Comércio justo

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Comércio justo (em inglês: fair trade) é um dos pilares da sustentabilidade econômica e ecológica (ou econológica, como vem sendo chamada).

Trata-se de um movimento social e uma modalidade de comércio internacional que busca o estabelecimento de preços justos, bem como de padrões sociais e ambientais equilibrados nas cadeias produtivas, promovendo o encontro de produtores responsáveis com consumidores éticos.[1]

A ideia de um comércio justo surgiu nos anos 1960 e ganhou corpo em 1967, quando foi criada, na Holanda, a Fair Trade Organisatie. Dois anos depois, foi inaugurada a primeira loja de comércio justo. O café foi o primeiro produto a seguir o padrão de certificação desse tipo de comércio, em 1988. A experiência se espalhou pela Europa e, no ano seguinte, foi criada a International Fair Trade Association, que reúne atualmente cerca de 300 organizações em 60 países.

O movimento dá especial atenção às exportações de países em desenvolvimento para países desenvolvidos, como artesanato e produtos agrícolas. Em poucas palavras, é o comércio onde o produtor recebe remuneração justa por seu trabalho.

Composição do preço final do café ao consumidor, na Europa Ocidental.
 44,9% impostos, direitos aduaneiros, frete
 23,7% margem do varejo
 17,8% margem dos atacadistas e torrefadores
 8,5% proprietários da plantação
 5,1% salários dos trabalhadores

Alguns países têm consumidores preocupados com a sustentabilidade e que optam por comprar produtos vendidos através do comércio justo. Esta opção ética tem permitido aos pequenos produtores de países tropicais viver de forma digna ao fazerem a opção pela agroecologia, como agricultura orgânica.

O comércio justo é definido pela News! (a rede europeia de lojas de comércio justo) como "uma parceria entre produtores e consumidores que trabalham para ultrapassar as dificuldades enfrentadas pelos primeiros, para aumentar seu acesso ao mercado e para promover o processo de desenvolvimento sustentável. O comércio justo procura criar os meios e oportunidades para melhorar as condições de vida e de trabalho dos produtores, especialmente os pequenos produtores desfavorecidos. Sua missão é promover a equidade social, a proteção do ambiente e a segurança econômica através do comércio e da promoção de campanhas de conscientização".

Princípios editar

Todas as organizações envolvidas no circuito do Comércio Justo devem obedecer aos seguintes princípios:

 
Produtos de comércio justo e solidário: artesanato africano (instrumentos musicais, cerâmica e chás).
  • A preocupação e o respeito pelas pessoas e pelo ambiente, colocando as pessoas acima do comerciante;
  • A criação de meios e oportunidades para os produtores melhorarem as suas condições de vida e de trabalho, incluindo o pagamento de um preço justo (um preço que cubra os custos de um rendimento aceitável, da protecção ambiental e da segurança económica);
  • Abertura e transparência quanto à estrutura das organizações e todos os aspectos da sua actividade, e informação mútua, entre todos os intervenientes na cadeia comercial, sobre os seus produtos e métodos de comercialização;
  • Envolvimento dos produtores, voluntários e empregados nas tomadas de decisão que os afectam;
  • A protecção dos direitos humanos, nomeadamente os das mulheres, das crianças e dos povos indígenas;
  • A consciencialização para a situação das mulheres e dos homens, enquanto produtores e comerciantes, e a promoção da igualdade de oportunidades;
  • A promoção da sustentabilidade através do estabelecimento de relações comerciais estáveis de longo prazo;
  • A educação e a participação em campanhas de sensibilização;
  • A produção tão completa quanto possível dos produtos comercializados no país de origem.

Ver também editar

Referências

  1. COTERA, Alfonso; ORTIZ, Humberto (2009). Comércio Justo. In. CATTANI, A.D. et al. (coord.) Dicionário Internacional da Outra Economia. Coimbra: Almedina. p. 60-67. ISBN 978-972-40-3722-6 

Ligações externas editar

 
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No Brasil editar

Em Portugal editar