Juniperus bermudiana

Espécie de coníferas endémica das ilhas Bermudas.
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Juniperus bermudiana L., conhecido pelo nome comum de cedro-da-bermuda, é uma espécie da família Cupressaceae endémica nas Bermudas. A planta apresenta fortes semelhanças à espécie J. brevifolia, endémica nos Açores.

Como ler uma infocaixa de taxonomiaJuniperus bermudiana
Exemplar maduro de J. bermudiana
Exemplar maduro de J. bermudiana
Estado de conservação
Espécie em perigo crítico
Em perigo crítico
Classificação científica
Reino: Plantae
Divisão: Coniferophyta
Classe: Pinopsida
Ordem: Pinales
Família: Cupressaceae
Género: Juniperus
Espécie: J. bermudiana
Nome binomial
Juniperus bermudiana
L.
Árvore madura num cemitério (Bermuda).

Descrição editar

É uma árvore perene que cresce até 15 m de altura (mesofanerófito), com um tronco de até 60 cm de espessura, embora no passado tenham existido espécimes maiores. O ritidoma é uma casca fina, que esfolia em tiras.

A folhagem é de cor azul-verde, com folhagem reduzida a pequenas folhas aciculares (agulhas) agrupadas em tufos individuais 1,3-1,6 mm de largura, com secção quadriforme (com quatro lados bem distintos). As folhas tem a forma das agulhas típicas das cupressáceas, com 1,0-1,5 mm de largura, 1,5-2,5 mm de comprimento, mas podendo atingir os 4 mm de comprimento em brotos com forte crescimento. As folhas têm na base uma glândula pouco perceptível, dispondo-se em pares decussados opostos, ocasionalmente em verticilos decussados com três pares de folhas. As plantas juvenis apresentam agulhas com 4-8 milímetros de comprimento.

Os frutos são cones, superficialmente semelhantes a bagas, de tamanho irregular, com 4–6 mm de comprimento e 5–8 mm de largura, macios e verdes quando imaturos, de cor roxo-azulada quando maduros, o que ocorre cerca de 8 meses após a polinização que em geral tem lugar no início da primavera. Os cones masculinos têm 4–6 mm de comprimento, de cor amarela, mas ficando acastanhados após a libertação do pólen.

Cada cone contém 1-2 (raramente 3) sementes, globosos a piriformes.

Ecologia e estado de conservação editar

 
juniperus bermudiana entre uma rua

A espécie encontra-se em estado crítico de conservação, com a sua sobrevivência ameaçada pelo ataque de duas espécies de insectos (as cochonilhas Lepidosaphes newsteadi e Carulaspis minima), que foram involuntariamente introduzidas a partir dos Estados Unidos em meados da década de 1940. Em 1978, o ataque daquelas espécies já tinha matado 99% dos espécimes de J. bermudiana existentes nas Bermudas, cerca de 8 milhões de árvores. No entanto, os restantes 1% das árvores mostrou ser resistente às cochonilhas, o que conjugado com os esforços do Departamento da Agricultura, Pesca e Parques (Department of Agriculture, Fisheries and Parks) das Bermudas, que promoveu a plantação de plantas jovens obtidas a partir desta cepa resistente, permitiu salvar a espécie da extinção.

Outra ameaça surgiu nas décadas de 1950 e 1960, quando a casuarina (Casuarina equisetifolia), uma árvore nativa da Austrália, foi introduzida na Bermuda para substituir as funções de quebra-vento anteriormente desempenhadas pelo J. bermudiana. Nas condições edáfo-climáticas da Bermuda, a casuarina provou ser um invasor agressivo, não permitindo que outras plantas, incluindo o J. bermudiana, sobrevivessem à sua sombra. Outras espécies introduzidas na tentativa de substituir a floresta de J. bermudiana foram a Coccoloba uvifera e a aroeira-vermelha (Schinus terebinthifolius), espécies que também competem por espaço com o cedro-das-bermudas.

Uma nova ameaça resulta da subida do nível do mar, que se infiltra sob os terrenos baixos costeiros, salinizando-os, o que coloca em risco alguns bosques antigos de cedro-da-bermuda que já estão a morrer.

A espécie é ocasionalmente usada como uma árvore ornamental fora das Bermudas, sendo considerada como naturalizada no Hawaii e na ilha de Santa Helena. Foram plantados mais de 6 500 espécimes no Hawaii entre 1921 e 1953, o que permitiu o estabelecimento de populações selvagens.[1]

As florestas de J. bermudiana que cobriam a Bermuda alimentavam muitas espécies de aves que tinham evoluído e se adaptado a elas, tornando-se endémicas naaquela ilha. Com a perda de tantas árvores, tais espécies também se encontram à beira da extinção. Entre as aves ameaçadas pelo desaparecimento dos bosques de cedro-das-bermudas está a subespécie bermudiana do Vireo griseus. Apesar dos esforços por parte do público e do governo para aumentar as suas populações, juntamente com a recuperação das populações do cedro-da-bermuda, que podem demorar 200 anos para atingir a plena maturidade, a sobrevivência das populações daquelas aves estão em risco.

Notas

  1. Little, Jr., Elbert L. (1989). Common Forest Trees of Hawaii (Native and Introduced). [S.l.]: U.S. Dept. of Agriculture, Forest Service. p. 321 

Ligações externas editar

Referências editar