Diogo Pires, o Velho

escultor português, o Velho

Diogo Pires, o Velho ou Diogo Pires-o-Velho (séc. XV-XVI) foi um escultor português do período gótico.

Diogo Pires, o Velho
Nascimento séc. XV
Morte séc. XVI
Nacionalidade portuguesa
Principais trabalhos Túmulo de Fernão Teles de Meneses; Túmulo do Conde de Ourém
Área Escultura

Sabe-se que viveu na transição do século XV para o XVI, tendo estado em atividade, pelo menos, entre os anos de 1473 e 1513. A continuidade da sua oficina foi assegurada pelo filho (ou sobrinho), Diogo Pires, o Moço.

Biografia / Obra

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Túmulo de Fernão Teles de Meneses, 1480, Igreja do Mosteiro de São Marcos de Coimbra

A sua formação artística fez-se durante o reinado de D. Afonso V, "correspondente ao período mais classicista do gótico nacional". Mais tarde foi contemporâneo dos grandes artistas do período manuelino, mas a sua idade avançada já não lhe permitiu adaptar-se verdadeiramente ao novo gosto, que seria praticado com grande qualidade pelo seu sucessor, Diogo Pires, o Moço.[1]

O trabalho de Diogo Pires, o Velho representa um avanço relativamente à dos mestres que o precederam, apesar de se caracterizar ainda por figuras onde predomina a dureza de atitudes típica do gótico. Pouco afeito à criação em série, soube imprimir uma identidade às suas obras, individualizando a representação dos diversos santos, representando os panejamentos de forma mais natural do que os seus antecessores, conferindo às figuras uma serenidade de expressão e uma monumentalidade que indiciavam o futuro[2][3]. "Algumas das suas soluções […] parecem indicar um conhecimento da escultura italiana, pelo que não é exagerado afirmar que os seus trabalhos contêm traços pré-renascentistas"[4].

Em obras como Santo André (MNMC), Diogo Pires, o Velho introduz, na escultura, as primeiras manifestações da simbólica manuelina. "A inovação surge na distribuição das roupas, de pregas finas caindo com naturalidade e delicadeza numa anatomia que se adivinha ainda rígida". Os elementos mais originais podem, no entanto, detetar-se na cabeça, com uma particular individualização da personagem: "rosto sisudo, marcado por cabelos e barbas longos e escorridos, definidos por sulcos com leves ondulações, pescoço grosso, olhos rasgados, boca cerrada".[5]

O "magnífico" túmulo de Fernão Teles de Meneses corresponde a um avançado padrão escultórico, "a par do que de melhor se fazia na Europa de então". A arca feral é preenchida por elementos decorativos vegetalistas envolvendo a heráldica familiar. "O jacente revela um tratamento convencional de talhe macio, mas a estrutura superior do túmulo não se enquadra na tradição gótica nacional. De facto, o grande dossel, cujo panejamento é levantado por dois «homens selvagens» em substituição dos habituais anjos tenentes confere-lhe uma marca distintiva remetendo o seu traçado para influências transalpinas, lembrando obras de Agostino di Duccio".[4]

Igualmente relevante é o Túmulo do Conde de Ourém, que apresenta um jacente de excelente qualidade para a escultura portuguesa da época; à serenidade e sobriedade dessa figura associa-se a profusa ornamentação da arca feral, "composta por fitas com temas vegetalistas combinados com a heráldica de D. Afonso e uma inscrição comemorativa em cursivo gótico, enquanto os frontais e faciais são ornamentados por ramos vegetalistas segundo um sistema de simetria que prenuncia, decididamente, o renascimento".[4]

Apesar das incertezas quanto à autoria de diversas obras, são-lhe atribuídas, entre outras, as seguintes:

Bibliografia

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  • Dias, PedroA escultura de Coimbra do gótico ao maneirismo. Coimbra: Câmara Municipal de Coimbra, 2003. ISBN 972-98917-0-2
  • Pereira, José Fernandes – Dicionário de Escultura Portuguesa. Lisboa: Editorial Caminho, SA, 2005. ISBN 972-32-1723-8
  • Pereira, Paulo – Arte Portuguesa: História Essencial. Lisboa: Círculo de Leitores; Temas e Debates, 2011. ISBN 978-989-644-153-1
  • dos Santos, Reinaldo dosA escultura em Portugal (1º volume). Lisboa: Bertrand (irmãos), Lda., 1948.

Referências

  1. a b Dias, Pedro – A escultura de Coimbra do gótico ao maneirismo. Coimbra: Câmara Municipal de Coimbra, 2003. ISBN 972-98917-0-2
  2. «Escultura». Museu Nacional de Machado de Castro. Consultado em 17 de novembro de 2014 
  3. Pereira, José Fernandes – Dicionário de Escultura Portuguesa. Lisboa: Editorial Caminho, SA, 2005. ISBN 972-32-1723-8
  4. a b c d Pereira, Paulo – Arte Portuguesa: História Essencial. Lisboa: Círculo de Leitores; Temas e Debates, 2011, p. 391, 392, 395. ISBN 978-989-644-153-1
  5. «Santo André». Museu Nacional de Machado de Castro. Consultado em 17 de novembro de 2014 
  6. «Diogo Pires-o-Velho». Infopédia – Porto Editora. Consultado em 17 de novembro de 2014 
  7. «Mosteiro de São Marcos de Coimbra». Arquivo Nacional, Torre do Tombo. Consultado em 17 de novembro de 2014