Diocleciano Leão de Brito Cabreira

oficial general do Exército Português que notabilizou na Gurra Civil como um dos mais destacados miltares liberais.
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Diocleciano Leão de Brito Cabreira (Faro, 15 de agosto de 1772Londres, 4 de outubro de 1839), 1.º barão de Faro,[1] foi um oficial general do Exército Português que desempenhou importantes funções políticas durante a Guerra Civil Portuguesa.[2][3]

Diocleciano Leão de Brito Cabreira
Nascimento 15 de agosto de 1772
Faro
Morte 4 de outubro de 1839 (67 anos)
Londres
Cidadania Reino de Portugal
Ocupação chefe militar
Empregador(a) Exército Português

Biografia editar

Nasceu em Faro, filho de José Cabreira de Brito Alvelos Drago Valente, fidalgo da Casa Real, sargento de ordenanças de Faro e feitor e recebedor das alfândegas de Vila Real de Santo António, e de sua esposa Isabel Urdes Barreto. Nascido no seio de uma família ligada à vida militar, assentou praça com dispensa de menoridade, no Regimento de Artilharia do Algarve em 3 de outubro de 1778.[4]

Iniciou a sua carreira militar num regimento integrado no denominada Exército Auxiliar à Coroa de Espanha que foi empenhado na Campanha do Rossilhão. Como alferes participou nos combates travados no Rossilhão e na Catalunha nos anos de 1793 a 1795. Promovido a segundo-tenente em 2 de dezembro de 1800, voltou a ser mobilizado para as operações militares da Guerra das Laranjas, conflito desencadeada pela invasão espanhola de 1801 e que resultou na perda de Olivença.

Prestou serviço nas baterias do sul do Tejo, mas após a ocupação de Portugal pelos exércitos napoleónicos na sequência da primeira invasão francesa (1807-1808), refugiou-se em Inglaterra. Nesse ano casou em Londres. Em 1808, no posto de capitão, integrou a Companhia de Artilharia da Leal Legião Lusitana que desembarcou no Porto em setembro de 1808, regressando por essa via à ação militar contra os franceses como parte do Exército Anglo-Luso.

Promovido a major em 14 de dezembro de 1808, participou em todas as campanhas da Guerra Peninsular, distinguindo-se nas campanhas de Espanha, em especial na defesa de Ciudad Rodrigo e nas ações de Barba de Porco, Ponte de Alcântara e de Talavera de la Reina.[4] Foi promovido a tenente-coronel em 11 de dezembro de 1812 e a coronel em 26 de setembro de 1818.

Partidário do liberalismo, após a Revolução do Porto de agosto de 1820, como coronel graduado em brigadeiro foi nomeado Governador das Armas do Algarve e comandante do Regimento de Artilharia n.º 2, aquartelado em Faro.[5] Manteve-se nesse cargo entre 1820 e 1821, sendo sucedido pelo seu irmão Sebastião de Brito Cabreira.[6]

Após o pronunciamento antiliberal da Vilafrancada, ocorrido em 27 de maio de 1823, foi obrigado a refugiar-se em Espanha, sendo riscado da lista de oficiais do Exército. Reintegrado pelo governo da regência da infanta Isabel Maria, regressou ao serviço em Portugal, mas com o fim do vintismo e a aclamação de D. Miguel em 1828, exilou-se de novo, desta feita para Inglaterra.

Quando se deu na Terceira a revolta do Batalhão de Caçadores n.º 5, em 22 de junho de 1828, que estabeleceu um governo liberal na cidade de Angra, foram pedidos socorros a Pedro de Sousa Holstein, ao tempo conde de Palmela, que liderava os liberais exilados em Londres. Em resposta, o conde de Palmela enviou de Londres para Angra uma força comandada pelo brigadeiro Deocleciano Cabreira, o qual tomou o comando geral das armas e a presidência do governo estabelecido naquela cidade em nome de D. Maria II.

Inicialmente exercendo as funções de comandante geral da artilharia e da força armada da ilha Terceira e de membro de um governo com carácter provisório e restrito à ilha, após a batalha do Pico do Seleiro este governo transformou-se numa junta provisória, o Governo Provisional, organismo representativo dos interesses de D. Maria II em Portugal, entidade a que Cabreira presidiu entre 5 de outubro de 1828 e 3 de março de 1829.[7][8]

Esta Junta Provisória de Angra, por ele presidida, organizou a resistência da Terceira a uma possível invasão miguelista, derrotou os miguelistas locais e organizou o primeiro governo liberal em Portugal, proclamando os Açores província, com capital em Angra, e estabelecendo Secretarias de Estado.[2]

O percurso da Junta Provisória de Angra foi muito agitada devido às circunstâncias e aos contínuos desentendimentos dos seus membros, principalmente entre o presidente Cabreira e o coronel Silva Torres, o que levou à demissão daquele, em 3 de Março de 1829, e sua substituição pelo irmão, Sebastião Drago Valente de Brito Cabreira.[2]

Retirou-se então para Inglaterra, magoado por não lhe atribuírem a função de capitão-general dos Açores, para cujo cargo foi escolhido o conde de Vila Flor. Regressou aos Açores e integrou, em 1832, o Exército Libertador, desembarcando no Mindelo e servindo no Cerco do Porto. Durante o cerco do Porto destacou-se nas diligências para prover o abastecimento da cidade.[4]

Ainda durante a Guerra Civil, foi enviado para o Algarve como inspetor das praças-fortes e dos Batalhões Nacionais. Em 11 de agosto de 1833 foi novamente nomeado Governador das Armas do Algarve.

Foi promovido a tenente-general em 1836 e nomeado comandante-geral de artilharia em 19 de novembro de 1836. Em 30 de julho de 1837 foi nomeado comandante da Força Armada de Lisboa e da sua linha de defesa.[4]

Foi eleito deputado para a legislatura constituinte de 1837-1838 pela Província do Algarve. Nas Cortes fez parte das comissões parlamentares da Guerra e da Marinha.

Por decreto de 15 de dezembro de 1833, recebeu a mercê de conselheiro e barão de Faro.[9] Foi condecorado com a medalha da Ordem de São Bento de Aviz, e com as medalhas de campanha de Rossilhão, Catalunha e Peninsular.

A família Cabreira é origem de um conjunto de militares notáveis. Diocleciano Cabreira foi irmão do também oficial general Sebastião Drago Valente de Brito Cabreira e tio dos generais Frederico Leão Cabreira[1] e Sebastião Francisco Green Cabreira, 1.º barão de Nossa Senhora da Vitória da Batalha.

Referências editar

  1. a b Resenha das famílias titulares do reino de Portugal
  2. a b c «Cabreira, Diocleciano Leão de Brito» na Enciclopédia Açoriana.
  3. Francisco Ferreira Drummond (1981), Anais da Ilha Terceira. 2ª ed., Angra do Heroísmo, Secretaria Regional de Educação e Cultura, IV: 144-202.
  4. a b c d Maria Filomena Mónica (coord.), Dicionário biográfico parlamentar (1834-1910), vol. I, pp. 518-519. Assembleia da República, Lisboa, 2004.
  5. Arquivo Histórico Parlamentar.
  6. Côrte-Real, Miguel Maria Telles Moniz; Krohn da Silva, José (2006). Os Titulares do Liberalismo no Algarve. Lisboa: autor. 439 páginas 
  7. Artigo sobre o Palácio dos Capitães-generais ( Angra do Heroísmo)
  8. Histórias e Memórias
  9. Nobreza de Portugal (1960), Lisboa, Ed. Enciclopédia, II: 576.