Eduardo Brazão

ator português

Eduardo Joaquim Brazão (Lisboa, Castelo, 6 de Fevereiro de 1851 — Lisboa, 29 de Maio de 1925) foi um actor português.

Eduardo Brazão
Eduardo Brazão
Eduardo Brazão
Nome completo Eduardo Joaquim Brazão
Nascimento 6 de fevereiro de 1851
Lisboa
Nacionalidade Portugal Português
Morte 29 de maio de 1925 (74 anos)
Lisboa
Ocupação Ator
Cônjuge Rosa Damasceno (1 filho)

Biografia

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Filho de Joaquim Brazão (Évora, Nossa Senhora da Graça do Divor, 9 de Janeiro de 1820 - ?) e de sua mulher (Lisboa, Castelo, 5 de Outubro de 1843) Maria José Franco (Cascais, Cascais, 24 de Abril de 1825 - ?). A sua irmã Júlia Emília Brazão (Lisboa, Santa Justa, 16 de Dezembro de 1864 - ?) casou com o seu enteado Manuel Maria Damasceno Rosado (Lisboa, Encarnação, 1867 - 1925), que se dizia ser filho do Rei D. Luís I de Portugal, com descendência.[1] Casou em segundas núpcias com Maria José da Silva Reis, com a qual teve um único filho Eduardo Brazão (Lisboa, Coração de Jesus, 1907-1987), historiador e diplomata.

Aos 8 anos, já começava a ir ao Teatro D. Fernando, onde hoje é o Largo de Santa Justa, com a sua mãe e o seu pai. Jovem, entrou para a Companhia dos Guarda-Marinhas, mas logo a paixão pelo palco tornava-se mais forte, bem como a vontade de tornar-se actor.

Francisco Palha, ex-comissário régio do Teatro Nacional de D. Maria II, convida-o para fazer parte da futura Companhia do Teatro da Trindade. Na première representou-se o drama de Ernesto Biester, A Mãe dos Pobres. Seguiram-se diversas peças: Pecadora e Mãe Barba Azul, Mocidade de Figaro, Alma Viva, Barbeiro de Sevilha, entre outras.

Após o D. Maria, Eduardo Brazão passou ao Gimnasio onde trabalhavam Cesar Polla, Joaquim de Almeida, Leopoldo Carvalho, Marcelino Franco, Maria da Dores, entre outros. Representou as peças High-Life e Enjeitados. Seguiram-se as peças Como se conhece o vilão, Pai Pródigo por Cesar Polla, Suzana, A Cristã, Leque da Duquesa e Não falta nem sobeja nada à minha mulher.

Foi iniciado na Maçonaria no Rio de Janeiro em 1870.[2]

Em 1876, Eduardo Brazão foi convidado a ir a Pernambuco com Joaquim de Almeida, representar na Companhia da actriz brasileira Isménia dos Santos. Seguiu viagem para o Rio de Janeiro, onde trabalhou na empresa de José António do Vale.

Terminado o contrato da empresa Santos & Ca. no Teatro D.Maria II, Ernesto Biester, convidou em 1877 Eduardo Brazão para dar nome à nova empresa: Biester, Brazão e Ca., uma vez que o Governo exigia que na firma da nova empresa figurasse o nome de um artista. Estreou-se a 14 de Março desse ano,com a peça D.Leonor de Bragança de Luís Campos. Seguiram-se Varina de Fernando Caldeira, e Loucura ou Santidade.

Ficou célebre na época a sua interpretação de Kean, de Dumas. Representou ainda Oração dos naufragos, Angelo tirano de Pádua, Morgadinha dos Canaviais, Os Danicheff, Morta-Viva, Vida Infernal e o Amigo Fritz.

Em Junho de 1879, Eduardo Brazão foi convidado para ir representar no Brasil, em uma companhia de Pernambuco. Levou consigo o Kean, bem como Os Fidalgos da Casa Mourisca e a Morgadinha de Val'Flor. Seguiram-se representações no Pará (Teatro da Paz) e no Maranhão.

A 16 de Agosto de 1880 foi aberto um concurso para exploração do Teatro Nacional de D. Maria II. Foi então criada a Sociedade de Artistas Dramáticos, composta por Eduardo Brazão, João Rosa, Augusto Rosa, Virgínia e Rosa Damasceno, com quem veio a casar[1] , Pinto de Campos, Emília dos Anjos, Emília Cândida e Joaquim de Almeida. Unidos, para fazerem face às pesadas exigência governamentais, conseguiram ganhar a exploração do teatro e a 30 de Outubro representou-se A Estrangeira de Dumas Filho.

Em Dezembro de 1881, a Sociedade acrescenta ao seu elenco a veterana Gertrudes Rita da Silva e Amélia da Silveira. Em 1882, com a pretensão do Governo abrir novo concurso, a Sociedade consegue continuar na exploração do teatro por mais seis anos. Contudo, a Sociedade veio a dissolver-se por desentendimentos internos e em 1893 constitui-se a firma Rosas & Brazão, que explorou o Teatro Nacional de 1893 a 1898. João e Augusto Rosa e Eduardo Brazão passam a ser os únicos sócios. Em 1898, a companhia deixa o Teatro Nacional para passar a explorar o Teatro D.Amélia. Desentendimentos internos levam a que Eduardo Brazão deixe o D.Amélia e se volte a apresentar em 1905 no Teatro Nacional onde permanecerá até 1910. É de destacar a sua representação, em 1906, da peça Alfonso de Albuquerque de Lopes de Mendonça. Veio ainda a representar no Teatro do Principe Real para voltar mais tarde a integrar novamente o elenco do Teatro D.Amélia. Diagnosticado com um cancro na laringe em 1917, do qual recuperou, Eduardo Brazão passou por vários palcos entre 1917 e 1923: Ginásio (1918-19); Avenida (1919); Teatro Nacional D.Maria II (1922); Teatro Apolo (1923). O afastamento dos palcos, por motivos de doença, levou à sua última representação no dia 20 de Novembro de 1924, no Teatro S.Carlos, na peça Manhã de Sol, dos irmãos Quintero, onde contracenou com Lucinda Simões.[3]

Carreira

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Companhias de Teatro[4]

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  • 1868 - Companhia do Teatro do Príncipe Real (Santos & Pinto Bastos):2 espectáculos.
  • 1868 - Sociedade do Teatro da Trindade: 2 espectáculos.
  • 1874 a 1875 - Santos & Pinto, 2 espectáculos.
  • 1876 - Companhia do Teatro do Ginásio: 1 espectáculo.
  • 1876 a 1877 - Biester, Brazão & C.ª: 6 espectáculos.
  • 1879 - Meneses & Brazão: 2 espectáculos.
  • 1882 a 1892 - Sociedade de Artistas Dramáticos Portugueses/ Brazão, Rosas & Cª: 17 espectáculos.
  • 1891 a 1905 - Rosas & Brazão: 27 espectáculos.
  • 1906 - Companhia Brazão: 1 espectáculo.
  • 1906 a 1924 - Sociedade Artística (Companhia Residente do Teatro Nacional D. Maria II/ Almeida Garrett): 9 espectáculos.
  • 1910 e 1913 - Companhia do Teatro República: 2 espectáculos.
  • 1911 - Teatro da Natureza: 4 espectáculos.
  • 1918 - Companhia Palmira Bastos: 1 espectáculo.
  • 1920 - Companhia Alves da Cunha: 1 espectáculo.
  • 1923 - Companhia José Ricardo: 2 espectáculos.
  • 1932 - Companhia Rey Colaço-Robles Monteiro: 1 espectáculo.

Espectáculos[4]

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  • 30/11/1867 - Mãe dos pobres
  • 30/11/1867 - O xerez da viscondessa
  • 1868 - A lâmpada maravilhosa (opereta)
  • 1868 - As pupilas do Sr. Reitor
  • 1868 - Os dois anjos
  • 13/6/1868 - O Barba Azul
  • 1871 - O fura-vidas
  • 8/1/1874 - Elogio mútuo
  • 1875- A filha da senhora Angot (opereta)
  • 1875 - O abismo
  • 1876 - A loucura e santidade
  • 31/3/1876 - Os engeitados
  • 1876 - O Pedreiro Livre
  • 1877 - Kean
  • 1877 - Oração dos náufragos
  • 1877 - Uma família americana
  • 14/3/1877 - Leonor de Bragança
  • 4/12/1877 - O bobo
  • 1879 - Cocq Hardy
  • 2/1/1879 - O amigo Fritz
  • 1882 - O grande industrial
  • 23/11/1882 - Othello
  • 1884 - Ruy Blas
  • 19/3/1886 - O Duque de Viseu
  • 18/1/1887 - Hamlet
  • 1888 - Meter-se a redentor
  • 3/10/1889 - Leonor Teles
  • 1890 - O bibliotecário
  • 12/3/1890 - D. Afonso VI
  • 29/11/1890 - N'guvo
  • 30/12/1890 - A morta
  • 14/3/1891 - Alcácer Quibir
  • 13/9/1891 - O íntimo
  • 26/4/1892 - A madrugada
  • 6/1892 - Amigo Fritz
  • 6/10/1892 - O alfageme de Santarém
  • 29/10/1892 - O segredo de confissão
  • 13/12/1892 - A estrada de Damasco
  • 19/12/1892 - Kean
  • 1893 - O Monsenhor
  • 11/3/1893 - Os velhos
  • 18/1/1896 - A fera amansada
  • 5/1897 - Mademoiselle de La Seiglière
  • 1/5/1897 - O regente
  • 11/12/1897 - A triste viuvinha
  • 1898 - Manelich

Referências

  1. a b "Árvores de Costados", Embaixador José António Moya Ribera, Dislivro Histórica, Lisboa, 2005, Árv. 88
  2. Oliveira Marques, A. H. de (1985). Dicionário de Maçonaria Portuguesa. Lisboa: Delta. p. 208 
  3. Instituto Camões, teatro em Portugal
  4. a b Instituto Camões ' CETBase