Cordélia da Bretanha

Cordélia da Bretanha ou Cordeilla, foi uma rainha lendária da Grã-Bretanha do século IX a.C.. Embora sua lenda seja originada da obra do século XII História dos reis da Bretanha escrita por Godofredo de Monmouth, ela também é uma personagem conhecida da peça Rei Lear de William Shakespeare.

Cordélia
Rainha dos Francos
Cordélia da Bretanha
Pintura de 1888 por William Frederick Yeames.
Rainha da Grã-Bretanha
Reinado 855 a.C. - 850 a.C.
Antecessor(a) Leir
Sucessor(a) Cunedagio (Norte da Bretanha)
Margano (Sul da Bretanha)
 
Cônjuge Aganipo
Pai Leir

Biografia editar

 
Pintura de 1866 intitulada "Cordelia's Portion" de autoria de Ford Madox Brown.

Cordélia era a filha favorita do rei Leir da Bretanha, sendo a irmã mais nova de Goneril, esposa de Maglauro, duque de Albany, e Regan, esposa de Henvino, duque da Cornualha. É possível que Leir tenha fundado a cidade de Leicester, uma cidade construída sob o Rio Soar, segundo a lenda.[1]

Quando o rei decide dividir o seu reino entre as filhas e os seus maridos, Goneril e Regan fazem discursos aduladores, em que afirmam que o amam mais que qualquer coisa no mundo. Cordélia contraria as expectativas do rei, e se recusa a bajulá-lo. Como retaliação pela recusa de Cordélia de bajular o pai, Leir lhe nega terras na Bretanha, e a benção paterna ao seu futuro marido. Apesar disso, Aganipo, o rei dos Francos, corteja Cordélia, e Leir lhe concede a mão da filha, porém, sem nenhum dote. Assim, a princesa se muda para a Gália, e lá vive por muitos anos.[2]

 
Lear e Cordélia ("King Lear and Cordelia") por Benjamin West; pintura de 1793 que faz parte da coleção da Biblioteca Folger Shakespeare.

Após ser exilado do reino por Goneril e Regan, Leir busca refúgio com Cordélia na Gália, desejoso de recuperar o seu trono o qual tinha sido tomado pelos seus genros. Cordélia, então, arma um exército e invade a Bretanha, derrotando os duques e restaurando o pai como rei. Seguindo a morte de Lear apenas três anos depois, o marido de Cordélia, Aganipo, também morre. Cordélia, em seguida, retorna ao seu país natal, e é coroada rainha da Grã-Bretanha. [2] A data de seu reinado corresponde de 855 a.C. a 850 a.C.[3]

 
Busto de Cordélia esculpido por Pierce Francis Connelly.

Cordélia governa pacificamente por cinco anos, até que os seus sobrinhos, Cunedagio, filho de Regan, e Margano, filho de Goneril, atingem a maioridade. Como os atuais duques da Cornualha e Albany, respectivamente, a dupla despreza o governo de uma mulher. Eles levantam exércitos e lutam contra Cordélia, quem comparece às batalhas, nas quais luta pessoalmente. No entanto, ela acaba sendo capturada e aprisionada pelos sobrinhos. Angustiada, Cordélia comete suicídio.

Cunedagio sucedeu a tia nas terras à sudeste do Humber, e Margano governou a região noroeste do Humber. Contudo, uma guerra civil logo irrompeu entre os primos, e Margano foi derrotado e morto.[2]

Na cultura popular editar

A lenda serviu de inspiração para a peça Rei Lear de William Shakespeare. Nesta versão, contudo, a invasão de Cordélia da Bretanha acaba em fracasso; Lear não recupera o trono, e Cordélia é capturada e assassinada.

Antes de Shakespeare, a história também foi usada no poema de Edmund Spenser, A Rainha das Fadas, e na peça de autoria anônima também chamada Rei Lear, de 1594. A popularidade, nessa época, de Cordélia como uma rainha heroica, provavelmente derivava do fato de que a governante naquele tempo era Isabel I de Inglaterra.[4]

 
Cordélia interpretada pela atriz Sarah Bernhardt em 1868.

No teatro editar

A rainha lendária foi interpretada por diversas atrizes em peças de teatro ao longo dos anos: