Glifosato: diferenças entre revisões

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Um número crescente de culturas foram geneticamente modificadas para serem tolerantes ao glifosato (por exemplo, a soja Roundup Ready, a primeira cultura Roundup Ready, também criada pela Monsanto), que permite que os agricultores usem o glifosato como um herbicida pós-emergente contra ervas daninhas. O desenvolvimento de resistência ao glifosato em variadas espécies de ervas daninhas está tornando-se um problema grave.
 
Apesar de o glifosato e suas formulações, tais como Roundup, terem sido aprovados por várias entidades reguladoras em todo o mundo, persistem preocupações sobre seus efeitos no ser humano e no meio ambiente. apoiadas por vários estudos mais recentes.<ref>{{Citar web|ultimo=Garcia|primeiro=Victor|url=https://www.lexpress.fr/actualite/sciences/apres-l-etude-somme-de-l-inserm-sur-le-glyphosate-voila-ce-que-l-on-sait-vraiment-de-sa-nocivite_2154070.html|titulo=Après l'étude de l'Inserm sur le glyphosate, voilà ce que l'on sait vraiment de sa nocivité|data=2021-07-03|website=L'Express|lingua=fr}}</ref><ref name=":152">{{citar livro|url=https://www.ipubli.inserm.fr/handle/10608/10639|título=Pesticides et effets sur la santé : Nouvelles données|ultimo=Inserm (Institut national de la santé et de la recherche médicale)|editora=Éditions EDP Sciences|ano=2021|páginas=791}}</ref><ref name="concerns">{{Citar periódico |url=https://doi.org/10.1186/s12940-016-0117-0 |título=Concerns over use of glyphosate-based herbicides and risks associated with exposures: a consensus statement |data=17 de Fevereiro de 2016 |acessodata= |periódico=Environmental Health |número=15 (Art.19) |ultimo=Myers |primeiro=John Peterson |ultimo2=Antoniou |primeiro2=Michael N. |doi=10.1186/s12940-016-0117-0 |issn=1476-069X |pmid=26883814 |ultimo3=Blumberg |primeiro3=Bruce |ultimo4=Carroll |primeiro4=Lynn |ultimo5=Colborn |primeiro5=Theo |ultimo6=Everett |primeiro6=Lorne G. |ultimo7=Hansen |primeiro7=Michael |ultimo8=Landrigan |primeiro8=Philip J. |ultimo9=Lanphear |primeiro9=Bruce P. (e vários outros)}}</ref><ref name=":1">{{Citar periódico |url=https://www.nature.com/articles/nature.2015.17181 |título=Widely used herbicide linked to cancer |data=24 de Março de 2015 |periódico=Nature |ultimo=Cressey |primeiro=Daniel |lingua=en |doi=10.1038/nature.2015.17181 |issn=1476-4687}}</ref>
 
== História ==
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Segundo a AESA/EFSA, embora formulações contendo glifosato sejam provavelmente [[cancerígena]]s, estudos que consideram exclusivamente a substância ativa glifosato não mostram este efeito.<ref>{{citar web|url=https://www.efsa.europa.eu/sites/default/files/corporate_publications/files/efsaexplainsglyphosate151112en.pdf|titulo=Glyphosate|acessodata=29 de Abril de 2023|website=EFSA}}</ref><ref>{{Citar web|url=https://www.efsa.europa.eu/en/press/news/151112|titulo=Glyphosate: EFSA updates toxicological profile {{!}} EFSA|acessodata=2023-04-29|website=www.efsa.europa.eu|lingua=en}}</ref> O relatório da AESA acrescenta que há várias razões que explicam as divergências em relação ao relatório da IARC. Uma delas é que o IARC não avaliou somente o glifosato, isoladamente, mas também as formulações à base de glifosato, enquanto a revisão interpares da AESA/EFSA considerou apenas a substância ativa pura. <ref name="conclusion" /><ref>{{citar web|ultimo=Antoniou|primeiro=Michael|ultimo2=Habib|primeiro2=Mohamed Ezz El-Din Mostafa|url=https://www.hilarispublisher.com/open-access/teratogenic-effects-of-glyphosate-based-herbicides-divergence-of-regulatory-decisions-from-scientific-evidence-2161-0525.S4-006.pdf|titulo=Teratogenic Effects of Glyphosate-Based Herbicides: Divergence of Regulatory Decisions from Scientific Evidence.|data=2012|acessodata=|publicado=Journal of Environmental & Analytical Toxicology|doi=10.4172/2161-0525.S4-006|ultimo3=Howard|primeiro3=C. Vyvyan|ultimo4=Jennings|primeiro4=Richard C.|ultimo5=Leifert|primeiro5=Carlo (e outros)}}</ref> O glifosato, excepto no caso de aplicação aquática, não é utilizado por si só; são misturadas à formula outras diversas substâncias, que lhe melhoram o desempenho.<ref>{{Citar web|url=https://extension.psu.edu/adjuvants-for-enhancing-herbicide-performance|titulo=Adjuvants for Enhancing Herbicide Performance|acessodata=2023-07-27|website=Penn State Extension|lingua=en}}</ref><ref>{{citar web|ultimo=Langeland|primeiro=K. A.|ultimo2=Gettys|primeiro2=Lyn A.|url=|titulo=Safe Use of Glyphosate-Containing Products in Aquatic and Upland Natural Areas|data=2021|acessodata=27/7/2023|website=University of Florida (Arq. em WayBack Machine)}}</ref>
 
A AESA/EFSA reconheceu que a questão da toxicidade das formulações contendo glifosato deve ser considerada mais aprofundadamente, uma vez que alguns estudos de [[genotoxicidade]] publicados (não de acordo com o [[Genetic Literacy Project]] ou com as directrizes da OCDE<ref name="conclusion2" /> ) sobre tais formulações apresentaram resultados positivos ''[[in vitro]]'' e ''[[in vivo]]''. Em especial, considerou-se que o potencial genotóxico dessas formulações deve ser abordado. Além disso, a AESA/EFSA salientou que outros parâmetros devem ser esclarecidos, como a [[toxicidade]] e a carcinogenicidade a longo prazo, a toxicidade na reprodução e no desenvolvimento e o potencial de desregulação [[endócrina]] das formulações contendo glifosato.<ref name="conclusion2" />
 
A decisão da [[Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar|Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos]] (AESA/EFSA) assim como o relatório do ''Bundesinstitut für Risikobewertung (''BfR) que lhe serviu de base foram criticados numa carta aberta publicada por 96 cientistas de 25 países em Novembro de 2015, segundo a qual o relatório do BfR não respeitou os princípios científicos aceites de procedimentos abertos e transparentes. O relatório do IARC foi considerado mais credível. O relatório do BfR — afirmaram os cientistas — incluía dados não publicados, não tinha autoria, omitia referências e não divulgava informações sobre conflitos de interesses.<ref>{{citar web|url=http://db.zs-intern.de/uploads/1448884347-151127_Portier_et_al_EFSA-Glyphosate-Letter.pdf|titulo=Open letter: Review of the Carcinogenicity of Glyphosate by EFSA and BfR|data=27/11/2015}}</ref><ref>{{Citar web|ultimo=Rueter|primeiro=Gero|ultimo2=Russell|primeiro2=Ruby|url=https://www.dw.com/en/independent-scientists-warn-over-monsanto-herbicide/a-18886833|titulo=Scientists protest glyphosate decision : Two major agencies disagree over whether the world's most-used herbicide, glyphosate, is safe. As the European Union debates the topic, nearly 100 scientists from around the world have urged it to heed safety warnings.|data=12 de Janeiro de 2015|website=DW|lingua=en}}</ref> Em 2017, dois jornais europeus, ''[[La Stampa]]'' e ''[[The Guardian]]'', acusaram a AESA/EFSA de ter copiado e colado, no relatório sobre a perigosidade do glifosato de 2015, cerca de cem páginas dos pedidos de re-autorização da empresa Monsanto, que patenteou esse composto químico.<ref>{{Citar web|ultimo=Massiot|primeiro=Aude|url=http://www.liberation.fr/planete/2017/09/15/glyphosate-l-autorite-europeenne-de-securite-des-aliments-sous-influence-de-monsanto_1596572|titulo=Glyphosate : l'autorité européenne de sécurité des aliments sous influence de Monsanto ?|data=15 de Setembro de 2017|website=Libération (Arq. em WikiWix Archive)|lingua=fr}}</ref><ref>{{Citar web|ultimo=Mathoux|primeiro=Hadrien|url=https://www.marianne.net/societe/glyphosate-quand-l-ue-base-ses-decisions-sur-un-copie-colle-de-monsanto|titulo=Glyphosate : quand l'UE base ses décisions sur un copié-collé de... Monsanto|data=2017-09-15|website=Marianne|lingua=fr}}</ref><ref>{{Citar periódico |url=https://www.theguardian.com/environment/2017/sep/15/eu-report-on-weedkiller-safety-copied-text-from-monsanto-study |título=EU report on weedkiller safety copied text from Monsanto study |data=2017-09-14 |periódico=The Guardian |ultimo=Neslen |primeiro=Arthur |lingua=en-GB |issn=0261-3077}}</ref> Numa audição no Parlamento Europeu, em Outubro de 2017, José Tarazona, responsável pela avaliação dos pesticidas na AESA/EFSA, reconheceu que a agência se baseia geralmente em análises efectuadas pelos próprios fabricantes, obviamente parte interessada, para avaliar o potencial de risco de um produto.<ref>{{Citar web|ultimo=Roger|primeiro=Simon|url=http://www.lemonde.fr/planete/article/2017/10/18/reautorisation-du-glyphosate-a-une-semaine-de-la-decision-la-commission-europeenne-est-isolee_5202339_3244.html|titulo=Glyphosate : la Commission européenne s’oriente vers une réautorisation limitée|data=18 de Outubro de 2017|website=Le Monde (Arq. em WikiWix Archive)|lingua=fr}}</ref> Quanto á EPA e à sua fiabilidade, o comentário do denunciante [[William Sanjour]], que durante trinta anos trabalhou na organização, é de que a EPA foi "capturada" pela indústria que regula.<ref name=":11">{{citar web|ultimo=Sanjour|primeiro=William|url=https://chej.org/wp-content/uploads/william_sanjour_memoir.pdf|titulo=From the files of a whistlerblower: Or how EPA was captured by the industry it regulated|data=2013|website=Center for Health, Environment & Justice}}</ref>
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===Em humanos===
mEm 2021 se diz num estudo que "atualmente, não há consenso na comunidade científica sobre a toxicidade do glifosato, em particular quanto ao possível potencial carcinogênico desse herbicida". A discussão sobre os efeitos do glifosato na saúde humana tem um grande problema, que é o facto de alguns estudos de toxicidade contarem com a participação da indústria de herbicidas, que tem um óbvio interesse comercial em manter a autorização do seu produto mais vendido.<ref>{{Citar periódico |url=https://www.mdpi.com/2304-8158/10/11/2785 |título=Glyphosate Use, Toxicity and Occurrence in Food |data=Novembro de 2021 |periódico=Foods (10.2785) |publicado=MDPI (Multidisciplinary Digital Publishing Institute) |número= |ultimo=Soares |primeiro=Diogo |ultimo2=Silva |primeiro2=Liliana |paginas= |lingua=en |doi=10.3390/foods10112785 |issn=2304-8158 |ultimo3=Duarte |primeiro3=Sofia |ultimo4=Pena |primeiro4=Angelina |ultimo5=Pereira |primeiro5=André}}</ref>
 
Nesta meta-análise <ref>{{Citar periódico |url=https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0147651321009660 |título=Effects of low-concentration glyphosate and aminomethyl phosphonic acid on zebrafish embryo development |data=2021-12-15 |acessodata=2022-11-25 |periódico=Ecotoxicology and Environmental Safety |ultimo=Zhang |primeiro=Weidong |ultimo2=Wang |primeiro2=Jiachao |paginas=112854 |lingua=en |doi=10.1016/j.ecoenv.2021.112854 |issn=0147-6513 |ultimo3=Song |primeiro3=Jianshi |ultimo4=Feng |primeiro4=Yanru |ultimo5=Zhang |primeiro5=Shujuan |ultimo6=Wang |primeiro6=Na |ultimo7=Liu |primeiro7=Shufeng |ultimo8=Song |primeiro8=Zhixue |ultimo9=Lian |primeiro9=Kaoqi}}</ref> publicada em dezembro de 2021, vemos um resumo dos danos em humanos:<blockquote>"Nos últimos anos, se os herbicidas de glifosato (GLY) ou baseados em glifosato representam uma ameaça ao meio ambiente ecológico e à saúde humana tornou-se um foco de pesquisa considerável. A Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC) relatou que o GLY tem carcinogenicidade nível 2A (ou seja, é possivelmente carcinogênico para humanos) ( Guyton e outros, 2015<ref name=":72">Guyton KZ, Loomis D, Grosse Y, El Ghissassi F, Benbrahim-Tallaa L, Guha N, Scoccianti C, Mattock H, Straif K (May 2015). [http://www.thelancet.com/journals/lanonc/article/PIIS1470-2045%2815%2970134-8/abstract "Carcinogenicity of tetrachlorvinphos, parathion, malathion, diazinon, and glyphosate"]. ''The Lancet. Oncology''. '''16''' (5): 490–1. [[Digital object identifier|doi]]:[[doi:10.1016/S1470-2045(15)70134-8|10.1016/S1470-2045(15)70134-8]]. [[PubMed Identifier|PMID]] [https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25801782 25801782].</ref>). A meta-análise revelou que a exposição ocupacional ao GLY está positivamente correlacionada com os subtipos de linfoma não-Hodgkin (Schinasi e Leon, 2014<ref name="Não_nomeado_2-202303161514372">{{Citar periódico |url=https://www.mdpi.com/1660-4601/11/4/4449 |título=Non-Hodgkin Lymphoma and Occupational Exposure to Agricultural Pesticide Chemical Groups and Active Ingredients: A Systematic Review and Meta-Analysis |data=abril de 2014 |acessodata=2022-11-26 |periódico=International Journal of Environmental Research and Public Health |publicado=MDPI (Multidisciplinary Digital Publishing Institute) |número=4 |ultimo=Schinasi |primeiro=Leah |ultimo2=Leon |primeiro2=Maria E. |paginas=4449–4527 |lingua=en |doi=10.3390/ijerph110404449 |issn=1660-4601}}</ref>). A população em geral é exposta a GLY e ácido aminometilfosfónico (AMPA) principalmente por meio da ingestão alimentar de produtos à base de plantas, carne de animais expostos ao glifosato e água contaminada ( Gillezeau e outros., 2019,<ref>{{Citar periódico |url=https://doi.org/10.1186/s12940-018-0435-5 |título=The evidence of human exposure to glyphosate: a review |data=2019-01-07 |acessodata=2022-11-26 |periódico=Environmental Health |número=1 |ultimo=Gillezeau |primeiro=Christina |ultimo2=van Gerwen |primeiro2=Maaike |paginas=2 |doi=10.1186/s12940-018-0435-5 |issn=1476-069X |pmc=PMC6322310 |pmid=30612564 |ultimo3=Shaffer |primeiro3=Rachel M. |ultimo4=Rana |primeiro4=Iemaan |ultimo5=Zhang |primeiro5=Luoping |ultimo6=Sheppard |primeiro6=Lianne |ultimo7=Taioli |primeiro7=Emanuela}}</ref> Connolly e outros, 2020,<ref>{{citar periódico |url=https://doi.org/10.3390/toxics8030060 |título=Human Biomonitoring of Glyphosate Exposures: State-of- the-Art and Future Research Challenges |data=2020 |publicado=MDPI |ultimo=Connolly |primeiro=Alison (e outros)}}</ref> Soukup e outros, 2020<ref>{{citar web|ultimo=Soukup|primeiro=Sebastian|url=https://link.springer.com/article/10.1007/s00204-020-02704-7|titulo=Glyphosate and AMPA levels in human urine samples and their correlation with food consumption: results of the cross‐sectional KarMeN study in Germany|data=2020|website=Springer}}</ref> ). O GLY pode penetrar na barreira hematoencefálica e causar danos neuronais, que são um dos fatores de risco de [[doença de Parkinson]] (Eriguchi e outros, 2019,<ref name="Não_nomeado-202303161514372">{{Citar periódico |url=https://www.jstage.jst.go.jp/article/internalmedicine/58/13/58_2028-18/_pdf/-char/en |título=Parkinsonism Relating to Intoxication with Glyphosate |data=2019 |acessodata=2022-11-27 |periódico=Internal Medicine |publicado=The Japanese Society of Internal Medicine |número=13 |ultimo=Eriguchi |primeiro=Makoto |ultimo2=Iida |primeiro2=Kotaro |paginas=1935–1938 |doi=10.2169/internalmedicine.2028-18 |ultimo3=Ikeda |primeiro3=Shuhei |ultimo4=Osoegawa |primeiro4=Manabu |ultimo5=Nishioka |primeiro5=Kenya |ultimo6=Hattori |primeiro6=Nobutaka |ultimo7=Nagayama |primeiro7=Hiroshi |ultimo8=Hara |primeiro8=Hideo}}</ref> Martinez e Al-Ahmad, 2019<ref>{{citar web|ultimo=Martinez|primeiro=Adriana (e Al-Ahmad, Abraham)|url=https://d3n8a8pro7vhmx.cloudfront.net/yesmaam/pages/680/attachments/original/1569379502/Effects_of_glyphosate_and_aminomethylphosphonicacid_on_an_isogeneic_model_of_thehumanblood-brain_barrier__martinez2018.pdf?1569379502|titulo=Effects of glyphosate and aminomethylphosphonic acid on an isogeneic model of the human blood-brain barrier|data=2019|website=Cloud Front}}</ref> ). A ingestão de baixas doses de GLY a longo prazo afetará negativamente a saúde humana, mas sua toxicidade não é totalmente compreendida ( Swanson e outros, 2014,<ref>{{citar web|ultimo=Swanson|primeiro=Nancy Lee (e outros)|url=https://www.researchgate.net/publication/283462716_Genetically_engineered_crops_glyphosate_and_the_deterioration_of_health_in_the_United_States_of_America|titulo=Genetically engineered crops, glyphosate and the deterioration of health in the United States of America|data=Janeiro de 2014|website=Research Gate}}</ref> Zhang e outros, 2017<ref>{{citar periódico |título=Biological impacts of glyphosate on morphology, embryo biomechanics and larval behavior in zebrafish (Danio rerio) |data=2017 |periódico=270e280 |número=181 |ultimo=Zhang |primeiro=Shuhui ( e vários outros) |paginas=270-280}}</ref>). Estudos demonstraram que apenas 0,3% do glifosato no corpo humano é metabolizado em AMPA ( Connolly e outros, 2019,<ref>{{Citar web|ultimo=Connolly|primeiro=Alison (e vários outros)|url=https://academic.oup.com/crawlprevention/governor?content=%2fannweh%2farticle%2f63%2f2%2f133%2f5273149|titulo=Evaluating Glyphosate Exposure Routes and Their Contribution to Total Body Burden: A Study Among Amenity Horticulturalists|data=2019|website=Oxford University Press}}</ref> Zoller e outros, 2020<ref>{{Citar periódico |url=https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1438463919309678 |título=Urine glyphosate level as a quantitative biomarker of oral exposure |data=Julho de 2020 |periódico=International Journal of Hygiene and Environmental Health |ultimo=Zoller |primeiro=Otmar |ultimo2=Rhyn |primeiro2=Peter |paginas=113526 |lingua=en |doi=10.1016/j.ijheh.2020.113526 |issn=1438-4639 |ultimo3=Zarn |primeiro3=Jürg A. |ultimo4=Dudler |primeiro4=Vincent |volume=228}}</ref> ). Além disso, a toxicidade do AMPA permanece pouco estudada. Portanto, ao avaliar os riscos ambientais do GLY, também é necessário avaliar a ocorrência e toxicidade do AMPA."</blockquote>Em uma avaliação de risco de 2017, a [[Agência Europeia das Substâncias Químicas]] (ECHA) escreveu: "As informações sobre irritação da pele em humanos são muito limitadas. Onde foi relatado irritação da pele, não está claro se está relacionada ao glifosato ou a outros componentes presentes na formulação do herbicida." A ECHA concluiu que os dados disponíveis sobre humanos eram insuficientes para dar suporte a uma classificação para corrosão ou irritação da pele.<ref>{{Citar web|url=https://echa.europa.eu/documents/10162/2f8b5c7f-030f-5d3a-e87e-0262fb392f38|título=Committee of Risk Assessment Opinion proposing harmonised classification and labelling at EU level of glyphosate (ISO); N-(phosphonomethyl)glycine|data=Março de 2017|website=ECHA}}</ref> Segundo um estudo, a inalação é uma via de exposição menor, mas a névoa da pulverização pode provocar desconforto oral ou nasal, um sabor desagradável na boca, ou formigamento e irritação na garganta. Contato nos olhos pode resultar em conjuntivite leve. Danos superficiais às [[córneas]] são possíveis se os olhos não forem lavados em tempo ou de forma adequada após exposição.<ref name="Bradberry_2004" />
[[Ficheiro:Fabian_Tomasi.jpg|direita|miniaturadaimagem|278x278px|Fabián Tomasi, um argentino, trabalhou durante anos (sem proteção) a abastecer de pesticidas (glifosato e outros) os aviões que pulverizavam os campos. Foi um dos principais ativistas contra a Monsanto. Morreu em 2018, aos 53 anos, vítima de uma polineuropatia tóxica severa.<ref>{{Citar web|url=https://www.diariodecuyo.com.ar/argentina/Murio-Fabian-Tomasi-victima-de-los-agrotoxicos-20180907-0091.html|titulo=Murió Fabián Tomasi, víctima de los agrotóxicos -El ex fumigador padecía desde hacía varios años una polineuropatía tóxica metabólica severa.|data=7 de Setembro de 2018|website=Diario de Cuyo}}</ref><ref>{{citar livro|título=Envenenados: Una bomba química nos extermina en silencio|ultimo=Eleisegui|primeiro=Patricio|editora=Editorial Wu Wei|ano=2013|páginas=9-14|lingua=es}}</ref><ref>{{Citar web|url=https://24.sapo.pt/atualidade/artigos/morreu-fabian-tomasi-simbolo-da-luta-contra-o-glifosato-na-argentina|titulo=Morreu Fabián Tomasi, símbolo da luta contra o glifosato na Argentina|data=8 de Setembro de 2018|acessodata=2023-06-05|website=Sapo 24|lingua=}}</ref>]]
Alguns relatórios de agências de avaliação de risco de diversos países, bem como de autoridades transnacionais, consensualmente classificam o glifosato como seguro e não carcinogênico.<ref>{{Citar periódico |url=https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0269749119368265 |título=Controversies over human health and ecological impacts of glyphosate: Is it to be banned in modern agriculture? |data=2020-08-01 |periódico=Environmental Pollution |ultimo=Meftaul |primeiro=Islam Md. |ultimo2=Venkateswarlu |primeiro2=Kadiyala |paginas=114372 |lingua=en |doi=10.1016/j.envpol.2020.114372 |issn=0269-7491 |ultimo3=Dharmarajan |primeiro3=Rajarathnam |ultimo4=Annamalai |primeiro4=Prasath |ultimo5=Asaduzzaman |primeiro5=Md |ultimo6=Parven |primeiro6=Aney |ultimo7=Megharaj |primeiro7=Mallavarapu}}</ref><ref name="Tarazona">{{citar periódico|ultimo1=Tarazona |primeiro1=Jose V. |ultimo2=Court-Marques |primeiro2=Daniele |ultimo3=Tiramani |primeiro3=Manuela |ultimo4=Reich |primeiro4=Hermine |ultimo5=Pfeil |primeiro5=Rudolf |ultimo6=Istace |primeiro6=Frederique |ultimo7=Crivellente |primeiro7=Federica |título=Glyphosate toxicity and carcinogenicity: a review of the scientific basis of the European Union assessment and its differences with IARC |periódico=Archives of Toxicology |data=3 de abril de 2017 |volume=91 |edição=8 |páginas=2723–2743 |doi=10.1007/s00204-017-1962-5 |pmid=28374158 |pmc=5515989 }}</ref> Uma avaliação em 2000 (de autores com fortes ligações à indústria) concluiu que "sob as condições de uso atuais e esperadas no futuro, não há potencial para o herbicida Roundup representar risco à saúde humana".<ref name="wkc00">{{citar periódico |título=Safety evaluation and risk assessment of the herbicide Roundup and its active ingredient, glyphosate, for humans |data=abril de 2000 |periódico=Regulatory Toxicology and Pharmacology |ultimo2=Kroes |primeiro2=Robert |páginas=117–65 |doi=10.1006/rtph.1999.1371 |pmid=10854122 |ultimo3=Munro |primeiro3=Ian C. |volume=31 |ultimo1=Williams |primeiro1=Gary M. |edição=2 Pt 1}}</ref><ref>{{citar livro|título=Glyphosate and cancer: Buying science|ultimo=Burtscher- Schaden|primeiro=Helmut (e dois outros)|editora=Global 2000|ano=2017|páginas=4-6, 10-20, 27,28}}</ref><ref>{{Citar web|ultimo=Cornwall|primeiro=Warren|url=https://www.science.org/content/article/update-after-quick-review-medical-school-says-no-evidence-monsanto-ghostwrote|titulo=Update: After quick review, medical school says no evidence Monsanto ghostwrote professor's paper . Court documents suggest Monsanto helped “ghost write” paper .|data=23 de Março de 2017|website=Science|lingua=en}}</ref> Em 2012, uma meta-análise (suportada pela própria empresa Monsanto) de estudos epidemiológicos de exposição a formulações de glifosato não encontrou correlação com nenhum tipo de câncer.<ref name="Mink_2012">{{citar periódico|ultimo1= Mink |primeiro1=PJ|ultimo2= Mandel |primeiro2=JS|ultimo3= Sceurman |primeiro3=BK|ultimo4= Lundin |primeiro4=JI | título= Epidemiologic studies of glyphosate and cancer: a review | periódico= Regulatory Toxicology and Pharmacology | volume = 63 | edição= 3 | páginas= 440–52 | data= agosto de 2012 | pmid = 22683395 | doi = 10.1016/j.yrtph.2012.05.012 }}</ref> A revisão sistemática de 2013, pelo Instituto Federal Alemão para Avaliação de Riscos, dos estudos epidemiológicos de trabalhadores que usam pesticidas não encontrou evidência de risco significativo com glifosato para vários tipos de câncer, incluindo o Linfoma não-Hodgkin (LNH), dizendo que "os dados disponíveis são contraditórios e estão longe de serem convincentes".{{Carece de fontes|data=Abril de 2023}}
 
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== Meio ambiente ==
[[Imagem:Puerto Cruz 2022 – Glyphosate, Roundup.jpg|miniatura|220px|direita| [[Puerto de la Cruz]], Tenerife, Ilhas Canárias: aviso de uso de glifosato (''Roundup Ultra Plus'') no Paseo del Viñatigo (Dezembro de 2022).]]
Quando o glifosato foi lançado como um herbicida comercial na década de 1970 ele trouxe uma novidade: ao contrário do padrão de qualidade esperada de um herbicida de ter uma molécula seletiva, resistente a intempéries e persistente no solo, o glifosato era apresentado como um herbicida de amplo espectro com uma molécula que se degradava rapidamente quando exposta a chuva e sol.<ref name=":22" /> As qualidades marcando contraponto aos herbicidas estabelecidos no mercado (supostas baixa toxidade, rápida eliminação ambiental, eliminação do amplo espectro de vegetações) fizeram do produto da Monsanto, o Roundup, um grande sucesso comercial.<ref name=":23" />
 
O glifosato [[adsorção|liga-se fortemente]] ao [[solo]], portanto a poluição dos [[aquífero]]s seria limitada.<ref name="Borggaard_2008">{{citar periódico| ultimo1= Borggaard|primeiro1= OK|ultimo2= Gimsing |primeiro2=AL | título= Fate of glyphosate in soil and the possibility of leaching to ground and surface waters: a review | periódico= Pest Management Science | volume = 64 | edição= 4 | páginas= 441–56 | data = abril de 2008 | doi = 10.1002/ps.1512 | pmid = 18161065 }}</ref> Glifosato é rapidamente degradado por micróbios no solo, produzindo ácido aminometilfosfônico (AMPA, que, assim como o glifosato liga-se fortemente ao solo). Apesar de ambos o glifosato e o AMPA serem detectáveis em corpos de água, parte do AMPA detectado pode ser resultado da degradação de detergentes.<ref name="Botta">{{citar periódico| ultimo1= Botta |primeiro1=F|ultimo2= Lavisonb |primeiro2=G|numero-autores=etal| ano= 2009 | título= Transfer of glyphosate and its degradate AMPA to surface waters through urban sewerage systems | periódico= Chemosphere | volume = 77 | edição= 1| páginas= 133–139 | doi=10.1016/j.chemosphere.2009.05.008 | pmid=19482331}}</ref> Contudo, no decorrer dos anos e com a melhoria técnica da precisão das análises e redução dos custos, sabemos que, embora degradável, o glifosato, tal como muitos herbicidas e inseticidas (inclusive vários banidos há anos, como o [[DDT]]), está presente no ar, chuva,<ref>{{citar web|ultimo=Majewski|primeiro=Michael S. (e outros)|url=https://www.researchgate.net/publication/260252493_Pesticides_in_Mississippi_air_and_rain_A_comparison_between_1995_and_2007|titulo=Pesticides in Mississippi air and rain: A comparison between 1995 and 2007|data=Junho de 2014|website=Research Gate}}</ref><ref>https://pubs.usgs.gov/sir/2007/5122/pdf/SIR2007-5122.pdf</ref> águas superficiais e subterrâneas, no mar,<ref>{{Citar periódico |url=https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0025326X14000228 |título=Glyphosate persistence in seawater |data=2014-08-30 |periódico=Marine Pollution Bulletin |número=2 |ultimo=Mercurio |primeiro=Philip |ultimo2=Flores |primeiro2=Florita |series=7th International Conference on Marine Pollution and Ecotoxicology |paginas=385–390 |lingua=en |doi=10.1016/j.marpolbul.2014.01.021 |issn=0025-326X |ultimo3=Mueller |primeiro3=Jochen F. |ultimo4=Carter |primeiro4=Steve |ultimo5=Negri |primeiro5=Andrew P.}}</ref> nos alimentos e bebidas, na urina<ref>https://www.hilarispublisher.com/open-access/detection-of-glyphosate-residues-in-animals-and-humans-2161-0525.1000210.pdf</ref> e no sangue<ref>https://farmandranchfreedom.org/wp-content/uploads/2013/01/maternal-and-fetal-exposure-to-pesticides-associated-to-genetically-modified-2011.pdf</ref> e até mesmo em amostras de marijuana<ref>https://www.researchgate.net/publication/268579585_Determination_of_Herbicides_Paraquat_Glyphosate_and_Aminomethylphosphonic_Acid_in_Marijuana_Samples_by_Capillary_Electrophoresis</ref> ou em medicamentos.
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A história da resistência de culturas agrícolas ao glifosato é boa parte da história da Monsanto e de seus pesquisadores. Dentre eles, estava Ernie Jaworski na década de 1970 observando em laboratório a correlação entre a privação de certos aminoácidos em plantas sob o efeito do glifosato. Jaworski, nascido em 1926, em Minneapolis, filho de imigrantes poloneses e doutor pela Universidade de Oregon em 1952, trabalhava como pesquisador para a Monsanto quando a empresa surpreendia o mercado ao lançar um herbicida de amplo espectro de grande sucesso comercial, o Roundup.
 
Em 1980, Amrhein, um pesquisador da Alemanha descobriu a relação entre a inativação de uma enzima com o colapso da planta causado pela molécula do glifosato, abrindo caminho para que os cientistas Ernie Jaworski e o jovem Robb Fraley iniciassem as pesquisas de transgenia e seleção de plantas com alta tolerância ao efeito bioquímico da molécula do glifosato.<ref name=":24" />
 
Em 1981 o cientista Luca Comai logrou isolar uma colônia de bacterias do gênero ''[[salmonella]]'' (posteriormente publicado e descrito todo o processo bioquímico na revista Nature, em 1985) que se revelaram tolerantes ao glifosato e tais resultados foram quase imediatamente perseguidos pelos cientistas da Monsanto que em 1985, com Rob Horsch dirigindo as pesquisas, lograram isolar uma colônia de bacterias, a ''[[agrobacterium tumefaciens]]'', tolerante ao glifosato para futura transgenia dele para o material genético da planta agrícola que se buscava desenvolver.<ref name=":25" />
 
[[Imagem:Genegun.jpg|miniatura|220px|direita| Canhão de ADN.]]A Monsanto seguiu com as pesquisas, buscando, associado a uma postura comercial agressiva de direito à patente intelectual, isolar um gene ideal de uma bacteria para a transgenia de plantas resistentes, feito que conseguem realizar coletando amostras de bacterias em lagoas ao oeste de New Orleans, próximas da sua fábrica de produção de Roundup, a ''Monsanto'' ''Luling plant.'' Em 1989 a Monsanto conseguiria o material genético assegurado em segredo industrial para dar início a sua linha de sementes resistentes ao glifosato.<ref>{{citar livro|título=Lords of the Harvest: biotech, big money, and the future of food.|ultimo=Charles|primeiro=Daniel|editora=Basic Books|ano=2002|local=Cambridge|páginas=68-69|isbn=0-7382-0773-X}}</ref>
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==== Nas ervas daninhas indesejadas ====
Com o seu uso, algumas ervas daninhas desenvolvem resistência ao glifosato, um fenômeno esperado e já bem conhecido dos agricultores.<ref>{{citar livro|url=|título=Whitewash: The story of a weed killer, cancer, and the corruption of science|ultimo=Gillam|primeiro=Carey|editora=Island Press|ano=2017|página=49}}</ref><ref>{{Citar web|url=https://www.ucsusa.org/resources/rise-superweeds|titulo=The Rise of Superweeds|data=6 de Dezembro de 2013|website=Union of Concerned Scientists|lingua=en}}</ref>
[[Imagem:Amaranthus palmeri.jpg|miniatura|220px|direita|''Amaranthus palmeri,'' uma das primeiras plantas a desenvolver resistência ao glifosato. Considerada uma praga, é, por ironia, comestível e bastante nutritiva.<ref>{{Citar web|url=https://www.ediblewildfood.com/palmers-amaranth.aspx|titulo=Palmer's Amaranth - Amaranthus palmeri|acessodata=2023-05-19|website=Edible Wild Food}}</ref>]]As assim chamadas "super ervas daninhas", plantas vigorosas que podem atingir vários metros de altura, sufocando as culturas, tornaram-se um problema importante, exigindo maiores custos em mão-de-obra e produtos químicos adicionais e em perda de produção.{{sfn|Gillam|2017|p=4}} A lista destas plantas cresce contínuamente, e à data de um dos estudos sobre o assunto, em 2014, eram achadas já vinte e nove.<ref name=":92">{{Citar web|ultimo=Ganie|primeiro=Zahoor (e outro)|url=https://cropwatch.unl.edu/multiple-herbicide-resistant-weeds-and-challenges-ahead|titulo=Multiple Herbicide-Resistant Weeds and Challenges Ahead|data=2014|website=University of Nebraska- Lincoln : Crop Watch|lingua=en}}</ref> Em 2019 eram mais de cinquenta.<ref>{{citar livro|título=Seed Money: Monsanto’s Past and Our Food Future|ultimo=Elmore|primeiro=Bartow J.|editora=W.W. Norton & Company|ano=2021|capitulo=Chapter 12 : “Oh Shit, the Margins Were Very, Very, Very Good”}}</ref> Em 2021 havia 48 espécies identificadas por pesquisadores.<ref>{{citar web | url = https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33932185/ | titulo = Evolution of Glyphosate-Resistant Weeds | website = PubMed | publisher = Rev Environ Contam Toxicol. | autor = Baek Y, Bobadilla LK, Giacomini DA, Montgomery JS, Murphy BP, Tranel PJ | data = 2021 | accessodata = 2 de julho de 2023 | PMID = 33932185 | doi = 10.1007/398_2020_55 }}</ref>
 
Em 2004 uma variante da ''[[Amaranthus palmeri]]'' resistente ao glifosato foi encontrada no estado americano da [[Geórgia (Estados Unidos)|Geórgia]], e em 2009 já havia se difundido por todo o sul dos Estados Unidos.<ref name="FS03Mar09">{{citar periódico | url = http://magissues.farmprogress.com/TFS/FS03Mar09/tfs024.pdf | titulo= Resistance: a growing problem | autor= Smith JT | data = março de 2009 | obra= The Farmer Stockman | acessodata = 2 de julho de 2023 | arquivodata = 10 de julho de 2011 | arquivourl = https://web.archive.org/web/20110710224650/http://magissues.farmprogress.com/TFS/FS03Mar09/tfs024.pdf | urlmorta = sim}}</ref> Atualmente, há variantes desta e de outras plantas que são resistentes a múltiplos herbicidas com mecanismos de ação diferentes.<ref name=":9">{{Citar web|ultimo=Ganie|primeiro=Zahoor|url=https://cropwatch.unl.edu/multiple-herbicide-resistant-weeds-and-challenges-ahead|titulo=Multiple Herbicide-Resistant Weeds and Challenges Ahead|data=2014|website=University of Nebraska- Lincoln : Crop Watch|lingua=en}}</ref>
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===América Latina===
 
==== Argentina ====
[[Imagem:Uso de plaguicidas por toneladas Argentina, 1990 a 2017.svg|miniatura|220px|direita| Evolução do uso de pesticidas, em toneladas, na Argentina, de 1990 a 2017.]]
Na Argentina, o cultivo de soja, principalmente a transgénica, cada vez mais espalhado, aumentou as áreas que lhe são dedicadas.Houve um consequente aumento do uso de agroquímicos, principalmente herbicidas como o glifosato e a [[atrazina]].<ref>{{Citar periódico |url=https://www.revistascca.unam.mx/rica/index.php/rica/article/view/41476 |título=SITUACIÓN ACTUAL DE LA CONTAMINACIÓN POR PLAGUICIDAS EN ARGENTINA |data=2013 |periódico=Revista Internacional de Contaminación Ambiental |ultimo=Lepori |primeiro=Edda C. Villaamil |ultimo2=Mitre |primeiro2=Graciela Bovi |paginas=25–43 |lingua=es |issn=0188-4999 |ultimo3=Nassetta |primeiro3=Mirtha}}</ref> O uso do glifosato está acima dos valores permitidos em outros países do mundo.<ref>{{citar web|ultimo=Longhi Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas, Argentina|primeiro=Fernando (e outro)|url=https://www.scielo.sa.cr/pdf/rge/n65/2215-2563-rge-65-145.pdf|titulo=Soja, glifosato y salud humana. Algunas evidencias en el Chaco Seco Argentino (1990 - 2012)|data=2020|website=Revista Geográfica de América Central. Nº 65(2)|lingua=es}}</ref>
 
O cultivo da soja também levou ao aumento do uso de outros herbicidas como o [[2,4-D]] e inseticidas como o [[endosulfan]] (banido desde 2013),<ref>{{citar web|ultimo=Sarandón|primeiro=S.J.|url=http://sedici.unlp.edu.ar/bitstream/handle/10915/57944/Documento_completo.pdf-PDFA.pdf?sequence=1&isAllowed=y|titulo=A2-617 Uso de agroquímicos en la Provincia de Buenos Aires, Argentina: las consecuencias de un modelo agropecuario|data=2015|publicado=Memorias del V Congreso Latinoamericano de Agroecología - SOCLA. Facultad de Ciencias Agrarias y Forestales (UNLP).}}</ref> [[clorpirifós]] e [[Piretroide|piretróides]]. A Argentina também é um dos países com uma das maiores taxas de aplicação de agrotóxicos no mundo, com 10 litros de agrotóxicos aplicados por habitante por ano.<ref>{{Citar web|url=https://investiga.unlp.edu.ar/cienciaenaccion/cientificos-de-la-unlp-advierten-que-el-glifosato-esta-en-todos-lados-10058|titulo=Científicos de la UNLP advierten que el glifosato está en todos lados|data=6 de Outubro de 2019|website=Universidad Nacional de La Plata}}</ref>
 
Existem efeitos graves na saúde dos argentinos, em especial os que vivem perto dos campos de cultivo intensivamente pulverizados com produtos à base de glifosatos. Mulheres expostas durante a gravidez a herbicidas deram à luz descendentes com malformações congénitas, incluindo [[microcefalia]], [[anencefalia]] e malformações cranianas. Os casos de cancro aumentaram e tornaram-se a principal causa de morte em áreas rurais cercadas por áreas de cultivo.<ref name="AndresCarrasco2">{{citar periódico |url=https://pubs.acs.org/doi/10.1021/tx1001749 |título=Glyphosate-based herbicides produce teratogenic effects on vertebrates by impairing retinoic acid signaling |data=Outubro de 2010 |acessodata= |periódico=Chemical Research in Toxicology |número=10 |ultimo=Paganelli |primeiro=Alejandra |ultimo2=Gnazzo |primeiro2=Victoria |páginas=1586–1595 |doi=10.1021/tx1001749 |pmid=20695457 |ultimo3=Acosta |primeiro3=Helena |ultimo4=López |primeiro4=Silvia |ultimo5=Carrasco |primeiro5=Andrés |volume=23}}</ref><ref>{{Citar web|ultimo=Pieper|primeiro=OLiver|url=https://www.dw.com/en/german-chemical-giants-herbicides-infuse-argentinas-soy/a-62947492|titulo=German glyphosate infuses Argentine soy|data=28 de Agosto de 2022|website=DW|lingua=en}}</ref><ref>{{Citar web|ultimo=Rueter|primeiro=Gero|url=https://www.dw.com/en/increasing-number-of-deaths-due-to-glyphosate/a-19183357|titulo=Glyphosate health concerns|data=14 de Abril de 2016|acessodata=2023-06-08|website=DW|lingua=en}}</ref>
 
Problemas respiratórios são muito mais comuns e estão ligados à aplicação de pesticidas (não só o glifosato), assim como a dermatite crónica. Há altas taxas de abortos espontâneos e consultas de infertilidade em homens e mulheres aumentaram significativamente. As cidades pulverizadas também mostram uma mudança nas causas da morte: mais de 30% das mortes são por cancro, enquanto em todo o país, a percentagem é inferior a 20%. Em Maio de 2014, o Ministério da Saúde da Província de Córdoba confirmou que nas áreas agrícolas mais intensivas, as mortes por cancro ultrapassam em 100% as da cidade e em 70% a média provincial.<ref>{{Citar web|ultimo=Ávila-Vázquez|primeiro=Medardo|url=https://www.i-sis.org.uk/Devastating_Impacts_of_Glyphosate_Argentina.php|titulo=Devastating Impacts of Glyphosate Use with GMO Seeds in Argentina|data=18/2/2015|website=Science in Society}}</ref>
 
Os modelos agrícolas intensivos e extensivos baseados nos OGM são atualmente aplicados sem avaliação crítica, regulamentação rigorosa e informação adequada sobre o impacto de doses subletais na saúde humana.<ref name="AndresCarrasco2" />
 
====Brasil====
De maio a junho de 2019, a [[Agência Nacional de Vigilância Sanitária]] (Anvisa) abriu uma consulta pública sobre o glifosato<ref>{{Citar web|url=https://informe.ensp.fiocruz.br/noticias/46297|titulo=Anvisa abre consulta pública sobre o uso do glifosato no Brasil|data=31 de Maio de 2019|website=ENSP - Fiocruz}}</ref> Participaram da pesquisa 4.602 pessoas, se ndo 11 de fora do país. Entre as participações do Brasil, os estados de São Paulo (1221), Paraná (836) e Rio Grande do Sul (522) foram os que mais responderam à consulta, a maioria dos brasileiros pediram a proibição.<ref>{{Citar web|url=https://www.brasildefato.com.br/2019/07/16/em-consulta-publica-da-anvisa-maioria-dos-brasileiros-pede-proibicao-do-glifosato|titulo=Em consulta pública da Anvisa, maioria dos brasileiros pede proibição do glifosato|data=16 de Julho de 2019|website=Brasil de Fato}}</ref> no entanto, a ANVISA reclassificou o glifosato como não sendo de alto potencial carcinogênico em humanos.<ref>{{Citar web|url=https://cee.fiocruz.br/?q=node/1086|titulo=Glifosato, um provável carcinógeno liberado no Brasil|data=3 de Dezembro de 2019|website=CEE}}</ref> Em estudo inédito nesse mesmo período, os herbicidas [[paraquate]] e glifosato levaram cinco pessoas por semana ao atendimento médico de emergência entre 2010 e 2019, causando a morte de 214 brasileiros na última década. O levantamento da Agência Pública e da Repórter Brasil revelou que os dois herbicidas lideram a lista de agrotóxicos permitidos no Brasil que mais intoxicaram (de 2010 a 2019 mais de vinte e nove mil casos) e mataram na última década e que 92% das mortes causadas por esses produtos foram classificadas como [[suicídio no Brasil|suicídio]].<ref>{{Citar web|url=https://reporterbrasil.org.br/2020/09/agrotoxicos-paraquate-e-glifosato-mataram-214-brasileiros-na-ultima-decada-revela-levantamento-inedito/|titulo=Agrotóxicos paraquate e glifosato mataram 214 brasileiros na última década, revela levantamento inédito|data=4 de Setembro de 2020|website=Repórter Brasil}}</ref>
A ANVISA, em 2020, publicou uma reavaliação do Glifosato concluindo que este "não apresenta caracteríscas mutagênicas, teratogênicas, carcinogênicas, não é desregulador endócrino e não é tóxico para a reprodução." Os parâmetros de referência estabelecidos nesta reavaliação foram "Ingestão Diária Aceitável (IDA) = 0,5 mg/kg pc; Dose de Referência Aguda (DRfA) = 0,5 mg/kg pc; Nível Aceitável de Exposição Ocupacional (AOEL) = 0,1 mg/kg pc/dia."<ref>{{citar web|ultimo=ANVISA|url=http://antigo.anvisa.gov.br/documents/10181/5344168/Nota+T%C3%A9cnica+Final+-+Reavalia%C3%A7%C3%A3o+do+Glifosato.pdf/9f513821-c4e5-4be3-a538-ef1947034272#:~:text=A%20Anvisa%20reavaliou%20o%20IA,%C3%A9%20t%C3%B3xico%20para%20a%20reprodu%C3%A7%C3%A3o.|titulo=NOTA TÉCNICA Nº 12/2020/SEI/CREAV/GEMAR/GGTOX/DIRE3/ANVISA|data=2020|acessodata=23 de agosto de 2023|website=Anvisa}}</ref>
 
Em Maio de 2019, a ministra da Agricultura do governo de extrema-direita de [[Jair Bolsonaro]], Tereza Cristina Dias, disse no parlamento que um "processo ideológico" tinha impedido os governos anteriores de aprovar pesticidas e defendeu o uso do glifosato. Sob Bolsonaro, foram aprovados a um ritmo invulgar centenas de novos pesticidas, muitos dos quais proibidos na Europa.<ref>{{Citar periódico |url=https://www.theguardian.com/environment/2019/jun/12/hundreds-new-pesticides-approved-brazil-under-bolsonaro |título=Hundreds of new pesticides approved in Brazil under Bolsonaro |data=2019-06-12 |periódico=The Guardian |ultimo=Phillips |primeiro=Dom |lingua=en-GB |issn=0261-3077}}</ref> A [[CropLife International]], que representa empresas agro-químicas como a [[BASF]], a Bayer ("herdeira" da Monsanto), a [[Dow Chemical Company|Dow]], a [[DuPont]] e a [[Syngenta]], afirmou que os ingredientes ativos dos pesticidas tinham "registos de utilização válidos em vários países da [[OCDE]]". E declarou em comunicado: "A ausência de registo ou o cancelamento do registo na União Europeia não significa automaticamente que um produto não possa ser utilizado noutro país. Os pesticidas não são automaticamente 'mais perigosos' ou 'menos necessários' pelo facto de não serem autorizados na Europa".<ref name=":14">{{Citar periódico |url=https://www.theguardian.com/world/2023/apr/25/eu-firms-accused-of-abhorrent-export-of-banned-pesticides-to-brazil |título=EU firms accused of ‘abhorrent’ export of banned pesticides to Brazil |data=2023-04-25 |periódico=The Guardian |ultimo=Silva |primeiro=Beatriz Ramalho da |ultimo2=Levitt |primeiro2=Tom |lingua=en-GB |issn=0261-3077 |ultimo3=Freitas |primeiro3=Hélen |ultimo4=Aranha |primeiro4=Ana}}</ref> Contudo, vários desses pesticidas foram proibidos pelas autoridades de saúde europeias por serem associados ao cancro, problemas reprodutivos e doenças neurodegenerativas.<ref name=":14">{{Citar periódico |url=https://www.theguardian.com/world/2023/apr/25/eu-firms-accused-of-abhorrent-export-of-banned-pesticides-to-brazil |título=EU firms accused of ‘abhorrent’ export of banned pesticides to Brazil |data=2023-04-25 |periódico=The Guardian |ultimo=Silva |primeiro=Beatriz Ramalho da |ultimo2=Levitt |primeiro2=Tom |lingua=en-GB |issn=0261-3077 |ultimo3=Freitas |primeiro3=Hélen |ultimo4=Aranha |primeiro4=Ana}}</ref>
 
Em agosto de 2022, o Comitê-Executivo de Gestão (Gecex) e a Câmara de Comércio Exterior (Camex) reduziram os impostos de importação do glifosato e seu sal de monoisopropilamina.<ref>{{Citar web|url=https://www.noticiasagricolas.com.br/noticias/agronegocio/323939-glifosato-e-seu-sal-de-monoisopropilamina-tem-imposto-de-importacao-cortado-mais-que-a-metade.html|titulo=Glifosato e seu sal de monoisopropilamina têm imposto de importação cortado mais que pela metade|data=2022-08-04|website=Noticias Agrícolas}}</ref><ref>{{Citar web|url=https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2022-08/camex-reduz-tarifas-de-glifosato-e-resinas-plasticas|titulo=Camex reduz tarifas de glifosato e resinas plásticas|data=3 de Agosto de 2022|acessodata=|website=Agência Brasil}}</ref>
 
As fábricas europeias continuam a produzir para exportação produtos banidos, ou sob suspeita, nos seus próprios países, e o Brasil (também África do Sul e Ucrânia) é um dos principais destinos.<ref>{{Citar web|ultimo=Dowler|primeiro=Crispin|url=https://unearthed.greenpeace.org/2020/09/10/banned-pesticides-eu-export-poor-countries/|titulo=UK and EU sent thousands of tonnes of banned pesticides poor countries|data=9 de Setembro de 2020|website=Unearthed|lingua=en-GB}}</ref><ref>{{Citar periódico |url=https://www.theguardian.com/environment/2020/feb/20/firms-making-billions-from-highly-hazardous-pesticides-analysis-finds |título=Firms making billions from ‘highly hazardous’ pesticides, analysis finds |data=2020-02-20 |periódico=The Guardian |ultimo=Carrington |primeiro=Damian |lingua=en-GB |issn=0261-3077}}</ref>
 
===Europa===
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O glifosato é o herbicida mais vendido em Portugal, em 2012 aplicaram-se no país, para fins agrícolas, mais de 1400 toneladas de glifosato, e esse consumo tem vindo a aumentar: entre 2002 e 2012 o uso de glifosato na agricultura mais do que duplicou.<ref name=":3">{{Citar web|url=https://quercus.pt/2021/03/03/glifosato-o-herbicida-mais-vendido-em-portugal-afinal-pode-causar-cancro-em-humanos/|titulo=Glifosato: o herbicida mais vendido em Portugal afinal pode causar cancro em humanos|acessodata=2022-08-04|website=Quercus}}</ref><ref>{{Citar web|ultimo=Maia|primeiro=Ana|url=https://www.dn.pt/portugal/pesticida-perigoso-usado-por-89-camaras-5152187.html|titulo=Pesticida perigoso usado por 89 câmaras|data=2016-05-01|acessodata=2023-05-27|website=Diário de Notícias|lingua=}}</ref>
 
O glifosato, comercializado em Portugal em diferentes formulações pela Monsanto, Dow, Bayer e Syngenta, entre outras, também é vendido livremente para uso doméstico em supermercados, hortos e outras lojas e é usado com abundância por quase todas as autarquias para limpeza de arruamentos (uma das vias importantes de exposição das populações, segundo a [[Agência Internacional de Pesquisa em Câncer|Agência Internacional de Pesquisas em Cancer]] '''('''IARC)).<ref name=":3">{{Citar web|url=https://quercus.pt/2021/03/03/glifosato-o-herbicida-mais-vendido-em-portugal-afinal-pode-causar-cancro-em-humanos/|titulo=Glifosato: o herbicida mais vendido em Portugal afinal pode causar cancro em humanos|acessodata=2022-08-04|website=Quercus}}</ref>
 
Em 2018 um estudo efetuado pela [[Plataforma Transgénicos Fora]] mostrou que todos os elementos de um grupo voluntário de sessenta e duas pessoas estavam contaminados pelo pesticida. Os números encontrados estão bem acima da média europeia. O valor médio encontrado na urina dos testados estava cerca de três vezes (300%) acima do limite legal indicado para a água de consumo.<ref>{{Citar web|ultimo=Frias|primeiro=Rui|url=https://www.dn.pt/pais/contaminacao-por-glifosato-esta-espalhada-por-todo-o-pais-10615768.html|titulo=Contaminação por glifosato está espalhada por todo o País|data=2019-02-25|acessodata=2023-05-27|website=Diario de Notícias|lingua=}}</ref><ref>{{Citar web|url=https://www.stopogm.net/contaminacao-cronica-por-glifosato-em-portugal/|titulo=CONTAMINAÇÃO CRÓNICA POR GLIFOSATO EM PORTUGAL|data=24 de Fevereiro de 2019|acessodata=2023-05-27|website=Plataforma Transgénicos Fora|lingua=}}</ref>
 
== A grave questão da regulação ==
No caso mais relevante (e influente) dos EUA, desde os anos setenta é a EPA [[Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos|''United States Environmental Protection Agency'']] (EPA), que tem a seu cargo a regulamentação dos pesticidas que serão introduzidos no mercado.<ref>{{Citar web|ultimo=Donley|primeiro=Nathan|url=https://www.brookings.edu/research/how-the-epas-lax-regulation-of-dangerous-pesticides-is-hurting-public-health-and-the-us-economy/|titulo=How the EPA’s lax regulation of dangerous pesticides is hurting public health and the US economy|data=2022-09-29|website=Brookings|lingua=en-US}}</ref>
 
Ao contrário dos limites de segurança de segurança da UE, a indústria dos pesticidas nos EUA apenas tem de de demonstrar que os seus produtos não causarão, em geral, "efeitos adversos não razoáveis no ambiente", o que é parcialmente definido como "qualquer risco não razoável para o para o homem ou para o ambiente, tendo em conta os custos económicos, sociais e ambientais da utilização de qualquer pesticida..."<ref>{{citar periódico |url=https://ehjournal.biomedcentral.com/articles/10.1186/s12940-019-0488-0 |título=The USA lags behind other agricultural nations in banning harmful pesticides |data=2019 |periódico=Environmental Health |publicado=BMC |número=18, Article number: 44 |ultimo=Donley |primeiro=Nathan}}</ref>
 
Marie Monique-Robin conclui que o processo de registo de produtos químicos em vários dos países desenvolvidos (inclusive EUA) abre a porta a todo o tipo de abusos e fraudes. Ela classifica o processo de registo como uma farsa, baseado de fato inteiramente na boa vontade das empresas químicas, sendo elas que apresentam dados de estudos que alegadamente efetuaram para provar a inocuidade dos seus produtos. Os dados são depois analisados por "peritos", de diversos níveis de competência, coragem e independência.{{sfn|Robin|2010|pp=75-76}}
 
No caso em concreto da EPA, a sua independência e fiabilidade são postas em dúvida.<ref name=":112">{{citar web|ultimo=Sanjour|primeiro=William|url=https://chej.org/wp-content/uploads/william_sanjour_memoir.pdf|titulo=From the files of a whistlerblower: Or how EPA was captured by the industry it regulated|data=2013|website=Center for Health, Environment & Justice}}</ref> A indústria exerce continuamente pressão sobre o organismo, apresentando frequentemente estudos defeituosos, incompletos e/ou falsos, muitas vezes protegidos sob a alegação de "segredos do negócio" ou "proteção dos investimentos", o que torna difícil verificá-los.Com o decorrer dos anos desde a sua formação, a EPA passou lentamente de agência reguladora, teoricamente criada para defender o interesse público, a empenhada defensora dos interesses financeiros dos grandes grupos dominantes da indústria ou setores que deveria regular.<ref name=":112" /> Existe uma "porta giratória" entre a agência e a indústria química, em que personagens de topo "saltitam" entre lugares nas entidades reguladoras e postos nas indústrias, no governo ou em grupos de [[Lobismo|lobby]].<ref name=":12">{{citar web|ultimo=Lerner|primeiro=Sharon|url=https://archive.ph/8g3Op|titulo=Whistleblowers Expose Corruption in EPA Chemical Safety Office : EPA managers removed information about the risks posed by dozens of chemicals, according to whistleblowers.|data=2 de Julho de 2021|website=The Intercept (Arq. em Archive.Today)}}</ref> Um dos exemplos mais apontados é o de [[Linda Fisher]]: tendo trabalhado primeiro na [[Latham & Watkins]] e na [[DuPont|Dupont Co]]., esteve depois na EPA durante 10 anos, na Monsanto durante cinco, regressando à EPA em 2001 onde permaneceu até 2003.<ref>{{Citar web|url=https://www.opensecrets.org/revolving%20/rev_summary.php?id=82658|titulo=Revolving Door: Linda Fisher Employment Summary|acessodata=2023-06-02|website=OpenSecrets|lingua=en}}</ref>
 
Em Julho de 2021, quatro cientistas da EPA, Elyse Osterweil, Martin Phillips, Sarah Gallagher e William Irwin denunciaram as práticas corruptas da reguladora.<ref>{{Citar web|ultimo=Dorsano|primeiro=Christopher|url=https://deepstaterabbithole.com/breaking-epa-whistleblower-comes-forward/|titulo=Breaking: EPA Whistleblower Comes Forward|data=2021-08-05|website=Deep State Rabbit Hole|lingua=en-US}}</ref> Segundo os ''[[Denunciante|whistleblowers]]'', a agência aprovou produtos químicos e pesticidas sem uma pesquisa adequada sobre a sua toxicidade, mesmo existindo evidências dela. Os superiores dos cientistas apagaram informações não desejadas das próprias avaliações escritas, sem pedir o consentimento dos autores. A EPA ocultou do público informações críticas sobre os produtos químicos. No interior da EPA existe uma atmosfera de medo.<ref name=":12" />
 
No caso europeu, a situação não se apresenta muito diferente: idênticas pressões dos [[Lobismo|''lobbies'']], semelhantes ligações entre reguladores e regulados, relatórios primordiais elaborados pelas indústrias. [[Ségolène Royal]], a francesa que foi ministra do Ambiente entre 2014 e 2017, e que foi contra a renovação da autorização do glifosato, conta num livro seu que até recebeu um telefonema do próprio [[Jean-Claude Juncker]] a tentar influenciá-la.<ref>{{citar livro|título=Ce que je peux enfin vous dire|ultimo=Royal|primeiro=Ségolène|editora=Librairie Arthème Fayard|ano=2018|capitulo=Glyphosate, pesticides : la loi du silence}}</ref>
 
De acordo com Christopher Portier, especialista em saúde ambiental e carcinogenicidade, aqueles que realizaram a avaliação científica da toxicidade do glifosato (o Instituto Federal Alemão para Avaliação de Riscos (BfR), a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (AESA/EFSA) e a Agência Europeia das Substâncias Químicas (ECHA)) na Europa falharam não identificando todos os casos de aumento estatisticamente significativo de tumores após a exposição ao glifosato no conjunto de dados confidenciais fornecidos pela própria indústria.<ref name=":13">{{Citar web|url=https://corporateeurope.org/en/food-and-agriculture/2017/05/scientist-writes-juncker-new-tumour-evidence-found-confidential|titulo=Scientist writes to Juncker: new tumour evidence found in confidential glyphosate data|data=29 de Maio de 2017|website=Corporate Europe Observatory}}</ref>
 
A Maio de 2017, Portier escreveu a [[Jean-Claude Juncker]],<ref>{{citar web|ultimo=Portier|primeiro=Christopher|url=https://corporateeurope.org/sites/default/files/attachments/letterjuncker28may2017.pdf|titulo=Carta a Juncker|data=28 de Maio de 2017|website=Corporate Europe Observatory}}</ref> então presidente da [[Comissão Europeia]], relatando as suas preocupações. Tinha sido necessário solicitar o acesso público aos dados de estudos sobre cobaias, até aí considerados confidenciais, o que levou um ano devido à resistência dos industriais.<ref name=":13" />
 
== Ver também ==