Elisaldo Carlini

médico, pesquisador e professor brasileiro

Elisaldo Luiz de Araújo Carlini (Ribeirão Preto, 9 de junho de 1930São Paulo, 16 de setembro de 2020) foi um médico, psicofarmacólogo, professor universitário e pesquisador brasileiro.[1] É considerado referência mundial e um dos pioneiros nos estudos farmacológicos sobre o potencial terapêutico da cannabis e de outras substâncias psicotrópicas.[2]

Elisaldo Carlini
Elisaldo Carlini
Conhecido(a) por pioneiro no estudo farmacológico da cannabis e de outras substâncias psicotrópicas
Nascimento 9 de junho de 1930
Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil
Morte 16 de setembro de 2020 (90 anos)
São Paulo, SP, Brasil
Residência Brasil
Nacionalidade brasileiro
Alma mater Escola Paulista de Medicina (graduação)
Instituições Universidade Federal de São Paulo
Universidade Federal de São Carlos
Campo(s) medicina e farmacologia

Biografia editar

Elisaldo nasceu na cidade de Ribeirão Preto, em 1930. Era filho de Francisco Araújo Carlini e Ana Ferreira Goyos Carlini. Ainda na infância, mudou-se para Piraju, no norte do estado de São Paulo, onde cursou os estudos primários em uma escola rural com quase nenhum recurso. Aos 11 anos, mudou-se para São José do Rio Preto, onde termina o curso ginasial.[3]

Aos 15 anos, mudou-se para a cidade de São Paulo, trabalhou no secretariado da multinacional de gases industriais White Martins como office boy, ao mesmo tempo em que frequentou o curso científico noturno na Escola Estadual Caetano de Campos. Em 1952, ingressou na então Escola Paulista de Medicina, da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), formando-se em 1957. Já a partir do segundo ano de curso, fez faz estágio no Departamento de Bioquímica e Farmacologia, sendo orientado pelos professores José Ribeiro do Valle e José Leal Prado.[3]

Carreira editar

Em 1960, ganhou uma bolsa da Fundação Rockefeller e ingressou no Departamento de Bioquímica da Universidade Tulane, nos Estados Unidos. Carlini retornou ao Brasil em 1964, quando lecionou brevemente no Instituto Biológico de São Paulo. No começo de 1965, passa a chefiar a disciplina de Farmacologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Em 1970, retorna à Escola Paulista de Medicina com o título de Professor Adjunto, onde fundou o Departamento de Psicobiologia e chefiou a disciplina de Psicofarmacologia, até 1955, quando assumiu o cargo de Secretário Nacional de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde, onde permanece até março de 1997.[3][4][5][6]

Em 1997, Elisaldo retornou à UNIFESP, onde funda o Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (CEBRID), além de se dedicar a atividades de pesquisa e ensino para cursos de pós-graduação.[1][7] Elisaldo tem cerca de 300 trabalhos científicos publicados, cerca de metade deles em revistas internacionais. Orientou 17 mestrados, 24 doutorados e participou de diversas bancas em concursos e defesas. Pesquisou plantas brasileiras com ação no sistema nervoso central e desenvolveu pesquisas sobre substâncias psicoativas, especialmente compostos derivados da maconha, como o canabidiol.[3][8][9]

Elisaldo também foi condecorado duas vezes pela Presidência da República por seu trabalho científico pioneiro, foi presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e membro do Conselho Econômico Social das Nações Unidas. Seu trabalho contribuiu para a criação do PL 399/2015, que traz a possibilidade de cultivo e produção de remédio à base de cannabis no Brasil, existindo um abaixo-assinado que solicita que a lei leve o nome de Lei Elisaldo Carlini, em sua homenagem.[10]

Morte editar

Elisaldo estava internado e morreu em 16 de setembro de 2020, em São Paulo, aos 90 anos, em decorrência de um câncer.[11] Deixou a esposa, Solange Nappo, filhos e netos.[2][8][12]

Referências

  1. a b «Elisaldo Carlini foi pioneiro no estudo de plantas medicinais e compostos da cannabis no Brasil». revistapesquisa.fapesp.br. 21 de setembro de 2020. Consultado em 22 de setembro de 2020 
  2. a b «Morre Elisaldo Carlini, pioneiro global na ciência sobre canábis». Folha de S.Paulo. 16 de setembro de 2020. Consultado em 17 de setembro de 2020 
  3. a b c d «Elisaldo Luiz de Araújo Carlini». Academia Brasileira de Ciências. Consultado em 16 de setembro de 2020 
  4. «Museu da Pessoa». Museu da Pessoa. Consultado em 17 de setembro de 2020 
  5. «Ata de Fundação – SBNEC». Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento. Consultado em 17 de setembro de 2020 
  6. «Paralisia atinge Vigilância Sanitária, diz ex-secretário». Folha de S.Paulo. 2 de outubro de 1997. Consultado em 17 de setembro de 2020 
  7. «Nota de Pesar – Elisaldo Carlini». CEBRID. 16 de setembro de 2020. Consultado em 22 de setembro de 2020 
  8. a b Maria Fernanda Ziegler (ed.). «Morre aos 91 anos Elisaldo Carlini, expoente no estudo da Cannabis medicinal». Agência Fapesp. Consultado em 16 de setembro de 2020 
  9. Carlini, Elisaldo Araújo (2006). «A história da maconha no Brasil». Jornal Brasileiro de Psiquiatria. 4 (55): 314-317. ISSN 0047-2085. doi:10.1590/S0047-20852006000400008. Consultado em 12 de abril de 2022 
  10. «Morre Elisaldo Carlini, médico pioneiro no estudo de maconha medicinal». Revista Veja. Consultado em 16 de setembro de 2020 
  11. Fernanda Bassette (ed.). «Elisaldo Carlini, um líder no debate sobre maconha medicinal no Brasil». Revista Época. Consultado em 16 de setembro de 2020 
  12. «Morre Elisaldo Carlini, médico pioneiro no estudo da maconha medicinal». UOL. Consultado em 16 de setembro de 2020