, na Itália, quase todos nas Salas de Operações:

  • 105th Station Hospital, em Cevitavecchia;
  • 64th General Hospital, em Ardenza;
  • 38th Evacuation Hospital, em Cecina – S. Luce, Pisa, Marzabotto, Parola e Salsomaggiore;
  • 24th General Hospital, em Florença;
  • 16th Evacuation Hospital, em Pistóia;
  • 15th Evacuation Hospital, em Corvela;
  • 32nd Field Hospital, Valdibura, como instrumentadora da equipe “B”.

Regressou ao Brasil apenas em 16 de julho de 1945, via aérea com o penúltimo Grupo da FEB, tendo servido oficialmente por 11 meses e 12 dias na II Guerra Mundial, e sendo sua missão considerada: cumprida com êxito.

Pós II Guerra editar

Altamira foi reformada em 2 de junho de 1949, no posto de Capitão por incapacidade para o serviço sendo diagnosticada com psiconeurose de guerra.[1] Recebeu as seguintes condecorações: Medalha de Guerra e Campanha - Exército Brasileiro; Bons Serviços - Cruz Vermelha Brasileira e Mascarenhas de Moraes – Associação Nacional dos Veteranos da Força Expedicionária Brasileira.[2]

Centro de Documentação Histórica da II Guerra Mundial editar

O Centro de Documentação Histórica – Pesquisa II Guerra Mundial "Capitã Altamira Pereira Valadares" (1939/1945) constitui um espaço de memória organizado pela Cap Altamira Pereira Valadares, enfermeira batataense da Força Expedicionária Brasileira, que desde a sua participação na guerra, se dedicou à coleção de fotografias, documentos, livros e objetos relacionados à história da II Guerra Mundial, para formar um local de pesquisa e documentação em Batatais.[2]

Segundo palavras da Cap. Altamira, não se trata de um Museu e sim de um Centro de Documentação com objetos que comprovam os fatos, visando a história e a verdade.

O acervo do Centro de Documentação é composto por fardas e documentos dos pracinhas, uniformes de campanha e de gala das enfermeiras, marmitas, cantis, talheres, botas, sapatos, galochas, objetos de primeiros socorros, medalhas, documentos e fotografias das enfermeiras, além de inúmeras fotografias, souvenires e publicações (livros, revistas e jornais) sobre a Segunda Guerra Mundial e a Força Expedicionária Brasileira. Há também uma Exposição Itinerante da Segunda Guerra, com pastas de documentos e fotografias organizado e doado pela sucessora da enfermeira, Ivete Pereira Lavagnoli de Montanha.[3]

Todo este material constitui uma fonte de pesquisa extensa e muito detalhada sobre este trágico fato histórico mundial, com riqueza de informações contidas nos relatos diários da própria Cap Altamira e nas milhares de fotografias, grande parte com identificação. A primeira exposição oficial do acervo foi no Tiro de Guerra de Batatais, durante a Semana da Pátria, em 1967.

Entre os anos de 1973 e 1976, o acervo ficou guardado no porão do Teatro Municipal Fausto Bellini Degani, em término de construção. O acervo do Centro de Documentação também ficou por um período no salão do Colégio São José, sendo transferido para o Museu Histórico e Pedagógico Dr. Washington Luis.

Em março de 1988, a Cap Altamira recebeu do então prefeito municipal Geraldo Marinheiro, a chave do salão para abrigar o acervo na recém inaugurada Casa da Cultura, porém, após alguns anos, o acervo foi levado para a residência da Cap Altamira, na Travessa Ângelo Caroli Filho, 95.

Após sucessivas mudanças do acervo, no dia 10 de junho de 1993, o Centro de Documentação recebeu concessão para a construção de uma sede própria anexa ao Tiro de Guerra TG 02-047.[4] O lançamento da “Pedra Fundamental” ocorreu em agosto de 1993.

Construída com os recursos da Cap Altamira, a sede definitiva do Centro de Documentação foi inaugurada no dia 06 de Maio de 1994.[4] Em Junho de 2001, o Centro de Documentação foi doado para a Prefeitura, que tem a responsabilidade administrativa e o Tiro de Guerra a responsabilidade de guarda e proteção do acervo.

Falecimento e legado editar

Em Março de 2004 a Cap Altamira faleceu, deixando como sua sucessora a sobrinha Ivete Pereira Lavagnoli de Montanha.[4] Em parceria com o poder público municipal e o Tiro de Guerra de Batatais, sob a instrução do Sargento Edivo, iniciou em 2007 as obras de reforma do Centro de Documentação e nova organização museográfica, inaugurada no dia 17 de Maio de 2008.[3]

Atualmente, o Centro de Documentação desenvolve projetos de formação de monitores para as visitas direcionadas e a próxima meta é desenvolver um trabalho de educação patrimonial em conjunto com as escolas do município na apropriação do Patrimônio Histórico do Centro de Documentação Histórica – Pesquisa II Guerra Mundial, como fonte primária de conhecimento e aprendizado, a ser utilizado e explorado na educação dos alunos e como instrumento de motivação, individual e coletiva, para a prática da cidadania e o estabelecimento de um diálogo enriquecedor entre as gerações.

Postumamente a Capitã foi promovida ao posto de 1ª Tenente Enfermeira.[5]

Formações[5] editar

Condecorações e medalhas[6] editar

Referências

  1. Mata Roque, Daniel; Rocha Bernardes, Margarida (7 de dezembro de 2022). «Mulheres enfermeiras na Segunda Guerra Mundial». Exército Brasileiro. Revista do Exército Brasileiro (158 - 3º quadrimestre de 2022): 44. Consultado em 28 de dezembro de 2023. Cópia arquivada em 28 de dezembro de 2023 
  2. a b «Capitã Altamira foi uma das 73 mulheres de Batatais na Segunda Guerra Mundial». Revide | Portal de Notícias de Ribeirão Preto e região. 8 de março de 2019. Consultado em 28 de dezembro de 2023. Cópia arquivada em 28 de dezembro de 2023 
  3. a b «Centro de Documentação Histórica». Força Espedicionária Brasileira. Consultado em 28 de março de 2010. Cópia arquivada em 2 de junho de 2011 
  4. a b c «Centro de Documentação da II Guerra Mundial "Capitã Altamira Pereira Valadares" - Secretaria Municipal de Educação». 18 de agosto de 2015. Consultado em 28 de dezembro de 2023. Cópia arquivada em 27 de setembro de 2023 
  5. a b Viotti, Ana Carolina de Carvalho; Cardoso, Janaína Salvador (2021). «Enfermeiros e enfermarias no Brasil dos primeiros tempos» (PDF). Centro Universitário Claretiano. Revista Linguagem Acadêmica (Dossiê Capitã Altamira). 11: 75. Consultado em 28 de dezembro de 2023. Cópia arquivada (PDF) em 28 de dezembro de 2023 
  6. «Cuidados no campo de batalha» (PDF). COREN/SP. Enfermagem em Revista (nº 4): p.32-33. 2013. Consultado em 28 de dezembro de 2023. Cópia arquivada (PDF) em 28 de dezembro de 2023 

Ver também editar

Ligações externas editar