Colecionadores, atiradores desportivos e caçadores

designação dos cidadãos que têm direito a posse de arma de fogo e munições para exercer as atividades de colecionismo, tiro desportivo e caça

Colecionadores, Atiradores desportivos e Caçadores (CAC), na legislação brasileira, é a designação dada àqueles cidadãos que têm o direito à posse de arma de fogo e munições para exercer as atividades de colecionismo, tiro desportivo e caça, podendo exercer uma, duas ou as três atividades.[1]

CAC
Colecionador
Colecionador
Atirador
Atirador
Caçador
Caçador

Segundo dados coletados junto ao Exército e à Polícia Federal, em janeiro de 2021, havia mais de 1 milhão de CACs registrados no Brasil.[2] Em 2021, até o mês de setembro, 840 armas de CACs foram roubadas ou furtadas. Em 2019 foram extraviadas 749 armas e em 2020 foram 614, conforme dados fornecidos pelo Comando do Exército.[3]

Crimes editar

O aumento do número de CACs a partir da flexibilização da compra de armas durante o governo Bolsonaro fez disparar o número de crimes cometidos por CACs. Só no Distrito Federal, a ocorrencia de crimes cometidos por CACs aumentou 745% durante os quatro anos do governo Bolsonaro[4]. Chama atenção a alta do registo de crimes contra a mulher: mais de mil por cento.[4] No Brasil os crimes cometidos por CACs aumentaram 78% só em 2022, incluindo tentativa de homicídio, comércio ilegal de armas de fogo, feminicídio e terrorismo.[5][6]

Outra consequencia da flexibilização para obtenção de armas de fogo foi a explosão do número de registros de extravio de armas de fogo. De janeiro de 2018 a janeiro de 2022 foram registrados 2 826 estravios, o que alimenta o crime.[7] Além disso, organizações criminosas estão utilizando CACs ligados ao tráfico de drogas para adquirir legalmente armamentos como fuzis, submetralhadoras e pistolas.[8]

Entre 2019 e 2022, ou seja, durante o governo Bolsonaro, foram emitidas licenças de CAC para 5 235 criminosos condenados e 2 690 foragidos da Justiça. Os crimes incluem homicídio, tráfico de drogas, lesão corporal dolosa, direção sob efeito de álcool, roubo, receptação e ameaça.[9] Um dos motivos apontados para tal condição é o decreto assinado por Bolsonaro em 2019 que restringiu a documentação necessária para o registro.[9] Além disso, outras 22 493 pessoas são suspeitas de atuarem como laranjas para o crime organizado adquirir armamento legalmente,[9][10]

A política de flexibilização da compra de armas pelo governo Bolsonaro tornou até 65% mais barato a aquisição de armamento pelo crime organizado.[11]

Ver também editar

Referências

  1. Murilo Souza e Regina Céli Assumpção (9 de outubro de 2015). «Novo Estatuto prevê regras específicas para colecionadores, atiradores e caçadores». Câmara dos Deputados. Consultado em 24 de maio de 2021 
  2. Estadão Conteúdo (31 de janeiro de 2021). «Número de civis armados ultrapassa 1 milhão no Brasil, diz jornal O Globo». istoedinheiro.com.br. Consultado em 24 de maio de 2021 
  3. Bruno Fonseca, Laís Martins (23 de novembro de 2021). «Caçadores, atiradores e colecionadores "perdem" três armas por dia no Brasil». Agência Pública. Consultado em 23 de novembro de 2021. Cópia arquivada em 23 de novembro de 2021 
  4. a b «Crimes cometidos por CACs têm aumento de 745% nos últimos quatro anos, no DF». G1. 16 de março de 2023. Consultado em 20 de dezembro de 2023 
  5. Costa, Sylvio (14 de março de 2023). «Crimes envolvendo CACs aumentaram 78% em um ano». Congresso em Foco. Consultado em 20 de dezembro de 2023 
  6. «Crimes cometidos por "CACs" aumentam 78% no Brasil». Rede de Noticias. Consultado em 20 de dezembro de 2023 
  7. Teófilo, Sarah (16 de julho de 2022). «Número de armas extraviadas ou roubadas de CACs aumenta 35,9% em 2021». R7. Consultado em 20 de dezembro de 2023 
  8. Freitas, Dionísio (3 de junho de 2022). «Armas do PCC apreendidas tinham sido compradas com licença para colecionador». R7.com. Consultado em 22 de dezembro de 2023 
  9. a b c «CACs: Exército liberou armas para 5,2 mil condenados por tráfico de drogas e outros crimes». Estadão. Consultado em 5 de março de 2024 
  10. Santos, Roberto Uchôa de Oliveira (27 de março de 2024). «The Connection Between Legal and Illegal Firearms Markets: How the Change in Gun Control Policy in Brazil Intensified This Link» (em inglês) (1): 16–29. doi:10.31389/jied.247. Consultado em 28 de março de 2024 
  11. Marcelo, Godoy. «Investigações mostram como política de Bolsonaro arma o PCC». Estadão. Consultado em 5 de março de 2024 

Ligações externas editar