Clara González (Chiriquí, 11 de setembro de 189811 de fevereiro de 1990) foi a primeira mulher panamenha a completar um bacharelado em Direito em 1922. Ela foi a fundadora do Partido Nacional Feminista e pressionou pelo sufrágio feminino criando uma escola para ensinar a mulheres a responsabilidade política. González foi a primeira mulher latino-americana a completar um doutorado em Direito. Ela serviu na Assembleia Constitucional de 1945, que finalmente concedeu a emancipação das mulheres em 1946, e foi a primeira mulher do Panamá nomeada juíza do Tribunal de Menores. Ela ajudou na elaboração do Código Juvenil e fundou o Reformatório Juvenil de Chapala.

Clara González
Nome completo Clara González Carrillo
Outros nomes Clara González Carrillo de Behringer
Conhecido(a) por primeira mulher a completar um bacharelado em Direito no Panamá
Nascimento 11 de setembro de 1898
Remedios, Chiriquí, Panamá
Morte 11 de fevereiro de 1990 (91 anos)
Cidade do Panamá
Ocupação advogada, acadêmica e feminista

Biografia editar

Clara González Carrillo nasceu em 11 de setembro de 1898 em Remedios, na província panamenha de Chiriquí, filha dos imigrantes espanhóis David González e Basilia Carrillo Sánchez. Na infância viveu com sua família na Costa Rica, onde exilaram-se entre 1900 e 1904.[1] Graduou-se em licenciatura na Escuela Normal em 1918 e em 1919 matriculou-se na Escuela Nacional de Derecho (Escola Nacional de Direito).[2] Enquanto estava na faculdade de direito, lecionou na Escuela Manuel José Hurtado.[1] Em 1922, González tornou-se a primeira mulher panamenha a completar um bacharelado em direito, mas foi proibida de exercer a profissão. Sua tese de graduação, La Mujer ante el Derecho Panameño[2] (Mulheres no Direito Panamenho), foi um dos primeiros estudos sobre o status legal da mulher e tornou-se a base de um impulso para mudar a constituição. O governo do presidente Belisario Porras recebeu muitos pedidos de emendas à constituição e finalmente o fez em 1925, permitindo a González exercer a advocacia.[1]

A necessidade de organizar um movimento feminista que favorecesse a participação das mulheres na política levou González e outras líderes como Sara Sotillo, Elida Campodónico, Rosa Navas e outras a criar o Partido Nacional Feminista em 1923, embora apenas em 1924 ganhasse status legal de organização.[1] Uma das primeiras coisas que o grupo fez foi organizar a Escuela de Cultura Femenina para contrariar as afirmações de que as mulheres não podiam participar porque não sabiam nada de política. A instituição ensinava educação cívica, história, política e quaisquer outras disciplinas que aumentassem o conhecimento das mulheres nas esferas profissionais e sociais.[2]

Ganhando uma bolsa em 1927, González foi para os Estados Unidos[1] para estudar na Universidade de Nova Iorque, fazendo o doutorado em direito em 1929 e tornando-se a primeira mulher latino-americana com a distinção.[2] Ela retornou ao Panamá em 1930, começou a trabalhar como professora no Instituto Nacional lecionando economia, ciência política e sociologia, e tentou reviver o Partido Nacional Feminista. Ela lecionou no instituto até 1937 e, após a fundação da Universidade do Panamá, começou a ensinar criminologia, direito da família e menores.[1]

Com a derrubada do presidente Arnulfo Arias em 1941, González encontrou uma mudança no clima político. Entre 1941 e 1945, ela foi anfitriã dos Centros de Cultura Popular para Adultos, em 1943 casou-se com o engenheiro civil americano Charles A. Behringer[1] e, em 30 de dezembro de 1944, fundou a Unión Nacional de Mujeres (Partido Nacional das Mulheres). Ela concorreu como candidata pelo Partido da Renovação Liberal e foi eleita deputada da Assembleia Constituinte de 1945. Ela atuou como vice-ministra do Trabalho, Provisões Sociais e Saúde Pública entre 1945 e 1946 e foi fundamental para promover a aprovação do projeto de lei de direito de voto e igualdade de direitos políticos que se tornou lei em 1946.[2]

González tornou-se a primeira mulher panamenha nomeada juíza do Tribunal de Menores em 1951[2] e ajudou a estabelecer as políticas de tutela do Juizado de Menores, procedimentos uniformes para lidar com a delinquência juvenil, bem como fundar o Reformatório Juvenil de Chapala.[1] Ela continuou a trabalhar para o juizado até 1964, quando aposentou-se a pedido do marido e mudou-se com ele para West Covina, na Califórnia. Após a morte dele em 1966, ela voltou para sua terra natal e, exceto por algumas viagens para visitar a família, permaneceu no Panamá.[1]

Morte editar

Clara González faleceu após complicações de uma cirurgia no quadril na Cidade do Panamá em 11 de fevereiro de 1990.[1]

Legado editar

A Escola de Promotorias Públicas do Panamá leva seu nome,[3] assim como um prêmio anual concedido pelo Sindicato Nacional dos Advogados ao profissional jurídico que se destacou na luta pelos direitos da mulher ou pelos direitos humanos.[4]

Referências editar

  1. a b c d e f g h i j «Clara González Carrillo de Behringer». En Caribe (em espanhol). Dominican Republic: Enciclopedia de Historia y Cultura del Caribe. Consultado em 17 de agosto de 2015 
  2. a b c d e f Moreno, Célia. «Clara González de Behringer». Unidade Acadêmica de Engenharia Civil. Campina Grande, Paraíba, Brasil: Universidade Federal de Campina Grande. Consultado em 17 de agosto de 2015. Cópia arquivada em 21 de abril de 2017 
  3. «Clara González de Behringer, Parcipó de la X Asamblea General De Recampi». Ministerio Publico (em espanhol). Cidade do Panamá, Panamá: República de Panamá GOB. Consultado em 17 de agosto de 2015. Cópia arquivada em 4 de março de 2016 
  4. «Premio Clara González de Behringer». UNA Panama (em espanhol). Panama City, Panama: Unión Nacional de Abogadas. 2012. Consultado em 17 de agosto de 2015. Cópia arquivada em 4 de março de 2016