Guerra Civil Angolana: diferenças entre revisões
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|território =
|combatente1 = {{ANGb}} [[Movimento Popular de Libertação de Angola|MPLA]]<br />{{CUB}} <small>(até 1991)</small><br/>{{URSS}}<ref>{{citar web |url=http://www.africancrisis.co.za/Article.php?ID=24839& |título=AfricanCrisis |publicado=AfricanCrisis |data= |acessodata=18 de agosto de 2013 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20120313165633/http://www.africancrisis.co.za/Article.php?ID=24839& |arquivodata=2012-03-13 |urlmorta=yes }}</ref> <small>(até 1989)</small><br />{{flagicon image|Flag of South-West Africa People's Organisation.svg}} [[Organização do Povo do Sudoeste Africano|SWAPO]] <small>(até 1988)</small><br /><br />''Apoiado por:''<br/>{{flag icon|Republic of the Congo|1970}} [[República Popular do Congo|Congo-Brazavile]] <br> {{MOZ}} <br> {{TAN}} <br> {{RDA}} <br> {{POR}} <br> {{BRA}}<ref name="Brasil">{{citar web|url=https://irp.fas.org/world/para/docs/unita/en0510991.htm|titulo=KWACHA UNITA PRESS THE NATIONAL UNION FOR THE TOTAL INDEPENDENCE OF ANGOLA UNITA STANDING COMMITTEE OF THE POLITICAL COMMISSION 1999 - Year of Generalised Popular Resistance - COMMUNIQUE NO. 39/CPP/99|acessodata=24 de agosto de 2022|editor=Federation of American Scientists}}</ref> <br> {{MEX}}<ref>{{Citar livro|título=Dos Capítulos de la Diplomacia Mexicana|ultimo=Cámara|primeiro=Francisco|ano=1993|isbn=968-36-2914-8|página=73|publicação=Universidade Nacional Autônoma do México}}</ref>
|combatente2 = {{flagicon image|Flag of UNITA.svg}} [[União Nacional para a Independência Total de Angola|UNITA]]<br />{{flagicon image|Bandeira da FNLA.svg}} [[
''Apoiado por:''<br />{{EUA}}<ref name=neverendingwars/><br/>{{PRC}}<ref name=neverendingwars>''Never Ending Wars'', 2005, p. 24.</ref> <br> {{ZAM}}
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A '''Guerra Civil Angolana''' foi um [[Guerra civil|conflito armado interno]], que começou em 1975 e continuou, com interlúdios, até 2002. A guerra começou imediatamente depois que [[Angola]] se tornou independente de [[Portugal]] em novembro de 1975. O conflito foi uma luta de poder entre dois ex-movimentos de guerrilha anticolonial, o comunista [[Movimento Popular de Libertação de Angola]] (MPLA) e a anticomunista [[União Nacional para a Independência Total de Angola]] (UNITA). A guerra foi usada como campo de batalha de uma [[guerra por procuração]] da [[Guerra Fria]] por Estados rivais como [[União Soviética]], [[Cuba]], [[África do Sul]] e [[Estados Unidos]].<ref name="Angola General Conflict Information">{{Citar web |url=http://www.ucdp.uu.se/gpdatabase/gpcountry.php?id=4®ionSelect=2-Southern_Africa# |titulo=Angola General Conflict Information |obra=Uppsala Conflict Data Program |arquivourl=https://web.archive.org/web/20141218095556/http://www.ucdp.uu.se/gpdatabase/gpcountry.php?id=4®ionSelect=2-Southern_Africa |arquivodata=18 de dezembro de 2014|acessodata=24 de janeiro de 2021}}</ref>
O MPLA e a UNITA tinham raízes diferentes na sociedade angolana e lideranças mutuamente incompatíveis, apesar do objetivo comum de acabar com o domínio colonial. Um terceiro movimento, a [[Frente Nacional de Libertação de Angola]] (FNLA), que lutou contra o MPLA com a UNITA durante a guerra pela independência, não teve quase nenhum papel na guerra civil. Além disso, a [[Frente para a Libertação do Enclave de Cabinda|Frente de Libertação do Enclave de Cabinda]] (FLEC), uma associação de grupos militantes separatistas, lutou pela independência da província angolana de [[Cabinda (província)|Cabinda]].<ref>{{Citar web |último= |url=https://www.globalsecurity.org/military/world/para/flec.htm |titulo=Front for the Liberation of the Enclave of Cabinda |obra=Global Security |arquivourl= |arquivodata= |primeiro3=}}</ref>
A guerra de 27 anos pode ser dividida aproximadamente em
A Guerra Civil Angolana foi notável devido à combinação da dinâmica interna violenta e ao grau excepcional de envolvimento militar e político estrangeiro. A guerra é amplamente considerada um [[Guerra por procuração|conflito por procuração]] da Guerra Fria, já que a União Soviética e os Estados Unidos, com seus respectivos aliados, prestaram assistência às facções opostas. O conflito tornou-se estreitamente entrelaçado com a [[Segunda Guerra do Congo]], na vizinha [[República Democrática do Congo]], e a [[Guerra sul-africana na fronteira|Guerra das Fronteiras na África do Sul]] .
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=== Nitistas ===
No final da década de 1970, o ministro
Alves e Van-Dúnem planejavam prender Neto em 21 de maio, antes de ele chegar a uma reunião do Comitê Central e antes da comissão divulgar seu relatório sobre as atividades dos nitistas. No entanto, o MPLA mudou o local da reunião pouco antes do início programado, arruinando os planos dos conspiradores
[[Ficheiro:Angola_1978.jpg|miniaturadaimagem|esquerda|[[Agostinho Neto]], líder do MPLA e [[Lista de presidentes de Angola|primeiro presidente angolano]], encontra-se com o embaixador da Polônia em Luanda, 1978]]
Em apoio a Alves e ao golpe, a
O governo do MPLA prendeu dezenas de milhares de suspeitos nitistas de maio a novembro e os julgou em tribunais secretos supervisionados pelo ministro da Defesa [[Iko Carreira]]. Aqueles que foram considerados culpados, incluindo Van-Dúnem,
===
Os soviéticos tentaram aumentar sua influência, querendo estabelecer bases militares permanentes em Angola,<ref>{{Citar periódico |último=Kahn |primeiro6=Owen Ellison |titulo=Cuba's Impact in Southern Africa* |url=https://www.cambridge.org/core/journals/journal-of-interamerican-studies-and-world-affairs/article/cubas-impact-in-southern-africa/A617D41A603A1534EE88A6BBFAE03A10 |jornal=Journal of Interamerican Studies and World Affairs |língua=en |volume=29 |páginas=33–54 |doi=10.2307/165843 |issn=0022-1937}}</ref> mas apesar do ''[[lobby]]'' persistente, especialmente pelo [[encarregado de negócios]] soviético, G. A. Zverev, Neto manteve sua posição e se recusou a permitir a construção de forças militares permanentes. Como Alves não era mais uma possibilidade, a União Soviética apoiou o primeiro-ministro [[Lopo do Nascimento]] contra Neto pela liderança do MPLA.<ref name="cpsu">{{Citar livro|url=https://archive.org/details/globalcoldwarthi00west|título=The Global Cold War: Third World Interventions and the Making of Our Times|ultimo=Westad|primeiro=Odd Arne|ano=2005|páginas=[https://archive.org/details/globalcoldwarthi00west/page/n244 239]–241}}</ref> Neto moveu-se rapidamente, levando o Comitê Central do partido a demitir Nascimento de seus cargos como primeiro-ministro, secretário do politburo, diretor da Televisão Nacional e diretor do ''Jornal de Angola''. No final daquele mês, os cargos de primeiro-ministro e vice-primeiro-ministro foram abolidos.<ref name="denasc">Kalley (1999), p. 10.</ref>
Neto diversificou a composição étnica do departamento político do MPLA ao substituir a velha guarda de linha dura por sangue novo, incluindo [[José Eduardo dos Santos]].<ref name="newblood">{{Citar livro|título=Africa South of the Sahara 2004|ultimo=Taylor & Francis Group|ano=2003|páginas=41–42}}</ref>
== Década de 1980 ==
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=== Cuito Cuanavale e Acordos de Nova Iorque ===
A UNITA e as forças sul-africanas atacaram a base do MPLA em [[Cuito Cuanavale]], na província de [[Cuando-Cubango|Cuando Cubango]], de 13 de janeiro a 23 de março de 1988, na segunda maior batalha da história da África,<ref name="sechist">George (2005), p. 1.</ref> após a [[Segunda Batalha de El Alamein|Batalha de El Alamein]],<ref name="alamein">{{Citar livro|título=Okavango River: The Flow of a Lifeline|ultimo=Mendelsohn|primeiro=John|ultimo2=El Obeid|primeiro2=Selma|ano=2004|acessodata=24 de janeiro de 2021}}</ref> a maior na África Subsaariana desde a Segunda Guerra Mundial.<ref name="sinceworldwar">Alao (1994), pp. 33–34.</ref> A importância de Cuito Cuanavale não vinha de seu tamanho ou riqueza, mas de sua localização. As Forças de Defesa da África do Sul mantiveram uma vigilância na cidade usando novas peças de artilharia do [[G5 howitzer|G5]]. Ambos os lados reivindicaram a vitória na batalha de Cuito Cuanavale.<ref name="linkage"/><ref>{{Citar livro|título=South Africa's border war,|ultimo=Steenkamp|primeiro=W.|ano=1989|isbn=|publicação=Gibraltar: Ashanti Pub.|acessodata=24 de janeiro de 2021}}</ref><ref>{{Citar livro|título=The Covert War: Koevoet Operations in Namibia|ultimo=Stiff|primeiro=P.|ano=2000|isbn=|publicação=Galago Publishing Pty Ltd}}</ref><ref name="cuitodate">{{Citar livro|título=Disengagement from Southwest Africa: The Prospects for Peace in Angola and Namibia|ultimo=Kahn|primeiro=Owen Ellison|ano=1991|publicação=University of Miami Institute for Soviet and Eas|acessodata=24 de janeiro de 2021t}}</ref>
[[Ficheiro:Angola_Provinces_Cuando_Cubango_250px.png|upright|miniaturadaimagem| Mapa das províncias de Angola, com destaque para a província de [[Cuando
Após os resultados incertos da Batalha de Cuito Cuanavale, Fidel Castro afirmou que o aumento do custo de continuar lutando contra a África do Sul colocou Cuba em sua posição de combate mais agressiva da guerra, argumentando que ele estava se preparando para deixar Angola com seus oponentes na defensiva. Segundo o governo cubano, o custo político, econômico e técnico para a África do Sul de manter sua presença em Angola provou ser excessivo. Por outro lado, os sul-africanos acreditam que indicaram sua decisão às superpotências preparando um [[teste nuclear]] que finalmente forçou os cubanos a se estabelecerem.<ref>{{Citar livro|título=Out of (South) Africa: Pretorias Nuclear Weapons Experience|ultimo=Roy E. Horton|ano=1999|páginas=15–16|isbn=1-4289-9484-X|publicação=Dianne Publishing}}</ref>
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Angola realizou o primeiro turno de suas [[Eleições gerais em Angola em 1992|eleições presidenciais de 1992]], de 29 a 30 de setembro. Dos Santos recebeu 49,57% dos votos e Savimbi ganhou 40,6%. Como nenhum candidato recebeu 50% ou mais dos votos, a lei eleitoral determinou uma segunda rodada de votação entre os dois principais candidatos. Savimbi, junto com oito partidos da oposição e muitos outros observadores das eleições, disse que as eleições não foram livres nem justas.<ref name="TimesLetters">National Society for Human Rights, ''Ending the Angolan Conflict'', Windhoek, Namibia, 3 de julho de 2000</ref> Um observador oficial escreveu que havia pouca supervisão da ONU, que 500 mil eleitores da UNITA eram desprivilegiados e que havia 100 assembleias de voto clandestinas.<ref>National Society for Human Rights, Ending the Angolan Conflict, Windhoek, Namibia, 3 de julho de 2000.</ref><ref>John Matthew, Letters, ''The Times'', UK, 6 November 1992.</ref> Savimbi enviou Jeremias Chitunda, vice-presidente da UNITA, a Luanda para negociar os termos do segundo turno.<ref name="electionrej">Rothchild, p. 134.</ref><ref name="hermancohen">{{Citar web |url=http://findarticles.com/p/articles/mi_m1571/is_15_18/ai_84971467 |titulo=Chevron oil and the Savimbi problem |autor=Lucier, James P |publicação=Insight on the News}}</ref> O processo eleitoral fracassou em 31 de outubro, quando tropas do governo em Luanda atacaram os rebeldes. Os civis, usando armas que haviam recebido da polícia alguns dias antes, realizaram incursões de casa em casa com a Polícia de Intervenção Rápida, matando e detendo centenas de apoiadores da UNITA. O governo levou civis em caminhões para o cemitério de Camama e o desfiladeiro do Morro da Luz, atirou neles e os enterrou em [[Vala comum|valas comuns]]. Os agressores atacaram o comboio de Chitunda em 2 de novembro, puxando-o para fora do carro e atirando em ele e mais dois na cara deles. O MPLA massacrou mais de dez mil eleitores da UNITA e da FNLA em todo o país em poucos dias, no que ficou conhecido como [[Massacre do Dia das Bruxas]].<ref name="Dictionary">[https://books.google.com/books?id=V_qm7zPo87oC&pg=PA33&lpg=PA33&dq=Angola+Halloween+Massacre&source=bl&ots=z4kRxXc_VX&sig=tcCDQm2tGVKOk4AFFfvAOtUCGnE&hl=en&sa=X&oi=book_result&resnum=1&ct=result#PPA67, M1 Historical Dictionary of Angola by W. Martin James, Susan Herlin Broadhead] on Google Books</ref>
Então, em uma série de vitórias impressionantes, a UNITA recuperou o controle sobre [[Caxito]], [[Huambo]], [[M'banza Congo]], [[N'dalatando|Nadalatando]] e [[Uíge]], capitais provinciais que não possuía desde 1976, e avançou contra Cuíto, Luena e Malange. Embora os governos dos Estados Unidos e da África do Sul parassem de ajudar a UNITA, os suprimentos continuavam vindo de Mobutu, no Zaire.<ref name="resolutions">Hodges (2004). pp. 15–16.</ref> A UNITA tentou retirar o controle de Cabinda do MPLA em janeiro de 1993. Edward DeJarnette, chefe do Gabinete de Ligação dos Estados Unidos em Angola para o [[Presidência de Bill Clinton|governo Clinton]], alertou Savimbi que, se a UNITA impedir ou interromper a produção de Cabinda, os Estados Unidos encerrariam seu apoio à UNITA. Em 9 de janeiro, a UNITA iniciou uma [[Guerra dos 55 Dias|batalha de 55 dias contra Huambo]], a "Guerra das Cidades".<ref>[http://www.radionetherlandsarchives.org/stories-from-huambo/ "Stories from Huambo" Radio Netherlands Archives]. Acessado em 24 de janeiro de 2021</ref> Centenas de milhares fugiram e 10 mil foram mortos antes que a UNITA assumisse o controle em 7 de março. O governo se engajou em uma [[limpeza étnica]] de [[congos]] e, em menor grau, de [[ovimbundos]], em várias cidades, principalmente Luanda, em 22 de janeiro, no massacre da Sexta-Feira Sangrenta. Os rebeldes e os representantes do governo se encontraram cinco dias depois na [[Etiópia]], mas as negociações falharam em restaurar a paz.<ref name="letters">{{Citar livro|título=Letters to Gabriella: Angola's Last War for Peace, What the Un Did And Why|ultimo=Kukkuk|primeiro=Leon|ano=2004}}</ref> O [[Conselho de Segurança das Nações Unidas]] sancionou a UNITA através da Resolução 864 em 15 de setembro de 1993, proibindo a venda de armas ou combustível para a organização.<ref>{{citar web |url=https://dre.pt/pesquisa/-/search/674026/details/maximized?dreId=101281|titulo=Aviso n.º 235/93 |editor=Diário da República Portuguesa|acessodata=24 de janeiro de 2021}}</ref>
Talvez a mudança mais clara na política externa estadunidense tenha surgido quando o presidente [[Bill Clinton]] emitiu a Ordem Executiva 12865 em 23 de setembro, rotulando a UNITA como "uma ameaça contínua aos objetivos de política externa dos Estados Unidos"<ref name="clinshift">{{Citar livro|título=Glitter & Greed: The Secret World of the Diamond Empire|ultimo=Roberts|primeiro=Janine|ano=2003|páginas=223–224}}</ref> em Angola. No entanto, os sucessos militares do governo em 1994 forçaram a UNITA a negociar pela paz. Em novembro de 1994, o governo havia assumido o controle de 60% do país. Savimbi chamou a situação de "crise mais profunda" da UNITA desde a sua criação.<ref name="skullskin"/><ref name="lusone">{{Citar livro|título=Angola Unravels: The Rise and Fall of the Lusaka Peace Process|ultimo=Vines|primeiro=Alex|ano=1999|publicação=Human Rights Watch}}</ref><ref name="lustwo">Rothchild, pp. 137–138.</ref> Estima-se que talvez 120 mil pessoas tenham sido mortas nos primeiros dezoito meses após a eleição de 1992, quase metade do número de baixas dos dezesseis anos anteriores de guerra.<ref name="casualties">Hayward R. Alker, Ted Robert Gurr e Kumar Rupesinghe. ''Journeys Through Conflict: Narratives and Lessons'', 2001, p. 181.</ref> Ambos os lados do conflito continuaram a cometer violações generalizadas e sistemáticas das leis de guerra, sendo que a UNITA, em particular, foi culpada de bombardeios indiscriminados de cidades sitiadas, o que resultou em um grande número de mortos civis. As forças do governo do MPLA usaram o poder aéreo de maneira indiscriminada, resultando também em várias mortes de civis.<ref>[https://www.hrw.org/reports/1995/WR95/AFRICA-01.htm#P41_16838 Angola] Human Rights Watch World Report 1995</ref> O [[Protocolo de Lusaca]] de 1994 reafirmou os Acordos de Bicesse.<ref name="lusaka">Rothchild, p. 251.</ref>
=== Protocolo de Lusaca ===
Savimbi, não querendo assinar pessoalmente um acordo, enviou o ex-Secretário Geral da UNITA Eugenio Manuvakola para representando o partido em seu lugar. Manuvakola e o Ministro das Relações Exteriores de Angola, Venâncio de Moura, assinaram o [[Protocolo de Lusaca]] em [[Lusaca]], Zâmbia, em 31 de outubro de 1994, concordando em integrar e desarmar a UNITA. Ambos os lados assinaram um cessar-fogo como parte do protocolo em 20 de novembro.<ref name="lusone">{{Citar livro|título=Angola Unravels: The Rise and Fall of the Lusaka Peace Process|ultimo=Vines|primeiro=Alex|ano=1999|publicação=Human Rights Watch}}</ref><ref name="lustwo">Rothchild, pp. 137–138.</ref> Sob o acordo, o governo e a UNITA cessariam os incêndios e desmobilizariam 5 500 membros da UNITA, incluindo 180 militantes, que se uniriam à polícia nacional angolana, 1 200 membros da UNITA, incluindo 40 militantes, que se uniriam à força policial de reação rápida e os generais da UNITA, que se tornariam [[Oficial (militar)|oficiais]] das [[Forças Armadas Angolanas]]. Mercenários estrangeiros retornariam aos seus países de origem e todas as partes parariam de adquirir armas estrangeiras. O acordo deu aos políticos da UNITA casas e uma sede. O governo concordou em nomear membros da UNITA para chefiar os ministérios de Minas, Comércio, Saúde e Turismo, além de sete vice-ministros, embaixadores, governos de
=== Monitoramento de armas ===
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[[Ficheiro:Flag_of_Cabinda.svg|miniaturadaimagem|esquerda|Bandeira não oficial de [[Cabinda (província)|Cabinda]]]]
O território de [[Cabinda (província)|Cabinda]] fica ao norte de Angola, separado por uma faixa de território 60 quilômetros da [[República Democrática do Congo]].<ref name="e">{{Citar livro|título=Unrepresented Nations & Peoples Organization, Yearbook 1997|ultimo=Mullen|primeiro=J. Atticus Ryan|ultimo2=Mullen, Christopher A.|ano=1997|isbn=90-411-1022-4|publicação=Martinus Nijhoff Publishers}}</ref> A [[Constituição portuguesa de 1976|Constituição Portuguesa de 1933]] designou Angola e Cabinda como províncias ultramarinas.<ref name="c">{{Citar livro|título=Boundaries, Borders and Peace-building in Southern Africa: The Spatial Implications of the 'African Renaissance'|ultimo=Griggs|primeiro=Richard A.|ultimo2=Bradley|primeiro2=Rachael|ultimo3=Schofield|primeiro3=Clive H|ano=2000|isbn=1-897643-37-3|publicação=International Boundaries Research Unit}}</ref><ref>{{Citar livro|título=Historical Dictionary of European Imperialism|ultimo=Olson|primeiro=James Stuart|ultimo2=Shadle, Robert|ano=1991|isbn=0-313-26257-8|publicação=Greenwood Publishing Group}}</ref> No decurso de reformas administrativas durante as décadas de 1930 a 1950, Angola foi dividida em distritos e Cabinda tornou-se um dos distritos de Angola. A [[Frente para a Libertação do Enclave de Cabinda|Frente de Libertação do Enclave de Cabinda]] (FLEC) formou-se em 1963, durante a guerra mais ampla pela independência de Portugal. Ao contrário do nome da organização, Cabinda é um exclave, não um enclave. A FLEC posteriormente se dividiu nas [[Forças Armadas de Cabinda]] (FLEC-FAC) e [[Frente para a Libertação do Enclave de Cabinda|FLEC-Renovada]] (FLEC-R). Várias outras facções menores da FLEC se separaram posteriormente desses movimentos, mas a FLEC-R permaneceu a mais proeminente por causa de seu tamanho e de suas táticas. Os membros da FLEC-R cortavam os ouvidos e o nariz de funcionários do governo e de seus apoiadores, semelhante à [[Frente Revolucionária Unida]] de [[Serra Leoa]] nos anos 1990.<ref name="cabinda">{{Citar livro|título=The New Regionalism in Africa|ultimo=Grant|primeiro=J. Andrew|ultimo2=Söderbaum, Fredrik|ano=2003|isbn=0-7546-3262-8|publicação=Ashgate Publishing}}</ref> Apesar do tamanho relativamente pequeno de Cabinda, potências estrangeiras e movimentos nacionalistas cobiçavam o território por suas vastas reservas de [[petróleo]], a principal exportação de Angola na época e atualmente.<ref name="oilintro">{{Citar livro|título=Oil and Terrorism in the New Gulf: Framing U.S. Energy and Security Policies|ultimo=Sousa|primeiro=Matthew V.|ultimo2=Forest, James JF|ano=2006|isbn=0-7391-1995-8|publicação=Lexington Books}}</ref>
Na guerra pela independência, a divisão de ''assimilados'' contra povos ''indígenas'' mascarou o conflito inter-étnico entre as várias tribos nativas, uma divisão que surgiu no início de 1970. A [[Frente Nacional de Libertação de Angola|União dos Povos de Angola]], a antecessora da FNLA, controlou apenas 15% do território de Angola durante a guerra da independência, excluindo Cabinda, controlada pelo MPLA. A [[República Popular da China]] apoiou abertamente a UNITA após a independência, apesar do apoio mútuo de seu adversário na África do Sul e da inclinação pró-ocidental da UNITA. O apoio da RPC a Savimbi veio em 1965, um ano depois que ele deixou a FNLA. A China via [[Holden Roberto]] e o FNLA como o representante do Ocidente e o MPLA como o representante da União Soviética. Com a [[ruptura sino-soviética]], a África do Sul apresentou os aliados menos odiosos à RPC.<ref>{{Citar livro|url=https://archive.org/details/colonizationglob00ferr_885|título=Colonization: A Global History|ultimo=Ferro|primeiro=Marc|ano=1997|isbn=0-415-14007-2|publicação=Routledge}}</ref><ref>{{Citar revista |url=http://web.archive.org/web/20120305045347/http://www.time.com/time/magazine/article/0,9171,913773,00.html |revista=Time|titulo=ANGOLA: A Little Help From Some Friends|data=1 de dezembro de 1975|acessodata=24 de janeiro de 2021}}</ref>
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== Consequências ==
[[Ficheiro:Destroyed_bridge_by_Angolan_civil_war.JPG|miniaturadaimagem| Ponte rodoviária destruída em Angola, 2009 ]]
A guerra civil gerou uma crise humanitária desastrosa em Angola, deslocando internamente 4,28 milhões de pessoas
Houve um êxodo das áreas rurais na maior parte do país. Atualmente, a população urbana representa pouco mais da metade da população, de acordo com o último censo. Em muitos casos, as pessoas foram para cidades fora da área tradicional de seu grupo étnico. Agora existem importantes comunidades [[Ovimbundos|ovimbundas]] em Luanda, Malanje e Lubango. Houve um grau de retorno, mas em um ritmo lento, visto que muitos jovens relutam em ir para uma vida rural que nunca conheceram.<ref name="Hurst">{{Citar web |url=https://www.blackpast.org/global-african-history/angolan-civil-war-1975-2002/ |titulo=Angolan Civil War (1975-2002) |lingua=en-US |acessodata=21 de janeiro de 2021}}</ref> Parte da população fugiu para países vizinhos, enquanto outros foram para áreas montanhosas remotas.<ref name="Hurst"/>
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