Discussão:Engenharia industrial

Engenharia industrial vs Engenharia de produção editar

Nesta data, a Wikipédia lusófona tem um artigo sobre engenharia industrial[1] e outro sobre engenharia de produção[2]. No primeiro, lê-se que a engenharia industrial se «ocupa do projecto, melhoria e instalação de sistemas integrados de pessoas, materiais, informação, equipamentos e energia. Baseia-se em conhecimentos e técnicas especializadas das ciências matemáticas, físicas e sociais, juntamente com os princípios e métodos de análise e projecto de engenharia, para especificar, predizer e avaliar os resultados a serem obtidos por esses sistemas.[3] No outro, lê-se que a engenharia de produção se «dedica à concepção, melhoria e implementação de sistemas que envolvem pessoas, materiais, informações, equipamentos, energia e o ambiente. [...] utiliza [...] conhecimento especializado em matemática, física e ciências sociais, em conjunto com análise e projeto de engenharia, [para que] possa possa especificar, prever e avaliar os resultados obtidos por tais sistemas.

Ainda que no artigo sobre engenharia de produção não seja indicada qualquer fonte, facilmente se conclui que é a mesma da definição, traduzida para Português, do artigo sobre engenharia industrial. Assim sendo, poder-se-ia concluir que engenharia industrial e engenharia de produção são sinónimos e estar-se-ia perante uma duplicação de artigos. Com a argumentação que se segue pretende-se contribuir para esclarecer se engenharia industrial e engenharia de produção são, realmente, sinónimos. Com base nessa discussão, são propostas medidas adequadas para a Wikipédia Lusófona em relação às duas designações e respectivos artigos.

Designações sinónimas? editar

Engenharia industrial[1] é a tradução literal de industrial engineering e é definida por uma tradução, para Português, da definição adoptada pelo Institute of Industrial Engineers[3] (IIE).

Da mesma forma, engenharia de produção é a tradução literal de production engineering sobre a qual não existe um artigo com esse título na «Wikipedia» (em inglês) , apenas um redirectionamento para o artigo sobre industrial engineering já indicado acima. Nesse artigo, é referido que industrial engineering é também conhecida como production engineering. Se

industrial engineering = production engineering, com

industrial engineering = engenharia industrial, e

production engineering = engenharia de produção, então,

engenharia industrial = engenharia de produção,

o que confirmaria a hipótese, já formulada acima, das duas designações serem sinónimas.

Definições editar

Na «Wikiversity» (em inglês) , pode-se ler que «production engineering» (em inglês)  tem como designação alternativa manufacturing engineering, exactamente com o mesmo significado. «Manufacturing engineering» (em inglês)  é referida como uma designação alternativa para «production engineering» (em inglês)  e que «production engineering» (em inglês)  é a designação usada na «Wikiversity» (em inglês) . Não existe, ainda, uma página para industrial engineering.

«Production engineering» (em inglês)  (ou «manufacturing engineering» (em inglês) ) é definida como o projecto, desenvolvimento, instalação, operação, manutenção e controlo de todos os processos na manufactura de um produto. Neste contexto produto é definido como um item ao qual foi acrescentado valor dado ter sido formado a partir de um material, montado a partir de outros produtos ou resultado de uma combinação das duas operações.[4]

Esta definição de production engineering, da Wikiversity,[4] embora tenha muitos pontos em comum com a de industrial engineering do IIE[3], põe em evidência diferenças entre industrial engineering e production engineering (ou manufacturing engineering). O mesmo acontece com a definição de [www_answers_com/topic/production-engineering «production engineering»] Verifique valor |url= (ajuda) (em inglês) , do Sci-Tech Dictionary, como sendo o planeamento e controlo dos meios mecânicos de transformação da forma, condição e relação entre os materiais, na indústria, no sentido de uma maior efectividade e valor.

Outra definição, mais pormenorizada que as anteriores, é aquela com que o «Center for Systems Management» (em inglês)  contribuiu para o «Wideman Comparative Glossary of Common Project Management Terms v3.1» (em inglês) . Production engineering é a aplicação dos conhecimentos em manufactura ao projecto e desenvolvimento de um item de configuração[5] para facilitar a manufactura. Inclui análises de produtibilidade[6] do projecto e operações de produção; aplicação de métodos de manufactura, ferramentas e equipamento; controlo da introdução de mudanças de engenharia; e utilização de técnicas de controlo de custos de manufactura.[7]

A Sci-Tech Encyclopedia começa por referir que a [www_answers_com/topic/production-engineering «production engineering»] Verifique valor |url= (ajuda) (em inglês)  envolve o projecto, controlo e melhoria contínua de sistemas integrados, de modo a proporcionar produtos e serviços de alta qualidade aos clientes, de uma forma atempada e efectiva em custo. Lê-se, ainda, que é uma área interdisciplinar que requer a colaboração de pessoas treinadas em engenharia industrial, manufacturing engineering, projecto do produto, marketing, finanças e planeamento empresarial. Esta é uma definição talvez demasiado abrangente, como ressalta do facto da production engineering ser considerada uma área interdisciplinar e de se acrescentar que, em muitas organizações, as actividades de production engineering são levadas a cabo por equipas de pessoas com capacidades diferentes, em vez de por um departamento formal de production engineering.

Foi, entretanto, introduzida uma outra designação, «manufacturing engineering» (em inglês) , que é definida pela «Society of Manufacturing Engineers» (em inglês)  (SME) como a especialidade da engenharia profissional que requer a formação e experiência que é necessária para compreender, aplicar e controlar os procedimentos de enganharia nos processos de manufactura e os métodos de produção de mercadorias e produtos; e requer a capacidade de planear as práticas da manufactura, investigar e desenvolver a ferramenta, processo, máquinas e equipamento, e integrar as instalações e sistemas para produzir produtos de qualidade com a despesa ótpima.[8]

Diferenças entre industrial engineering e production engineering editar

Nos EUA editar

Como ocupações profissionais, o «Bureau of Labor Statistics» (em inglês)  do «United States Department of Labor» (em inglês)  só lista industrial engineers, tanto na «Standard Occupational Classification» (em inglês)  (SOC)[9] como no Occupational Classification System Manual[10]. O Census Occupation Index, para além de industrial engineer, inclui chief manufacturing engineer , executive chief manufacturing engineer e production engineer. A primeira destas três ocupações é classificada, pelo Bureau of Labor Statistics, como sendo de manager and administrator e as outras duas são classificadas como industrial engineers.[11] Algo de semelhante acontece no Summary Report for Industrial Engineers da O*NET OnLine, onde, na amostra de títulos profissionais relatados, para além de industrial engineer, se inclui manufacturing engineer e production engineer.[12] Por sua vez, o «Dictionary Of Occupational Titles» (em inglês)  (DOT) define industrial engineers[13], manufacturing engineer[14] e production engineer[15], mas remete estas duas últimas ocupações para a dos industrial engineers.

Quanto a formação académica, de acordo com a Classification of Instructional Programs (CIP 2000)[16], entre 1990 e 2000 a classe 14.1701 - Industrial/Manufacturing Engineering foi eliminada[17] e substituída pelas classes 14.3501 - Industrial Engineering[18] e 14.3601 - Manufacturing Engineering[19] não existindo nenhuma classe para production engineering. O mesmo acontece na publicação «Engineering, Go For It!» (em inglês)  da «American Society for Engineering Education» (em inglês)  (ASEE) e na revista «U.S. News & World Report» (em inglês)  que lista 142 universidades como oferecendo industrial engineering, 45 com manufacturing engineering, mas sem o domínio production engineering; assim como no «ABET» (em inglês) , com 98 programas acreditados em industrial engineering, 23 em manufacturing engineering e sem a área disciplinar de production engineering.

As designações dos cursos e dos departamentos são bastante mais «criativas», principalmente fruto da «multidisciplinaridade» (em inglês) . Dos 98 programas acreditados em industrial engineering pelo «ABET» (em inglês) , uma larga maioria, 80 (82 por cento), têm essa designação. Um pequeno número, 14, são em industrial and systems engineering e os restantes quatro: engineering (industrial engineering option), industrial and operations engineering, industrial engineering and operations research e manufacturing systems engineering. Entre os 23 programas acreditados em manufacturing engineering pelo «ABET» (em inglês) , também uma grande maioria, 19 (83 por cento), têm essa designação, com mais dois em manufacturing systems engineering, um em engineering (manufacturing emphasis) e outro em manufacturing and design engineering. A designação de production ou production engineering não foi encontrada em nenhum caso.

Olhando para as melhores escolas de engenharia dos EUA, de acordo com o «U.S. News & World Report» (em inglês) , para além da designação do departamento ou escola como sendo de industrial engineering («Purdue» (em inglês) ), encontram-se também as designações de industrial and systems engineering, por exemplo, no «Georgia Tech» (em inglês) , industrial and operations engineering («University of Michigan, Ann Arbor» (em inglês) ), industrial engineering and operations research («University of California, Berkeley» (em inglês) ), industrial and manufacturing engineering («Penn State» (em inglês) ) e industrial engineering and management sciences («Northwestern University» (em inglês) ).

O curso em management science and engineering, do departamento do mesmo nome, da «Stanford University» (em inglês)  não está acreditado pelo «ABET» (em inglês) , ainda que o programa de pós-graduação em industrial/manufacturing engineering seja considerado um dos dez melhores dos EUA, pela «U.S. News & World Report» (em inglês) . O curso em industrial and management engineering do departamento de decision sciences & engineering systems, do «Rensselaer Polytechnic Institute» (em inglês)  está acreditado pelo «ABET» (em inglês)  na área disciplinar de engineering management, com o programa de pós-graduação em industrial/manufacturing engineering considerado um dos vinte melhores dos EUA, pela «U.S. News & World Report» (em inglês) .

«Cornell» (em inglês)  que, de acordo com a «U.S. News & World Report» (em inglês) , tinha um dos dez melhores programas de pós-graduação em industrial/manufacturing engineering, alterou, em 2007, a designação do departamento e curso para operations research and information engineering.[20] O professor incumbido de publicitar a lateração da designação indicou que gostaria que Cornell liderasse o que acha ser uma tendência, esperando que adopatndo este novo nome e dando-lhe destaque, estão a refletir não só o que está a acontecer, mas também o que vai acontecer de uma forma mais generalizada e mostrar a liderança de Cornell no ramo.

Dos 23 programas acreditados em manufacturing engineering pelo «ABET» (em inglês) , só a «Northwestern University» (em inglês)  tem o programa de pós-graduação em industrial/manufacturing engineering considerado como um dos 35 melhores dos EUA, pela «U.S. News & World Report» (em inglês) .

Estas referências e a sua origem permitem concluir que, nos EUA, production engineering é pouco usada. Que, nesse domínio, a designação comum é manufacturing engineering e que esta é diferente de industrial engineering. Ou seja:

industrial engineeringmanufacturing engineeringproduction engineering

No RU editar

A Standard Occupational Classification 2000[21] identifica production e process engineers (unit group 2127) e os títulos relacionados de process engineer, production consultant e production engineer, assim como, planning e quality control engineers (unit group 2128), com os títulos relacionados de industrial engineer, planning engineer, production planner, quality control engineer e quality engineer.

Em 1920, H. E. Honer propôs a formação de uma instituição que servisse os interesses específicos dos engenheiros envolvidos na manufacturação. Consequentemente, a Institution of Production Engineers foi formalmente constituída em 1931. Algum tempo depois de 1972, a Institution of Production Engineers passou a ser conhecida como a Institution of Manufacturing Engineers que se viria a fundir com a Institution of Electrical Engineers, em 1991.[22] Mais recentemente, em 2006, foi formada a Institution of Engineering and Technology, pela junção da Institution of Electrical Engineers com a Institution of Incorporated Engineers.[23]

Em resultado de uma pesquisa efectuada nas páginas do Universities and Colleges Admissions Service (UCAS), em 2008, só o Blackpool and The Fylde College an Associate College of Lancaster University oferece um curso em Mechanical and Production Engineering. A University of Bradford e a Napier University oferecem cursos em industrial engineering. Onze universidades, Cambridge, Glasgow Caledonian, Greenwich, Hertfordshire, Loughborough, Newcastle, Nottingham, Portsmouth, Queen's, Belfast, Strathclyde e Swansea oferecem cursos com designações tais como: manufacturing engineering, manufacturing engineering and management, manufacturing engineering and technology, manufacturing systems engineering e mechanical and manufacturing engineering. Esta informação parece ser consistente com a que é fornecida pelo Engineering Council UK, a entidade reguladora do exercício das profissões de engenheiro e técnico, cuja missão inclui o licenciamento das Instituições de engenharia, como a Institution of Engineering and Technology, referida acima, para acreditarem programas académicos.

Aparentemente, o que se tem verificado no RU foi um progressivo abandono da designação production engineering e a sua substituição por manufacturing engineering, enquanto industrial engineering começa a ter uma presença incipiente, mas distinta de manufacturing engineering. A conclusão, da mais recente para a mais antiga, é novamente que:

industrial engineeringmanufacturing engineeringproduction engineering

No Brasil editar

Na Wikipédia lusófona a definição de engenharia de produção é a tradução, para Português, da definição de industrial engineering do IIE.[1] [2] As ocupações indicadas pelos guias de profissões são algo variadas. O Guia das Profissões e o Dicionário de Profissões do Guia do Estudante referem o engenheiro de produção[24] [25] e o engenheiro industrial.[26] [27] O mesmo acontece no Guia das Profissões da Catho Online que lista o engenheiro de produção, o engenheiro industrial e ainda o engenheiro de produção agroindustrial. Alguns guias não incluem qualquer das designações. É o caso do Guia de Profissão do portal Brasil Escola, do Guia de Profissões do Portal de Ensino da DirectWeb e do Guia de Profissões da Universia Brasil. O Guia de Profissões do Aprendiz dá as duas designações à mesma ocupação: engenheiro de produção (e industrial). Por outro lado, o Guia de Carreiras e Profissões da Curso Objectivo refere o engenheiro de produção mecânica. Outro tanto se verifica no Guia de Profissões da Universidade Estadual Paulista «Júlio de Mesquita Filho» que cita o engenheiro de produção mecânica e, ainda, o engenheiro industrial madeireiro. O especial sobre Profissões e Mercado de Trabalho do Terra Educação lista engenheiro de produção industrial.

Estes guias de profissões definem, mais ou menos imaginativamente, as profissões de engenheiro acima referidas:

  • Engenharia de produção

O engenheiro de produção estuda e avalia quais são os recursos necessários para que seja fabricado um produto. Ele elabora e executa projectos e programas que visam o aumento da produção com a redução dos custos. É o responsável pela análise e busca das soluções para problemas de equipamentos e ritmo de produção e faz a ligação entre as áreas: administrativa e técnica.[24]

O engenheiro de produção é peça fundamental em empresas de quase todos os setores. Ele une conhecimentos de administração, economia e engenharia para racionalizar o trabalho, aperfeiçoar técnicas de produção e ordenar as atividades financeiras, logísticas e comerciais de uma organização. Define como integrar mão-de-obra, equipamentos e matéria-prima de forma a melhorar a qualidade e a aumentar a produtividade.

Por atuar como elo entre o setor técnico e o administrativo, seu campo de trabalho ultrapassa os limites da indústria. O especialista em economia empresarial, por exemplo, costuma ser contratado por bancos para montar carteiras de investimentos. Esse profissional é requisitado, também, por empresas prestadoras de serviços para gerenciar a seleção de pessoal, definir funções e planejar escalas de trabalho.[25]

Está a cargo do engenheiro de produção elaborar e executar projectos de engenharia de produção, preparando especificações, desenhos, técnicas de execução, recursos necessários e outros requisitos, para possibilitar a construção, montagem, funcionamento, manutenção e reparo de instalações e equipamentos da empresa.[28]

  • Engenharia de produção/industrial

Originalmente, aos engenheiros de produção e industriais eram atribuídas actividades como planeamento e controle da produção e controle de qualidade. Eles eram responsáveis por zelar pelo aumento da produtividade e por optimizar os recursos. E também cuidavam das tecnologias de produção, do planeamento, de instalações e d[a gestão] das relações humanas dentro da fábrica. Hoje esse profissional não só continua a exercer todas essas funções, como ampliou sua actuação e passou a avaliar cenários económicos e a identificar novas oportunidades empresariais. Essas responsabilidades adicionais têm explicação: com o mundo à mercê da tecnologia da informação e da globalização, a disputa pelo mercado ficou cada vez mais acirrada, levando as empresas a investir pesado no aumento da produtividade – a ordem é produzir mais e melhor, mas também em menos tempo e gastando menos.[29]

  • Engenharia industrial

A engenharia industrial reúne os conhecimentos e as técnicas destinadas a melhorar o desempenho de homens e máquinas através do aperfeiçoamento das linhas de produção e da economia de matérias-primas e equipamentos. O engenheiro industrial acompanha o processo industrial na fase posterior ao trabalho do engenheiro de produção.[26]

Engenheiro industrial: Esse profissional é o típico engenheiro de chão de fábrica, que acompanha de perto a implantação e a manutenção da infra-estrutura industrial, como redes de água e de gás, pontes e esteiras rolantes. Ele organiza e administra as instalações industriais, da chegada da matéria-prima à fábrica até o controle de qualidade do produto final, seguindo o cronograma estabelecido.

Faz a ligação entre o engenheiro responsável pelo projeto de máquinas e o de produção, que cuida da organização do trabalho. Analisa custos, gerencia a mão-de-obra e administra o uso de equipamentos e matérias-primas. Pode se dedicar a diversos ramos das engenharias, como mecânica, elétrica, madeireira ou de telecomunicações.[27]

Engenheiro industrial: Fundamental para o bom funcionamento da linha de produção, esse profissional acompanha de perto a implantação e a manutenção da infra-estrutura industrial, como redes de água e de gás, pontes e esteiras rolantes e controla o funcionamento técnico de uma indústria, verificando de perto os problemas e encontrando soluções adequadas para evitar desperdício de tempo, de espaço e melhorar o aproveitamento das máquinas em toda a sua potencialidade. Faz funcionar na prática o que foi desenvolvido e concebido pelos engenheiros mecânicos, eléctricos, civis ou pelos cientistas que trabalham para a empresa.

Analisa custos, [gere] a mão-de-obra e administra o uso de equipamentos e matérias-primas, procurando optimizar todos os recursos disponíveis.[30]

  • Engenharia de produção agro-industrial

O engenheiro de produção agro-industrial actua nos três grandes macro-segmentos que formam as cadeias de produção agro-industriais: agro-pecuária, industrialização e comercialização.

O engenheiro [de produção] agro-industrial faz trabalhos que aliam conhecimentos técnicos de produção peculiares a cada um desses segmentos a uma sólida formação em metodologias de gestão, além da indispensável compreensão das relações entre esses segmentos. É ele quem se encarrega da ligação entre o campo e a indústria.[31]

  • Engenharia de produção mecânica

A engenharia de produção mecânica apresenta uma abordagem moderna e apropriada às constantes mudanças provenientes do desenvolvimento tecnológico. Trata da interacção de homens, materiais, equipamentos, métodos e processos, o que proporciona ao profissional possibilidades de actuação nos diversos níveis das empresas.

A engenharia de produção mecânica actua na fronteira entre o conhecimento técnico da engenharia mecânica e o das áreas administrativas e económicas.

Assim, o profissional … tem os conhecimentos básicos de engenharia mecânica e uma formação específica que o capacita a optimizar a produção, racionalizar métodos, processos e sistemas, com o intuito de melhoria da produtividade.

A actuação do engenheiro de produção mecânica é útil sempre que houver necessidade de planeamento, coordenação e controle.[32]

Engenharia de produção mecânica: Planear e organizar a produção, de forma a melhorar a produtividade e a qualidade dos bens criados, sejam eles produtos ou serviços – é essa, em resumo, a principal função do engenheiro de produção mecânica. Em outras palavras, ele cuida da gestão da produção, do planeamento dos sistemas produtivos e da implantação de sistemas de informação e logística. Assim, pode trabalhar em indústrias, hospitais, bancos de investimento, empresas de consultoria e gestão ambiental, entre outros locais.[33]

  • Engenharia industrial madeireira

A engenharia industrial madeireira é de vital importância para o desenvolvimento das empresas do sector. Aliada a isso, deve-se considerar que a utilização de tecnologias limpas, que permitem o uso dos recursos naturais renováveis como a madeira, tornou-se uma premissa para o desenvolvimento social e económico em todos os países.

As indústrias do ramo madeireiro necessitam de profissionais com o perfil do engenheiro industrial madeireiro, ou seja, que tenham versatilidade para desempenhar actividades nas áreas de gestão, de processos de fabricação, na execução de projectos industriais e na manutenção e desenvolvimento de produtos.[34]

A Associação Brasileira de Engenharia de Produção (ABEPRO) é a instituição representativa de docentes, discentes e profissionais de Engenharia de Produção. A associação actua há mais de 25 anos assumindo as funções: de esclarecer o papel do engenheiro de produção na sociedade e no seu mercado de actuação, ser interlocutor junto das instituições governamentais relacionadas com a organização e avaliação de cursos (MEC e INEP) e de fomento (CAPES, CNPq, FINEP e órgãos de apoio à investigação estaduais), assim como de organizações privadas, junto do CREA, CONFEA, SBPC, ABENGE e outras organizações não governamentais que tratam da investigação, ensino e extensão da engenharia. A ABEPRO refere a seguinte definição de engenharia de produção:

A engenharia de produção se dedica ao projecto e gerência de sistemas que envolvem pessoas, materiais, equipamentos e o ambiente.

Ela é uma engenharia que está associada as engenharias tradicionais e vem ultimamente ganhando a preferência na escolha dos candidatos à engenharia. Ela é sem dúvida a menos tecnológica das engenharias na medida que é mais abrangente e genérica, englobando um conjunto maior de conhecimentos e habilidades. O aluno de engenharia de produção aprende matérias relacionadas a economia, meio ambiente, finanças, etc., além dos conhecimentos tecnológicos básicos da engenharia.[35]

No Portal Engenharia de Produção podem encontrar-se todas as instituições do Brasil que oferecem cursos de alguma modalidade de engenharia de produção (plena, civil, mecânica e outras), ordenadas por cidade.[36] São 247 cursos, oferecidos por 189 instituições, algumas em mais do que uma localidade. A ABEPRO disponibiliza, também informação sobre 236 cursos de engenharia de produção.[37] Um grande espírito criativo está patente na variedade das designações dos programas:

  • Engenharia de produção
  • Engenharia de produção - confecção industrial
  • Engenharia de produção - modalidade confecção de vestuário
  • Engenharia de produção - construção civil
  • Engenharia de produção, com ênfases em gestão da informação e gestão ambiental
  • Engenharia de produção - área mecânica
  • Engenharia de produção - qualidade química
  • Engenharia de produção - ênfase em serviços
  • Engenharia de produção - software
  • Engenharia de produção agroindustrial
  • Engenharia de produção civil
  • Engenharia de produção elétrica
  • Engenharia de produção materiais
  • Engenharia de produção mecânica
  • Engenharia de produção em metalurgia e materiais
  • Engenharia de produção metarlúrgica
  • Engenharia de produção e qualidade
  • Engenharia de produção química
  • Engenharia de produção e sistemas
  • Engenharia de produção têxtil

A lista de 262 cursos, ordenados por estado, do banco de dados da Universidade Federal de Juiz de Fora,[38] acrescenta mais estas designações:

  • Engenharia de produção - calçados e componentes
  • Engenharia de produção, com ênfase em estratégias e organizações
  • Engenharia de produção, com ênfase em gestão económica
  • Engenharia de produção metal mecânica
  • Engenharia de produção, com ênfase em petróleo e gás
  • Engenharia de produção, com ênfase em tecnologias limpas

Não foi possível encontrar referências explícitas às ênfases em estratégias e organizações e em gestão económica,[39] apenas um texto sobre um diferencial deste curso de engenharia de produção como fornecendo «ao graduado ambientação tecnológico-econômica com uma base financeira substantiva.» O curso de engenharia de produção, com ênfase em petróleo e gás, parece ter sido substituído ou «transformado» no curso de engenharia de petróleo e gás,[40] o que a confirmar-se é um dado muito interessante, como adiante se verá. À ênfase em tecnologias limpas, não foi encontrada qualquer referência no curso de engenharia de produção citado.[41]

As designações dos 34 cursos de pós-graduação listados pela ABEPRO é ainda mais esclarecedora:[42]

  • Engenharia Industrial
  • Engenharia
  • Engenharia (Engenharia de Produção)
  • Engenharia de Produção
  • Engenharia de Produção e Sistemas
  • Logística e Pesquisa Operacional
  • Metrologia
  • Metrologia Científica e Industrial
  • Pesquisa Operacional e Inteligência Computacional
  • Sistemas de Gestão
  • Sistemas e Processos Industriais
  • Tecnologia

O Departamento de Engenharia Industrial da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC/RJ) oferece o mais antigo mestrado em engenharia de produção do Brasil, criado em 1967 e credenciado pelo Parecer CFE 3279/76. O departamento oferece, também, ao nível da graduação, um programa em engenharia de produção seguindo duas vertentes. Uma está ligada a áreas específicas de aplicação num ramo das cinco engenharias tradicionais oferecidas nesta universidade – civil, mecânica, eléctrica, metalurgia, química – e outra, mais exclusiva da engenharia de produção, denominada plena ou produção pura.

O Departamento de Engenharia de Produção da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (POLI/USP), oferece cursos de graduação, pós-graduação (mestrado e doutoramento ) e extensão em engenharia de produção. O departamento foi criado em 1963, o mestrado oferecido a partir de 1968, a graduação foi aprovada pela Congregação da Escola Politécnica da USP em 1970 e o primeiro curso de doutorado foi implantado em 1972. Em Agosto de 1976, o decreto nº 78.319 concedeu reconhecimento ao curso de engenharia de produção da POLI/USP.

O Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq, Ministério da Ciência e Tecnologia, lista 35 grupos em «engenharia de produção», certificados pelos dirigentes institucionais de investigação.

A ABEPRO apresenta um conjunto fechado de áreas e subáreas de engenharia de produção,[43] explicando que «são consideradas subáreas de conhecimento tipicamente afectas à Engenharia de Produção», o que só pode ser alterado pela própria ABEPRO. Na realidade, a lista mais parece uma sugestão de tópicos para uma conferência, do que o resultado de qualquer estudo sobre o assunto. As dez áreas subdividem-se em 59 sub e sub-subáreas. Comparando com a lista de disciplinas de engenharia industrial, a coincidência é quase total. Nesta lista de disciplinas não estão incluídas 18 por cento das sub e sub-subáreas apresentadas pela ABEPRO, nomeadamente nos domínios da estratégia, empreendedorismo, marketing, gestão da inovação, da tecnologia, dos recursos naturais e da energia, assim como as subáreas de educação em engenharia de produção. No sentido inverso, a cobertura é total.

A denominada Associação Brasileira de Engenharia Industrial - ABEMI tem por objecto, entre outros, «congregar empresas, cujas atividades estejam relacionadas à viabilização, fornecimento, implantação e operação de empreendimentos industriais e de infra-estrutura no Brasil e no exterior, exercendo a defesa de seus legítimos e gerais interesses, sua representação e promoção», o que a exclui do âmbito desta discussão.

Como explica Menezes (2004),[44] no Brasil, existem dois tipos de cursos com a designação de engenharia de produção: aqueles em que a designação aparece isolada e outros em que aparece adicionada á designação de uma especialidade de engenharia tradicional, como a engenharia mecânica. Os primeiros formam engenheiros de produção, enquanto os segundos formam engenheiros dessas outras especialidades com uma componente curricular em engenharia de produção. De acordo com a legislação Brasileira, só os primeiros são considerados engenheiros de produção. Os outros são engenheiros da respectiva especialidade com uma qualificação em engenharia de produção. No início dos anos 70, por exemplo, foi criado, na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), um Departamento de Engenharia Industrial. A partir de 1978 o departamento passou a chamar-se de Engenharia de Produção e Sistemas. O departamento começou por oferecer, em 1972 um mestrado em engenharia industrial, cuja designação também se alteraria para engenharia de produção, em 1977.[45] Em 1979 foi criado o curso de engenharia de produção, nas áreas de engenharia civil, engenharia mecânica e engenharia elétrica, e o doutoramento, em 1989.

Outra evolução histórica elucidativa é a do Departamento de Engenharia de Produção da POLI/USP, criado com base nos temas relacionados com a gestão económica da produção, mas que, ao longo do tempo, se desenvolveu agregando outras disciplinas, tais como a gestão de operações e logística, projecto e análise organizacional, gestão da tecnologia, planeamento e projecto de sistemas de informação, qualidade e engenharia do produto, entre outras. A primeira iniciativa para estabelecer um curso de engenharia de produção, então chamado de organizações administrativas ou de organizações industriais, na POLI, ocorreu em 1955. Em 1958, por iniciativa do professor Ruy Leme, a POLI aprovou a instalação, ao nível da graduação, do curso de engenharia de produção como opção da engenharia mecânica, ao lado da opção de projecto. O curso teve início no ano de 1959, e permaneceu como opção da engenharia mecânica até 1970. Assim, os alunos de mecânica que estavam no terceiro ano em 1958 puderam optar por projecto ou produção.

O corpo docente da opção em engenharia de produção era uma combinação de engenheiros, principalmente civis, formados pela POLI, de engenheiros químicos e, sobretudo, de engenheiros que já tinham experiência profissional nas áreas de administração e de engenharia nas indústrias de São Paulo. Muitos haviam ministrado cursos na POLI a partir de 1955, e muitos eram jovens recém-formados que haviam sido alunos do professor Ruy Leme nos cursos de extensão em engenharia de produção e administração industrial, entre 1955 e 1957. Os primeiros professores do curso foram, além de Ruy Leme: Max Barcellos Corrêa, Américo Oswaldo Campiglia (os primeiros assistentes de Ruy Leme), Sergio Baptista Zaccarelli, Francisco Assis Oliva, Sergio Augusto Penna Kehl, Hans Link, Claus Leon Warschauer, Marcos Pontual e Silas Fonseca Redondo.

Em 1963, as disciplinas específicas do curso de engenharia mecânica, opção produção, foram reunidas em um departamento de engenharia de produção. No final da primeira metade da década de 1960, apesar da engenharia de produção já estar consolidada como curso na POLI, ainda não estava inteiramente estabelecida como área profissional. A percepção de que algo deveria ser feito nesse sentido foi a principal motivação para a realização da Primeira Semana de Engenharia de Produção, em 1965, que contribuiu para estreitar e consolidar a relação entre a universidade e o universo empresarial paulista. Um dos resultados da Primeira Semana foi a criação da Fundação Carlos Alberto Vanzolini, em 1967, pelo grupo de professores do Departamento de Engenharia de Produção, liderados por Ruy Leme. A Fundação Vanzolini logo publicou o livro Contrôles da Produção, que trazia o conteúdo das palestras da Primeira Semana e, em 1968, começou a oferecer cursos semestrais de extensão e de aperfeiçoamento, relacionados com a engenharia de produção e a administração de empresas. Como já foi referido acima, em 1970, a Congregação da POLI/USP aprovou a criação de uma graduação em engenharia de produção, que, assim, deixou de ser uma opção da engenharia mecânica e passou a constituir um curso autónomo.

Um dos projectos principais do Grupo de Pesquisa e Pós-Graduação em Educação em Engenharia – EDUCENG da Universidade Federal de Juiz de Fora, é o Projeto Engenharia de Produção: Desenvolvimento de Metodologias e Instrumentos para Melhoria da Organização e Avaliação dos Cursos. No âmbito deste projecto foram reunidos um conjunto de Textos Históricos da Engenharia de Produção. O mais antigo foi elaborado pelo Grupo de Trabalho de Graduação em Engenharia de Produção da ABEPRO, nas reuniões realizadas durante o XVII Encontro Nacional de Engenharia de Produção (XVII ENEGEP, Gramado, RS, 6 a 9 de Outubro de 1997) e durante o III Encontro de Coordenadores de Cursos de Engenharia de Produção (III ENCEP, Escola Federal de Engenharia de Itajubá - EFEI, 27 a 29 de Abril de 1998), Engenharia de Produção: Grande Área e Diretrizes Curriculares, e viria a ser actualizado a 11 de Maio de 2001 durante o ENCEP’01, organizado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ, em Penedo. Este documento identifica o âmbito da engenharia de produção a partir da definição de industrial engineering do IIE e de engenharia de produção da ABEPRO, já citada. Aborda a relevância da engenharia de produção no cenário actual e argumenta a favor da necessidade e urgência da criação da «grande área» de engenharia de produção e do curso de graduação em engenharia de produção, com uma base científica e tecnológica própria. Apresenta o perfil desejado para o engenheiro de produção, assim como suas competências e capacidades. No final, são apresentadas as directrizes curriculares recomendadas para os cursos de graduação em engenharia de produção no Brasil.

Outros documentos de interesse são a apresentação e texto de base elaborados numa tentativa de esclarecer, de forma sucinta, na forma de tópicos de interesse específico, algumas questões básicas quanto às funções e ao modo de actuação da engenharia de produção, bem como o seu enquadramento como curso superior e como profissão, de acordo com a legislação vigente. O primeiro tópico resume as raízes históricas da área de engenharia de produção, surgida no decorrer do Século XX como mais uma especialidade da engenharia, caracterizando o seu posicionamento em relação às especialidades clássicas de engenharia e à gestão de empresas. O segundo tópico apresenta as directrizes curriculares aprovadas no âmbito do Conselho Nacional de Educação (CNE) e também a proposta já acima referida da ABEPRO. Em terceiro lugar, são resumidas as formas de inserção da engenharia de produção nos cursos de nível superior, abordando o caso do ensino de graduação. Por último, são apresentadas as habilitações previstas pelo Sistema CONFEA-CREA para o engenheiro de produção e/ou engenheiro industrial, assim como um parecer da consultoria jurídica da ABEPRO.

Ainda na mesma página, são disponibilizados pelo EDUCENG um conjunto de documentos ABEPRO – 2003, elaborados no cumprimento duma resolução da sessão plenária final do IX ENCEP, Centro Universitário da Faculdade de Engenharia Industrial – FEI, São Bernardo do Campo, SP, 28 e 30 de Maio de 2003. Entre esses documentos, encontra-se uma Proposta de Substituição da Resolução CONFEA nº 235 da ABEPRO, em cuja exposição de motivos se refere que desde os primórdios se convencionou denominar os cursos de engenharia centrados na análise da gestão de recursos em empresas industriais como cursos de engenharia industrial. Com o passar do tempo, foram aparecendo outras denominações, sem, contudo, eliminarem as anteriores, como a de engenharia de produção industrial. Mais recentemente, a denominação engenharia de produção passou a ser mais comum em países europeus e, também, no Brasil. Note-se que apesar das amiudadas referências a «esses estudos», «área do conhecimento», «conhecimento específico da área» e «ramos da engenharia», a argumentação se centra na denominação dos cursos e não da especialidade de engenharia.

Numa acomodação a meras conjecturas, e «à falta de outra» modalidade, «de denominação mais apropriada», a ABEPRO propõe, no documento acima referido, que os engenheiros de produção integrem o grupo ou categoria de engenharia na modalidade Mecânica e Metalúrgica, em decorrência das suas actividades serem preponderantemente na área industrial e «dada a relativa afinidade com aqueles ramos no que diz respeito ao estudo dos processos industriais». Logo no artigo seguinte da proposta de resolução substitutiva se estipula que faz parte integrante da presente resolução o glossário referente ao detalhe da definição da área de engenharia de produção e no ponto 1, desse glossário, se define que «O termo "produto" engloba tanto bens fisicamente tangíveis, quanto serviços, fisicamente intangíveis.» Nunca se tinha visto uma tão convoluta «afinidade».

Na página do EDUCENG dedicada à legislação, tem-se acesso a vários textos legais relacionados à engenharia de produção. A mais recente peça legislativa é uma resolução da CONFEA, cuja versão, entretanto rectificada, entraria em vigor a 1 de Julho de 2007. Dos anexos da resolução, não foi possível consultar a versão actual. Em relação à versão que está disponível não se fazem quaisquer comentários, em virtude de isso poder vir a ser considerado um acto de ingerência nos assuntos internos do Brasil, mas lá que é melhor do que anedota de Português, é.

Do que ficou dito, conclui-se que no Brasil, a engenharia de produção identifica-se mais com a engenharia industrial ou a manufacturing engineering conforme a ênfase que lhe é dada e/ou incorpora características de ambas. Engenharia de produção é, formalmente, uma das designações adoptadas para industrial engineering. A outra é a tradução literal: engenharia industrial. Algumas concepções de engenharia de produção englobam aspectos da manufacturing engineering, para a qual não se encontrou qualquer outra designação. Assim:

engenharia industrial = engenharia de produção ⇐ manufacturing engineering

Em Portugal editar

Em Portugal, na edição de 2000 de Profissões: Guia de Caracterização Profissional, da Direcção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social (MTSS), não consta nem a profissão de engenheiro industrial, nem de engenheiro de produção, apesar de se formarem licenciados nesta especialidade de engenharia, em universidades públicas, desde 1982. Consta sim, a profissão de engenheiro da qualidade, cuja principal função «consiste em definir e implementar sistemas de gestão e de garantia de qualidade nas organizações.» Não havendo nenhum curso em engenharia da qualidade ao nível da licenciatura, o Guia esclarece que «alguns dos profissionais que se encontram actualmente no mercado de trabalho são, por exemplo, autodidactas ou curiosos que obtiveram os seus conhecimentos através da leitura de livros e revistas especializadas. No entanto, os mais qualificados – quer trabalhem num departamento de qualidade, quer sejam auditores ou consultores – são, na sua maioria, indivíduos licenciados em cursos da área das engenharias (mecânica, electrotecnia, agronomia, química, etc.), que complementaram os seus estudos frequentando acções de valorização e formação profissionais no domínio da qualidade (seminários, colóquios, cursos de formação, etc.).» Este percurso formativo está, no entanto, em conformidade com as orientações da Organização Europeia para a Qualidade (EOQ, do inglês European Organization for Quality) relativamente às qualificações que estes profissionais devem possuir.

Na Classificação Nacional de Profissões de 2006, do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), continua a não constar nem a profissão de engenheiro industrial, de engenheiro de produção, nem qualquer outra que com elas tenha uma relação ao nível da especialidade de engenharia. O IEFP, criado em 1979, é um organismo público, sob a tutela do MTSS. Já noutro local[46] se teve oportunidade de referir, na sequência de um exemplo concreto, que quem está de fora da relação universidade-indústria é quem não está, nem na universidade, nem na indústria: o Governo e os restantes organismos sob a sua tutela.

A ausência de qualquer das designações, de engenheiro industrial e de engenheiro de produção, quer do Guia de Caracterização Profissional, quer da Classificação Nacional de Profissões, deve-se à total irrelevância que qualquer dos documentos tem para o exercício da profissão em Portugal, tanto por conta de outrem, como por conta própria. Que o diga a própria Presidência do Conselho de Ministros, que na Classificação Portuguesa das Actividades Económicas (CAE), publicada no Decreto-Lei n.º 197/2003 de 27 de Agosto inclui as actividades 73100 Investigação e desenvolvimento das ciências físicas e naturais. Nas 74 Outras actividades de serviços prestados principalmente às empresas, estão as 74140 Actividades de consultoria para os negócios e a gestão; e as 74202 Actividades de engenharia e técnicas afins. Ainda como nas de 80 Educação, estão as 80220 Ensino secundário técnico e profissional; 80421 Formação profissional; e 80422 Outras actividades educativas, não especificadas. Quem também não está à espera do dia de amanhã é o Ministério das Finanças que no Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares (CIRS) refere uma tabela de actividades publicada na Portaria n.º 1011/2001 de 21 de Agosto onde se tem: 1003 Engenheiros; 8010 Explicadores; 8011 Formadores; e 1519 Outros prestadores de serviços. Não será, portanto, por os ministérios da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e do Trabalho e da Solidariedade Social não «falarem» um com o outro que os engenheiros industriais e/ou engenheiros de produção vão deixar de pagar impostos.

Como já ficou referido no artigo sobre engenharia industrial o regulamento da Associação dos Engenheiros Civis Portugueses, elaborados em 1869, tal como os Estatutos, determinava que a associação se dividia em classes. Pertenceriam à classe das indústrias os sócios que mais particularmente se ocupassem dos assuntos relativos às indústrias agrícola e fabril, às artes químicas, à engenharia mecânica e industrial. Em 1898, a classe da engenharia industrial, máquinas e electricidade, formada na sequência de modificações estatutárias, apresenta ao presidente da Associação dos Engenheiros Civis Portugueses, um documento em que se faz o ponto da situação das relações existentes entre a classe e a indústria nacional, focando três aspectos fundamentais:

  • as exigências de formação de pessoal técnico superior capaz de responder às necessidades de uma indústria cada vez mais dependente de um saber teórico-prático especializado;
  • as potencialidades do sector industrial na perspectiva de mercado de trabalho aberto aos novos formados em engenharia;
  • as reformas necessárias, em termos da estrutura de ensino, para adequar os conteúdos didácticos dos diversos cursos às expectativas do meio industrial.

Subjacentes a toda a exposição estão dois elementos cruciais: a formação de engenheiros industriais e a definição de um espaço de trabalho para esta área. O carácter inovador da área da engenharia industrial, no nosso país, é acentuado na introdução:

«[...] o ramo da engenharia industrial [... é ...] um campo novo, pouco explorado entre nós e de largos horizontes talvez. Realmente, os acentuados progressos da indústria fabril em Portugal, demonstrados pelas estatísticas, revelados com a evidência dos números nas cifras das importações decrescentes dos produtos manufacturados, crescentes das matérias primas e das exportações [...], põem, também, em evidência, que se vai abrindo uma via nova para a actividade e ciência dos nossos engenheiros, que poderão adoptar o ramo industrial, ligando os seus nomes ao desenvolvimento do trabalho fabril e contribuindo directamente para a riqueza do país.»

O corpo de engenharia industrial é criado em 1916, pelo Decreto n.º 2354, de 21 de Abril, reconhecendo, no plano institucional, o papel da engenharia na indústria. A Associação dos Engenheiros Civis Portugueses extinguiu-se, em 1937, para dar lugar à Ordem dos Engenheiros que, ainda hoje, não reconhece a especialidade de engenharia industrial, tendo os licenciados desses cursos de se inscrever noutras especialidades.[47]

Esta situação actual também não tem nenhum impacte no exercício da profissão de engenheiro industrial e/ou engenheiro de produção em Portugal, tanto por conta de outrem, como por conta própria. Esclareça-se, antes de mais, que o autor é membro da Ordem dos Engenheiros desde 1974. A Ordem dos Engenheiros, por muito que se gostasse de dizer o contrário, é uma associação de engenheiros civis (14 770 membros, 42,6 por cento do total, em 2006),[48] dirigida por um Bastonário que é engenheiro civil e que representa os licenciados em engenharia civil que exercem a profissão de engenheiros civis. Apesar da atribuição do título, o seu uso e o exercício da profissão de engenheiro dependerem de inscrição como membro efectivo da Ordem, só uma fracção indeterminada de licenciados em engenharia que exercem a profissão de engenheiro em Portugal e ainda menor daqueles que usam esse título são membros da Ordem. Isto porque se trata de Portugal e embora caiba à Ordem «proteger o título e a profissão de engenheiro, promovendo o procedimento judicial contra quem o use ou a exerça ilegalmente»[49] tal nunca acontece, muito menos a um Primeiro-Ministro.

As restantes especialidades de engenharia que foram sendo reconhecidas pela Ordem, mais ou menos ao sabor dos ventos, acomodaram-se a uma estrutura que tinha que existir para representar os que exercem a profissão de engenheiros civis, poupando-se ao trabalho de terem uma organização profissional própria (Electrotecnia, com menos de metade dos civis, 7 266 membros, 21 por cento do total) ou não tendo um mínimo de massa crítica para a tal aspirarem (Naval, 105 membros, 0,3 por cento). Aliás, a criação na Ordem das mais recentes especialidades (Informática e Ambiente) veio a revelar-se um verdadeiro fiasco. Em 2006, o número de membros de cada uma dessas especialidades era de 311 e 562, respectivamente, 2,4 por cento do total de membros, isto enquanto as universidades portuguesas têm vindo a licenciar milhares de jovens nessas especialidades.

Em parte devido a estas circunstâncias, as definições de engenharia industrial e engenharia de produção conhecidas são as traduções das definições do IIE e SME: Aparentemente, a necessidade de reinventar essas definições não se tem manifestado. O desenvolvimento do associativismo profissional nestas áreas processou-se em torno das disciplinas e não da especialidade. Entre as primeiras associações a constituir-se e que têm tido maior expressão, conta-se a Associação Portuguesa de Investigação OperacionalAPDIO, desde 1979. Por ordem alfabética, existem, ainda, as seguintes:

O Instituto Português de Engenharia IndustrialIPEI, constituído em 1995 e o Portugal Chapter do IIE, em 1998, não conseguiram, até à data, congregar os interesses dos engenheiros industriais residentes em Portugal, nem atingir um nível mínimo de sustentabilidade.

Com o Decreto-Lei n.º 402/73 de 11 de Agosto, durante o ministério de Veiga Simão, foram criadas novas universidades, um instituto universitário, institutos politécnicos e escolas normais superiores. Na sequência de uma proposta preliminar,[50] de Junho de 1974, é publicado, a 30 de Setembro do mesmo ano, um Ante-Projecto do Curso de Bacharelato em Engenharia Industrial - Ramo Química.[51] Neste ante-projecto, sem nenhumas referências ou bibliografia, refere-se que «2. 0 presente curso tem maior desenvolvimento no estudo de organização do trabalho e econornia, procurando introduzir noções do estudo de sistemas e suas aplicações nos problemas de gestão, de modo a preparar estudantes para exercer funções deste tipo, especialmente na indústria regional. Estes estudos implicam urn certo desenvolvimento matemático que se procurou incluir em paralelismo com as cadeiras de Matemática e Estatística já propostas para o bacharelato de sistemas.

3. Atendendo à possibilidade de os estudantes deste tipo de curso poderem diversificar para licenciaturas em sistemas, em Matemática, em engenharia química e em química, esta última ciência é também tratada em extensão de modo a dar as bases químicas para o estudo da sua engenharia que, juntamente com os sistemas, se considera essencial neste curso.

Nestas cadeiras de química que incluem química-física e electroquímica propõe-se fazer um curso de aplicação prática permitindo aos bachareis enfrentar e resolver os problemas correntes deste tipo que qualquer indústria põe.

4. A extensão das cadeiras anteriores nao permitiu dar grande desenvolvimento ao estudo da física considerando-se que os conceitos desta ciência mais directamente ligados com o exercício deste bacharelato poderiam aparecer e ser estudados em conjunto com as cadeiras de engenharia química à medida que esta se fosse desenvolvendo ao longo do curso. Apesar disso, considera-se essencial uma cadeira introdutória que se coloca logo no segundo semestre e o estudo separado de alguns capítulos mais importantes, como a termodinâmica no terceiro trimestre e os fenómenos de transferência no quarto.»

Acrescenta-se, ainda: «6. O estudo da engenharia química que se introduz logo no terceiro semestre com uma cadeira apropriada e formativa no aspecto de sistemas e depois desenvolvido a partir do estudo de indústrias em bloco, particularmente das que existem já no nosso país aparecendo na sua descrição as operações unitárias que deste modo serão tratadas em conexão com, pelo menos, um exemplo da sua aplicação.» e «8. Considerou-se ainda conveniente dar aos alunos algumas noções práticas de electricidade, electrónica, mecânica e da tecnologia dos materiais com especial atenção às características dos novos plásticos.»

Com data do dia seguinte, 1 de Outubro de 1974, é elaborado um parecer[52], sobre uma proposta que se desconhece, com a seguinte introdução:

«Segundo o nosso entender o principal objectivo do curso será a obtenção de elementos humanos que a par de uma formação básica científico-tecnológica geral possuam conhecimentos importantes nos domínios administrativos e económico.

Estes elementos humanos são extremamente úteis em todos os tipos de empresas, especialmente nos da indústria portuguesa onde não há licenciados em Ciências Administrativas e os licenciados em engenharia nada sabem dessas ciências.»

Ora já em 1955, o American Institute of Industrial Engineers, fundado em 1948 e agora o IIE, definira engenharia industrial:

«Industrial engineering is concerned with the design, improvement, and installation of integrated systems of men, materials, and equipment. It draws upon specialized knowledge and skill in the mathematical, physical, and social sciences together with the principles and methods of engineering analysis and design, to specify, predict, and evaluate the results to be obtained from such systems.»

Esta definição serviu de ponto de partida para um plano de estudos desenvolvido por um estudo de grande influência, financiado pela «National Science Foundation» (em inglês)  (NSF), patrocinado pela Projects Operating Unit da «American Society for Engineering Education» (em inglês)  (ASEE) e levado a cabo por Harold T. Amrine (Head, School of Industrial Engineering, «Purdue University» (em inglês) ), W. Grant Ireson, N. Lehrer, Melvin R. Lohmann (Dean of Engineering, «Oklahoma State University» (em inglês) ), Andrew S. Schultz, Jr., e «Robert H. Roy» (em inglês) . Este estudo foi documentado num artigo, muitas vezes referido como o «Relatório Roy», publicado em 1967.[53]

Atente-se, no entanto, no ante-projecto de Carvalho e Pereira (1974)[51], aos seguintes pontos:

«10. No 7.º semestre deixa-se uma grande parte da escolaridade livre para a realização de um trabalho individual dentro da Universidade, a incidir sobre tema a escolher pelo aluno em conjunto com o docente respectivo.

Este trabalho pode ser de natureza prática e ser realizado num laboratório da universidade ou em empresa privada devendo de preferência tender para o tratamento de uma ideia original do estudante a ser desenvolvida por este com o auxílio do docente respeitante ao assunto.

11. Não são atribuídas horas para aulas práticas para além das atribuídas aos laboratórios de química. Não por se entender que estas não devam ter lugar mas porque nos outros casos poderão aparecer como extensão natural das aulas teóricas já marcadas. Estas, por outro lado, têm uma escolaridade maior do que o normal por se entender para elas características diferentes das habituais. Assim, pensa-se que o tratamento teórico deve ser dado de modo formal só para certos aspectos que o professor decida mais importantes, estabelecendo-se na aula um diálogo baseado em problemas propostos para expor e tratar os restantes pontos. As aulas teóricas terão assim, já em si mesnas, um certo carácter de aula prática.»

Voltando ao parecer de Martins (1974)[52], o ponto «2. Considerações Gerais» começa por considerar que os oito semestres propostos no plano de estudos em engenharia industrial «parece demasiado para um bacharelato.», sem apresentar qualquer justificação ou referências bibliográficas. O Relatório Roy[53] considera um bacharelato em engenharia industrial de quatro anos como um dado. Em seguida, o parecer resvala para o dislate, afirmando que o pano de estudos «Tem por outro lado grande incidência de disciplinas de Física que pouco ou nada aproveitam ao fim em vista. Assim seria de eliminar as disciplinas de: Química Inorgânica Geral II, Desenho e Métodos Gráficos II, Óptica e Física Moderna, e Termodinâmica.» É difícil perceber o que é que três das quatro disciplinas indicadas têm a ver com a Física. A ignorância e a asneira sempre andam de mãos dadas.

O parecer divaga: «A índole da disciplina de Desenho e Métodos Gráficos I seria por outro lado, a de levar os alunos a "exprimirem-se" através de desenhos que seriam do tipo de "esboços cotados de elementos de equipamentos, plantas, etc.»; para depois retomar o assunto anterior com algum discernimento: «Em compensação das disciplinas eliminadas seria de incluir como obrigatórias algumas das que estão como "electivas" (opções) nos domínios da "Engenharia Industrial" e de "Economia". Assim seriam obrigatórias, pelo menos algumas das seguintes disciplinas: Estatística II, Planeamento da Produção, Control de Qualidade, Transportes, Teoria da Organização e Administração, Administração de Pessoal e Desenvolvimento da Mão de Obra, Avaliação da Rentabilidade Económica ("Principles of Engineering Economics"). Devem ser introduzidas no plano geral em posições e sequência apropriadas, podendo algumas aparecer logo nos primeiros semestres, uma vez que não haja problemas de procedência de matérias.»

O desequilíbrio que transparece do parecer só pode ser o reflexo de enormes pressões que se abatiam sobre o autor, fora do seu controlo, mas que conjugadas com outras influências, com outras origens e motivações, marcariam a criação e desenvolvimento da engenharia industrial no ensino superior Português. Efectivamente, o parecer de Martins (1974)[52] termina com o ponto «3. Introdução de algumas matérias relativas ao ramo de Engenharia Civil». O autor do parecer, professor de engenharia civil, fazia, portanto, a 1 de Outubro de 1974, uma primeira tentativa formal de «apanhar o comboio» da engenharia industrial. Outras se seguiriam, até ser alcançado o objectivo da criação de um departamento de engenharia civil, com oferta de licenciatura, mestrado e doutoramento, pela Universidade do Minho, nessa especialidade, mesmo que isso tenha sido conseguido «às costas» da engenharia industrial.

O porquê desta situação é explicitado no relatório da Comissão Instaladora da UM de Novembro de 1974, p. 19.[54] «… procura evitar-se, especialmente nos cursos ao nível de bacharelato, a repetição do tipo de formação conferida pelas Universidades de Coimbra, Lisboa e Porto. Assim, enquanto que nessas universidades a ênfase é o projecto, na Universidade do Minho será a produção.» A engenharia industrial era uma dessas áreas. Por essa altura, já a situação no Brasil era o que ficou descrito acima e a ela não seriam estranhos, até por contacto directo, alguns dos actores da medíocre farsa que se iria representar nos palcos das chamadas universidades novas. A engenharia industrial era o perfeito Cavalo de Tróia para se introduzirem, intra-muros, áreas a que se tinham fechado as portas. Assim poderiam esperar pelo momento oportuno para emergirem, com todos os recursos que pudessem dissimular e, eventualmente, disputar e conquistar uma posição de supremacia. Hiperbolicamente, o que se seguia era o saque, a pilhagem e o abuso. É comum a construção de impérios ser feita, pela força bruta do número, sobre as ruínas de civilizações prósperas, cuja sobrevivência futura é deixada entregue ao acaso. Não é um espectáculo muito edificante, mas nem todos são capazes de se imporem por mérito próprio, restando-lhes destroçar quem se lhes atravesse no caminho. Enquanto se apouca os outros, é mais fácil dissimular as próprias fraquezas.

O primeiro golpe foi substituir engenharia industrial por engenharia de produção, da qual a Comissão Instaladora tinha a seguinte concepção (p. 21):[54] «Parece evidente … que o maior – e o mais urgente – esforço a desenvolver, nas empresas industriais existentes e a estabelecer …, é o da organização e da racionalização da produção. A empresa ao instalar uma dada linha de fabrico, que em geral não foi projectada, comprou já o know-how tecnológico e o seu objectivo deve ser pois conseguir tirar o máximo rendimento do conjunto do equipamento: para isso são necessários engenheiros com uma óptica diferente da habitual. No Curso de Engenharia de Produção dá-se ênfase aos métodos e técnicas próprias da engenharia de sistemas (investigação operacional, análise de sistemas, organização e gestão) e um suporte razoável em economia aplicada e nos aspectos humanos da produção.»

Estava feita a primeira «colagem». Caída dos céus aos trambolhões aparecia a engenharia de sistemas e até a letra minúscula é do texto citado. A sua presença ainda hoje se manifesta na UM, embora já não sirva os mesmos senhores. Continuava, então, a Comissão Instaladora (p. 21):[54] «Salienta-se que a metodologia da engenharia de sistemas consiste em tentar atacar qualquer problema de um modo integrado, isto é, considera que o modelo mais geral de qualquer processo se pode assemelhar a um sistema cujos componentes se inter-relacionam e interactuam de modo complexo, havendo pois necessidade de encarar o seu funcionamento sob um ponto de vista global. Os engenheiros com este tipo de formação não estão virados para o projecto, mas melhor preparados para a optimização das condições de fabrico ou produção.»

Assim que se fechava o cerco. Veja-se com que resultados (p. 21-22):[54] «Dentro desta linha de pensamento, os bacharelatos em Engenharia de Produção são constituídos por uma matriz comum composta de disciplinas básicas de matemática e física, de matemáticas aplicadas e de disciplinas de engenharia de sistemas e de economia aplicada, acrescida de um conjunto opcional de disciplinas tecnológicas, que permite a diversificação em vários ramos e possibilita ao engenheiro um enquadramento mais rápido na particular indústria onde vá exercer a sua actividade. Na pequena e média empresa o engenheiro com esta formação poderá também ocupar-se, ao fim de algum tempo de experiência e/ou com reciclagem de conhecimentos numa ou outra matéria, dos aspectos tecnológicos da produção; nas empresas maiores trabalhará em estreita colaboração com o engenheiro de formação tecnológica.» Note-se a convergência com o Brasil. Aqui está um excelente exemplo de como em Portugal não se copiam as melhores práticas do estrangeiro, mas se adaptam à nossa realidade. Infelizmente, parece que é mais uma adaptação aos interesses e interessados do momento e a factura a pagar traduz-se, como neste caso, por décadas de atraso. Mais duas notas: 1) Já não se fala de engenharia industrial, mas sim de engenharia de produção; 2) São referidos «cursos», no plural, de engenharia de produção, com ramos e não um curso, singular, de engenharia de produção, com ramos. As implicações vão ser óbvias, como se verá.

Continuando com a Comissão Instaladora (p. 22):[54] «Julga-se que os ramos de maior interesse inicial seriam: Sistemas, Mecânica, Metalurgia e Têxtil; este último para atender à pequena empresa, e talvez média empresa, onde poderá ser mais útil do que o engenheiro têxtil com uma formação mais acentuadamente tecnológica, o qual terá melhor integração nas maiores empresas e nos centros de investigação e desenvolvimento.» Que se saiba, nunca foi feito nenhum estudo que confirmasse esta «profecia». «A criação do ramo de sistemas equivale virtualmente a formar um bacharel com pouca formação tecnológica, mas bem treinado em análise de sistemas e sua optimização, qualquer que seja o problema em causa. Este técnico integrar-se-ia bem nas maiores empresas e nos serviços públicos.» Havia uma necessidade de se justificar, não saiu muito bem, mas foi o que se pode arranjar, na altura. A palavra-chave é «virtualmente». «É oportuno notar que o conjunto de disciplinas tecnológicas de cada ramo equivale a cerca de dez disciplinas semestrais, o que significa que a abertura de um novo ramo não constituiria grande problema do ponto de vista da necessidade de docentes.» Outras consequências se revelariam, como também se verá. «As actividades já existentes no Minho, ou previstas …, levam a que se considerem outros ramos da Engenharia de Produção. Assim propõe-se a criação eventual dos seguintes ramos: Construção Naval …, Indústria Alimentar …, e Indústria Química.» (p. 24-25).[54]

A Universidade do Minho planeara, também, oferecer bacharelatos, licenciaturas e pós-licenciaturas.[50] Isso mesmo é reiterado em relatório da Comissão Instaladora de Novembro de 1974, p. 1 e 8:[54] «Em princípio a duração do bacharelato limitar-se-á a três anos, prevendo-se que a licenciatura exija mais dois anos.» A duração de oito semestres dos bacharelatos era mascarada em seis semestres, antecedidos por um semestre «zero» e mais um semestre «terminal» (p. 25-26).[54] Os alunos deste semestre seriam considerados, certamente, como estudantes em estado «terminal». Quanto às licenciaturas (p. 29-30):[54] «Não é urgente tratar neste momento das licenciaturas a oferecer pela Universidade do Minho, mas convém dar uma ideia das suas características gerais e uma primeira definição daquelas que se consideram prioritárias. … Engenharia de Sistemas … [extensão] de qualquer dos ramos do bacharelato em Engenharia de Produção.» Depois do bacharelato, a engenharia de produção já não tinha qualquer préstimo.

No final de Novembro de 1974, os primeiros «penduras» estavam a bordo do comboio da engenharia industrial.[55] O parecer de Martins (1974)[52] não era citado e teria que «voltar à carga» para apanhar boleia, uns anos mais tarde, como já ficou dito. O bacharelato passara a ser em engenharia industrial ou de sistemas (engenharia de produção). Para além das disciplinas comuns, tinha disciplinas de especialidade em: engenharia de produção, engenharia de sistemas, economia aplicada, química e engenharia química, e engenharia têxtil. O ante-projecto contemplava, afinal, dois bacharelatos: um bacharelato em engenharia industrial (um lapso, possivelmente): ramo química e um bacharelato em engenharia de produção: ramo têxtil. É que, desta vez, o relator era professor de engenharia química, hoje já falecido, meu muito querido amigo, professor e mentor, mas humano e sujeito às mesmas fraquezas que qualquer um. Quem não as tiver «que atire a primeira pedra». Para ajudar à confusão, no âmbito da previsão das necessidades em pessoal docente (Romero, 1974, p. 2-3),[55] escolheram-se dois cenários. No Cenário I, previa-se o arranque em 1975-76 dos cursos de engenharia de produção, com os ramos de sistemas, mecânica, metalurgia, têxtil, construção naval, indústria química e indústria alimentar, entre outros. No Cenário II, previa-se o arranque em 1975-76 dos cursos de engenharia de produção, com os ramos de sistemas, mecânica, metalurgia e têxtil, e engenharia têxtil.

Em Fevereiro de 1975, o Secretário de Estado dos Assuntos Culturais e Investigação Científica, António José Avelãs Nunes, actualmente vice-reitor da Universidade de Coimbra, anunciou publicamente o seu acordo com o arranque, na Universidade do Minho, no ano lectivo de 1975/76, dos cursos de Engenharia Têxtil e de Engenharia de Produção. Em Julho de 1975, foi apresentada uma proposta de plano de estudo para o curso de engenharia de produção, ramos têxtil, metalomecânica e sistemas, tendo-se reconhecido mais «conveniente e adequado» a aglutinação dos ramos de mecânica e metalurgia anteriormente considerados. No mesmo ano de 1975, foi constituído um grupo de trabalho para estudo da proposta a apresentar para o ramo de construção naval do curso de engenharia de produção, incluindo representantes da Universidade do Minho, da Universidade do Porto e dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo. Em Outubro de 1975, o então Secretário de Estado do Ensino Superior e Investigação Científica, António Brotas, hoje professor catedrático jubilado de física do Instituto Superior Técnico da Universidade Técnica de Lisboa, manifestou reservas quanto ao curso de engenharia de produção e considerou importante a existência de um curso de engenharia metalomecânica, de índole tecnológica, à semelhança do curso de engenharia têxtil. Foi acordado que a Universidade do Minho apresentaria nova argumentação justificativa do curso de engenharia de produção, para discussão e eventual homologação.[56]

Em Fevereiro de 1976 é apresentado um relatório sobre os cursos de engenharia,[57] contendo a justificação do curso de engenharia de produção e proposta do respectivo plano curricular com os ramos têxtil, metalomecânica e sistemas. Este documento, cujo primeiro capítulo se intitula «Por um curso de engenharia de produção», centra esta designação na industrial engineering. Foca a orientação para «o estudo da racionalização e optimização económica dos diversos sectores de serviços da empresa – de que a linha de produção é apenas um – e do papel do homem nesses sectores. Refere o aprofundamento do «estudo e investigação da ciência de concepção de sistemas produtivos de bens e de serviços» e outras disciplinas de engenharia industrial como «utilizando métodos e processos de disciplina mental semelhantes entre si, semelhança que o recurso progressivamente maior ao uso de computadores ajudou a acentuar». Esta circunstância viria a ser habilmente aproveitada pelos engenheiros electrotécnicos, como se verá mais abaixo. Reconhece que «esse estudo e investigação deram personalidade próprias a sectores do conhecimento ainda ontem não diferenciados.» O relatório de Martins et al. (1976)[57] aborda, então, dois temas de grande abrangência:

1) Na actividade das empresas nada pode ser deixado ao amadorismo ou ao improviso.

2) Em Portugal e na Europa, durante muitos anos, as funções do engenheiro industrial têm sido desempenhadas por pessoas sem uma preparação adequada.

Quanto aos paralelos com as formações noutros países, o relatório[57] é muito claro: «Já há muitos anos que existe nas universidades Norte Americanas uma diversidade de cursos de engenharia com esta índole, normalmente designados por Industrial Engineering, menos frequentemente por Industrial & Management Engineering ou ainda cursos combinados, como por exemplo Electrical Engineering with Management, independentemente de e paralelamente à existência de cursos de ciências administrativas e de gestão.

Cursos universitários do mesmo tipo existem e têm aparecido recentemente em universidades de outros países – Inglaterra, Israel, Canadá, França, Brasil e possivelmente outros. Particularmente em Inglaterra, onde aparecem com designações muito diversas (principalmente Production Engineering, como curso em si mesmo ou ramo da Engineering Science ou da Mechanical Engineering, mas também como Industrial Engineering, Production Management, Management Systems Engineering, etc.) é cada vez maior o número de universidades que o oferecem e a procura dos respectivos licenciados.

Entende-se assim que já não bastam hoje engenheiros com os cursos tradicionais, mas que é necessário preparar indivíduos com uma formação nas ciências gerais de base de engenharia que lhes permitam compreender todas as implicações e limitações de natureza material de um processo de fabrico [ao contrário do que acontecera acima, aqui foi esquecida a produção de serviços] e com uma forte preparação no domínio das ciências de gestão aplicadas á produção. A este engenheiro propomos chamar engenheiro de produção.

A engenharia de produção trata pois da aplicação dos métodos de engenharia e dos princípios científicos de gestão ao processo produtivo e tem essencialmente como objectivos o projecto, optimização, instalação e operação dos sistemas integrados de homens, materiais e equipamento. Difere assim das restantes especialidades de engenharia por não ter uma motivação ocupacional específica a um determinado tipo de sistema (mecânico, eléctrico, etc.) pois ela actua onde quer que os seus métodos de análise encontrem aplicação, daí decorrendo uma séria dificuldade na definição das suas fronteiras de actuação.»

O relatório[57] refere ainda que «Para [as] pequenas e médias empresas assume particular importância o aspecto da produtividade, da organização, racionalização e gestão da produção, pois que em geral adquiriram e instalaram uma linha de fabrico [esquece-se, outra vez, a produção de serviços], conjuntamente com o know how tecnológico correspondente, estando o seu principal objectivo centrado em procurar tirar o máximo rendimento do conjunto do equipamento e do pessoal: para atingir este objectivo está muito melhor preparado o engenheiro de produção que o engenheiro tradicional.»

O «esquecimento» da produção de serviços, abria a porta à «ciência de sistemas [que] constitui sobretudo um esforço de síntese para o tratamento unificado de problemas muito diversos, gerado precisamente no entendimento de que processos industriais, comerciais, agro-pecuários, ecológicos, urbanos, de transportes, hospitalares e muitos outros se podem tratar formalmente como sistemas e aplicar no seu estudo e análise as mesmas técnicas e métodos. Deste facto e não obstante a atenção estar mais centrada nos resultados a obter do que propriamente nas técnicas a utilizar, resulta que o estudo desses métodos de análise, mesmo quando inicialmente orientados no contexto da engenharia de produção, possa passar a ser feito com vantagem num enquadramento mais geral de sistemas.» Acrescentando, em nota de pé de página: «A estrutura curricular da maioria dos cursos de Industrial Engineering oferecidos pelas universidades Norte Americanas, quer pelo seu conteúdo quer mesmo pela evolução que esse conteúdo sofreu ao longo dos anos, confirma esta ideia; por exemplo, foi já na década de 70 que no Illinois Institute of Technology o curso de Industrial Engineering, passou a ser da responsabilidade do departamento de Industrial and systems engineering (anteriormente apenas Industrial Engineering) e hoje apresenta duas opções fundamentais: production systems e information systems. Ficava, assim, aberto o caminho para que os engenheiros electrotécnicos se «montassem no comboio» do que acordaram chamar de engenharia de produção, para dar origem, actualmente, a nada mais, nada menos do que três departamentos da Escola de Engenharia da Universidade do Minho: Informática, Sistemas de Informação e Electrónica Industrial (continuando a não existir um curso de engenharia electrotécnica), aos quais sobreviveu o Departamento de Produção e Sistemas e um curso em engenharia e gestão industrial.

Das considerações anteriores depreende-se que foi fácil conseguir propôr uma matriz disciplinar básica comum aos diferentes «ramos» de engenharia de produção, acentuando, para certos patronos, a formação tecnológica e para outros a formação na ciência de sistemas. Efectivamente, o relatório[57] prossegue, considerando que os cursos de engenharia de produção, com esta designação ou qualquer das outras já referidas (o sublinhado é nosso e a saber: Industrial Engineering, Industrial & Management Engineering, «Any» Engineering with Management, Production Management ou Management Systems Engineering), se enquadram, sob o ponto de vista da sua organização curricular, num de três tipos:

1) Curso especificamente de engenharia de produção, com ou sem tendência especializante que contemple particularmente uma determinada indústria.

2) Cursos tradicionais de engenharia, complementados com disciplinas formativas de gestão, investigação operacional e outras, o que acarreta a extensão do curso por mais um ano escolar, pelo menos.

3) Cursos formados pelo aproveitamento dos primeiros anos curriculares das engenharias tradicionais, truncados no último ano para inserção de disciplinas de gestão e sistemas.

A solução proposta correspondeu ao primeiro tipo - com tendência especializante: têxtil, metalomecânica e de sistemas, «de forma a melhor servir as necessidades regionais - e julga-se que não só é a melhor e mais económica a nível nacional, como mesmo a única praticável para já, dado o peso da tradição nas universidades portuguesas onde se professam há largos anos os cursos de engenharia do tipo clássico.» Assim se cravava o último prego no caixão da engenharia industrial.

Quanto aos outros dois tipos comentava-se e justificava-se assim:

«Por outro lado rapidamente se poderão colher os benefícios do segundo tipo sem ficar com muitos dos seus inconvenientes, pela promoção de cursos de pós-graduação e de reciclagem sobre gestão e sistemas dirigidos aos licenciados em engenharia pelas universidades tradicionais.

Não se julga de considerar o último tipo quer já porque representa um esquema de transição injustificável numa universidade nova quer ainda porque não corresponde à concepção integrada dos cursos defendida.»

O que estava em causa era uma licenciatura e não uma pós-graduação, mas não se foi capaz de conceber que a oferta de cursos tradicionais de engenharia com uma componente de engenharia industrial, não implica necessariamente «a extensão do curso por mais um ano escolar, pelo menos». Algumas das disciplinas de engenharia industrial eram e continuam a ser uma lacuna grave nos cursos tradicionais: engenharia económica, investigação operacional e qualidade para citar só três exemplos importantes para todos. Coincidentemente, o terceiro tipo, como esquema de transição, foi o seguido pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, para chegar ao actual curso de Gestão e Engenharia Industrial.

Outra abordagem que abafava a engenharia industrial à nascença, foi o não reconhecimento dessa especialidade numa das «três áreas vectoriais de formação»: ciências exactas e de engenharia; ciência de sistemas e investigação operacional; e ciências de economia, organização e de gestão. O mesmo aconteceu nas listas de opções, nos domínios têxtil, metalomecânica, sistemas e de gestão; assim como no trabalho de tese de fim de curso, em tecnologia ou economia e gestão ou optimização de processos.

Tudo isto em flagrante contradição com os exemplos apresentados em anexo no relatório de Martins et al. (1976)[57], onde é, claramente, identificada e definida a especialidade de engenharia industrial, nomeadamente pelo «Illinois Institute of Technology» (em inglês) , «University of Wisconsin - Madison» (em inglês) , ambas com cursos de industrial engineering, «Université de Montréal» (em francês) , génie industriel (engenharia industrial, em francês, ver Engenharia Industrial: 5 Ensino e investigação) e até mesmo a «Loughborough University of Technology» (em inglês) , com Production Engineering and Management, e o «Technion - Israel Institute of Technology» (em inglês) , com Industrial and Management Engineering.

O resultado prático foi a proposta de cursos de bacharelato em engenharia têxtil, engenharia de produção metalomecânica e engenharia de produção, ramo têxtil, avançando-se, desde logo, o lançamento dos ramos de metalomecânica e de sistemas. Pelo Despacho n.º 61/76 de 16 de Março, do Ministro da Educação e Investigação Científica, foram aprovados os planos de estudo dos cursos de engenharia de produção propostos, ainda que, eventualmente, sujeitos a pequenas alterações curriculares.[56] A confusão instalada, vá-se lá saber porquê, para quê e por quem, é de tal ordem que se pode ver referido, num documento de Janeiro de 1977 (p. 7)[58], que no ano lectivo de 1976/77, se encontrava em funcionamento o ramo de metalomecânica. Ou seria o curso de engenharia de produção metalomecânica? O ramo de sistemas (p. 13) estaria, também, já homologado. De qualquer modo, em 1976/77, foram considerados inscritos, pela primeira vez em Portugal, 31 alunos no curso de bacharelato em engenharia de produção[59] (ou seriam 44?[60])

Esse mesmo documento, de 1977,[58] é de mais um grupo de «passageiros» dispostos a «apanhar o comboio» da engenharia industrial ou engenharia de produção, como se propôs (p. 3)[57] e ficou chamada. Os «argumentos» eram de peso: uma engenheira da Secretaria de Estado da Indústria Pesada, um engenheiro da Empresa de Polímeros de Sines (EPSI), um representante da Associação Portuguesa dos Industriais de Plásticos e o meu saudoso professor de engenharia química, membro da comissão instaladora da universidade. «A estrutura do curso de engenharia de produção [...] corresponde ao perfil de técnico universitário que se julga necessário para o sector [de transformação de matérias plásticas]. O plano de estudos contém uma matriz básica comum aos vários ramos [...], incluindo as disciplinas básicas e as disciplinas próprias de análise de sistemas, de análise económica e de gestão, e um ramo constituido por disciplinas de especialidade, específicas para cada ramo, que dão a necessária formação científica e tecnológica no processo produtivo da especialização.» A engenharia industrial é que não é reconhecida em parte nenhuma, por alguma razão substituída pela «análise de sistemas», «análise económica» e «gestão». Não deixa de ser interessante constatar que, ao ser estimado o número de docentes a contratar para o funcionamento do «ramo de matérias plásticas» (a «transformação» era tão secundária que até podia ser omitida numa abreviatura), não se diz quantos dos 13 docentes previstos seriam da área de polímeros, mas é fácil de perceber que não seriam o menor número (p.13-15).[58]

Decorria, então o consulado do ministro Sottomayor Cardia, período que António Brotas caracterizou como a «contra-reforma».[61] As universidades deixavam de poder formar bacharéis, tarefa reservada ao que hoje se chama de Politécnicos. Os bacharelatos em engenharia das universidades foram, por isso, convertidos em licenciaturas de cinco anos. A partir do ano lectivo de 1977/78 só foram aceites candidaturas para os cursos de licenciatura e foi dado aos alunos de bacharelato a possibilidade de optarem entre concluírem o bacharelato ou transitarem para os cursos de licenciatura.[60] É por isso que, quando a engenharia civil «apanha o comboio» da engenharia industrial, o faz com uma Proposta para a instituição de uma Licenciatura em Engenharia de Produção ramo de Construção Civil e Obras Públicas, de Abril de 1980.[62] Já nem havia o cuidado de propôr mais um ramo para a árvore.[58] A proposta era de uma árvore com um ramo e não era peca de palavras. «A licenciatura que se pretende instituir tem por finalidade [...] a preparação de gestores com conhecimentos profundos de gestão e de engenharia civil. Será um engenheiro não dirigido para o projecto, mas para a gestão tecnológica das obras [e de fábricas do sector].Naturalmente que, mesmo não dirigido para o projecto, este tipo de engenheiro civil terá de ter as bases necessárias para bem analisar projectos de engenharia civil.» O que a engenharia industrial tinha a ver com isto era explicado assim: «Se é verdade que a engenharia de produção, nasceu sob a forma de engenharia industrial, no interior da fábrica, não é menos verdade que os problemas de organização da produção nas obras de construção civil e obras públicas são tão importantes que entre os primeiros livros publicados de PERT e CPM, destinados à optimização do processo produtivo, figuram livros destinados exclusivamente à organização e programação de trabalhos de engenharia civil.»[62]

Recapitulando o exposto acima, a engenharia de produção tinha:

  • em 1975/76, os ramos têxtil, metalomecânica;
  • em 1976/77, os ramos têxtil, metalomecânica e sistemas;
  • em 1978/79, os ramos têxtil, metalomecânica, sistemas e transformação de matérias plásticas.[60]
  • em 1980/81, os ramos têxtil, metalomecânica, transformação de matérias plásticas, e construção civil e obras públicas.[63]

Em vez do defunto ramo sistemas, tinha «nascido» a licenciatura em engenharia de sistemas e informática.[63] Em 1984/85, registam-se os ramos têxtil, metalomecânica e plásticos (em vez de transformação de matérias plásticas). Já ficou referido que a «transformação» era coisa de somenos importância. Por sua vez, o extinto ramo de construção civil e obras públicas tinha dado origem à licenciatura em engenharia civil, ramo produção. «O licenciado neste ramo possuirá os conhecimentos suficientes de estruturas hidráulicas, vias de comunicação, construções civis e planeamento, que lhes permitem fazer projectos e dirigir tecnicamente a construção».[64] É que só assim os licenciados em engenharia de produção, ramo construção civil e obras públicas, podiam ser engenheiros civis, inscrever-se na Ordem dos Engenheiros como tal e exercer essa profissão. A alteração dava-se mesmo a tempo de não se licenciar nenhum aluno em engenharia de produção, ramo de construção civil e obras públicas, mas todos em engenharia civil, ramo produção. Um procedimento verdadeiramente Just in time. Em 1992 existia uma licenciatura em engenharia de produção assim como duas outras com os ramos metalomecânica e plásticos. O ramo de têxtil dava lugar à engenharia de produção têxtil.[65] Nas páginas Web da Universidade do Minho podem ser obtidas informações sobre os cursos oferecidos actualmente.

A história não foi muito diferente na Universidade Nova de Lisboa, outra das universidades portuguesas pioneira no ensino da engenharia industrial. O curso de licenciatura em engenharia de produção industrial foi criado em 1978 (Decreto Regulamentar n.º 1/78, de 10 de Janeiro), com as opções de construção mecânica, engenharia de polímeros e engenharia física. A opção processos químicos substituiu a opção engenharia de polímeros em 1979/80. Em 1981, com a criação do curso de licenciatura em engenharia física e dos materiais (Decreto n.º 127/81, de 21 de Outubro), foi extinta a opção em engenharia física. Todos os aluno do curso de licenciatura em engenharia de produção industrial opção de engenharia física se licenciariam em engenharia física e dos materiais. As semelhanças não ficam por aqui. O curso foi organizado pelo regime de créditos em 1984 (Portaria n.º 903/84, de 11 de Dezembro), com os ramos de produção industrial, engenharia mecânica e engenharia química. Com a criação dos cursos de licenciatura em engenharia mecânica e engenharia química, em 1986 (Portaria n.º 317-A/86, de 24 de Junho), foram extintos os ramos correspondentes do curso de licenciatura em engenharia de produção industrial (Artigo 6.º da mesma portaria). Os alunos dos ramos de engenharia mecânica e engenharia química foram todos transferidos para os cursos de licenciatura em engenharia mecânica e engenharia química, mesmo que já estivessem a frequentar o último ano, como aconteceu em todos os outros casos do género. Só o ramo de produção industrial deu continuidade ao curso de licenciatura em engenharia de produção industrial, que viria a ser alterado por proposta de 1987,[66] deixando de se desdobrar em ramos (Artigo 4.º da Portaria n.º 586/88 de 25 de Agosto). Nas páginas Web da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa podem ser obtidas informações sobre os cursos oferecidos actualmente.

O aquecimento global ainda não submergiu a engenharia industrial em Portugal, mas os danos causados, pelo acima descrito, ao desenvolvimento da profissão de engenharia industrial são incomensuráveis e irreparáveis. Note-se que se chegou a verificar a fixação de numerus clausus conjuntos, por exemplo para o curso de licenciatura em engenharia têxtil e licenciatura em engenharia de produção ramo têxtil; metalomecânica e produção ramo metalomecânica.[58] Com é referido por Menezes (2004),[44] só os alunos dos cursos em que a designação de engenharia de produção ou engenharia de produção industrial aparece isolada se consideram engenheiros industriais. Os outros assumem-se engenheiros da respectiva especialidade, eventualmente com uma qualificação em engenharia industrial. Esta situação arrastou-se durante mais de uma década da implantação da engenharia industrial no ensino superior português. Trata-se de um caso paradigmático, em que o desenvolvimento de uma nova categoria de especialistas universitários foi cerceado não só por outras «classes profissionais», casos das engenharias civil, mecânica e química, das quais eram potencialmente concorrentes a posições por aquelas normalmente ocupadas,[67] mas também por «classes emergentes», como a informática e as engenharias física e dos materiais, incluindo os plásticos.

Em 1997, coexistiam, em Portugal, as seguintes designações de cursos, sendo também indicado o grau ou título, o nome da instituição e o ano de criação, quando aplicável:[68]

  • Engenharia de Produção, licenciatura, Universidade do Minho, 1976
  • Engenharia de Produção e Sistemas, licenciatura, Universidade do Minho, n. d.
  • Engenharia de Produção Industrial, licenciatura, Universidade Nova de Lisboa, 1978
  • Produção Industrial, bacharelato, Instituto Superior de Matemática e Gestão, 1989
  • Engenharia da Produção, licenciatura (4 anos), Universidade Autónoma de Lisboa, 1988
  • Engenharia da Produção e Gestão Industrial, licenciatura, Universidade da Beira Interior, 1989
  • Gestão Industrial e de Produção, bacharelato, Instituto Politécnico da Guarda, 1990
  • Gestão e Engenharia Industrial, licenciatura, Universidade do Porto, 1990
  • Gestão Industrial, especialização, Ordem dos Engenheiros, n. d.
  • Engenharia Industrial, mestrado, Universidade Nova de Lisboa, 1992

As designações dos cursos actualmente em funcionamento podem ser consultadas nas páginas oficiais do acesso ao ensino superior ou nas listas dos cursos autorizados a funcionar em 2007 publicadas nas páginas da Direcção Geral do Ensino Superior.

As designações dos departamentos responsáveis pelos cursos de engenharia industrial em cada universidade, em 2008, são as seguintes:

A história de alguns dos departamentos e faculdades acima, escreve-se em poucas palavras: DEGEI, FE da UCP, DPS e DEIG ; noutros casos, não é divulgada: FCTUC, FE/UL de VNF, DEMI, DEMEGI e DEG. Já se tentou escrever uma dessas histórias, mas essa catarse foi prontamente abafada por um processo de intenções de má memória.

Outra consequência, funesta, do quadro em que co-habitou a engenharia industrial é a parca produção científica nacional neste domínio, confinado, ainda, a um escasso número de unidades de investigação, a saber:

A este propósito, veja-se o que aconteceu em Janeiro de 1976, data em que é proposto um regulamento provisório, homologado, em parte, pelo então Secretário de Estado do Ensino Superior e Investigação Científica, António Brotas.[69] Logo no Artigo 2.º do regulamento, é criado o Centro de Ciências e Engenharia de Sistemas (CCES). Os objectivos gerais do centro resultariam de, na base da proposta de criação de um curso de engenharia de produção, ter estado «o reconhecimento da necessidade nacional e regional de se formarem especialistas cuja óptica de acção seja a racionalização e optimização de qualquer processo ou sistema produtivo.»[70]

«Dada a ênfase que, naquele curso, é necessário dar aos métodos e técnicas próprias da Engenharia de Sistemas (investigação operacional, análise de sistemas, análise organizacional, automação e controlo) e às ferramentas de base de que esses métodos e técnicas se socorrem (Ciências de Computação, Engenharia de Computação, Estatística), e notando a ligação íntima que se deve assegurar com problemas reais, é fundamental a existência [...] de um grupo que estude a aplicação daquela metodologia a casos concretos.» A utilização de maiúsculas é a do original, que prossegue:

«A actividade de investigação aplicada referida implica, por sua vez, um apoio de investigação fundamental em quatro domínios que se poderiam apropriadamente considerar como constituindo uma parte das Ciências de Sistemas: a investigação operacional, a estatística, as Ciências de Computação e o controlo automático. [...] Numa fase posterior, espera-se vir a ter a colaboração de especialistas em Ciências do Comportamento e em Ciência Económicas.» Engenharia de produção, nem vê-la. Engenharia industrial, muito menos.

Data já de 2002 uma avaliação das licenciaturas em engenharia e gestão industrial.[71] A avaliação feita, na altura, incidiu sobre os cursos de licenciatura em:

  • Engenharia e Gestão Industrial, Instituto Superior Técnico da Universidade Técnica de Lisboa (IST/UTL).
  • Engenharia e Gestão Industrial, Universidade de Aveiro.
  • Engenharia e Gestão Industrial, Universidade Lusíada de Vila Nova de Famalicão.
  • Engenharia e Gestão Industrial, Universidade Lusófona.
  • Engenharia Industrial, Pólo da Figueira da Foz, Universidade Católica Portuguesa.
  • Engenharia Industrial, Universidade Independente.
  • Engenharia de Produção, Universidade do Minho.
  • Engenharia da Produção e Gestão Industrial, Universidade da Beira Interior.
  • Engenharia de Produção Industrial, Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa.
  • Gestão e Engenharia Industrial, Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.
  • Gestão e Engenharia Industrial, Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa.

A Ordem dos Engenheiros criou, em 1994, o Gabinete de Qualificação que, desde então, passou a acreditar os cursos de engenharia oferecidos pelas universidades portuguesas e cujos licenciados estavam dispensados de efectuar o exame de admissão para novos membros, de acordo com o previsto no Estatuto e no Regulamento de Admissão e Qualificação. Foi uma actividade muito meritória que granjeou reputação internacional.[72] A última lista de cursos de engenharia acreditados foi publicada em Outubro de 2007. Alterações, recentes, na legislação devem ter levado a Ordem a que se lhe refira, presentemente, só como uma lista dos cursos que conferem dispensa de prestação de provas de admissão à Ordem dos Engenheiros, até 31 de Dezembro de 2010. É nessa lista que se podem encontrar os seguintes cursos:

  • Universidade de Aveiro - Engenharia e Gestão Industrial
  • Universidade Católica Portuguesa - Engenharia Industrial
  • Universidade Lusíada de Vila Nova de Famalicão - Engenharia e Gestão Industrial
  • Universidade do Minho - Engenharia e Gestão Industrial
  • Universidade Nova de Lisboa - Engenharia e Gestão Industrial
  • Universidade do Porto - Engenharia Industrial e Gestão
  • Universidade Técnica de Lisboa - Engenharia e Gestão Industrial

Numa década (ver acima a listagem de 1997), nenhum destes cursos inclui «Produção», ainda que seja notória a introdução de «Gestão Industrial». Nas designações dos departamentos, só um mantém, desde que foi criado, o mesmo nome de «Produção e Sistemas».

Aconteceu, então, que em Portugal se começou por chamar engenharia de produção à industrial engineering, mas essa designação caiu em desuso sendo hoje conhecida como engenharia industrial. Ao mesmo tempo, não tem havido desenvolvimento de cursos de manufacturing engineering que poderiam ter adoptado a designação de engenharia de produção, quanto mais não fosse por falta de alternativa adequada na linguagem corrente. Por isso:

engenharia de produçãoengenharia industrialmanufacturing engineeringengenharia de produção

Conclusão e Recomendações editar

A Wikipédia lusófona tem um artigo sobre engenharia industrial[1] e outro sobre engenharia de produção[2]. Ambos utilizam a definição, traduzida para Português, do artigo sobre engenharia industrial. A primeira questão que se pôs foi saber se engenharia industrial e engenharia de produção são sinónimos e se estaria perante uma duplicação de artigos.

Analisadas as definições de industrial engineering[3] e production engineering,[4] verificou-se que, embora com muitos pontos em comum, há diferenças evidentes. Por outro lado, constatou-se que «manufacturing engineering» (em inglês)  é uma designação alternativa para «production engineering» (em inglês) .

Nos EUA, production engineering é pouco usada. Nesse domínio, a designação comum é manufacturing engineering e esta é diferente de industrial engineering. No RU tem havido um progressivo abandono da designação production engineering, a favor de manufacturing engineering, enquanto industrial engineering começa a ter alguma presença, distinta de manufacturing engineering. Parece, então, poder-se concluir que industrial engineeringmanufacturing engineeringproduction engineering

Em Português, verificou-se que, no Brasil, a engenharia de produção identifica-se mais com a engenharia industrial ou a manufacturing engineering conforme a ênfase que lhe é dada e/ou incorpora características de ambas. Engenharia de produção é, formalmente, uma das designações adoptadas para industrial engineering. A outra é a tradução literal: engenharia industrial. Algumas concepções de engenharia de produção englobam aspectos da manufacturing engineering, para a qual não foi encontrada qualquer outra designação. Em Portugal, por sua vez, começou-se por chamar engenharia de produção à industrial engineering, mas essa designação caiu em desuso, sendo hoje conhecida como engenharia industrial. Parece, assim, correcto, afirmar, como é dito no artigo da Wikipédia lusófona, que engenharia industrial é a tradução de industrial engineering, com a correspondente definição,[1] e que, no Brasil, tal como, mais tarde, em Portugal, a engenharia industrial se desenvolveu com o nome de engenharia de produção. A diferença estará em que, enquanto no Brasil ainda perdura a designação de engenharia de produção como sinónimo de engenharia industrial, em Portugal isso, praticamente, já não acontece.

Dadas as semelhanças entre production engineering e manufacturing engineering na língua inglesa e à utilização, cada vez mais generalizada e exclusiva, de engenharia de produção como tradução de manufacturing engineering e face a tudo o que foi exposto e relatado, propõe-se que na Wikipédia lusófona seja adoptado o seguinte:

1) Engenharia industrial deve conduzir directamente ao artigo com o mesmo nome.[1]

2) Engenharia de produção deve conduzir à seguinte página de desambiguação, a criar:

A designação engenharia de produção pode referir-se a:

  • Engenharia de produção - designação comum de engenharia industrial no Brasil, também usada em Portugal no último quartel do século passado (XX).
  • Engenharia de produção - tradução de production engineering ou manufacturing engineering.

Este segundo significado requer a elaboração de um artigo que substitua, apropriadamente, o actualmente existente.[2] O conteúdo do actual artigo sobre engenharia de produção[2] deve ser utilizado para desenvolver a informação disponível, na Wikipédia lusófona, sobre engenharia industrial (ou engenharia de produção, no Brasil), nomeadamente:

  • História.
  • O que faz um engenheiro industrial (áreas de actuação).
  • Qualidades para o exercício da profissão (perfil profissional)
  • Mercado de trabalho
  • Ensino (disciplinas estudadas) e investigação
  • Disciplinas de engenharia industrial
  • Diferenças entre engenharia industrial e outras especialidades de engenharia e entre engenharia industrial e outras áreas, por exemplo, gestão ou administração e gestão industrial.

Referências editar

  1. a b c d e f «Engenharia industrial». «Wikipédia, a enciclopédia livre». Wikimedia Foundation. 6 de Setembro de 2007 23h25min UTC. Consultado em 11 de Setembro de 2007  Verifique data em: |data= (ajuda).
  2. a b c d e «Engenharia de produção». «Wikipédia, a enciclopédia livre». Wikimedia Foundation. 24 de Agosto de 2007 23h15min UTC. Consultado em 11 de Setembro de 2007  Verifique data em: |data= (ajuda).
  3. a b c d «Definition». «Article B-II-Purposes Section Bylaws» (em inglês). Institute of Industrial Engineers (IIE). 2007. Consultado em 16 de Agosto de 2007 .
  4. a b c «Production engineering». «Wikiversity» (em inglês). Wikimedia Foundation. 2007. Consultado em 12 de Setembro de 2007 .
  5. «Configuration Item ("CI")». «Wideman Comparative Glossary of Common Project Management Terms v3.1» (em inglês). R. Max Wideman. 2002. Consultado em 12 de Setembro de 2007 .
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Experiência própria editar

Ola Pessoal,

Eu sou engenheiro de produção, formado no Brasil, e fui estudar na Europa. O que eu vejo é que no Brasil somente existe engenharia de produção, mas na Europa engenharia industrial, é tanto que o meu título foi traduzido como engenharia industrial. No entanto, notei, que alguns países, para ser mais preciso, a Alemanha, possui os dois cursos, a diferença não é clara. Eu honestamente, baseando-me me experiência, diria que em português, Brasileiro, seria engenharia de produção, talvez poder-se-ia usar um indicativo do tipo "português do Brasil" e "Europeu" como é feito em vários artigos, para tentar mitigar o problema.

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