Discussão:Cardeal-bispo

Último comentário: 23 de dezembro de 2014 de 189.61.196.24 no tópico Falecimento do patriarca emérico dos caudeus

Cardeais são ou não são um grau superior dentro da hierarquia da Igreja? editar

Segundo o artigo Cardeal-presbítero (revisão de 20h40min de 21 de setembro de 2011‎):

«os cardeais dividem-se em ordens, e, ao contrário do que popularmente se imagina, não são um grau superior dentro da hierarquia da Igreja»

Isso está em desacordo com encontrado em Cardeal-bispo (revisão de 22h09min de 15 de novembro de 2011‎ ):

«(...) os Patriarcas das Igrejas Católicas de Rito Oriental elevados ao Colégio Cardinalício passariam a fazer parte da Ordem dos cardeais-bispos, ficando hierarquicamente imediatamente a seguir dos demais cardeais-bispos suburbicários»
«Os cardeais-bispos estão hierarquicamente acima de todos os demais cardeais e dentro da respectiva ordem estão ordenados em função da data de elevação à Ordem dos cardeais-bispos, independentemente da antiguidade no Colégio Cardinalício. O decano e o vice-decano ocupam respectivamente o primeiro e segundo lugar da hierarquia».

Não lembro bem. Carece de investigação. Acho que já ouvi isso dos cardeais não serem um grau superior dentro da hierarquia da Igreja. Porém, realmente, eles exercem papel exclusivo e importantíssimo: elegem o Papa. Não entendo, então. Trago a questão. Talvez seja como diferenciar bispo e arcebispo... suas atribuições e poderes.

 Alexandre Magno  ►  19h31min de 26 de janeiro de 2012 (UTC)Responder


Realmente os artigos precisam de algumas alterações. Há efectivamente alguma confusão. Os Cardeais não são um grau superior em termos do sacramento da Ordem. Mas isso também o Papa (que chama os Bispos de irmãos no Episcopado), os Patriarcas e os Arcebispos também não são. Contudo na Hierarquia da Igreja os Cardeais vêem logo a seguir ao Papa e têm o estatuto de Príncipes da Igreja (segundo o protocolo devem ser tratados como príncipes de sangue real). Não se pode confundir hierarquia do sacramento da Ordem (Episcopado, Presbiteriado e Diaconado) com hierarquia da Igreja (ou seja de todo o clero, o que inclui pessoas que não têm o sacramento da Ordem).

Após serem nomeados os Bispos recebem a consagração episcopal (passam do grau do Presbiteriado para o grau do Episcopado); mas um Bispo que é nomeado Arcebispo não recebe qualquer nova consagração, pois não deixa de pertencer ao Episcopado; claro que como é Arcebispo é sempre hierarquicamente superior a todos os Bispos, ainda que apenas a nível honorífico; a hierarquia a nível de domínio (isto é dependência) apenas se verifica nos Bispos sufragâneos face ao Arcebispo Metropolitano.

Os Cardeais são um caso à parte, pois não é obrigatório serem consagrados Bispos aquando da proclamação, pelo que existem Presbíteros (ou seja Padres que partencentem à Ordem do Presbiteriado) que são nomeados Cardeais (geralmente maiores de 80 anos, pelo que não são eleitores) e que optam por não receber a consagração episcopal; contudo não deixam de ser Cardeais e como tal devem sempre ser tratados. Contudo a grande maioria dos Cardeais já são Arcebispos ou Bispos antes da elevação ao cardinalato.

Outro assunto são as três Ordens do Colégio dos Cardeais: Ordem dos Cardeais-Bispos, Ordem dos Cardeais-Presbíteros e Ordem dos Cardeais-Diáconos. São Cardeais-Bispos os 6 Cardeais titulares das 7 Dioceses Suburbicárias de Roma (que de entre si elegem o Decano, que acumula a Diocese de Ostia com a sua anterior Diocese suburbicária, e o Vice-Decano, com posterior confirmação pontifícia) e os Patriarcas de rito oriental elevados ao cardinalato. Para o grau de Cardeal-Presbítero são geralmente nomeados Prelados que são ou foram titulares de Arquidioceses ou Dioceses. Para o grau de Cardeal-Diácono são geralmente nomeados Prelados que são titulares de cargos na Cúria Romana (todos os Cardeais-Diáconos têm o direito de requerer a elevação a Cardeal-Presbítero após 10 anos no grau de Cardeal-Diácono; este direito foi sempre exercido até hoje). Gonçalo Veiga (discussão) 08h43min de 27 de janeiro de 2012 (UTC)Responder


Talvez seja o caso de se fazer distinção entre alguns tipos de hierarquia: segundo a dignidade, a honra, a jurisdição, etc. Não sei se isso existe.

O que você chamou hierarquia da Igreja eu proponho chamar hierarquia da Igreja institucional, pois se a Igreja é pensada como Corpo de Cristo - o que de fato é mais importante para a transmissão de seu significado - mais preciso é considerar uma hierarquia segundo os carismas.

Que eu saiba, o Arcebispo Metropolitano NÃO tem "domínio" sobre as Dioceses sufragâneas, e os respectivos Bispos não devem obediência a ele. Em palavras simples: "cada Bispo manda em sua Diocese". Daí eu declarar eu ter dificuldade para identificar o que há de especial no Arcebispo e na Arquidiocese. É possível que seja apenas o nível honorífico. Você sabe?

Também deve ficar claro - e isso está nas entrelinhas de sua explanação - que não há uma correspondência entre os três graus do sacramento da Ordem (Episcopado, Presbiteriado e Diaconado) e as três Ordens do Colégio dos Cardeais (Ordem dos Cardeais-Bispos, Ordem dos Cardeais-Presbíteros e Ordem dos Cardeais-Diáconos), por mais que os nomes possam sugerir isso. Cardeais-Presbíteros não necessariamente são Presbíteros. Cardeais-Diáconos não necessariamente são Diáconos - se é que ainda existe essa possibilidade. -- Alexandre Magno (discussão) 21h24min de 27 de janeiro de 2012 (UTC)Responder


Não há nenhuma confusão. É ler o Código de Direito Canónico. Cada Bispo é responsável pela sua Diocese, mas tem sempre de respeitar os Decretos Metropolitanos emanados do Metropolita (válidos para toda a Província Eclesiástica) e tem de respeitar os Decretos Gerais aprovados pela Conferência Episcopal. Os Decretos Metropolitanos são aprovados pelo Metropolita (Arcebispo Metropolitano), ouvidos os Bispos sufragâneos. Os Decretos Gerais são aprovados pela Assembleia Plenária por 2/3 dos votos e são posteriormente submetidos a confirmação pela Congregação dos Bispos (Cúria Romana).

O Metropolita tem ainda os seguintes poderes de domínio:

  • Vigiar pela fé e disciplina eclesiásticas (fazendo visitações, ou seja inspecções, às Dioceses sufragâneas, recebendo relatórios dos Bispos sufragâneos...);
  • Fazer a visita canónica, se o Bispo sufragâneo a tiver negligenciado;
  • Nomear o Administrador diocesano em caso de Sé Vacante;
  • Exercer funções sagradas em todas as Igrejas das Dioceses sufragâneas, como o Bispo na própria Diocese;
  • Convocar e presidir ao Concílio Provincial.

Apesar de alguns Bispos gostarem de diminuir a importância dos poderes dos Arcebispos Metropolitanos, estes mantêm os poderes acima referidos (claro que antes do Concílio Vaticano II eram poderes bastante maiores). O poder dos Metropolitas é de honra (honorífico) e de domínio sobre os Bispos sufragâneos, sendo que é somente de honra face aos demais Bispos. Gonçalo Veiga (discussão) 08h33min de 28 de janeiro de 2012 (UTC)Responder


Agradeço-lhe - e muito! - por todas as informações. Eu já trazia essas dúvidas há algum tempo, sem disponibilidade de recursos de tempo e conhecimento introdutório para um aprofundamento na necessária investigação. Não achava quem pudesse me responder com tamanha segurança, apontando um caminho, como você acaba de fazer. Checarei o Código de Direito Canônico, a respeito. Procurarei verificar suas afirmações pontualmente, identificar os cânones. Se você puder, ajude-me ainda nisso; para meu estudo pessoal. Inclusive, se houver referência de onde você tenha tirado as sínteses que hoje aqui colocou, por favor, apresente-as também. O registro desta discussão poderá ser útil para a redação (ou melhoramento) de artigos; e afinal, você está transmitindo conhecimento enciclopédico.

Não conheço, por exemplo, situação pública em que tenha sido exercida uma obediência, por parte de Dioceses e Bispos sufragâneos, a Decretos Metropolitanos emanados do Metropolita. É evidente que há um respeito à CNBB. Porém, confunde-me a autonomia exercida por alguns Bispos em alguns âmbitos; veja-se atuações de Dom Luiz Gonzaga Bergonzini e Dom José Cardoso Sobrinho.

No Jornal A Ordem, da Arquidiocese de Natal, Ano XXXIX - Nº 34, em 21 de agosto de 2011, coluna Palavra do Administrador (pág. 2), Dom Matias Patrício de Macêdo nesses assuntos limitou-se a dizer:

«As dioceses reúnem-se em um ente chamado Província Eclesiástica. No nosso caso formamos a Província Eclesiástica de Natal, composta também pelas dioceses de Mossoró e Caicó. § O bispo diocesano da sede que dá o título da província eclesiástica recebe o título de Arcebispo e é chamado Metropolita ou Arcebispo Metropolitano. A sua função, embora não tendo particulares conotações de caráter jurídico, torna-se particularmente útil para sustentar ao interno da província a eficaz comunhão hierárquica no governo das dioceses».

Alexandre Magno (discussão) 14h38min de 28 de janeiro de 2012 (UTC)Responder


Não há hierarquia da Igreja institucional: existe a hierarquia da Igreja e existe a hierarquia do sacramento da Ordem. A diferença está nas funções litúrgicas e pastorais que são exclusivas dos diversos graus do sacramento da Ordem, mas hierarquia da Igreja só há uma.

Hierarquia da Igreja

  • Romano Pontífice (Papa, Bispo de Roma)
  • Cardeal
    • Cardeal-Bispo
    • Cardeal-Presbítero
    • Cardeal-Diácono
  • Patriarca
  • Arcebispo Maior
  • Primaz
  • Arcebispo
    • Arcebispo Metropolitano
    • Arcebispo (chefia uma Arquidiocese não metropolitana ou chefia uma Diocese mas tem o título pessoal de Arcebispo, ex.: Arcebispo Júlio Tavares Rebimbas, Bispo do Porto)
    • Arcebispo Coadjutor
    • Arcebispo Auxiliar e Arcebispo Titular
  • Bispo
    • Bispo Diocesano, Prelado Territorial (incluindo várias outras designações) e Abade Territorial
    • Bispo Coadjutor
    • Bispo Auxiliar e Bispo Titular
    • Abade Mitrado


  • Monsenhor
    • Protonotário Apostólico
      • Protonotário Apostólico Numerário
      • Protonotário Apostólico Supranumerário
    • Prelado de Honra
    • Capelão de Sua Santidade

Clero Secular

  • Vigário-Geral (que têm o título de Monsenhor ex officio), Vigário-Episcopal e Vigário Judicial
  • Cónego
  • Vigário, Arcipreste e Reitor
  • Presbítero (sem nenhuma das dignidades acima)
  • Diácono

Clero Regular

  • Abade, Prior Mitrado e Superior-Geral
  • Superior Provincial
  • Prior
  • Superiores Menores
  • Frade

Não há qualquer confusão entre a Hierarquia da Igreja e a hierarquia do sacramento da Ordem (Episcopado, Presbiteriado e Diaconado) e as 3 Ordens do Colégio dos Cardeais (Cardeais-Bispos, Cardeais-Presbíteros e Cardeais-Diáconos).

Um Presbítero (geralmente com mais de 80 anos) que seja nomeado Cardeal e que peça dispensa da consagração episcopal mantém o título e estatuto de Cardeal no seio da Hierarquia da Igreja, apesar de não poder exercer as funções litúrgicas e pastorais que são exclusivas do grau do Espicopado no âmbito do sacramento da Ordem; exemplo: Cardeal Domenico Bartolucci, antigo Director do Coro da Cepela Sistina, era Monsenhor (pertencia ao grau do Presbeteriado no sacramento da Ordem) quando em 2010, aos 93 anos, foi nomeado Cardeal; pediu dispensa e não recebeu a consagração episcopal, mas é um Cardeal da Santa Igreja e como tal ocupa o seu lugar na Hierarquia da Igreja, ficando acima de todos os Arcebispos e Bispos, apesar de não poder exercer alguns dos poderes destes Prelados que sejam exclusivos do grau do Espicopado). Para ilustrar esta diferença, o brasão de armas de um Cardeal não-Bispo não porta a cruz arquiepiscopal, mas usa o galero púrpura de 30 borlas próprio dos Cardeais. Gonçalo Veiga (discussão) 11h51min de 28 de janeiro de 2012 (UTC)Responder


Restaram-me dúvidas. Cardeais-Presbíteros não necessariamente são Presbíteros, ou são? Cardeais-Diáconos não necessariamente são Diáconos - se é que ainda existe essa possibilidade, ou são? Eu realmente não tenho certeza, por já terem existido Cardeais-leigos. Alexandre Magno (discussão) 15h06min de 28 de janeiro de 2012 (UTC)Responder

No catholic-hierarchy.org consta que o Cardeal Domenico Bartolucci é um Cardeal-diácono. Alexandre Magno (discussão) 15h12min de 28 de janeiro de 2012 (UTC)Responder


As Ordens do Colégio dos Cardeais são hoje apenas honoríficas. Aos Cardeais-Bispos é concedido o título de uma Diocese suburbicária de Roma, sendo que hoje cada Diocese têm o seu próprio Bispo residente, pelo que cada Cardeal-Bispo não administra a Diocese suburbicária que lhe foi atribuída. Apenas existem 7 Dioceses Suburbicárias para 6 Cardeais-Bispos (o Decano acumula Ostia com a sua anterior Diocese); o Papa Paulo VI concedeu aos Patriarcas de rito oriental o direito a serem providos na Ordem dos Cardeais-Bispos quando forem elevados ao cardinalato. Os Cardeais-Presbíteros recebem o título de uma Igreja de Roma. Geralmente são nomeados Cardeais-Presbíteros os Prelados que são ou foram Arcebispos ou Bispos diocesanos. Os Cardeais-Diáconos recebem uma diaconia de Roma. Geralmente os Cardeais-Diáconos são Prelados que têm cargos na Cúria Romana e que foram elevados ao Cardinalato (e que nunca foram Arcebispos ou Bispos diocesanos).

Origem histórica das designações: Cardeal-Bispo porque este chefia como Bispo uma Diocese suburbicária (hoje apenas a nível honorífico e não de facto); Cardeal-Presbítero porque presbítero significa ancião, pastor, líder e daí ser atribuído aos Arcebispos e Bispos que são ou foram pastores/líderes de uma Diocese; Cardeal-Diácono porque diácono significa ajudante, auxiliar, daí ser atribuído aos Prelados com cargos na Cúria Romana, pois auxiliam o Papa no exercício das suas funções.

O Cardeal Domenico Bartolucci nunca foi Arcebispo ou Bispo diocesano (de resto nunca foi consagrado Bispo) e foi Director do Coro da Capela Sistina, pelo que naturalmente foi-lhe atribuído pelo Papa o título de Cardeal-Diácono.

Hoje é requerido que os nomeados para o cardinalato que ainda não são Bispos recebam a consagração episcopal antes do Consistório em que serão criados Cardeais, salvo dispensa papal. Foi o caso do Cardeal Domenico Bartolucci que, com 93 anos, pediu para ser dispensado da consagração episcopal, tendo o Papa Bento XVI concedido a dispensa requerida. Gonçalo Veiga (discussão) 20h23min de 28 de janeiro de 2012 (UTC)Responder

Hoje todos os Cardeais não-Bispos são Presbíteros. Gonçalo Veiga (discussão) 20h34min de 28 de janeiro de 2012 (UTC)Responder


Essa "origem histórica das designações" dos cardeais é bem interessante! Não lembro de já tê-la lido na Wikipédia lusófona. Penso que ela deva ser usada, se puder ser verificada; assim como os vários outros detalhes. Obrigado pelo esforço. Alexandre Magno (discussão) 21h37min de 28 de janeiro de 2012 (UTC)Responder

Ok, vou fazer algumas alterações para que os artigos fiquem com mais e melhor informação. Gonçalo Veiga (discussão) 12h17min de 29 de janeiro de 2012 (UTC)Responder

Falecimento do patriarca emérico dos caudeus editar

o patriarca emérito dos caudeus faleceu, por isso eu fiz uma edição excluindo seu nome.
comentário não assinado de 189.61.196.24 (discussão • contrib) 17h13min de 23 de dezembro de 2014‎ (UTC)Responder

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