Cataleuco e Pirgileuco

Catraleuco (em grego clássico: Κατραλευκός; romaniz.:Catraleucós) e Pirgileuco (em grego clássico: Πύρʚγοι λευκοί; romaniz.:Pyrgoi leukoi) eram duas cidades celtas, descritas por Ptolomeu na Lusitânia.

Hispânia Tarraconense, Bética e Lusitânia

Análise etimológica editar

"O nome Katraleukos aparece, em outros manuscritos, como Katra leukos, Kataleukos e Katrapheucus. Não excluindo a hipótese de se tratar de um topónimo de origem indo-europeia pré--romana, é possível que o nome registado por Ptolemeu seja, não uma transcrição, em caracteres gregos, de um nome indígena, mas uma tradução, para o grego, de topónimo latino constituído por nomes comuns.".[1][2][nota 1]

"Se pyrgos se aplica à torre do farol, a forma plural do nome ptolemaico dificilmente consente a restituição de um topónimo latino Phari Albi, pois tal nome pressuporia pelo menos dois faróis no mesmo local — o que não parece aceitável. Nada temos contra a possibilidade de o topónimo ptolemaico Pyrgoi leukoi corresponder à tradução de Turres Albae.[1]

Localização editar

A localização destas duas cidades é ignorada, no entanto ao longo do tempo têm sido propostas várias possíveis localizações:

""O nome Kataleukos poderá traduzir um nome latino Ad Lucentum e o nome Pyrgoi leukoi corresponderá a Turres Albae. Qualquer destes nomes parece adequar-se a Tróia e a Sines; mas, admitida tal adequação, não nos parece fácil decidir qual dos nomes corresponde a Tróia e qual foi o de Sines. Só algum feliz achado epigráfico futuro poderá revelar o nome antigo das duas povoações, sem que possamos rejeitar a eventualidade de as nossas hipóteses, por razoáveis que hoje pareçam, virem a revelar-se falsas e os nomes Kataleukos e Pyrgoi leukoi virem a ser identificados com outras localidades que não sejam nem Tróia nem Sines" [nota 2].
  • O mesmo autor refere num outro estudo que Kataleukos se pode encontrar no Alentejo.
"De qualquer forma, parece-nos que é na área de Estremoz / Vila Viçosa que devemos procurar a estação de Ad Albos."
  • Crato, Alcáçovas e Alvalade foram também propostas, embora não sejam localizações aceitáveis.[3]
  • A cidade de Cataleuco é, na tradição albicastrense, a origem da cidade de Castelo Branco.
“...vila que depois se denominou Castelo Branco, devido, ao que parece, à convicção, já existente do séc. XII ou XIII, pelo menos, de que ali existira a cidade de Castraleuca"[4]

Referências

  1. a b c Alarcão, Jorge de; Notas de arqueologia, epigrafia e toponímia; in Revista Portuguesa de Arqueologia, vol 7, nº 1, 2004, pp 317-342
  2. Gaspar Álvares Lousada (1554-1634), opinou que Castraleuca se compunha em duas partes: uma latina e outra grega, leucothon (comum a Catraleucos e Pyrgileucos), que significa branco e identificou com Leucoteia, a deusa branca, a protectora dos marinheiros. Gandara, Felipe de la; El Cisne accidental, primeira parte, Madrid, 1678
  3. a b Alarcão, Jorge de; Notas de arqueologia, epigrafia e toponímia; in Revista Portuguesa de Arqueologia, vol 23, 2020, pp 73-88
  4. Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, vol 35, ed. Enciclopédia, anos 50

Notas

  1. A cidade de Cataleuco é, na tradição albicastrense, a origem da cidade de Castelo Branco
  2. Os mapas que foram posteriormente desenhados com base nas tabelas de Ptolomeu mostram Cataleuco e Pirgileuco como cidades de interior à mesma latitude e não como cidades costeiras à mesma longitude, como Troia e Sines na realidade são.

Bibliografia editar

  • Alarcão, Jorge de; Notas de arqueologia, epigrafia e toponímia, Revista portuguesa de arqueologia, vol 7, tomo 1, 2004.
  • Alarcão, Jorge de; Notas de arqueologia, epigrafia e toponímia, Revista portuguesa de arqueologia, vol 23, 2020.