Elmer Gantry (romance)

Elmer Gantry é um romance escrito por Sinclair Lewis em 1926 que representa satiricamente aspectos da atividade religiosa da América nos círculos fundamentalistas e evangelísticos e a atitude pública nos anos 1920 relativamente ao tema. Esta desapiedada sátira de Sinclair lida com religiosidade e a hipocrisia fanáticas nos Estados Unidos na década de 1920, apresentando um pregador asqueroso (o Reverendo Dr. Elmer Gantry) como protagonista que prefere "seduzir jovens garotas", bebida e dinheiro fácil em vez de salvar almas, ao mesmo tempo que converte uma cruzada de revivalismo numa tenda itinerante num império da rádio extremamente rentável e permanente para os seus empregadores da igreja evangélica.[1]

Elmer Gantry
Elmer Gantry (romance)
Capa da primeira edição em inglês
Autor(es) Sinclair Lewis
Idioma Inglês
Género Romance
Páginas 432

Elmer Gantry foi publicado pela primeira vez nos EUA pela editora Harcourt Trade Publishers em março de 1927 e foi dedicado por Lewis ao jornalista e satírico norte-americano Henry Louis Mencken.

Antecedentes

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Lewis realizou pesquisas para o romance observando o trabalho de vários pregadores em Kansas City nas suas reuniões às quartas-feiras chamadas de "Escola dominical". Ele primeiro trabalhou com William L. "Big Bill" Stidger, pastor da Igreja Metodista Episcopal em Kansas City, Missouri.

Stidger apresentou Lewis a muitos outros clérigos, entre eles o Reverendo Leon M. Birkhead, um unitário e agnóstico. Lewis preferia o liberal Birkhead ao conservador Stidger, e na sua segunda visita a Kansas City, Lewis escolheu Birkhead como seu guia.

Outros clérigos de Kansas City que Lewis entrevistou foram Burris Jenkins, Earl Blackman, I. M. Hargett, Bert Fiske e Robert Nelson Horatio Spencer, tendo este último sido reitor de uma grande Igreja Episcopal que agora é a Catedral da Diocese Episcopal de West Missouri.[2][3]

A personagem Sharon Falconer foi vagamente baseada em elementos da carreira da Evangelista de rádio americano nascida no Canadá Aimee Semple McPherson, que fundou em 1922 a Igreja Cristã Pentecostal International Church of the Foursquare Gospel.

Resumo

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O romance conta a história de um jovem narcísico, mulherengo e atleta universitário que abandona a sua ambição inicial de se tornar um advogado. A profissão de advogado não condiz com o amoral Gantry que então se torna num notório e cínico alcoólico. Gantry é erroneamente ordenado como pastor batista, atua brevemente como um evangelista do Novo Pensamento e acaba por se tornar um pastor metodista. É o mentor de Sharon Falconer, uma evangelista itinerante. Gantry torna-se seu amante, mas perde-a e à sua posição dominante quando ela morre num incêndio no seu novo tabernáculo.

Ao longo da sua carreira, Gantry contribui para a queda, a lesão física e até mesmo a morte de pessoas importantes à sua volta, incluindo um pastor genuíno, Frank Shallard. Por fim, Gantry casa-se com uma mulher abonada e fica a pastorear uma grande congregação na cidade fictícia de Zenith criada por Lewis no centro-norte dos EUA.

Recepção

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Mark Schorer, Então na Universidade da Califórnia, Berkeley, anotou: "As forças do bem social e do iluminismo, tal como apresentadas em Elmer Gantry não são suficientemente fortes para oferecer alguma resistência real às forças do mal social e da banalidade." Schorer também diz que, enquanto pesquisava para o livro, Lewis assistiu a dois ou três missas todos os domingos enquanto esteve em Kansas City e que: "Ele aproveitou-se da mínima experiência possível na comunidade religiosa". O resultado é um romance que representa satiricamente a actividade religiosa da América nos círculos evangelísticos e as atitudes da década de 1920 relativamente a ela. [4] [5]

Publicado em 1927, Elmer Gantry criou uma onda de protestos pública. O livro foi proibido em Boston e noutras cidades e denunciado nos púlpitos por todos os EUA.[6] Um clérigo sugeriu que Lewis fosse preso por cinco anos, e houve também ameaças de violência física contra o escritor. O famoso evangelista da rádio Billy Sunday apelidou Lewis de "companheiro de Satanás".[7]

Elmer Gantry atingiu o primeiro lugar de vendas do livro de ficção em 1927, de acordo com a Publisher's Weekly.

Pouco depois da publicação de Elmer Gantry, H. G. Wells publicou um artigo de jornal amplamente distribuído chamado O Novo Povo Americano, baseando grande parte das suas observações sobre a cultura americana nos romances de Lewis.

Elmer Gantry também aparece como personagem menor em dois posteriores e menos conhecidos romances de Lewis: The Man Who Knew Coolidge e Gideon Planish.

Adaptações

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  • Peça no Playhouse Theatre da Broadway em Nova Iorque estreada em 7 de agosto de 1928, tendo tido 48 representações. O elenco incluía Edward Pawley como Elmer Gantry e Vera Allen como Sharon Falconer.[8]
  • O filme com o mesmo nome do livro, Elmer Gantry, de 1960 em que contracenam Burt Lancaster como Gantry e Jean Simmons como Sharon Falconer.[9]
  • Um musical na Broadway intitulado Gantry, que apenas teve a representacao da estreia em 4 de Fevereiro de 1970.[10]
  • Em 1998 Richard Rossi adaptou, produziu e representou a sua própria adaptação de Elmer Gantry.[11]
  • Uma ópera, também intitulada Elmer Gantry, composta por Robert Aldridge, com libreto de Herschel Garfein, que se estreou no teatro James K. Polk, em Nashville em novembro de 2007.[12]

Notas e referências

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  • Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Elmer Gantry».
  1. http://gutenberg.net.au/ebooks03/0300851h.html Elmer Gantry (1927). Project Gutenberg Australia.
  2. http://www.npr.org/templates/story/story.php?storyId=19288767 "Elmer Gantry, a Flawed Preacher for the Ages". NPR. 22 Fevereiro 2008.
  3. William Vance Trollinger, God's Empire: William Bell Riley and Midwestern Fundamentalism, University of Wisconsin Press, 1990, https://books.google.com/books?id=DE-HQpppDd8C&lpg=PA3&ots=ZsEIFp-d47&dq=%22Sinclair%20Lewis%20%22Elmer%20Gantry%22%20%22Kansas%20City%22&pg=PA3#v=onepage&q=%22Sinclair%20Lewis%20%22Elmer%20Gantry%22%20%22Kansas%20City%22&f=false .
  4. Mark Schorer, Sinclair Lewis: An American Life, 1961, McGraw-Hill.OCLC 288825
  5. Mark Schorer, "Afterword", Elmer Gantry, Signet Books edition, 1970
  6. http://www.bu.edu/library/guide/boston/banned/ Arquivado em 24 de abril de 2015, no Wayback Machine. Banned in Boston”: selected sources. Boston University Librari es.
  7. https://www.au.org/blogs/wall-of-separation/the-censorship-crusade-a-story-for-banned-books-week The Censorship Crusade: A Story For Banned Books Week. Americans United for Separation of Church and State.
  8. http://ibdb.com/show.php?id=3310
  9. http://www.imdb.com/title/tt0053793/?ref_=nv_sr_1
  10. http://ibdb.com/show.php?id=3773
  11. Lawn Griffiths,Finding Sister Aimee, East Valley Tribune, 27 Agosto 2005, http://www.eastvalleytribune.com/article_22e6445a-2158-54db-a716-d79178c7df9d.html
  12. Green, Jesse (20 de janeiro de 2008). «Behold! An Operatic Miracle». NYTimes.com. Consultado em 12 de setembro de 2011 

Bibliografia

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  • John Tyler Blake, "Sinclair Lewis's Kansas City Laboratory: The Genesis of Elmer Gantry". Ann Arbor: UMI, 1999.
  • Robert Gibson Corder, Ph.D., "Edward J. Pawley: Broadway's Elmer Gantry, Radio's Steve Wilson, and Hollywood's Perennial Bad Guy", Outskirts Press, 2006.
  • Nelson Manfred Blake, "How to Learn History from Sinclair Lewis and Other Uncommon Sources", American Character and Culture in a Changing World: Some Twentieth-Century Perspectives, ed. John A. Hague. Westport, CT: Greenwood, 1979. 111–23.
  • Wheeler Winston Dixon, "Cinematic Adaptations of the Works of Sinclair Lewis", Sinclair Lewis at 100: Papers Presented at a Centennial Conference., ed. Michael Connaughton. St. Cloud, MN: St. Cloud State University, 1985, pp. 191–200.
  • Robert J. Higgs. "Religion and Sports: Three Muscular Christians in American Literature", American Sport Culture: The Humanistic Dimensions ed. Wiley Lee Umphlett. Lewisburg: Bucknell University Press, 1985, pp. 226–34.
  • James M. Hutchisson, The Rise of Sinclair Lewis, 1920–1930 University Park: Penn State University Press, 1996.
  • George Killough, "Elmer Gantry, Chaucer's Pardoner, and the Limits of Serious Words". Sinclair Lewis: New Essays in Criticism. Ed. James M. Hutchisson. Troy, New York: Whitston, 1997. 162–74.
  • Richard R. Lingeman, Sinclair Lewis: Rebel from Main Street, Minnesota Historical Society Press, June 2005, ISBN 978-0-87351-541-2.
  • Edward A. Martin, "The Mimic as Artist: Sinclair Lewis". H.L. Mencken and the Debunkers. Athens, GA: University of Georgia Press, 1984. 115–38.
  • Gary H. Mayer, "Love is More Than the Evening Star: A Semantic Analysis of Elmer Gantry and The Man Who Knew Coolidge", American Bypaths: Essays in Honor of E. Hudson Long. Ed. Robert G. Collmer and Jack W. Herring. Waco: Baylor University Press, 1980. 145–66.
  • James Benedict Moore, "The Sources of Elmer Gantry". The New Republic 143 (8 August 1960): 17–18.
  • Edward J. Piacentino, "Babbittry Southern Style: T. S. Stribling's Unfinished Cathedral". Markham Review 10 (1981): 36–39.
  • Elizabeth S. Prioleau, "The Minister and the Seductress in American Fiction: The Adamic Myth Reduz", Journal of American Culture 16.4 (1993): 1–6.
  • Mark Schorer, Sinclair Lewis: An American Life, 1961, McGraw-Hill.OCLC 288825.
  • Mark Schorer, "Afterword", Elmer Gantry, Signet Books edition, 1970.
  • Edward Shillito, "Elmer Gantry and the Church in America", Nineteenth Century and After 101 (1927): 739–48.