Castelo de Marais

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O Castelo de Marais (em francês: Château du Marais) é um palácio francês situado na comuna do Val-Saint-Germain, perto de Saint-Chéron, na antiga província de Hurepoix, hoje departamento do Essonne e a região de Île-de-France, trinta e seis quilómetros a sudoeste de Paris.

Fachada ocidental do castelo.

Construído pelo arquitecto Jean-Benoît-Vincent Barré para Jean Le Maître de La Martinière, tesoureiro geral da Artilharia e do Génio, é considerado como um dos mais notáveis exemplos de palácio em estilo Luís XVI na região parisense.

Pertenceu sucessivamente a grandes famílias aristocráticas, como os Noailles, os Castellane, os Talleyrand-Périgord e os Pourtalès.

Localização

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O Castelo de Marais foi construído no território da actual comuna do Val-Saint-Germain, na margem do Rio Rémarde, que alimenta o tanque do parque. Anteriormente, encontrava-se neste local um castelo-forte pertencente à família Hurault.

História

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No século XVII, cerca de 1620, foi construído o terceiro castelo, do qual apenas subsistem os comuns, hoje transformados em museu.

No início do século XVIII, o domínio foi adquirido por Pierre Henry Lemaître,[Notas 1] que executou reparações importantes, empregando, provavelmente, o seu arquitecto, François Debias-Aubry.[Notas 2]

No dia 5 de Setembro de 1767, os seus herdeiros venderam o domínio, por mais de 600.000 libras, a Jean Le Maître de La Martinière, tesoureiro geral de Artilharia e do Génio entre 1758 e 1774; segundo a acta de aquisição, "A terra do Marais tem um belo castelo construído à moderna, composto por um grande corps de logis entre pátio e jardim".

Pourtanto, Le Maître mandou arrasar o edifício em 1772 para fazer construir um novo castelo pelo arquitecto Jean-Benoît-Vincent Barré. Os trabalhos foram executados entre 1772 e 1779. Diz-se que "para estar seguro de ter algo novo", o proprietário mandou destruir os materiais provenientes do antigo castelo.

A importância dos trabalhos, as somas consideráveis despensadas e o fausto da construção surpreenderam os contemporâneos, como o Marquês de Bombelles, que afirmou no seu Journal: Um homem que, toda a sua vida, esteve no meio duma grande fortuna, extremamente modesto, de repente deixou construir um castelo que poderia satisfazer um príncipe de sangue real. Barré [...] valeu-se da confiança de M. Le Maître e ergueu-lhe edifícios cuja despesa passa, diz-se, muito a soma de dois milhões.

Aquando da morte de Jean Le Maître de La Martinière, em Abril de 1783, a sua sobrinha, Adélaïde Prévost (1755-1844), Madame de La Briche por casamento, sogra de Mathieu Louis Molé, tornou-se proprietária do edifício em 1785, depois de negociações com os outros herdeiros, e ali recebeu homens de letras e da política.

À sua morte, a sua herança foi recolhida pelo seu genro, o Conde Molé e, depois, passou para a neta deste, Clotilde de La Ferté-Meun (1831-1931), que casou em 1851 com Jules Charles Victurnien de Noailles (1826-1895), 4º Duque de Ayen e, depois, 7º Duque de Noailles.

Em 1897, o castelo foi comprado à Duquesa de Noailles pelo Conde Boniface de Castellane (dito Boni) (1867-1932), que casou com uma riquíssima herdeira americana, Anna Gould (1875-1961). Boni de Castellane fez desenhar, pelo paisagista Achille Duchêne, os notáveis jardins à francesa.

Após o seu divórcio, Anna Gould conservou o castelo e voltou a casar com Hélie de Talleyrand-Périgord (1858-1937), Príncioe de Sagan. O edifício passou, em seguida, para a sua filha, Violette de Talleyrand-Périgord (1915-2003), Duquesa de Sagan, esposa em primeiras núpcias do Conde James de Pourtalès (1911-1996) e, depois, em segundas núpcias de Gaston Palewski (1901-1984), antigo director de gabinete do General de Gaulle. À sua morte, o castelo passou para a sua filha, Anna Frottier de Bagneux, e para o seu filho mais novo, o Conde Charles-Maurice de Pourtalès.

Arquitectura

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" Um dos lugares onde os princípios constructivos são melhor aplicados, escreve ele nas suas memórias, é o Château du Marais [...] A sua arquitectura é perfeita e lógica. É bem pelo meio e não pelo lado do pátio que se acede. O salão de honra está ao centro da planta. É precedido por salas pouco ornamentadas, enquanto aquelas que se lhe seguem são mais sumptuosas porque destinadas à habitação. Os retratos que mandei vir de Rochecotte (Castelo de Rochecotte) depois da morte da minha avó[Notas 3] povoam o castelo e dão-lhe o aspecto habitado".Boni de Castellane[1]

O castelo actual foi edificado na extremidade oriental da plataforma rodeada por fossos de água que constituia o cour d'honneur do antigo castelo. As esquinas noroeste e sudoeste dessa plataforma comportam dois pequenos pavilhões que se situam no lugar daqueles que já estavam confinados a esse pátio.

O edifício principal, duplo em profundidade, está construído sobre uma planta rectangular. O jogo dos telhados e de ligeiros recrudescimentos de fachada sugerem os volumes tradicionais do castelo do século XVIII: corpo avançado central com cinco tramos e dois corpos avançados laterais com um único tramo.

A fachada voltada para o pátio, a mais interessante, contém um pórtico na sua parte central, composto por quatro colunas dóricas de ordem colossal, encimado por um ático coroaedo por um frontão e uma cúpula quadrada, cujo desenho é retomado daquele do Pavillon de l'Horloge no Palais du Louvre. Esta disposição é surpreendente pelas suas proporções, embora os seus constituintes sejam atestados noutras construções anteriores.

Na fachada sobre o jardim, as colunas são substituidas por pilastras de ordem compósita e a cúpula quadrada por um telhado em pavilhão achatado, dando um aspecto bastante mais clássico.

A norte do castelo, um aplataforma suporta os comuns. Os edifícios antigos foram aqui conservadosm embora modernizados e unificados. Na esquina noroeste, o velho pombal foi preservado. Uma ponte sobre o fosso liga os comuns ao castelo.

O parque, que tinha sido transformado à inglesa no início do século XIX, foi recriado por Achille Duchêne, entre 1903 e 1906, para Boniface de Castellane. O grande lago, alargamento dum antigo canal, é alimentado pelo Rémarde, afluente do Orge. A leste, Duchêne desenhou parterres à francesa numa plataforma rodeada por fossos de água.

Actualmente, pode visitar-se esse castelo de finais do século XVIII, os seus jardins à francesa, o Museu Talleyrand e a orangerie do castelo.

Hóspedes célebres

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Referências

  1. Boni de Castellane, Mémoires, Comment j'ai découvert l'Amérique, Paris, Perrin, 1986, capítulo XI, p. 140.
  1. Dito ‘’Lemaître du Marais’’, também senhor de Romainville.
  2. Foi ele quem construiu o hôtel particulier parisiense no nº 97 da Rue du Bac.
  3. A Duquesa de Dino,

Ligações externas

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