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=== Era Gadafi ===
{{AP|Era Muamar Gadafi}}
A [[Era Muamar Gadafi]] teve início em 1969, quando um grupo de oficiais nacionalistas, de forte alinhamento político-ideológico com o [[pan-arabismo]], derrubou a [[monarquia]] e criou a ''[[Jamairia]]'' (República) Árabe Popular e Socialista da Líbia, [[muçulmana]] [[militar]]izada e de organização [[socialista]]. O Conselho da Revolução (órgão governamental do novo governoregime) era presidido pelo coronel [[Muamar Gadafi]]. O governoregime de Muamar Gadafi, [[chefe de Estado]] a partir de 1970, expulsou os efetivos militares estrangeiros e decretou a nacionalização das empresas, dos [[banco]]s e dos recursos petrolíferos do país. Em 1972, a Líbia e o Egito uniram-se numa [[Confederação de Repúblicas Árabes]], que se dissolvedissolveu em 1979. Em 1984, a Líbia e o [[Marrocos]] tentaram uma união formal, extinta em 1986.
 
Gadafi procurou desencadear uma revolução cultural, social e econômica que provocou graves tensões políticas com os Estados Unidos, Reino Unido e países árabes moderados (Egito, [[Sudão]]). Apoiado pelo [[Partido Político|partido]] único, a [[União Socialista Árabe (Líbia)|União Socialista Árabe]], aproveitou-se da riqueza gerada pela exploração das grandes reservas de petróleo do país para construir seu poderio militar e interferir nos assuntos dos países vizinhos, como o Sudão e o [[Chade]]. O Chade foi invadido pela Líbia em 1980.
 
Depois da [[Guerra do Iom Quipur]], a Líbia levou seus parceiros árabes a não exportar petróleo para os Estados que apoiaram [[Israel]]. Opôs-se à iniciativa do presidente egípcio [[Anwar al-Sadat]], de restabelecer a paz com Israel, e participou ativamente, junto com a [[Síria]], da chamada "[[frente de resistência]]" em 1978. Seu apoio à [[Organização para a Libertação da Palestina]] ([[OLP]]) se intensificointensificou, e a cooperação com os [[palestinos]] se estendeu a outros grupos revolucionários de países não árabes, que receberam ajuda econômica Líbia. A rejeição a Israel, as manifestações antiamericanas e a aproximação com a [[União Soviética]], por parte da Líbia, geraram sérios conflitos na década de 1980. As relações da Líbia com os Estados Unidos se deterioraram quando, em 1982, os Estados Unidos impuseram um embargo às importações de petróleo líbio. Em resposta a vários atentados contra soldados americanos na [[Europa]] e às acusações de que o governo líbio patrocinava ou estimulava o [[terrorismo]] internacional, o presidente [[Ronald Reagan]] ordenou, em abril de 1986, um bombardeio da aviação americana a vários alvos militares em Trípoli e Bengazi, em que pereceram 130 pessoas. Gadafi, que perdeu uma filha adotiva quando sua casa foi atingida, manteve-se como chefe político, mas sua imagem internacional deteriorou-se rapidamente.
 
A Líbia passava a ser cada vez mais vista como um inimigo político das potências ocidentais, pois além de se tornar um Estado autossuficiente economicamente após as descobertas de reservas de petróleo, possuía uma crescente influência tanto no Oriente Médio quanto no continente africano (COSTA SILVA, 2005). <ref>{{citar periódico |url=https://ipri.unl.pt/images/publicacoes/revista_ri/pdf/r6/RI6_ACSilva.pdf |título=A Luta pelo Petróleo |data=11-06-2005 |acessodata=11-08-2024 |periódico=Relações Internacionais |publicado=Instituto Português de Relações Internacionais |número=6 |ultimo=Costa Silva |primeiro=António |pagina=5-18}}</ref>
 
O apoio de Kadafi ao Congresso Nacional Africano (CNA), tal iniciativa era destinada a aumentar a autonomia dos governos africanos, fato que constituiu um motivo importante para a demonização da Líbia, tida como alvo futuro de mudança de regime pelas políticas dos Estados Unidos.<ref>{{Citar web|ultimo=ROAPE|url=https://roape.net/2017/03/27/libyas-plunge-gaddafi-western-intervention-imperialism/|titulo=Libya’s Plunge: Gaddafi, Western Intervention and Imperialism|data=2017-03-27|acessodata=2024-08-10|website=ROAPE|lingua=en-US}}</ref>
 
As relações da Líbia com os Estados Unidos se deterioraram quando, em 1982, os Estados Unidos impuseram um embargo às importações de petróleo líbio. Em resposta a vários atentados contra soldados americanos na [[Europa]] e às acusações de que o governo líbio "patrocinava ou estimulava" o [[terrorismo]] internacional, o presidente [[Ronald Reagan]] ordenou, em abril de 1986, um bombardeio da aviação americana a vários alvos militares em Trípoli e Bengazi, em que pereceram 130 pessoas. Gadafi, que perdeu uma filha adotiva quando sua casa foi atingida, manteve-se como chefe político, mas sua imagem internacional deteriorou-se rapidamente.
 
[[Imagem:Muammar al-Gaddafi at the AU summit.jpg|thumb|upright|[[Muammar al-Gaddafi|Gadafi]] na conferência da [[União Africana]] em 2009]]
 
Para tirar o país do isolamento [[Diplomacia|diplomático]] com ocidente, no início da década de 1990 o chefe líbio dispôs-se a melhorar o relacionamento com as potências ocidentais e com as nações vizinhas. Em 1989, a Líbia associou-se à [[União do Magrebe Árabe|União do Magrebe]], um acordo comercial dos Estados do norte da África. Em 1991, durante a [[Guerra do Golfo Pérsico]], a Líbia adotou uma posição moderada, opondo-se tanto à invasão do [[Cuaite]] quanto ao posterior uso da força contra o [[Iraque]]. Apesar de sua neutralidade no conflito, a Líbia se manteve sob crescente isolamento internacional até meados da década. Em 1992 os Estados Unidos, o Reino Unido e a França, com a aprovação do [[Conselho de Segurança da ONU|Conselho de Segurança]] das [[Nações Unidas]], impuseram pesados embargos ao [[comércio]] e ao tráfego aéreo líbio, porque o governo se negava a [[extradição|extraditar]] os dois líbios suspeitos de terem colocado uma [[bomba]] num avião de passageiros norte-americano que explodiu sobre [[Lockerbie]], na [[Escócia]], em 1988, e matou 270 pessoas ([[Atentado de Lockerbie]]). Este tipo de [[Sanções internacionais|sanção]] unilaterais repetiu-se nos anos seguintes, mas Gadafi continuoudesrespeitou o bloqueio aéreo militar viajando para [[Nigéria]] e [[Níger]], bem como enviando peregrinos a [[Meca]] em aviões de [[Bandeira da Líbia|bandeira líbia]].
 
Em 1993 a Líbia rompeu relações com o [[Irão]], reagindo contra o crescimento do [[fundamentalismo islâmico]]. Em 1994, os líbios retiram-se do Chade. As relações de Gadafi com os palestinianos se deterioraram, à medida que estes se mostraram dispostos a negociar uma paz com Israel, e em setembro de 1995 o dirigente líbio anunciou a expulsão de 30 mil palestinianos que trabalhavam na Líbia. A medida foi suspensa depois da [[deportação]] de 1 500 pessoas, e em outubro de 1996 Gadafi anunciou que estas seriam [[Indenização|indenizadas]]. O governoregime líbio enfrentou uma crescente resistência de parte de grupos religiosos islâmicos, e em 1997 seis oficiais do exército foram [[Fuzilamento|fuzilados]], por crimesacusados de [[espionagem]]. Tentando melhorar a relação comsua oimagem ocidenteinternacional, Gadafi admitiu a possibilidade de conceder a extradição dos dois agentes acusados do atentado de Lockerbie, desde que não sejam [[Julgamento|julgados]] nos Estados Unidos ou no Reino Unido.
 
=== Revolução ===
{{AP|Primavera Árabe|Guerra Civil Líbia (2011)|Intervenção militar na Líbia em 2011|Inverno Árabe}}
{{AP|Primavera Árabe|Guerra Civil Líbia (2011)|Intervenção militar na Líbia em 2011|Inverno Árabe}}A intervenção militar na Líbia, apesar de ter seu início em 2011, já era planejada pelo pentágono desde 2003. Wesley Clark, ex-comandante militar da OTAN, em seu livro “Winning Modern Wars: Iraq, Terrorism And The American Empire”, de 2003, publica uma lista de países que deveriam ser alvo de intervenções dos Estados Unidos a fim de garantir o controle sobre recursos energéticos e rotas comerciais de hidrocarbonetos. Na lista, estão países como Iraque, Síria, Líbia, Líbano, Somália, Sudão e Irã. Assim, tais intervenções ocorreriam com o objetivo de estabilizar o preço do petróleo, a manutenção da influência ocidental sobre o Oriente Médio e assegurar garantias comerciais para as empresas multinacionais nesses territórios <ref>{{Citar periódico |url=https://muse.jhu.edu/pub/29/article/181018 |título=Winning Modern Wars: Iraq, Terrorism, and the American Empire (review) |data=2005 |acessodata=2024-08-10 |periódico=The Journal of Military History |número=2 |ultimo=Swain |primeiro=Richard M. (Richard Moody) |paginas=611–612 |issn=1543-7795}}</ref> <ref>{{Citar livro|url=http://archive.org/details/winningmodernwar00clar|título=Winning modern wars : Iraq, terrorism, and the American empire|ultimo=Clark|primeiro=Wesley K.|data=2003|editora=New York : PublicAffairs|outros=Internet Archive}}</ref>.
[[Imagem:Demonstration in Bayda (Libya, 2011-07-22).jpg|thumb|esquerda|Manifestações contra [[Muamar Gadafi]] em [[Al Bayda' (Líbia)|Bayda]], 22 de julho de 2011]]
 
Notícias afirmam que agentes dos serviços secretos americanos CIA estão a operar dentro da Líbia. Mas ainda permanece por esclarecer o que estão precisamente a fazer e tal como é costume a CIA recusou-se a comentar as notícias. <ref>{{Citar web|url=https://www.voaportugues.com/a/article-04-05-2011-cialibya-voanews-119262059/1259949.html|titulo=Mistério da CIA na Líbia|data=2011-04-05|acessodata=2024-08-10|website=Voice of America|lingua=pt}}</ref>
 
De acordo com notícias um número desconhecido de agentes da CIA, juntamente com os seus homólogos britânicos e de forças especiais, está a trabalhar com os rebeldes líbios. A CIA tem a sua própria componente para-militar, conhecida pelo nome de Divisão de Actividades Especiais. Mas o que a CIA poderá estar a fazer na Líbia para além de recolher informações permanece por esclarecer.. <ref>{{Citar web|url=https://www.voaportugues.com/a/article-04-05-2011-cialibya-voanews-119262059/1259949.html|titulo=Mistério da CIA na Líbia|data=2011-04-05|acessodata=2024-08-10|website=Voice of America|lingua=pt}}</ref> <ref>{{citar web|url=https://diplomatique.org.br/a-otan-na-engrenagem-libia/|titulo=A Otan na engrenagem Líbia|data=14 de setembro de 2011|acessodata=11 de agosto de 2024|website=Le Monde diplomatique Brasil|arquivourl=https://web.archive.org/web/20231206201523/https://diplomatique.org.br/a-otan-na-engrenagem-libia/|arquivodata=11-08-2024}}</ref>
 
O antigo funcionário da CIA Emile Nakleh, acrescentando que “podem também ajuda-los a treinar a efectuar ataques e como antecipar os ataques de Kaddafi”, “O facto é que não passam de um grupo cheio de entusiasmo mas sem qualquer ideia de como se organizar,” acrescentou, Nakleh acredita que não há nada que impeça os agentes da CIA de treinarem os rebeldes com armas capturadas. <ref>{{Citar web|url=https://www.voaportugues.com/a/article-04-05-2011-cialibya-voanews-119262059/1259949.html|titulo=Mistério da CIA na Líbia|data=2011-04-05|acessodata=2024-08-10|website=Voice of America|lingua=pt}}</ref>[[Imagem:Demonstration in Bayda (Libya, 2011-07-22).jpg|thumb|esquerda|Manifestações contra [[Muamar Gadafi]] em [[Al Bayda' (Líbia)|Bayda]], 22 de julho de 2011]]
[[imagem:US Navy 110329-N-XO436-010 The Arleigh Burke-class guided-missile destroyer USS Barry (DDG 52) launches a Tomahawk cruise missile to support Joint.jpg|thumb|esquerda|O [[USS Barry (DDG-52)|USS ''Barry'']], dos [[Estados Unidos]], dispara um míssil [[BGM-109 Tomahawk|Tomahawk]] durante a [[intervenção militar na Líbia em 2011]]]]
 
Em fevereiro de 2011, manifestações (influenciadas pela chamada "[[Primavera Árabe]]") contra o governo de [[Muamar Gadafi]] (em português, e [[Muamar Gadafi]] em Líbio - Árabe) provocaram a morte de dezenas de civis. Os protestos tomaram conta de boa parte do país, incluindo a capital Trípoli.<ref>{{citar web|url=http://blogs.aljazeera.net/middle-east/2011/02/17/live-blog-libya |título=Live Blog - Libya|obra=Al Jazeera |acessodata=23 de fevereiro de 2011}}</ref> Em 27 de fevereiro, as diferentes facções da oposição Líbia formaram o [[Conselho Nacional de Transição]] para administrar as áreas do país controladas por opositores, e também para iniciar uma luta formal para derrubar o então governoregime líbio. Em março, a França se tornou o primeiro país a reconhecer a legitimidade da organização. Outros países logo também o fizeram.<ref>{{citar web|url=http://ntclibya.com/InnerPage.aspx?SSID=6&ParentID=3&LangID=1|título=The Council»International Recognition|publicado=National Transitional Council (Libya)|data=1 de março de 2011|acessodata=23 de outubro de 2011|arquivourl=https://web.archive.org/web/20110926043358/http://www.ntclibya.com/InnerPage.aspx?SSID=6&ParentID=3&LangID=1|arquivodata=2011-09-26|urlmorta=yes}}</ref><ref>{{citar jornal|url=http://www.bbc.co.uk/news/world-africa-12699183 |título=Libya: France recognises rebels as government|obra=BBC News|data= 10 de março de 2011 |acessodata=23 de outubro de 2011}}</ref>
 
Utilizando sua superioridade militar, as [[Forças Armadas da Líbia|forças]] pró-Gadafi empurraram os rebeldes até a região leste da Líbia e cercaram a cidade de [[Bengazi]], que havia se tornado o centro da rebelião.<ref>{{citar jornal|url=http://www.nytimes.com/2011/03/10/world/africa/10libya.html|título=Qaddafi Forces Batter Rebels in Strategic Refinery Town |obra=New York Times |acessodata=9 de março de 2011 |primeiro1 =Kareem |último1 =Fahim |primeiro2 =David D. |último2 =Kirkpatrick}}</ref> Os soldados de Gadafi foram acusados de cometerem diversos crimes contra a humanidade neste meio tempo.<ref>The Independent, 9 de março de 2011 P.4</ref> A ONU e diversas nações do mundo condenaram a violência na Líbia e exigiram uma solução pacífica.<ref>{{citar jornal|url=http://www.latimes.com/news/opinion/editorials/la-ed-libya-20110226,0,6927383.story |título=Some backbone at the U.N. |obra=The Los Angeles Times |acessodata=26 de fevereiro de 2011}}</ref><ref>{{citar jornal|url=http://www.novinite.com/view_news.php?id=125800 |obra=Sofia News Agency |título=Libya Expelled from UN Human Rights Council |acessodata=2 de março de 2011}}</ref>
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No dia 17 de março de 2011, o conselho de segurança das Nações Unidas aprovou a [[Resolução 1973 do Conselho de Segurança das Nações Unidas|Resolução 1973]]. Esta resolução dava autoridade a seus países membros de estabelecer uma [[zona de exclusão aérea]] sobre a Líbia e garantia o uso de "toda a força necessária para proteger os civis".<ref>{{citar web|url=http://www.un.org/apps/news/story.asp?NewsID=37808|título=Security Council authorizes ‘all necessary measures’ to protect civilians in Libya|publicado=United Nations News Service|data=17 de março de 2011|acessodata=30 de março de 2011}}</ref> Dois dias depois, aeronaves de combate francesas, apoiados por aviões e navios americanos, [[Intervenção militar na Líbia em 2011|bombardearam alvos militares]] na Líbia.<ref name="libyrate1">{{citar jornal|autor =Jonathan Marcus |url=http://www.bbc.co.uk/news/world-africa-12795971 |título=French military jets open fire in Libya |obra=BBC News |data=19 de março de 2011 |acessodata=20 de agosto de 2011}}</ref> Em julho de 2011, o [[Conselho Nacional de Transição]] foi reconhecido pela [[ONU]] como o novo governo líbio.<ref>{{citar jornal|url=http://af.reuters.com/article/commoditiesNews/idAFLDE76E0W120110715|publicado= [[Reuters]] |acessodata=25 de julho de 2011|título=Excerpts from Libya Contact Group Chair's Statement}}</ref>
 
Em agosto, forças rebeldes, apoiadas pela [[OTAN]], [[Segunda batalha de Trípoli|avançaram]] sobre a capital [[Trípoli]].<ref>[http://www.aljazeera.com/news/africa/2011/08/201182193129278233.html "Libyan rebels in 'final push' for capital"]. Página acessada em 18 de junho de 2013.</ref> A cidade caiu após 8 dias de violentos combates.<ref>[http://www.thenews.com.pk/TodaysPrintDetail.aspx?ID=65109&Cat=1 "Rebels claim capture of last army base in Tripoli"]. Página acessada em 18 de junho de 2013.</ref> Militantes da oposição continuaram avançando em direção ao oeste do país, tomando várias cidades, incluindo [[Batalha de Bani Walid|Bani Walid]]. Em [[Sirte]], onde Muamar Gadafi e suas tropas remanescentes estavam entrincheirados, os rebeldes travaram [[Batalha de Sirte|uma das últimas batalhas]] da guerra. Depois de quase um mês de combates, a cidade caiu e o ditador acabou sendo morto.<ref>[http://www.publico.pt/mundo/noticia/khadafi-foi-capturado-dizem-comandantes-do-cnt-1517420 "Forças líbias anunciam 'ao mundo' que Khadafi 'está morto'"]. Página acessada em 18 de junho de 2013.</ref>
 
A "libertação" da Líbia foi oficialmente proclamada em 23 de outubro de 2011, apesar de lutas sectárias ainda estarem sendo reportadas. Ao menos 30 mil pessoas foram mortas no conflito.<ref>{{citar jornal|url=http://www.guardian.co.uk/world/feedarticle/9835879 |título=Libyan estimate: At least 30,000 died in the war |autor =Karin Laub |agência=Associated Press |obra=The Guardian |data=8 de setembro de 2011 |acessodata=25 de novembro de 2011}}</ref> Com a derrocada de Muamar Gadafi do poder, após 40 anos de governo, e com o fim da [[Guerra Civil Líbia (2011)|guerra civil]], o país passou a ser oficialmente uma [[república parlamentarista]].<ref>{{citar jornal|url=http://www.mercurynews.com/news/ci_18910663|obra=San Jose Mercury News|primeiro =Edith|último =Lederer|título=UN approves Libya seat for former rebels|acessodata=16 de setembro de 2011}}</ref>
 
A partir da intervenção militar realizada pela OTAN na Líbia, o número de mortos no conflito aumentou de maneira drástica, e a missão, que tinha na teoria o objetivo de diminuir o conflito, potencializou e aprofundou a guerra na Líbia. Além de proporcionar mais violência, a intervenção gerou a troca de regime na Líbia, a possibilidade de fragmentação do território e a morte de seu líder político em praça pública, cujas imagens foram televisionadas e transmitidas em todo o mundo (Cecilia Zamudio, 2015) <ref name=":0">{{Citar web|ultimo=Dalton|primeiro=Américo Roca|url=https://www.hondurastierralibre.com/2015/04/crimen-de-lesa-humanidad-la-union.html|titulo=Crimen de Lesa Humanidad: La Unión Europea (UE) quiere las riquezas de África, pero a las personas no|acessodata=2024-08-10|lingua=es}}</ref> <ref name=":1">{{Citar web|ultimo=Name|primeiro=Your|url=https://carlosagaton.blogspot.com/2015/04/la-ue-quiere-las-riquezas-de-africa.html|titulo=La UE quiere las riquezas de África, pero a las personas no|data=2015-04-29|acessodata=2024-08-10|website=Agaton|lingua=id}}</ref> <ref name=":2">{{Citar web|ultimo=Oporto|primeiro=Mónica|url=https://loquesomos.org/la-ue-quiere-las-riquezas-de-africa-pero-a-las-personas-no/|titulo=La UE quiere las riquezas de África, pero a las personas no|data=2015-05-18|acessodata=2024-08-10|website=LoQueSomos|lingua=es}}</ref> <ref name=":3">{{Citar web|ultimo=Zamudio (kaosenlared.net)|primeiro=Cecilia|url=https://www.aporrea.org/ddhh/a207112.html|titulo=Crimen de Lesa Humanidad: La UE quiere las riquezas de África, pero a las personas no|data=2015-05-03|acessodata=2024-08-10|website=Aporrea|lingua=es}}</ref>.
 
Depois da intervenção, notamos uma crescente instabilidade política na Líbia e a destruição de grande parte da infraestrutura do país. Para Cecilia Zamudio (2015, p. 6), “após a agressão imperialista, a Líbia ficou destruída, sem infraestrutura, sem estradas, sem escolas, nem hospitais, já que até estes foram bombardeado”, texto original: “luego de la agresión imperialista, Libia quedó destruida, sin infraestructura ni vial, ni escuelas, ni hospitales, ya que hasta éstos fueron bombardeados”, de forma que os seis eixos da Responsabilidade de Proteger não foram cumpridos pelas ações militares desenvolvidas <ref name=":0" /> <ref name=":1" /> <ref name=":2" /> <ref name=":3" />.
 
Os bombardeios da OTAN procuraram preservar a infraestrutura de petróleo e gás do país, apesar de destruírem toda a infraestrutura básica para assegurar os serviços de saúde, educação e transporte para a população líbia. Assim que foram revogadas as sanções econômicas impostas pela Resolução 1973, após a morte de Kadafi, já em 2012, o país havia retomado sua produção petrolífera <ref>{{Citar web|ultimo=Wilgress|primeiro=Matt|ultimo2=Dobke|primeiro2=Estudio Dos Rios +|url=https://jacobin.com.br/2021/03/o-desastre-da-otan-na-libia-10-anos-depois/|titulo=O desastre da OTAN na Líbia 10 anos depois|data=2021-03-23|acessodata=2024-08-10|website=Jacobin Brasil|lingua=pt-BR}}</ref> <ref>{{Citar web|url=https://thetricontinental.org/pt-pt/newsletterissue/cartasemanal-libia-inundacoes/|titulo=A Otan destruiu a Líbia em 2011; a tempestade “Daniel” varreu o que sobrou {{!}} Carta semanal 38|acessodata=2024-08-10|website=O Instituto Tricontinental de Pesquisa Social|lingua=pt-pt}}</ref>.
 
=== Guerra civil ===
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{{legenda|#e3d975|Sob o controle de forças [[tuaregues]]}}]]
 
Em 7 de julho de 2012, os líbios votaram em suas primeiras eleições parlamentares desde o fim do governoregime de Gadafi. Em 8 de agosto de 2012, o [[Conselho Nacional de Transição]] entregou oficialmente o poder ao eleito [[Congresso Geral Nacional (Líbia)|Congresso Geral Nacional]], que foi encarregado da formação de um governo interino e a elaboração de uma nova constituição, a ser aprovada em um [[referendo]] em geral.<ref name="Esam-8-Aug" />
 
Em 25 de agosto de 2012, no que parece ser o ataque sectário mais flagrante desde o fim da guerra civil, homens não identificados demoliram uma [[mesquita]] [[sufista]] com sepulturas, em plena luz do dia e no centro da capital líbia, [[Trípoli]]. Esta foi a segunda destruição de um local sufista em dois dias.<ref>{{citar jornal|último =Zargoun |primeiro =Taha |título=Fighters bulldoze Sufi mosque in central Tripoli |url= http://www.reuters.com/article/2012/08/25/us-libya-islamists-idUSBRE87O08Y20120825 |agência=Reuters|data=25 de agosto de 2012}}</ref> Em 11 de setembro de 2012, ocorreu o ataque de [[Bengazi]], quando militantes islâmicos foram capazes de atacar com sucesso o consulado estadunidense na cidade para matar o embaixador estadunidense no país, [[J. Christopher Stevens]]. Em 7 de outubro de 2012, o primeiro-ministro eleito da Líbia, [[Mustafa A. G. Abushagur]] saiu do poder<ref>{{citar jornal|autor =Grant, George |título=Congress dismisses Abushagur |url= http://www.libyaherald.com/2012/10/07/congress-dismisses-abushagur |data=7 de outubro de 2012 |acessodata=7 de outubro de 2012 |obra=Libya Herald}}</ref> depois de falhar uma segunda vez em conseguir a aprovação parlamentar para um novo gabinete.<ref>{{citar jornal|autor =Zaptia, Sami |título=Abushagur announces a smaller emergency cabinet |url= http://www.libyaherald.com/2012/10/07/abushagur-announces-a-smaller-emergency-cabinet |obra=Libya Herald |data=7 de outubro de 2012 |acessodata=7 de outubro de 2012}}</ref><ref>{{citar jornal|título=Libyan Prime Minister Mustafa Abu Shagur to stand down |url= http://www.bbc.co.uk/news/world-africa-19864136 |data=7 de outubro de 2012 |obra=BBC News |acessodata=7 de outubro de 2012}}</ref> Em 14 de outubro de 2012, o Congresso Nacional Geral elegeu o advogado de direitos humanos [[Ali Zeidan]] como seu primeiro-ministro designado.<ref>{{citar jornal|autor = Grant, George |título=Ali Zidan elected prime minister |url= http://www.libyaherald.com/2012/10/14/ali-zidan-elected-prime-minister/ |data=14 de outubro de 2012 |acessodata=14 de outubro de 2012 |obra=Libya Herald}}</ref> Zeidan foi empossado após seu gabinete ser aprovado pelo CNG.<ref>{{citar jornal|título=Libya congress approves new PM's proposed government |url= http://www.reuters.com/article/2012/10/31/us-libya-government-idUSBRE89U18O20121031 |agência=Reuters |data=31 de outubro de 2012 |acessodata=31 de outubro de 2012}}</ref><ref>{{citar jornal|autor = Zapita, Sami |título=Zeidan government sworn in |url= http://www.libyaherald.com/2012/11/14/zeidan-government-sworn-in/ |data=14 de novembro de 2012 |acessodata=3 de junho de 2013 |obra=Libya Herald}}</ref>
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=== Fauna ===
 
A Líbia tem sido um estado pioneiro no Norte de África na protecção de espécies, com a criação da área protegida de El Kouf em 1975. A queda do governoregime de Muammar Kadhafi encorajou uma intensa [[caça furtiva]]: "Antes da queda de Kadhafi até as armas de caça foram proibidas. Mas desde 2011, a caça furtiva tem tido lugar com armas de guerra e veículos sofisticados nos quais até 200 cabeças de gazelas podem ser encontradas mortas por milicianos que caçam para passar o tempo. Estamos também a assistir ao aparecimento de caçadores sem qualquer ligação com as tribos que tradicionalmente praticam a caça. Filmam tudo o que encontram, mesmo durante a época de reprodução. Mais de 500 000 aves são mortas desta forma todos os anos, quando áreas protegidas foram apreendidas por chefes tribais que se apropriaram delas. Os animais que lá viviam desapareceram todos, caçados quando são comestíveis ou libertados quando não são", explica o zoólogo Khaled Ettaieb.<ref>{{Citar web |ultimo=Chibani |primeiro=Ali |url=https://orientxxi.info/magazine/le-maghreb-prend-conscience-du-declin-de-sa-biodiversite,4034 |titulo=Le Maghreb prend conscience du déclin de sa biodiversité |data=2020-08-04 |acessodata=2021-06-05 |website=Orient XXI |lingua=fr}}</ref>
 
== Demografia ==
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A [[economia da Líbia]] depende principalmente das receitas do setor de [[petróleo]], que representam 80% do [[PIB]] e 97% das [[exportações]].<ref name=star-oil /> A Líbia possui as maiores reservas de petróleo comprovadas na [[África]] e é um contribuidor importante para o fornecimento global de petróleo leve e cru.<ref name=eia-libya>{{citar web|título=Libya – Analysis|url=http://www.eia.gov/countries/cab.cfm?fips=LY|publicado=U.S. Energy Information Administration}}</ref> Além do petróleo, outros recursos naturais são [[gás natural]] e [[gesso]].<ref name=opec-libya/> O [[Fundo Monetário Internacional]] estimou o crescimento do PIB real da Líbia em 122% em 2012 e 16,7% em 2013, após uma queda de 60% em 2011.<ref name="star-oil">{{citar web|título=Oil production boosts Libya economy, instability hampers reconstruction |url=http://www.dailystar.com.lb/Business/Middle-East/2012/Oct-20/192086-oil-production-boosts-libya-economy-instability-hampers-reconstruction.ashx |publicado=The Daily Star |data=20 de outubro de 2012}}</ref>
 
O [[Banco Mundial]] define a Líbia como uma "economia de renda média alta", juntamente com apenas sete outros países africanos.<ref>{{citar web|url=http://web.worldbank.org/WBSITE/EXTERNAL/DATASTATISTICS/0,,contentMDK:20421402~pagePK:64133150~piPK:64133175~theSitePK:239419,00.html#Upper_middle_income |título=Upper Middle Income Economies |publicado=World Bank |acessodata=5 de fevereiro de 2013 |urlmorta= sim|arquivourl=https://web.archive.org/web/20080524215837/http://web.worldbank.org/WBSITE/EXTERNAL/DATASTATISTICS/0%2C%2CcontentMDK%3A20421402~pagePK%3A64133150~piPK%3A64133175~theSitePK%3A239419%2C00.html |arquivodata=24 de maio de 2008 |df= }}</ref> As receitas substanciais do setor de energia, aliadas a uma pequena população, conferem à Líbia um dos maiores PIB ''per capita'' na África.<ref name=opec-libya/> Isto permitiu que o governoregime da [[Era Muamar Gadafi|Jamahiriya Árabe da Líbia]] oferecesse um nível extensivo de segurança social, particularmente nos domínios da habitação e da educação.<ref>{{citar web|url=http://www.unhchr.ch/tbs/doc.nsf/(Symbol)/E.1990.5.Add.26.En?OpenDocument |título=Libyan Arab Jamahiriya Report |publicado=[[Escritório do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos]] |acessodata=5 de fevereiro de 2013}}</ref>
 
A Líbia enfrenta muitos problemas estruturais, incluindo falta de instituições, governança fraca e [[desemprego]] estrutural crônico.<ref name=imf-survey>{{citar web|título=Libya on Recovery Path but Faces Long Rebuilding Effort |url=http://www.imf.org/external/pubs/ft/survey/so/2012/car041612a.htm |publicado=[[International Monetary Fund|IMF]] |ano=2012}}</ref> A economia mostra uma falta de diversificação econômica e uma dependência significativa da mão de obra [[imigrante]].<ref name=ilo-libya/> O país tradicionalmente se baseou em níveis insustentáveis de contratação do setor público para criar emprego.<ref name=african-outlook/> Em meados da década de 2000, o governo empregava cerca de 70% de todos os trabalhadores nacionais.<ref name=ilo-libya>{{citar web|título=Libya |url=http://www.ilo.org/public/english/region/afpro/cairo/countries/libya.htm |publicado=[[Organização Internacional do Trabalho]]}}</ref>