Castelo de Lindisfarne

O Castelo de Lindisfarne (em inglês, Lindisfarne Castle) é um castelo do século XVI que se localiza no ponto mais alto da chamada "Ilha Sagrada" (uma colina rochosa chamada Beblowe Crag, Lindisfarne), próximo de Berwick-upon-Tweed, em Northumberland, na Inglaterra. A ilha tem acesso a partir de terra firme durante a maré baixa, através duma calçada.

Castelo de Lindisfarne, uma fortificação do século XVI transformada numa casa de família por sir Edwin Lutyens, em 1901, quando foi transformado em residência.

História editar

 
Vista parcial do Castelo de Lindisfarne

O castelo está localizado numa região onde, em tempos, existiu uma volátil fronteira entre a Inglaterra e a Escócia. Além de servir de cenário de combates entre ingleses e escoceses, aquele trecho da costa também foi frequentemente atacado por viquingues.

A sua edificação foi iniciada em 1550, aproximadamente na época em que o Priorado de Lindisfarne deixou de estar em uso, tendo as pedras do edifício do priorado sido reaproveitadas como material de construção. O castelo apresenta dimensões muito pequenas para os padrões habituais, assemelhando-se mais a um forte.

A posição de Lindisfarne no Mar do Norte tornou-a vulnerável aos ataques dos escoceses e dos nórdicos, tornando-se patente, à época Tudor, a necessidade duma sólida fortificação. Isto resultou na criação do forte em Beblowe Crag, o qual formou a base do actual castelo entre 1570 e 1572.

Depois de Henrique VIII ter dissolvido o priorado, as suas tropas usaram os restos daquela edificação como armazém naval. Mais tarde, Isabel I promoveu trabalhos no forte, reforçando-o e providenciando plataformas para a artilharia. Quando Jaime I chegou ao poder, combinou os tronos escocês e inglês, pelo que a importância estratégica do castelo decaiu. Nesta época, a estrutura ainda mantinha uma guarnição vinda de Berwick e protegia a pequena Lindisfarne Harbour (Enseada de Lindisfarne).

 
O Castelo de Lindisfarne visto da costa.

No século XVIII o castelo foi brevemente ocupado por rebeldes jacobitas, mas rapidamente recapturado por soldados vindos de Berwick para aprisionar os rebeldes; os jacobitas escavaram uma saída e esconderam-se durante nove dias nas proximidades do Bamburgh Castle antes de conseguirem escapar.

Em anos posteriores, o castelo foi usado como posto de vigilância costeira e, de alguma forma, usado como atracção turística. Charles Rennie Mackintosh fez um esboço do antigo forte em 1901.

Em 1901, tornou-se propriedade de Edward Hudson, um magnata da publicidade e dono do armazém Country Life, para quem o castelo foi remobilado ao estilo Arts & Crafts por Sir Edwin Lutyens. Diz-se que Hudson e o arquitecto depararam com o edifício enquanto visitavam Northumberland, tendo escalado a sua parede para explorar o interior.

O jardim murado, que havia sido, inicialmente, a área dos vegetais da guarnição, foi desenhado por Gertrude Jekyll, amiga de longa data e colaboradora de Lutyens, entre 1906 e 1912. Este jardim encontra-se a alguma distância do próprio castelo. Entre 2002 e 2006 foi restaurado para o plano original de Jekyll, que se encontra, actualmente, guardado na Reef Collection, na Universidade da Califórina, Berkeley. O castelo, jardim e fornos de cal vizinhos têm estado ao cuidado do Instituto Nacional para Lugares Históricos ou de Beleza Natural (National Trust for Places of Historic Interest or Natural Beauty) desde 1944 e estão abertos aos visitantes.

Lutyens costumava usar barcos abandonados (herring busses), virados ao contrário, como barracões. Em 2005, dois dos barcos foram destruídos por fogo posto. Foram substituídos em 2006 e o terceiro barco está agora renovado pelo National Trust. A substituição dos dois barcos queimados por dois novos é apresentada num novo DVD Diary of an Island. Este mostra um barco de pesca de Leith sendo cortado ao meio num estaleiro em Eyemouth e os dois "barracões" a serem transportados para a ilha e a serem içados para o local por guindastes.

O arquitecto espanhol Enric Miralles usou os herring busses virados ao contrário de Lutyens como inspiração para o seu desenho do Edifício do Parlamento Escocês em Edimburgo[1].

A renovação de Lutyens editar

 
Vista parcial do castelo.

A entrada para o castelo é bastante dramática e envolve uma subida íngreme em volta da base rochosa. A encosta original de Lutyens não estava protegida nem por grades nem por cercas, numa tentativa de enfatizar a natureza exposta do lugar. No entanto, diz-se que, aquando da visita do futuro Rei Jorge V e da Rainha Maria, em 1908, estes terão ficado alarmados pela encosta e pela superfície empedrada.

Uma vez dentro do castelo, o hall de entrada é seccionado por grandes pilares de pedra, lembrando, de alguma forma, a nave duma igreja com o escuro castanho avermelhado da pedra contrastando com o estuque branco. O espaço é completado por um simples chão de pedra.

A cozinha está quase despida, sendo dominada por uma grande lareira de pedra. Aqui, tal como no Castle Drogo, Lutyens usou o espaço de maneira interessante. Por todo o castelo, usou pedra, tijolo, ardósia e madeira para criar formas simples, e recorreu a texturas para demonstrar um estilo de vida rústico, espartano. Apesar de ser um castelo, mantém-se como um espaço acolhedor onde a escala humana determina o tamanho da sala, mas com elementos arquitectónicos incongruentes. Na copa existe uma pequena janela sobre uma reentrância da pedra rodeada pelo mecanismo usado para operar o portcullis.

 
Caminho de acesso ao Castelo de Lindisfarne.

Depois de se descer para a sala de jantar, fica-se dentro dos restos do forte Tudor. Aqui, e na nave adjacente as abóbadas são inteiramente funcionais, uma vez que suportam a bateria situada acima. A ampla lareira contém um antigo forno de pão; aqui, Lutyens enfatizou a idade da sala com janelas de traça neo-gótica emolduradas por cortinas que balançam ao longo da parede. Uma das paredes dos extremos está pintada num rico azul-da-prússia, o qual contrasta com o padrão em espinha de arenque do chão, em tijolo vermelho.

A porta seguinte dá para a nave onde uma parede verde desempenha um papel semelhante. O mobiliário está em consonância, com muita madeira escura nas mesas e armários. As poucas cadeiras e sofás estofados e sofás estão, agora, desbotadas em tons suaves.

O quarto maior, a este, é luminoso e arejado, possuindo igualmente cortinas em mastros desligados. A longa galeria foi um espaço novo criado por Lutyens, pensado como eco da grande galeria das casas isabelinas e jacobinas. A escala é muito menor, mas o uso de arcos de pedra exposta e vigas de carvalho providenciam um grande sentido rústico.

Existe ainda uma galeria superior com uma plataforma elevada num dos extremos. A partir daqui, uma porta de carvalho conduz à bateria superior com as suas vistas espectaculares ao longo da costa. A sala de música do castelo foi usada por Guilhermina Suggia, uma visita frequente, e, actualmente, é deixado na sala um violoncelo para marcar esse facto.

O Lindisfarne Castle serviu de cenário a vários filmes, nomeadamente A Tragédia de Macbeth (1971), de Roman Polanski, no qual faz as vezes do Glamis Castle.

Notas

Ligações externas editar

 
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