Escravidão moderna no Brasil

A escravidão moderna no Brasil refere-se a casos em que trabalhadores são mantidos no local de trabalho em condições análogas à escravidão no Brasil. Uma atualização divulgada pelo Ministério do Trabalho e Previdência em abril de 2023 apontou que entre 2018 e 2022 dezenas de casos aconteceram no país, com Minas Gerais liderando o ranking, com 35 empregadores tendo cometido este tipo de crime.[1]

"A escravidão moderna é diferente da escravidão antiga, praticada no Brasil durante os períodos colonial e imperial. A principal diferença é que, no período da escravidão antiga, a lei permitia que uma que uma pessoa fosse propriedade da outra, um objeto que poderia ser negociado em troca de dinheiro. Hoje, o Código Penal Brasileiro proíbe que uma pessoa seja tratada como mercadoria", explica o portal Guia do Estudante da Editora Abril.[2]

Definição editar

Conforme a Convenção da Organização Internacional do Trabalho sobre Trabalho Forçado, 1930 (No.29), a escravidão moderna refere-se a “todo trabalho ou serviço exigido de qualquer pessoa sob ameaça de qualquer penalidade e para o qual a referida pessoa não se ofereceu voluntariamente”. Para a Organização Internacional do Trabalho (OIT) "a escravidão moderna (...) é composta de dois componentes principais, o trabalho forçado e o casamento forçado".[3]

Quando a escravidão moderna se refere especificamente a trabalho, o governo dos Estados Unidos o define assim: "o trabalho forçado, às vezes também chamado de tráfico de mão-de-obra, abrange a gama de atividades - recrutamento, abrigo, transporte, fornecimento ou obtenção - envolvidas quando uma pessoa usa força ou ameaças físicas, coerção psicológica, abuso do processo legal, fraude ou outros meios coercitivos para obrigar alguém a trabalhar".[4]

Contexto mundial editar

Segundo a OIT, "28 milhões [de pessoas] estavam em trabalhos forçados" em escravidão moderna em 2021, 10 milhões a mais que as estimativas globais de 2016.[3]

Ações para erradicação editar

A OIT recomenda uma série de ações que "marcariam um progresso significativo para acabar com a escravidão moderna", entre eles: [3]

  • melhorar e fazer cumprir as leis e inspeções trabalhistas; acabar com o trabalho forçado imposto pelo Estado;
  • medidas mais fortes para combater o trabalho forçado e o tráfico nas cadeias comerciais e de abastecimento;
  • estender a proteção social e fortalecer as proteções legais
  • abordar o aumento do risco de tráfico e trabalho forçado para trabalhadores migrantes
  • promover recrutamento justo e ético
  • maior apoio a mulheres, meninas e indivíduos vulneráveis.

Contexto brasileiro editar

De acordo o portal Guia do Estudante em 2017, a Fundação Walk Free, que faz relatórios sobre a situação em todo o mundo, o Brasil possuía 161,1 mil pessoas em situação de trabalho escravo.[2]

Cadastro nacional de empregadores editar

Os casos divulgados pelo MTP em abril de 2023, por estado: Bahia (7), Ceará (1), Distrito Federal (2), Goiás (15), Maranhão (8), Minas Gerais (35), Mato Grosso do Sul (6), Mato Grosso (5), Pará (11), Pernambuco (2), Piauí (13), Paraná (8), Rio Grande do Norte (1), Rondônia (1), Roraima (1), Rio Grande do Sul (6), Santa Catarina (7), São Paulo (2) e Tocantins (1).[1]

A lista pode ser acessada aqui.

Casos recentes editar

Leia também editar

Referências

  1. a b «Ministério do Trabalho e Emprego divulga atualização da lista de empregadores flagrados utilizando mão de obra análoga à escravidão». Ministério do Trabalho e Previdência. Consultado em 6 de abril de 2023 
  2. a b «Um panorama da escravidão moderna no Brasil e no mundo | Atualidades no Vestibular». Guia do Estudante. Consultado em 6 de abril de 2023 
  3. a b c «50 million people worldwide in modern slavery». www.ilo.org (em inglês). 12 de setembro de 2022. Consultado em 6 de abril de 2023 
  4. «What is Modern Slavery?». State Gov. Consultado em 6 de abril de 2023